quinta-feira, 15 de maio de 2014

Lição 7 — O Homem de Romanos 7, por Ann Walper



Para 10 a 17 de maio de 2014

Muitas pessoas estão confusas sobre exatamente o que Paulo está falando em Romanos capítulo sete. Alguns acreditam que o "primeiro" marido é a nossa condição de pré-conversão, e que Paulo está falando especificamente de sua própria experiência pessoal. Outros alegam que, o “primeiro marido" é a lei moral que é "contra nós" e precisa ser tirada do caminho, porque nos condena. A primeira teoria nos deixa em desespero por jamais vencer o pecado, a segunda condena a lei de Deus como sendo a raiz do problema. Mas há uma terceira opção, que oferece melhor "boa nova" do que as outras duas ideias. Será que Paulo aqui tem uma perspectiva mais ampla em mente?
O professor Alexander B. Bruce diz que sim: "Nós perdemos o significado didático dessa passagem, se tomá-la como meramente biográfica, ao invés de vê-la como típica e representativa. Que se destina a ser típica é evidente a partir da forma abstrata em que a carne é tratada Não se trata da carne de São Paulo que está em falta, é a carne, a carne que todos os homens têm a carne em que habita o pecado."[1]
A discussão em Romanos capítulo 7 não é sobre se Paulo (ou qualquer pessoa) é convertida ou não. O apóstolo está falando sobre o conceito mais amplo da natureza pecaminosa, em contraste com a justa lei de Deus. Ele está se referindo ao problema universal da nossa condição caída e condenada, e o remédio para ela. A mente carnal (Rom. 8: 7), o velho homem (Romanos 6: 6; Ef. 4: 22), e o caráter, que é inclinado para o pecado, são conceitos sinônimos na apresentação teológica de Paulo sobre o conceito de pecado em sua carta aos romanos.
A ilustração em Romanos 7: 1 a 3 destina-se a esclarecer sobre o que Paulo estava falando no capítulo 6, sobre "o velho homem," escravo do pecado, e livre do pecado através da morte de Cristo como nosso cordeiro sacrifical. Em 6: 6 Paulo nos diz que "o nosso velho homem é crucificado com Ele; que o corpo do pecado deve ser destruído, para que não mais sirvamos ao pecado" (cf. Gal. 2: 20, 2ª Coríntios 5: 14 e 15). Essa ideia é paralela com a metáfora do casamento, do capítulo sete, e da necessidade da morte do primeiro marido. Há quatro elementos na ilustração do capítulo sete, a lei, a mulher, o primeiro e segundo maridos (ver Waggoner sobre Romanos, pág. 118-121).
Alguns têm definido o primeiro marido como a lei dos dez mandamentos de Deus, baseando a sua opinião sobre os versículos de 1 a 3 em que Paulo afirma que "a lei tem domínio sobre o homem" (v. 1), e depois Paulo muda para "a mulher" (v. 2) e que a mulher deve ser "livre da lei” do marido, que "morto o marido, livre está da lei" (v. 3). Superficialmente, estes versos parecem correlacionar a lei e o marido como um elemento da história. No entanto, pela declaração de Paulo, não podemos culpar a lei como sendo o marido faltoso pois Paulo afirma que "a lei é santa" (vs. 12). Não há nenhuma culpa a ser encontrada em qualquer aspecto da lei, que é uma transcrição do caráter santo de Deus.
Paulo define o que entende por lei no verso 7, mostrando que ele está se referindo aos Dez Mandamentos de Deus, em que a luxúria e a cobiça são condenados. A justa lei de Deus é impessoal, separada, elevada e sublime, condenando o nosso “casamento" com [o] primeiro marido. A lei moral não tem misericórdia, graça, e nenhum poder para perdoar. Por si só não pode justificar ou endireitar nosso corrupto caráter, só pode condenar o que está em oposição a ela. Mas isso não torna a lei pecado ou exige a sua remoção ou alteração.
