quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Capítulo 35 — VITÓRIA E JUSTIÇA PELA FÉ

O Êxodo e os Movimentos do Advento

em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.

Postado em 17/12/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com

Capítulo 35 — VITÓRIA E JUSTIÇA PELA FÉ

Pág. 262 {173} Triunfo da Fé. Salmo 44:3; Deuteronômio 9:1-6. Uma das últimas mensagens que vieram aos israelitas antes da entrada deles na terra prometida foi de que o seu êxito não seria o resultado da sua “própria espada,” ou do seu “próprio braço,” ou da sua própria “justiça”, mas pela fé e pela justiça do seu grande Líder. Moisés então lembrou-lhes da sua rebelião em Cades-Barneia quando “não puderam entraram,” ver versos 7, 8, 23, 24. Em Cades-Barneia eles tinham tentado entrar na sua própria força e fracassaram miseravelmente. “Eles tinham-se rebelado contra as Suas ordens quando Ele lhes ordenou que subissem e tomassem a terra que lhes havia prometido, e, agora, quando os ordenou recuar, eles foram igualmente insubordinados e declararam que iriam lutar contra os seus inimigos. Puseram-se em ordem com roupas de combate e armaduras, e apresentaram-se perante Moisés, na sua própria estimativa preparados para o conflito, mas tristemente deficientes à vista de Deus e de Seu sofrido servo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 153, 154].

Dura Lição. Que vitória e justiça são conseguidas somente pela fé foi uma dura lição para Israel aprender e é igualmente difícil para o Israel moderno. O fracasso em aprender essa lição atrasou o triunfo do Movimento do Êxodo durante quarenta anos, e o mesmo fracasso tem atrasado o triunfo final do Movimento do Advento por muitos anos. Finalmente Israel aprendeu a lição e o Senhor os conduziu à terra prometida. É-nos dito que isto poderia ter sido feito quarenta anos antes, se tivessem exercido fé. O povo do Advento também aprenderá, por fim, esta lição, e entrará na Canaã celeste. As mensagens finais do profeta do Movimento do Êxodo, pouco antes da sua morte, centralizavam-se em vitória, justificação e justiça pela fé em Cristo, o seu Líder, e este também foi a peso do profeta do Movimento do Advento pouco antes da sua morte [1915]. As suas mensagens finais são repletas de lembranças do fracasso do povo do Advento em aceitar a mensagem de 1888 e entrar na Canaã celeste, e com (263) ansiosos apelos para aceitar, pela fé, a vitória e a justiça de Cristo como a única esperança de salvação. “Podemos alcançar vitórias que nossa própria opinião errônea e malconcebida, que nossos próprios defeitos de caráter e nossa própria exígua fé têm feito que pareça impossível. Fé! Nós raramente sabemos o que isto significa” {Testemunhos para Ministros, pág. 187]. A mensagem que agora é dada [escrito em 1937] está restaurando a fé nos corações do povo remanescente de Deus e logo marcharão em triunfo para o reino celestial.

Pág. 263 {173} Cruzando o Jordão. A mensagem de vitória e justiça pela fé foi logo seguida pela travessia do Jordão. Essa foi uma maravilhosa manifestação de fé como não tinha sido vista entre eles desde a travessia do Mar Vermelho, Hebreus 11:291. Este evento é registrado em Josué 1:11; 3:7-17. “Todos olhavam, com profundo interesse, ao os sacerdotes descerem para a margem do Jordão. Viram-nos com a arca sagrada a moverem-se resolutamente para frente, em direção à furiosa corrente encapelada, até que os pés dos condutores tocaram a água. Então, subitamente, a correnteza acima estancou-se, enquanto a torrente abaixo fluía; e o leito do {174} rio ficou seco. Sob o comando divino os sacerdotes avançaram para o meio do vale do rio, e ficaram ali de pé, enquanto a hoste inteira desceu, e cruzou para o outro lado. Assim ficou impresso, sobre as mentes de todo o Israel, o fato de que o poder que deteve as águas do Jordão foi o mesmo que abrira o Mar Vermelho a seus pais quarenta anos antes” [Patriarcas e Profetas, pág. 484].

