Para 10 a 17 de maio de 2014
O nosso guia
de estudos indaga, na parte de terça-feira sob o título “Miserável homem,” referente a Romanos 7:13-25, aquela velha antiga
indagação: “Paulo estava falando do homem não convertido, ou essa é a
experiência de um convertido? (pergunta de nº 3, pág. 84 da edição do professor
e 48 na do aluno).
O Comentário Bíblico, volume 6 da série SDABC,
pág. 553, nos diz: “As principais questões são quanto a ser ou não
autobiográfica a descrição dessa intensa luta moral, e, nesse caso, se a
passagem se refere à experiência de Paulo antes ou depois da conversão.”
Precisamos
considerar este assunto com muita atenção:
Romanos: 7:
13 e 14, “Logo tornou-se-me o bom em morte? De modo nenhum; mas o pecado, para que se
mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento
o pecado se fizesse excessivamente maligno. Porque bem sabemos que a lei é
espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.”
Note
cuidadosamente agora os versos seguintes Romanos: 7:15 a 19, “Porque o que faço
não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E,
se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que
em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer
está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero,
mas o mal que não quero esse faço.”
É preciso
destacarmos a operação do princípio da
inimizade implantada por Deus entre o homem e Satanás em Gênesis 3:15. Deus
estava falando com a serpente, um símbolo de Satanás, Como vê, não tivesse sido
por esta inimizade, que foi introduzida entre o homem e a serpente, o apóstolo
Paulo poderia dizer que prosseguiria no pecado e o desfrutaria, e quanto mais
prosseguisse no pecado, mais gostaria dele. Isto, porém não é o que ele diz;
ele nos diz, em vez disto, que o bem que eu quero este não faço, mas o mal que
não quero este faço. Ele não deseja cometer os pecados que praticava, mas o
fazia, de qualquer modo, devido à sua natureza pecaminosa. Aí está o problema
com o ser humano. Agora, Deus, a despeito disso, logicamente, atua sob esta
circunstância e pelo processo pelo qual Ele salva o homem do pecado, remove: a) a
penalidade dos pecados do passado; b) o
poder contínuo do pecado (*para que possamos vencê-lo hoje, pelo poder que Ele
nos comunica); e, por fim, c) quando
Cristo retornar, removerá a própria presença do pecado, remontando até o
sacrifício de Cristo na cruz do Calvário. Neste processo que Ele concebeu é
visto em tantos este conflito descrito aqui pelo apóstolo Paulo, assim leiamos
os versos 19 a
24, “Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero
esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não o faço eu, mas o pecado
que habita em mim. Acho
então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; Mas vejo nos
meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me
prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável homem que
eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?”
Aqui está um
relato da experiência do apóstolo Paulo, ao ampliar suas reflexões em Romanos
7: 13 a
24. Encontramos aqui um homem que, aparentemente, está defrontando um dilema.
Ele deseja fazer o que é certo, mas não parece fazer as coisas certas. Ele não
deseja fazer o que é errado, mas prossegue praticando as coisas erradas.
Compare isto com Gálatas 5:16 e 17, “Digo, porém: Andai em Espírito, e não
cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito,
e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais
o que quereis.”
Agora, é-nos feita a pergunta, estas coisas
que não podemos fazer, como resultado deste conflito destacado em Gálatas 5:17,
são coisas boas ou coisas más? Se isto, como muitos creem, são as coisas boas
que não podemos fazer, então temos aqui um problema, pois estas não são boas
novas que o evangelho diz ser. Veja, que nos é transmitido aqui um quadro da
luta entre a carne e o Espírito. É-nos dito que um é contrário ao outro; não
são compatíveis. O Espírito milita, ou luta, contra a carne. A carne,
logicamente, representa as coisas, Gálatas 5:19 e 21, nos relaciona quais são e
nos diz que “os
que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.”
Todas estas são
coisas más, as obras da carne. O Espírito as combate. Agora, se como resultado
disto, o Espírito Santo lutando contra a carne e estas coisas más, ainda
descobrimos que nada podemos fazer a não ser coisas más, e não somos capazes de
fazer coisas boas, então parece que a carne é mais forte do que o Santo
Espírito. Nós não cremos isto! O Espírito Santo é mais forte do que a carne, e
subjuga a carne, e a mantem sob controle.