Vamos examinar os restantes três elementos. Entende-se que nós (coletivamente falando) é a mulher envolvida no casamento ruim. O segundo marido (o "bom marido”) é, obviamente, Cristo, como Paulo indica, no versículo 4 (“Para que sejais de outro, dAquele que ressuscitou dentre os mortos"). Paulo deixa claro que nós não podemos nos casar com o segundo marido, desde que o primeiro marido está vivo; tentar fazer isso é adultério. Por toda a Bíblia, Deus declarou que Ele não vai participar em um relacionamento adúltero (cf. Jer. 3:9; 13:27, Eze. 16:17, 33; etc.)
Mas, quem é o primeiro marido? Do que Paulo disse anteriormente sobre a escravidão do pecado no capítulo 6, evidência contextual indica que ele está apresentando uma metáfora no capítulo 7. A força do pecado é metaforicamente chamada de "lei do pecado que está nos meus membros" (Rom. 7: 23). É o "velho homem" de que fala o capítulo 6, que trabalha através da natureza pecaminosa (com que toda pessoa nasce), buscando expressar-se através de atos de rebelião contra Deus (veja Tiago 4:1-4). Ele identificou o "velho homem," como o que precisa morrer. É o velho homem, a natureza pecaminosa, que permanece continuamente em rebelião contra Deus, que nos mantém na escravidão do pecado e da morte.
A partir desta melancólica discussão no capítulo 6, Paulo rapidamente avança para proclamar a gloriosa nova de que o velho homem, o nosso "corpo de pecado", não deveria ter domínio sobre nós (Rom. 6:14). Nós temos sido libertados da escravidão do pecado, e, pela fé em Cristo, vamos servi-Lo em justiça (vs. 22). A partir desta declaração de nossa libertação do poder do pecado — através de morte para o pecado — e para ir ao mesmo ponto de um ângulo diferente, Paulo, em seguida, passa à sua ilustração usando o casamento como metáfora.
No capítulo 7 Paulo diz que o primeiro marido precisa morrer para que a “mulher" possa ser libertada de um casamento que produz escravidão (vs. 3). Uma vez que tanto o velho homem como o primeiro marido trazem escravidão, e ambos devem morrer, o primeiro marido e o "homem velho" emergem como conceitos paralelos no pensamento de Paulo. O que o primeiro marido representa nesta metáfora é indicado no versículo 5: "Porque, quando estávamos na carne [i.e., cedendo aos clamores da natureza pecaminosa; essas palavras não significam que há, de modo algum, uma libertação da natureza pecaminosa, antes da segunda vinda de Cristo como na idéia do movimento da "carne santa"], as paixões dos pecados [paixões pecaminosas que produzem atos pecaminosos], que são pela lei [isto é, definidos pelo Dez Mandamentos, ver os versos 7 e 8], operavam em nossos membros para darem fruto para a morte." E a nossa derrota ante as exigências da carne (i. e, a natureza pecaminosa), que produz o "fruto" da segunda morte (Tiago 1:14 -15).
O conceito bíblico de casamento é que os dois devem se tornar uma só carne (Gen. 2: 24, Marcos 10: 8). Para serem unidos de tal forma (e para ser uma união feliz) significa que os dois são de uma mesma mente (opinião). Se eles precisam caminhar juntos em paz, eles devem estar de acordo sobre como a vida deve ser vivida (Amós 3:3). Esta é precisamente a condição de que Paulo fala entre a mulher e o primeiro marido. Nós nascemos em carne pecaminosa, com inclinações e propensões para o pecado, e rebelião contra Deus. Indulgência para com essas inclinações e propensões amadurecem em uma natureza pecaminosa, ao hábitos de pecado se desenvolvem, e nosso caráter é transtornado. Tornamo-nos casados com a natureza pecaminosa, desfrutando dos “prazeres do pecado” que vêm desta união carnal.
Não há nenhum indício nos versículos 1-3 de que a mulher é infeliz no casamento com seu primeiro marido. É observação externa de Paulo que esse casamento é ilícito e deve ser dissolvido, mas ele admite que essa dissolução só pode acontecer através da morte das partes envolvidas. A trama se complica quando Paulo revela que existe um segundo Homem que deseja Se casar com a mulher, mas Ele não pode enquanto o primeiro marido vive (esta idéia é introduzida aqui, mas Paulo a explica no capítulo 8).
