Para 16 a 23 de setembro de 2017
"É provável
que os leitores apressados pensem que há uma divisão entre os capítulos 5 e 6
de [Gálatas] e que a última parte trata da vida prática e espiritual, enquanto
a primeira parte é dedicada às doutrinas teóricas. Este é um grande erro.
"O objeto
desta carta é claramente visto nesta parte de fechamento. Não é para
fundamentar a controvérsia, mas para silenciá-la, levando os leitores a
submeter-se ao Espírito. Seu objetivo é ajudar os que estão pecando contra Deus
por tentar servi-Lo à seu próprio modo deficiente e levá-los a Ele servirem de
fato em novidade do Espírito. Todo o assim chamado argumento da parte
precedente da carta é simplesmente a demonstração do fato de que ‘as obras da
carne,’ que são pecado, podem ser evitadas apenas pela ‘circuncisão’ da cruz de
Cristo – por servir a Deus em espírito e sem confiança na carne".
“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma
ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando
por ti mesmo, para que também não sejas tentado” (Gálatas 6: 1).
"Quando os
homens se propuseram a se tornarem justos, o orgulho, a auto-exaltação e as
críticas levam a brigas abertas. Assim se passava com os Gálatas, e assim será
sempre. Não pode ser de outra forma. Cada indivíduo tem sua própria concepção
da lei. Tendo determinado ser justificado pela lei, ele a reduz ao nível de sua
própria mente para que ele possa ser o juiz. Ele não pode resistir a examinar
seus irmãos, bem como a si próprio, para ver se estão de acordo com sua medida.
Se o seu olho crítico detecta o que não está caminhando de acordo com sua regra,
ele imediatamente lida com o agressor. Os cheios de justiça própria se fazem
guardadores de seu irmão ao ponto de o manterem fora de sua companhia para que
não sejam contaminados por contato com ele. Em contraste marcado com esse
espírito, que é muito comum na igreja, temos a exortação com a qual este
capítulo se abre. Ao invés de buscar falhas para condená-los, devemos caçar
pecadores para que possamos salvá-los."1
“Levai as cargas
uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo” (vs. 2).
"A lei de
Cristo" é cumprida suportando os fardos uns dos outros, porque a lei da
vida de Cristo deve suportar cargas. "Verdadeiramente
Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre
Si" (*Isaias 53:4) Quem cumprir a Sua lei ainda deve fazer o mesmo
trabalho para os desviados e caídos.
"Por
isso covinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos ... Porque, naquilo que
Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados" (Heb. 2:17, 18). Ele sabe o
que é ser extremamente tentado, e sabe como vencer. Embora Ele "não conheceu pecado, foi feito para
ser pecado por nós para que nEle fossemos feitos justiça de Deus" (2ª
Coríntios 5:21 KJV). Ele tomou todos os nossos pecados e os confessou perante
Deus como a Seus próprios.
"Mesmo que Ele venha até
nós. Em vez de nos censurar por nosso pecado, Ele nos abre o coração e nos diz
como Ele sofreu com a mesma dificuldade, dor, tristeza e vergonha. Assim Ele
ganha nossa confiança. Sabendo que Ele também passou pela mesma experiência,
que Ele foi até às profundezas, estamos prontos para ouvi-Lo quando Ele fala
sobre o caminho de escape nós sabemos que Ele está falando pela experiência.
"A maior parte, portanto,
da obra de salvar os pecadores é mostrar-nos como um com eles. É na confissão
de nossas próprias faltas que nós salvamos outros. O homem que se sente sem
pecado não é o homem para restaurar o pecador. Se diz a alguém que caiu em
qualquer transgressão: ‘Como é que você poderia fazer tal coisa? Eu nunca fiz
uma coisa assim na minha vida! Não consigo ver como alguém com algum senso de respeito
próprio poderia fazer isso,’ é muito melhor ficar em casa. Deus escolheu um
fariseu, e apenas um, para ser um apóstolo. E ele não foi enviado até que ele
se reconhecesse como o principal dos pecadores"2(*1ª Tim.
1:15).