Mesmo que a natureza pecaminosa continue a existir e continue a fazer
coisas más o Espírito é mais forte e nos guarda de praticar coisas más. Assim não podemos fazer estas coisas más que
desejamos realizar. Encontramos, contudo, em Romanos 7, um quadro diverso, lá
nos é descrito um homem que deseja fazer coisas boas mas é incapaz disso.
A diferença entre os dois quadros é
simplesmente esta: Em romanos 7 estamos
tratando com o apóstolo Paulo em sua condição de pré-conversão, enquanto em
Gálatas 5 estamos tratando com um homem convertido, alguém em quem o Espírito
de Deus começou a operar.
Vejamos Romanos 7:25, imediatamente depois
de Paulo fazer a pergunta: “quem me
livrará do corpo desta morte?” vem a resposta: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor, de maneira que eu, de
mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da
lei do pecado?” Quando o apóstolo Paulo formula aquela pergunta, “quem me livrará do corpo desta morte,”
há uma tradução que diz, e muitos acham que seria a versão correta: “Quem me livrará deste corpo de morte?”
O que o apóstolo Paulo está transmitindo aqui, é a terrível prática, entre
alguns tiranos, em prender o corpo da vítima assassinada ao corpo do criminoso;
face a face, braços com braços, perna com perna, e assim por diante, e este era
forçado a carregar este cadáver em decomposição com ele envolvido por toda
parte a que fosse. Se abrisse os olhos veria a face, em lenta decomposição, do
homem ao qual assassinou. Era uma forma terrível de morrer, simplesmente
indescritível. O apóstolo Paulo compara esse peso do pecado a essa vítima do
assassinato, àquele corpo ao qual estava acorrentado. Assim, quando diz, ‘quem me livrará deste corpo de morte?”
obtém a resposta, “Graças a Deus, por
Jesus Cristo, nosso Senhor,” e daí declara, “de maneira que eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de
Deus,” isto é o que desejo fazer, é o que a minha mente me indica a fazer, “mas, segundo a carne, da lei do pecado.” Porque
a carne está fortemente inclinada à prática de coisas más, portanto a carne
serve à lei do pecado.
Agora, lembre-se de que a divisão de
capítulos na palavra de Deus, foi estabelecida por conveniência, há muito tempo
atrás. Elas nem sempre se situam nos melhores lugares. Aqui está uma indicação
em que temos que continuar o pensamento do capítulo 7, indo ao capítulo 8, “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Há uma mudança aqui. Não mais andamos
segundo a carne, mas segundo o Espírito, porque Jesus Cristo veio à nossa vida.
Verso 2: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me
livrou da lei do pecado e da morte.”
Assim, a carne, como lemos no verso 25 do cap. 7, que serve à lei do pecado,
está agora subjugada, e ele foi feito livre da lei do pecado e da morte. Agora o
verso 3: “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava
enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do
pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne.” Jesus provou que o pecado não tem
desculpa para existir, mesmo na carne humana caída. É por isso que entendemos do
verso 3, que Deus enviou Seu Filho na mesma carne que você e eu temos, nossa
natureza humana caída, deteriorada e pecaminosa. Mas mesmo Jesus tomando esse
imperfeito equipamento caído, não obstante viveu, perfeitamente, Sua vida. E
porque foi capaz de ter um desempenho de vida perfeito, nesta carne pecaminosa,
Ele condenou o pecado nessa carne, por provar que ele não tem razão para a sua
existência, nem mesmo na natureza caída.
Verso 4, “Para
que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas
segundo o Espírito.” Assim
— andamos no Espírito, e o Espírito é mais forte do que a carne, e subjuga a
carne, de modo que não faremos as coisas más que instintivamente desejamos
fazer. E em Gálatas 5:16 e 17 não há problemas com estes versos quando consideramos
ambas as passagens: Note agora este texto chave, o verso 16, “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a
concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito
contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que
quereis.”
Como você vê, o verso 17 explica que
você não fará coisas más, sem qualquer sobra de dúvida ou controvérsia.