Apelando à Sessão da Conferência Geral de 1891, Ellet J. Waggoner comenta sobre Romanos 7: "Nós descobrimos que estamos unidos com o pecado e com o corpo do pecado. Então, Cristo vem a nós e Se apresenta como Alguém completamente adorável. E, na realidade, Ele é o único que tem qualquer reivindicação real sobre nós. "Tenho, porém, contra ti, que deixaste o teu primeiro amor" (*Apoc. 2:4). O apóstolo está escrevendo para aqueles que conhecem a lei e que deixaram seu primeiro amor, e o que se aplica a eles também se aplica, em maior medida, aos do mundo. Cristo vem até a porta do nosso coração e bate e suplica para irmos a Ele"[2] Com a força desta afirmação, Romanos 7 é um apelo à Igreja de Laodicéia para despertar de sua letargia de devoção ao egocentrismo. Para se entender isto deve-se comparar Cantares de Salomão 5: 2 e 3 com Apocalipse 3:20 (*à luz da rejeição da mensagemde 1888, tanto corporativa como individualmente, desde então até hoje)..
Em Romanos 7: 15 e 16, a mulher é casada com o ego. É a motivação da velha aliança, "eu faço." “Eu não consigo realizar o bem" (vs. 18, ú.p.). "Eu", ou seja, o ego, é "o pecado que habita em mim" (vs. 20, ú.p.). Laodicéia se deleita, tem “prazer na lei de Deus" (vs. 22, ú.p.), mas não pode guardá-la por causa de "uma outra lei nos meus membros" (vs. 23). É a motivação egoísta de obediência à lei de Deus, que é a esperança da recompensa (*da vida eterna) e/ou (*o desejo de) evitar o inferno. O que é motivado pelo interesse próprio é antinomianismo (*i.e., pelo desprezo à lei).
Todo o capítulo 6 fala da necessidade de morte para um antigo caminho, que é a escravidão e a miséria sob a escravidão do pecado (Rom. 6: 6, 7, 11-12 e 14). Como Paulo declarou nestes versos, a fim de ser livre do pecado e da morte, devemos considerar-nos mortos para o pecado. O velho homem deve morrer. Mas nós temos que morrer também. Em Gálatas 2:20, Paulo deixa enfaticamente claro esse ponto quando afirma: "Estou crucificado com Cristo." Quando morremos para o pecado, o nosso velho homem (a natureza pecaminosa), também perece. Assim, pela fé no poder de Cristo sobre o pecado, nos rendemos a Ele; nós nos identificamos com Cristo na Sua morte na cruz (Romanos 6:3). Através do batismo, que é uma declaração pública da nossa vontade de morrer para o pecado e o eu (vs. 4), e nos tornamos vivos em Cristo (vs. 5 e 8). Nos tornamos servos de Deus em justiça, e não mais estamos recebendo o salário do pecado (vs. 22 e 23).
Paulo nos admoesta a "deixar estar em nós essa mente que houve também em Cristo Jesus" (Filipenses 2:5, KJV); (*“Não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação da vossa mente”), Rom. 12: 2, KJV. A natureza carnal (pecado) e a mente de Cristo, estão em forte oposição uma à outra. "A mente carnal é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" (Rom. 8: 7, KJV).  A batalha é pela mente, e é uma escolha nossa que mente vamos possuir, a mente de Cristo que está de acordo com toda a vontade de Deus, ou a mente de Satanás, que está em inimizade com a vontade de Deus.


Ann Walper

Notas da autora:
[1] St. Paul’s Conception of Christianity (A Concepção de Paulo do Cristianismo), pág. 139; edição de 1896, por Alexander Balmain Bruce (1831-1899).
[2] General Conference Daily Bulletin, (Boletim Diário da Conferência Geral) de 19 de março de 1891, pág.172.


A irmã Ana Walper é uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja. Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica. Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16 anos em jornais de sua cidade, escrevendo sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça. Se você desejar ler este estudo em inglês, sobre Romanos 7, mais detalhado, escrito pela a irmã Ana Walper, acesse: http://www.1888mpm.org/book/lesson-8-man-romans-sabbath-august-21

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