sexta-feira, 5 de julho de 2013

Lição 1 - Reavivamento: nossa grande necessidade, por Paulo E. Penno



Para 29 de junho a 6 de julho de 2013

Um e-mail de Jesus no santuário aborda nossa patética mornidão para com a Sua cruz. "Eu repreendo e castigo a todos quantos amo, sê pois zeloso e arrepende-te" (Apoc. 3:19).
Nós ainda estamos nesta terra e Jesus não voltou. Portanto, não nos voltamos para Jesus em arrependimento. Mesmo pessoas religiosas podem ser cegadas por seus próprios corações pecaminosos quando o amor de Jesus os disciplina. Nós não entendemos o que Ele quer dizer com arrependimento porque pensamos que somos Seu bom povo.
É mais do que indivíduos isolados aqui ou ali que são chamados a se arrependerem. O testemunho de Jesus é ao "anjo da igreja que está em Laodicéia" (Apocalipse 3:14). Este "mensageiro" é dito ser uma das "sete estrelas ... na Minha mão direita" (Apoc. 1:20). "Os ministros de Deus são simbolizados pelas sete estrelas."1 Geralmente nossas lições a cada trimestre silenciam sobre o chamado de Cristo para se arrepender. A igreja parece ter tomado uma overdose de pílulas para dormir.
Embora cada um de nós devamos aplicar individual e pessoalmente cada conselho nas mensagens às sete igrejas, esta chamada para "arrepender-se" se dirige especificamente a mais do que indivíduos. O apelo de Apocalipse 3:20 ("se alguém ouvir a minha voz") contém uma palavra grega significativa, tis, o que significa basicamente "um certo alguém," e não apenas "qualquer um". Na mensagem de Laodicéia, refere-se ao "anjo", como o certo indivíduo a quem a mensagem é dirigida. Sem dúvida, Jesus cita do livro de Cantares de Salomão em seu apelo: "Eis que estou à porta e bato" (5:2, na LXX). O "certo alguém" que deve ouvir é Sua amada, a igreja. O Senhor aponta à liderança modelos e exemplos de funções.
A idéia que prevalece é a de que é impossível desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo. Perfeição de caráter não é possível. Assim, um arrependimento cada vez mais profundo é rejeitado e está em desacordo com o que Jesus quer. Poderia ser este um orbitar imperceptível em volta do inimigo em sua guerra contra Cristo?
Arrependimento é uma mudança de mente para longe do pecado. O que uma vez amamos, agora odiamos. É uma volta de180 graus, indo na direção oposta. Temos pensado que Cristo chama ao arrependimento individual de Laodicéia. Portanto, temos baseado todos os nossos esforços evangelísticos em chamar para fora do mundo os pecadores individuais, para salvar suas próprias almas do "inferno" e receber a "oferta" de Cristo, da salvação. O apelo tem sido baseado no medo do inferno e na esperança da recompensa celeste. Assim a fé é motivada por preocupações egocêntricas. Isso deixa o indivíduo "sob a lei" (em desobediência à lei), pois sua fé é movida pelo interesse próprio, em vez de Ágape que é “o cumprimento da lei" (Rom. 13:10).
É óbvio que, depois de um século ou mais de evangelismo, chamando ao arrependimento individual que isso não apressou a vinda de Cristo, mas a adiou. Nós não temos compreendido a natureza do arrependimento que Cristo dá a Laodicéia.
O remédio de Cristo para a "mornidão" é um arrependimento tanto individual como corporativo. Aqui reside o segredo do avivamento e reforma duradouros. O pecado é uma doença social da raça humana. "Em Adão todos morreram" (1ª Coríntios 15:22). "Todos pecaram" seguindo os passos de nosso pai Adão (Rom. 5:12). Instintivamente recuamos contra isso, pois sentimos que certamente temos algo de bom em nós. Mas a Bíblia nos lembra: "Em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rom. 7:18). Isso significa que o pecado que um outro ser humano tenha cometido, eu poderia cometê-lo se Cristo não tivesse me salvado dele. Precisamos 100% da justiça imputada e comunicada de Cristo.
Esta foi a pedra de tropeço em 1888 e ainda escandaliza muitos hoje. Sem a graça de um Salvador, os pecados de todo o mundo poderiam ser meus se eu tivesse a "oportunidade" de estar na pele daqueles que os cometeram, para ser tentado como eles em suas circunstâncias.
Esta idéia é impressionantemente afirmada por Ellen White: "Deus conhece cada pensamento, cada propósito, cada plano, cada motivo. Os livros do Céu registram os pecados que teriam sido cometidos tivesse havido oportunidade."2 Há de fato o perdão abundante e purificação do coração com Jesus, mas Ele não pode "nos purificar de toda a injustiça" (*1ª João 1:9) a menos que os "confessemos" com compreensão, e não podemos confessá-lo, a menos que o percebamos. Nós ainda temos algo a aprender.
Um mosquito infectado pica o dedo. O resultado é a doença da malária, que entra na corrente sanguínea e se torna uma doença corporal. O único remédio é a pílula que provê uma cura corporativa.
Como podemos ser culpados do pecado como uma igreja ou pessoa corporativa? "Terrível é a quantidade de culpa que pesa sobre a igreja."3 A grande comissão evangélica poderia ter sido concluída antes dos horrores da Primeira e segunda Guerras Mundiais, e as subsequentes que foram desencadeadas no mundo.4 A razão é que a mensagem de 1888 foi o "começo" da chuva serôdia e do alto clamor; Ellen White diz que foi "em grande medida" rejeitada pela liderança da igreja. Assim, aqueles que acreditavam fervorosamente na doutrina do segundo advento de fato a adiaram por diversas gerações. A tristeza do "que deveria ter acontecido" encheu a alma dela com angústia.5
Se tivéssemos uma outra Assembléia de 1888 onde o Espírito Santo se manifestasse como a chuva serôdia, iríamos novamente insultá-Lo? A menos que haja arrependimento por tê-lo feito pela primeira vez, a resposta tem de ser sim.
O que é arrependimento denominacional? É um "corpo" de crentes que experimentam individualmente arrependimento corporativo. Tão certo como a denominação adventista do sétimo dia é a "igreja remanescente" da profecia, a Laodicéia do Apocalipse, assim certamente tal arrependimento permeia aquele "corpo" no tempo da "expiação final." Este é um dom de Cristo à sua Igreja.
"Até 2300 tardes e manhãs, e o santuário será purificado" (Daniel 8:14). Os livros do Céu não podem ser purificados do registro de nossos pecados até que nossos corações sejam purificados. A questão da justiça pela fé, portanto, entra em foco a justificação pela fé é mais do que uma mera declaração legal, faz a alma em inimizade estar em união com Deus.