Em Atos 26: 13-15, Saulo de
Tarso estava tendo uma batalha com a própria consciência. O Espírito Santo
pressionou em sua alma a constante convicção do pecado. Para que ele continuasse
em sua louca campanha contra Jesus e Seus seguidores, ele teve que reprimir
todas as condenações e influência do Espírito Santo. Isto foi
"difícil" para ele, e poderia ter levado a graves distúrbios físicos
e emocionais.
O
Senhor o amava tanto que Ele realmente tornou "difícil" a Paulo auto destruir-se
por impenitência. E quando Saulo
se tornou o apóstolo Paulo, ele nunca esqueceu a lição. Mais tarde, ensinaria
que é fácil ser salvo e difícil de se perder se alguém entender e acreditar na
"Boa Nova". (*veja, por exemplo 1ª Cor.9:19-23)
Assim, nas palavras de Jesus, Seu fardo é "fácil", e se opor à Sua
salvação é "difícil".
Tal é o significado de
"justiça pela fé", e os mensageiros de 1888 captaram a ideia de Jesus
e Paulo. Esta era uma característica única de sua mensagem, raramente
articulada hoje. Nossa juventude é constantemente bombardeada com a ideia de
que é difícil seguir Jesus, e é fácil seguir o diabo. Na verdade, a ideia está
enraizada na mente de muitos adventistas do sétimo dia como a rocha Gibraltar.
Os adventistas têm sido
acusados, e às vezes com razão, de ensinar que Cristo estará cheio de vingança
assassina quando retornar pela segunda vez. Os evangelistas o representaram
como vindo com algum tipo de misteriosa metralhadora cósmica que emite um raio
letal para matar todos os Seus inimigos. Mas a mensagem de 1888 não apresentava
tal distorção do caráter de Deus. Os anjos disseram aos apóstolos que será "esse Jesus que ... há de vir"
que retornará uma segunda vez (Atos 1:11). Os pecadores terão mudado, não Ele.
Eles serão endurecidos, não Ele.
Se alguém fuma cigarros por
anos e depois adquire câncer de pulmão ou enfisema, pode dizer: "Deus me
destruiu"? Verdadeiramente, "todo homem destruído se destruirá".
Observe como em um pequeno
parágrafo Ellen White diz sete vezes que os não salvos são perdidos
exclusivamente por sua própria escolha, e não por qualquer expulsão arbitrária infligida
a eles pelo Senhor:
“(Primeiro:) Uma vida de
rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. (Segundo) A pureza, santidade e
paz dali lhes seriam uma tortura; (terceiro:) a glória de Deus seria um fogo
consumidor. (Quarto:) Almejariam fugir daquele santo lugar. (Quinto:) Receberiam
alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que
morreu para os remir. (Sexto:) O destino dos ímpios se fixa por sua própria
escolha. (E, sétimo:) Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e
misericordiosa da parte de Deus.3
Se quisermos, podemos tornar a
salvação difícil? Sim, se eclipsarmos a cruz de Cristo, devemos admitir que se
torna terrivelmente difícil ser salvo. A motivação para consagração e devoção se
esgota. A tentação para o mal torna-se irresistível em seu apelo. O Salvador Se
torna "como raiz de uma terra
seca" (*Isaias 53: 2) e Seu evangelho não contém nenhuma “boa aparência para que O desejássemos".(*idem).
O dever torna-se um fardo, a obediência difícil, a leitura da Bíblia é
aborrecida, a oração está vazia, a guarda do sábado é chata. Esta é a patética
"experiência cristã" de muitos membros da igreja. (*Pela inegável
rejeição que exercemos da mensagem de Justificação pela fé, como nos foi
outorgada em 1888, não é novidade que sejamos chamados de Laodicéia).
A. T. Jones diz: "Temos
constantemente a oportunidade de pecar. Oportunidades para o pecado são sempre
apresentadas a nós ... dia a dia. Mas está escrito: ‘Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso
corpo’(2ª Cor. 4:10) ‘Cada dia
morro’ (1ª Cor. 15: 31). ... a sugestão do pecado é a morte para mim ... nEle"
(*"Considerai-vos como mortos para o
pecado, mas vivos para Deus em Cristo,” Rom. 6:11. “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” Fil. 1:21).