Pág. 263 {174} Um Memorial. Como memorial desse grande milagre doze homens escolhidos das doze tribos tomaram, cada um uma pedra do leito do rio, e erigiram um monumento na margem ocidental. “Ao povo foi ordenado contar a seus filhos a história do livramento que Deus operara em prol deles, conforme disse Josué: ‘Para que todos os povos da terra conheçam a mão do Senhor, que é forte, para que temais ao Senhor vosso Deus todos os dias’ (*Josué 4:24). A influência deste milagre, sobre os hebreus bem como sobre seus inimigos, foi de grande importância. Foi uma garantia para Israel da presença e proteção contínuas de Deus — ... Tal confiança era necessária para fortalecer-lhes o coração, ao entrarem eles na conquista da (264) terra a estupenda tarefa que abalara a fé de seus pais quarenta anos antes” [idem, págs. 484 e 485].

Pág. 264 {174} O Opróbrio do Egito. Josué 5:2-10. O pecado é “o opróbrio do Egito” (*v.9), ver Números 15:30; Provérbios 13:34; Ezequiel 20:5-8. A verdadeira circuncisão é a separação do pecado, Colossenses 2:11. É também um sinal da justiça pela fé, Romanos 4:11. A aceitação da vitória sobre o pecado e a justiça de Cristo pela fé lançaram para longe o opróbrio do Egito e assim foi dado fim ao período da sua rejeição, que começou em Cades-Barneia, durante o qual eles “estiveram sobre a repreensão divina”. “A suspensão do rito da circuncisão desde a rebelião de Cades, fora um constante testemunho a Israel de que o concerto deles com Deus, do qual a circuncisão era o símbolo designado, tinha sido quebrado. E a interrupção da Páscoa, memorial de sua libertação do Egito, fora prova do desagrado do Senhor pelo seu desejo de voltarem à terra do cativeiro. Agora, entretanto, os anos da rejeição haviam terminado. Mais uma vez Deus reconhece a Israel como Seu povo, e o sinal do concerto foi restabelecido” [idem, pág. 485]. Porque o “o opróbrio do Egito” foi lançado para longe de Israel no seu primeiro acampamento depois de cruzar o Jordão, o nome do lugar foi chamado Gilgal2 que significa “lançar longe,” ou, “lançar fora”. A travessia do Jordão, pela fé, depois da sacudidura final, selou Israel como povo da aliança de Deus. O opróbrio foi removido e o Senhor voltou a Sião para operar com poder entre eles.

Batismo espiritual. Em 1ª Coríntios 10:1, 2 nos é dito que a travessia do Mar Vermelho foi um batismo. Então a travessia do rio Jordão também seria um batismo. Num sentido individual o primeiro provavelmente simbolizou o nosso batismo de água, no início da nossa experiência cristã, e o outro, o batismo do Espírito no fim. Em relação ao movimento eles provavelmente representam os dois grandes derramamentos do Espírito Santo no começo e fim do Movimento do Advento, que poderiam ser {175} chamados de chuva temporã e serôdia. O Espírito Santo foi derramado durante a experiência de 1844 no início do Movimento do Advento, e haverá outro batismo do Espírito durante a chuva serôdia ao final. A travessia do Jordão pela fé e a restauração (265) do rito da circuncisão e a ordenança da Páscoa foram evidências da restauração ao favor divino e a plena aceitação necessária para a entrada na terra prometida.

Pág. 265 {175} A Chuva Serôdia. Como a travessia do Jordão foi o resultado da aceitação da mensagem de vitória e justiça pela fé, assim a pregação e a aceitação da mesma mensagem trarão a chuva serôdia. “O tempo de prova está quase sobre nós, pois o clamor do terceiro anjo começou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor perdoador do pecado. Isto é o começo da luz do anjo cuja glória encherá a terra inteira” [Review and Herald de 22 de novembro de 1892]. “A mensagem da justiça de Cristo deve soar de uma a outra extremidade da Terra para preparar o caminho do Senhor. Esta é a glória de Deus, que finalizará a obra do terceiro anjo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 6, pág. 19]. “Vestida na armadura da justiça de Cristo, a igreja deve entrar para o seu conflito final” [Profetas e Reis, pág. 725]. A chuva serôdia será a evidência principal para o povo do Advento da restauração do favor divino e aceitação e que estão selados para o reino. Indicará que o opróbrio laodiceano foi retirado e a mensagem e remédio laodiceanos aceitos e aplicados. Será a evidência de que o opróbrio do pecado e do mundo foi retirado e que o Senhor voltou a Sião para concluir a obra da redenção.