*Veja a nota nº 6, do tradutor, abaixo. 

É tal arrependimento possível? Será que Deus sempre teve um povo que assim entendeu o remorso que sentem que todos os pecados da raça humana poderiam ser seus, exceto pela graça de um Salvador, e que, portanto, se mantém diante do trono "purificado"? Ele vai ter um povo que reconhece sua total necessidade da justiça imputada de Cristo, que plenamente se torna consciente do que seria sem ela?
Alguns, infelizmente, dizem não; o antigo Israel falhou, e assim o Israel moderno deve falhar. Mas a base da profecia bíblica diz: "E o santuário será purificado." Zacarias prediz uma experiência de arrependimento denominacional corporativo, seguido de uma experiência gloriosa de purificação (Zac. 12:7-14, 13:1). Tal experiência permeando a igreja é o arrependimento denominacional. Cristo apela por isto em Sua mensagem a Laodicéia. Não é tempo para nós respondermos?

- Paul E. Penno



Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Notas do autor:

[1] Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, pág. 13.
 [2] SDA Bible Commentary, vol. 5, p. 1085.
 [3] Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pág. 457. Literalmente o texto original em inglês diz: “... de que a igreja é responsável.”
 [4] Boletim da Conferência Geral de1893, pág. 419; e Evangelismo, pág. 696.
 [5] Testemunhos Para a Igreja, vol. 8, págs. 104-106; The Advent Review and Sabbath Herald (de 15 de dez. de 1904).
6) * É importante notar que o julgamento que está sendo realizado no céu impacta as vidas do povo de Deus na Terra. Ellen White traz este importante ponto, dizendo: "Enquanto o juízo de investigatigação prosseguir no Céu, enquanto os pecados dos crentes arrependidos estão sendo removidos do santuário, deve haver uma obra especial de purificação, ou de afastamento de pecado, entre o povo de Deus na Terra" (O Grande Conflito, pág. 425). Por fim, a purificação do santuário tipologicalmente realizado no Dia da Expiação, encontra o seu cumprimento antitípico na purificação e remoção do pecado na vida do povo de Deus. Este processo começa agora nos corações e mentes do povo de Deus.
*"O encerramento desta obra ... para o santuário será também o encerramento da obra para o povo ... A purificação do santuário estendida às pessoas, e incluiu as pessoas, tão verdadeiramente como incluiu o próprio santuário .. .. o encerramento do mistério de Deus é o fim da obra do evangelho ... o tirar de todo o vestígio do pecado e o trazer a justiça eterna Cristo completamente formado dentro de cada crente, Deus somente Se manifesta na carne de cada crente em Jesus ... no próprio santuário, a transgressão não poderia ser terminada, um fim aos pecados e reconciliação pela iniquidade não poderia ser feita ... até que tudo isso tenha sido realizado em cada pessoa que teve parte no serviço do santuário .... o santuário em si não pode ser purificado, desde que, pelas confissões das pessoas e as intercessões dos sacerdotes, haja uma torrente no santuário de um fluxo de iniquidades, transgressões e pecados. .. Este fluxo deve ser parado na sua fonte, no coração e na vida dos adoradores, antes que o santuário em si possa ser purificado. Portanto, a primeira obra na purificação do santuário era a purificação do povo ... o sacrifício, o sacerdócio e ministério de Cristo no verdadeiro santuário remove os pecados para sempre, torna perfeitos os que a ele se chegam, torna perfeitos "para sempre os que são santificados." Hebreus 10:14. (Alonzo T. Jones, em O Caminho Consagrado para a Perfeição Cristã, págs. 113-119)
____________________________