... Com certeza como ele é crucificado, eu sou crucificado; com certeza, como
ele está morto, eu estou morto com ele; tão certamente como Ele está enterrado,
fui enterrado com Ele; com certeza, como Ele ressuscitou, eu estou ressuscitado
com Ele, e agora não servirei o pecado" (*Veja Rom 6:6)4
Talvez o fato familiar da
direção hidráulica em nossos carros possa nos ajudar a sentir isso. Tente mover
o volante de um carro com direção hidráulica quando o motor não estiver
funcionando. É difícil girar a roda. Mas se o motor está funcionando, então
mesmo uma criança pode girar o volante de um lado para o outro. O poder torna
mais fácil.
Mas ainda assim, como
motorista, você deve fazer algo. Você deve escolher a que direção deseja ir. O
motor nunca pode aliviar você dessa responsabilidade. Você nunca pode sentar em
seu carro, dobrar os braços e dizer: "Leve-me a uma agência dos
correios". Mas uma vez que você escolhe virar à direita ou à esquerda e
aplicar sempre tão pouco esforço para girar a roda, imediatamente o mecanismo
de energia funciona e facilita a tarefa. Este é um mecanismo fascinante pois
ilustra o evangelho.
Para aqueles que acham que
acham "difícil" ser salvo, Ellen White nos dá um conselho útil: “Muitos
estão perguntando: ‘Como devo eu fazer a entrega do próprio eu a Deus?’
Desejais entregar-vos a Ele, mas sois faltos de poder moral, escravos da duvida
e dirigidos pelos hábitos de vossa vida de pecado. Vossas promessas e
resoluções são como palavras escritas na areia. Não podeis dominar os
pensamentos, os impulsos, as afeições. O conhecimento de vossas promessas violadas
e dos votos não cumpridos, enfraquece a confiança em vossa própria sinceridade levando-vos
a julgar que Deus não vos pode aceitar; mas não precisais desesperar. O que deveis
compreender é a verdadeira força da vontade. Esta é o poder que governa na a natureza
de homem, o poder de decisão ou de escolha ...
"O poder de escolha deu-o
Deus ao homem; a ele compete exercê-lo. Não podeis mudar vosso coração, não
podeis por vós mesmos consagrar a Deus as vossas afeições, mas podeis escolher
servi-Lo. Podeis dar-Lhe a vossa vontade; Ele então operará em vós o querer e o
efetuar segundo a Sua vontade. Desse modo, toda a vossa natureza será levada
sob o domínio do Espírito de Cristo, vossas afeições centralizar-se-ão nEle, vossos
pensamentos estarão em harmonia com Ele".5
A única coisa difícil em ser um
verdadeiro cristão é a escolha de render o eu para ser crucificado com Cristo.
Nunca somos chamados a ser crucificados sozinhos - somente com Ele.
Mas, graças a Deus, é um milhão
de vezes mais fácil ser crucificados com Cristo do que era para Ele ser
crucificado sozinho por nós! Contemple o Cordeiro de Deus, e realmente se torna
fácil. Mesmo que isso ainda pareça difícil, nunca esqueça que será muito mais
difícil continuar lutando contra o amor assim, e resistindo ao persistente
ministério do Espírito Santo, para se perder!
-Dos escritos de Roberto
Wieland
Notas
de roda-pé:
1) E. J. Waggoner, The Glad Tidings (As Boas Novas) um
estudo de Gálatas, verso por verso, págs. 124, 125; Versão “CFI ed.” (2016).
2) Idem, págs 127 e 128
3) Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 543
4) [4] A. T. Jones, 1895 General Conference Bulletin (Boletim
Diário da Conferência Geral de 1895) pág. 353.
5) Ellen G. White, Caminho a Cristo, pág. 47;
Notas:
O video do Pr. Paulo Peno desta lição, em inglês, está na internet no sítio https://youtu.be/MsA8Iic2uVw
O video do Pr. Paulo Peno desta lição, em inglês, está na internet no sítio https://youtu.be/MsA8Iic2uVw
Esta lição, em inglês, você pode ver em: http://1888message.org/sst.htm
Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:
Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:
O irmão Roberto
J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em
Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista
do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que
foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na
Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor
de dezenas de livros. Em 1950 ele e o
pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles
nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as
matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos
depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação
de 4 volumes com um total de 1821 páginas
tamanho A4, com o título Materiais de
Ellen G. White sobre 1888.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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