Para 10 a 17
de maio de 2014
A mensagem de 1888 esclarece a relação de graça com a justificação legal
efetuada na cruz. Em outras palavras, a mensagem esclarece a relação entre a
lei e a graça. Será que a "misericórdia" requer uma justificação
legal? NÃO!!! A palavra correta deve ser "graça." Pode-se mostrar
misericórdia para com um animal sofrendo, mas a graça envolve uma qualidade
moral, espiritual e legal. Há uma grande diferença.
Alguns cristãos se opuseram à ideia de que Cristo efetuou uma
justificação legal para "todos os
homens," por Seu sacrifício na cruz. Eles disseram que o Seu
sacrifício só fez uma provisão de
graça para todos os homens e, portanto, a graça não é eficaz até que alguém creia
em Jesus.
Esses irmãos não perceberam que essa posição é a essência do
antinomianismo, porque não podemos ter graça sem uma base legal para isso. A santa
lei de Deus foi transgredida pelo pecador; a graça não pode agora ser estendida
a ele a não ser que as justas exigências da lei quebrada sejam primeiramente satisfeitas
em seu favor. Por quê?
Primeiro, vamos definir "graça."
Ellen White diz que Graça é "favor imerecido."1
Somente os pecadores podem receber a graça, não os seres sem pecado,
como os anjos não caídos.2
Por quê? Somente os pecadores quebraram a lei de Deus. Graça nunca foi
entendida senão após a queda.3 A graça,
portanto, está diretamente relacionada à lei de Deus quebrada.
A ideia comum antinomiana, talvez evangélica, é que Deus não Se importa
se nós quebramos a Sua lei; Ele pode simplesmente ignorar nossos pecados, ser
misericordioso, simplesmente nos perdoar, e por Sua autoridade soberana Ele
pode esquecer Sua lei quebrada. Não é importante. Mas a ideia de graça, sem que
a lei seja mantida e satisfeita é o ensinamento das igrejas populares. O que
Sua graça realiza por "todos os
homens"? Eles são "justificados
pela Sua graça" (Tito 3:7). Portanto, se dissermos a alguém que ele
pode ser justificado sem que a lei seja satisfeita por uma justificação legal,
estamos ensinando antinomianismo quer percebamos ou não.
Aqui está a razão pela qual a graça requer justificação: "A justiça de Deus se manifestou, sem a
lei,... a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos [os
incrédulos] e sobre todos os que creem [crentes]:
pois não há diferença, todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela Sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus; ao qual Deus propôs para
propiciação pela fé no Seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão
dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus. Para demonstração da Sua
justiça, neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele
que tem fé em Jesus" (Rom. 3:21-26).
O verbo grego traduzido como "pecaram" está no tempo aoristo,4 que
significa "todos pecaram," isto é, em algum ponto no tempo. Todos nós
pecamos "em Adão." A frase "sendo justificados" está no (*tempo
verbal) particípio (*passado) que relaciona a justificação para o momento em que
"todos pecaram."
Portanto, esta passagem é paralela com Rom. 5:12-18 que nos diz que o
que Adão fez para trazer condenação sobre a raça humana Cristo inverteu,
trazendo justificação à raça humana: "Se
pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela
graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos (*v.15) ... por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens
para justificação de vida" (*v.18). E Paulo continua a dizer na mesma
passagem que "superabundou a graça"
(v.20) pelo fato de que esta "justificação
de vida" tem sido dada a "todos
os homens.”
Assim, a justificação e a graça estão ligadas entre si e não podem ser
separadas: "A lei opera a ira. Porque
onde não há lei também não há transgressão. Portanto, é pela fé, para que seja
segundo a graça" (Rom. 4:15-16). Você vê isso? A "ira da lei" deve ser satisfeita antes que possa haver
graça. Quando alguém está "debaixo
da lei," ele não pode estar "debaixo
da graça" (Rom. 6:14).
Paulo continua a explicar que não podemos estar debaixo da graça, a
menos que, primeiro "Deus, enviando
o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado,
condenou o pecado na carne" (Rom. 8:3). Assim, quando Cristo satisfez
a lei quebrada por Sua morte sacrificial, por necessidade Ele efetuou uma
justificação legal para todos os homens. Caso contrário, nós não poderíamos nem
mesmo viver de modo a ter um outro julgamento.
Essa lei quebrada é satisfeita somente pela justiça de Cristo. O ponto é
que a lei não pode ser satisfeita por uma justiça que é feita em lugar de nós,
mas só para nós. Em outras palavras, Cristo deve entrar na corrente corporativa
da humanidade caída, e identificar-Se plenamente conosco. Isto não nega o
aspecto substitutivo do sacrifício de Cristo, apenas o define de forma mais
clara.
Quando essa "ira" da
lei foi derramada sobre Cristo em favor do pecador, Ele provou “a morte por todos os homens" (*Heb.2:9).
Sobre ele foi colocada "a iniquidade
de nós todos" (*Isa.53:6). A menos que nós reconheçamos esta verdade, nós
caímos na graça barata, mesmo falando contra ela. Foi "pela graça de Deus [que Cristo] deveria provar a morte por todo homem" (Heb.2:9,KJV).