Portanto podemos começar a compreender o que está envolvido nesta experiência
de Paulo em Romanos 7; aqui o apóstolo Paulo está falando de si mesmo como
alguém que pertence à raça humana, o homem como homem; e isto foi antes de
Cristo ter vindo à sua vida, em Sua plenitude, e quando o fez ele anda no
Espírito e, então, a sua natureza má é subjugada e ele se acha incapaz de fazer
coisas más. Anteriormente, tudo quanto podia fazer, eram as coisas más que não
desejava.”
“Provavelmente, a melhor exposição que
encontrei sobre isto, nos vem do teólogo britânico Alexander Buss, ele escreve
em sua obra Saint Paul’s Conception of
Christianity (A Concepção de Cristianismo de São Paulo). Referindo-se a
Romanos 7 ele diz, “a demonstração toma a forma de uma confissão pessoal. Na
primeira parte de sua doutrina do pecado, o apóstolo descreveu, em cores
sombrias, os pecados de outros homens. Nesta parte ele detalha a sua própria
experiência em termos bem rígidos: “—sou
carnal, vendido sob o pecado ... não
faço o que quero, mas o que detesto isto faço” (*versos 14 e 15). E ele
presume que, neste aspecto, ele não é uma exceção. Pessoal em forma, a
confissão, é, na realidade, a confissão da humanidade, de todo homem “ker sarks nós,” palavra grega com o
sentido de carne, quer dizer, vivendo na carne. O ego, que fala, não é o ego individual de Paulo mas o ego da raça
humana. É inútil, portanto, perguntar se ele se refere ao período antecedente à
sua conversão, ou ao período posterior à sua conversão. A questão prossegue
sobre a visão demasiado literal e prosaica da passagem, como se fosse uma peça
de biografia exata, em vez de ser uma representação altamente idealizada da
fraqueza humana na esfera moral. Do mesmo modo que o artista se inspira em sua
própria experiência, a referência deve ser considerada como principalmente
relativa a um período de pré-conversão, pois, faz-se claro, no capítulo
seguinte, que o apóstolo está longe de considerar a condição moral do cristão
como uma de fraqueza e miséria, como a detectada no capítulo 7. Portanto, não
precisa ser negado que o conflito entre a carne e o Espírito pode reaparecer
mesmo na vida de alguém que anda no Espírito; mas deixamos de perceber o
significado didático dessa passagem, se a tomamos como meramente biográfica, em
lugar de considerá-la como típica e representativa. Que ela tem o intento de
ser típica, é manifesto da maneira abstrata em que se fala da carne. Não é a
carne de São Paulo que está em falta, é a carne que todo homem carrega, a carne
em que habita o pecado. O que precisamente o apóstolo quer dizer por
“Sarks,” é uma questão para futura consideração. Nesse entretempo, o
ponto a ser observado é que a palavra não denota algo meramente pessoal, mas
representa uma ideia abstrata. O que habita na carne não é o bem, mas o pecado.
Eu sei, diz o apóstolo, esperando que todo homem que tem qualquer simpatia com
o bem, faça eco a tal reconhecimento.”
Depois, na página 144, ele conclui
declarando “A pecaminosidade humana é de tal modo a tornar a pergunta não sem
importância, como a própria lei de Deus que provoca o pecado à atividade, não
sendo ela própria pecaminosa. Contudo há um lado brilhante neste cenário, a lei
faz mais do que trazer à consciência a depravação humana. Ao fazê-lo ela ao
mesmo tempo torna o homem ciente de que há mais nele do que o pecado — uma
mente em simpatia com os ideais morais incorporados na lei, e o homem interior,
num estado de protesto contra os atos do homem exterior. A ação da lei sobre a
carne, por um lado, e sobre a consciência por outro, fazem sentir que eu sou
dois, não um, e essa dualidade é, ao mesmo tempo, minha miséria e minha
esperança. Minha miséria por esta desgraça de seguir por dois caminhos. Minha
esperança por eu sempre sentir que, a minha carne, e o meu pecado, conquanto
meus, não são eu próprio. Deste sentimento, todo homem compartilha. No lado
luminoso, bem como no escuro, São Paulo é o porta voz da raça. Ele expressa não
somente a necessidade universal de redenção, mas o desejo universal disso. É o
dia da meditação de uma humanidade oprimida pelo pecado.