Esta é uma graça muito cara. Se tudo o que Cristo suportou era o "repouso"
que chamamos de morte, isto é, um sono doce como um breve alívio, então se
torna, necessariamente, graça barata. Mas se Ele suportou o equivalente à
segunda morte, o completo derramar de “Sua
alma na morte" (*Isa.53:12) a coisa real, a doação de Si mesmo até a
eternidade, indo para o inferno em nosso favor, então é uma graça extremamente
cara. O sacrifício de Cristo na cruz como realizado, infinitamente mais do que
"meramente protelou" o castigo original pelo pecado. "A punição
ou salário do pecado — a morte eterna" não era nem "renúncia," (*nem)
"adiamento," nem "tardança," mas foi infligida totalmente
em Cristo.
Esta é a única base sobre a qual a graça pode repousar. Graça que não
descansa no sacrifício completo de Cristo deve ser "graça barata."
Ele real e verdadeiramente pagou a dívida do pecado de todos os homens, e,
portanto, totalmente morreu a segunda morte de "todos os homens."
Assim, não há razão para qualquer alma humana morrer a segunda morte, exceto
por sua própria incredulidade pessoal — sua recusa em apreciar o que Cristo realmente
(não provisionalmente) realizou por ele na cruz (João 3:17-19). Esta visão da
cruz pode tirar o fôlego de alguém, mas nós a vemos como gritante verdade bíblica,
o "evangelho objetivo." Esta verdade é piedade prática, pois motiva o
coração humano para fazer o que nada mais pode fazer — para viver, "de agora em diante" não
para si mesmo, mas para Ele.
Há evidências de que Ellen White concorda:
Ela diz que é a morte de Cristo que dá eficiência à Sua graça.
"Sua
graça pode operar com ilimitada eficiência."5
Em outras palavras, não poderia haver nenhuma graça sem a Sua morte.
Esta graça foi tão cara que é impossível "medir" o que custou ao
céu para dá-la. A Graça foi paga por um preço impossível de medir.
"A
graça concedida custou ao Céu um preço que nos é impossível aquilatar.6
Mais uma vez, essa graça é inseparável da lei.
"Essa
preciosa graça oferecida aos homens mediante o sangue do Salvador, estabelece a
lei de Deus."7 Ela diz que é uma "decepção" falar de graça sem a lei ser
satisfeita. Os irmãos nunca devem sonhar em depreciar a lei de Deus. Mas se
eles procuram estabelecer graça sem uma justificativa legal, eles estão
involuntariamente caindo nessa armadilha de que Ellen White fala:
"O
engano de Satanás é que a morte de Cristo introduziu a graça para tomar o lugar
da lei. ... Essa preciosa graça oferecida aos homens por meio do sangue do
Salvador estabelece a lei de Deus. Desde a queda do homem, o governo moral de Deus
e Sua graça são inseparáveis. Andam de mãos dadas através
de todas as dispensações."8
"O
evangelho de Cristo é a Boa Nova da graça, ou favor, pelo qual o homem pode ser
livre da condenação do pecado e habilitado a prestar obediência à lei de Deus."9 (*Assim) Ellen White diz que a
graça livra da condenação. Paulo diz que a justificação legal efetuada na cruz livra
da condenação (Rom. 5:18), então as duas verdades devem caminhar juntas.
Podemos concluir, portanto, que a graça que se manifesta por meio da cruz é
fundada sobre a justificação legal realizada no calvário.
- Paul E. Penno
Notas (Ellen G. White, mas a 4ª é do tradutor):
[1] A Maravilhosa Graça de Deus, pág. 180 (Meditação. Matinal de 1974);
[2] Nos Lugares
Celestiais, pág. 34 (Med.
Mat.de 1968);
[3] A
Maravilhosa Graça de Deus, pág. 10 (Meditação.
Matinal de 1974);
4) Aoristo é um tempo
verbal existente nas línguas indo-europeias, como o grego e o sânscrito. Em
grego significa, sem limite. Numa tradução mais livre, significa indefinido
ou indeterminado. O aoristo indica uma ação verbal ou acontecimento, sem
definir absolutamente o seu tempo de duração, ou sem definir com precisão o
tempo em que a ação ocorreu. É uma espécie de tempo passado indefinido,
indeterminado. Nas línguas comuns e modernas, este tempo verbal não existe. O aoristo considera a ação do verbo
como um ponto (pontilear) e está isenta da ideia de tempo, sendo,
contudo, na maioria das vezes, traduzido como o perfeito.
[5] Para
Conhecê-Lo, pág. 69 (Meditação.
Matinal de 1965) ; artigo originalmente publicado em Youth’s Instroctor de 17/10/1897
[6] Nos Lugares Celestiais, pág. 220 (Meditação. Matinal de 1968);
[6] Nos Lugares Celestiais, pág. 220 (Meditação. Matinal de 1968);
[7] A Fé Pela Qual Eu Vivo, pág. 89 (Meditação. Matinal de 1959);
[8] Fé e Obras, pág. 30 (19 sermões de Ellen G. White);
[9m,5] Mente, Caráter e Personalidade, vol. 2, pág..
563. (Editado em 1998). Originalmente em The Signs of the Times – de 4/9/1884..
Paulo Penno é pastor evangelista da
igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte
Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward,
Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos.
Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews.
Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T.
Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos
Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O
Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º
Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários
conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da
igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando
a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99
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