A doutrina apostólica do pecado não é
lisonjeira, mas nem é indiscriminada; não é uma doutrina de total libertação da
depravação; reconhece o bom elemento na natureza humana em média. Como descrito,
este elemento parece fraco e ineficaz, mas o fato importante a observar é que ali
está, e, caros amigos, o que está lá, é a inimizade, que foi colocada entre o
homem e a serpente, no próprio início.
Às vezes sou indagado a respeito do
verso 22 de Romanos 7: “Porque, segundo o
homem interior, tenho prazer na lei de Deus.” E a pergunta que me vem é
“—esta é a experiência de uma pessoa não convertida?” Ora, sim!!! Pois nesta
própria carta, Rom. 2:14 e 15 p.p., lemos, “quando
os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não
tendo eles lei, para si mesmos são lei; eles mostram a obra da lei escrita em
seus corações, testificando jutamente a sua consciência, e os seus
pensamentos.” Isto nos faz remontar a uma passagem anteriormente citada do
Espírito de Profecia, Parábolas de Jesus,
pág. 385:
“Onde quer que haja um impulso de amor e simpatia, onde quer que o
coração se comova para abençoar e amparar os outros, é revelada a operação do
Santo Espírito de Deus. Nas profundezas do paganismo os homens que não tiveram
conhecimento da lei escrita de Deus, que nunca ouviram o nome de Cristo, têm
sido bondosos com Seus servos, protegendo-os com o risco da própria vida. Seus
atos mostram a operação de um poder divino. O Espírito Santo implantou a graça
de Cristo no coração do selvagem, despertando nele a simpatia contrária à sua
natureza e à sua educação. A "luz
verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo" (João 1:9),
está-lhe brilhando na alma; e esta luz, se atendida, lhe guiará os pés para o
reino de Deus.”
E há também uma passagem paralela, em O
Desejado de Todas
as Nações, página 638:
“Há, entre os gentios, almas que servem a Deus ignorantemente, a quem a
luz nunca foi levada por instrumentos humanos; todavia não perecerão. Conquanto
ignorantes da lei escrita de Deus, ouviram Sua voz a falar-lhes por meio da Natureza,
e fizeram aquilo que a lei requeria. Suas obras testificam que o Espírito Santo
lhes tocou o coração, e são reconhecidos como filhos de Deus.”
Assim, vemos como a queda do homem no
jardim do Éden, foi seguida, imediatamente, pelo estabelecimento por Deus de
inimizade entre o homem e a serpente, e, como Ele diz, “a sua semente e a tua semente, que é Cristo” (Gal. 3: 16, KJV).
Isto se cumpriu na experiência de Jesus no Calvário.
Unicamente
a morte para o eu natural e os desejos pecaminosos torna possível um novo
estilo de vida em Cristo.
Satanás prejudicou o plano de Deus
para a raça humana quando Adão e Eva caíram diante de suas tentações. Eles, por
seu turno, transferiram a natureza humana caída aos seus descendentes. Deus não
nos condena por termos tal natureza; em vez disto, Ele criou um meio para que
dela escapemos, e esse meio é Jesus Cristo, e a concessão do Espírito Santo.
Este artigo foi
adaptado da gravação que fizemos da lição 6 do 2º trimestre de 1999, “A Natureza do Homem,” comentada pelo
Pr. Alexander Snyman.
O irmão Alexandre Snyman foi
batizado na Igreja Adventista do sétimo dia na África do Sul depois de
participar de uma campanha evangelística em Durban. Ele recebeu seu treinamento ministerial na faculdadde
adventista “Walla Walla College” e
tornou-se um evangelista dedicado, servindo primeiramente como um evangelista
na Associação do estado do Colorado. Em seguida, foi enviado para o campo na
Missão do leste Africano. Retornando para a América, ele serviu por 25
anos na Associação do sul da Califórnia antes de se aposentar pela Associação
do estado do Tennessee. Mesmo jubilado o Pr. Alexandre Snyman continuou a
trabalhar, em rítimo intenso em todo o mundo, espalhando a mensagem de 1888, de
Cristo e Sua justiça, fazendo várias viagens à Europa, Uganda, África do Sul,
Indonésia, Austrália e Nova Zelândia. Desde agosto de 2008 o Pr. Alexandre
Snyman está dormindo, aguardando no túmulo o retorno de Jesus.
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