Conquista de Jericó. Josué 5:13-15:6. A conquista de Jericó é colocada no grande capítulo (*dos heróis) da fé, como uma das duas maiores exibições de fé durante o Movimento do Êxodo, Hebreus 11: 29,30. O movimento começou e terminou em vitória pela fé, embora houvessem poucas manifestações de fé entre os dois eventos. A fé é a dependência absoluta da Palavra de Deus sem nenhuma evidência à vista, Hebreus 11:1. “Agora, a fé é uma garantia bem fundada daquilo que esperamos, e uma convicção da realidade de coisas que não vemos” [Weymouth]. A obediência implícita à guia do Senhor na conquista de Jericó, quando estavam aparentemente tão sem razão, foi uma maravilhosa manifestação de fé. A captura desse lugar seguramente fortificado, pouco depois da travessia do Jordão, foi um tipo da conquista da terra prometida inteira (266) e assim concluem os eventos do Movimento do Êxodo como típico do Movimento do Advento.

Pág. 266 {175} Vitória pela Fé. Os israelitas não tinham ganhado a vitória pela sua própria força; a conquista fora inteiramente do Senhor; e, como as primícias da terra, a cidade, com tudo que nela se achava, devia ser dedicada como sacrifício a Deus. Israel devia ser impressionado com o fato de que na conquista de Canaã não era para combaterem por si mesmos, mas simplesmente como instrumentos para executarem a vontade de Deus; não em busca de riquezas ou exaltação própria, mas para a glória de Jeová, o seu Rei” [Patriarcas e Profetas, pág. 491]. {176} Depois de descrever os movimentos de cerco de Israel em volta dos muros de Jericó a mesma autora prossegue: “. . . o próprio plano de continuar esta cerimônia por tão longo tempo antes da queda final dos muros, deu oportunidade para o desenvolvimento da fé entre os israelitas. Era para imprimir em suas mentes o fato de que sua força não estava na sabedoria do homem, nem em seu poder, mas unicamente no Deus de sua salvação. Deviam assim acostumar-se a depositar inteira confiança em seu divino Líder. Deus fará grandes coisas por aqueles que nEle confiam” [idem, pág. 493].

Pág. 266 {176} Deus, o Vitorioso. “Quão facilmente os exércitos do Céu fizeram cair os muros que pareciam tão terríveis aos espias que trouxeram o relatório falso! A palavra de Deus foi a única arma usada. O poderoso Deus de Israel tinha dito, ‘tenho dado na tua mão a Jericó’ (*Josué 6:2). Se um único guerreiro tivesse aplicado a sua força contra os muros, a honra de Deus teria sido diminuída e a Sua vontade frustrada. Mas essa obra foi deixada ao Todo-poderoso; e tivessem os alicerces da muralha sido estabelecidos no centro da terra, e os seus topos alcançassem a abóbada do céu, o resultado teria sido o mesmo quando o Capitão dos exércitos do Senhor conduziu Suas legiões de anjos ao ataque” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, págs. 161 e 162]. “A majestade do Céu, com o Seu exército de anjos pôs ao chão os muros de Jericó sem ajuda humana. Os guerreiros armados de Israel não tiveram nenhum motivo de gloriar-se das suas realizações. Tudo foi feito pelo poder de Deus” [ibidem, pág. 164].

Crédito Humano Excluído. Salmo 44:3. “Na tomada de Jericó, o Senhor Deus dos Exércitos foi o General do exército. Ele planejou a batalha e uniu os agentes celestes e humanos (267) para toma uma parte na obra, mas nenhuma mão humana tocou os muros de Jericó. Deus arranjou o plano de modo que o homem não podia reivindicar crédito algum por alcançar a vitória. Somente Deus deve ser louvado[Testemunhos para Ministros, pág. 214]. “Ninguém, senão Deus, pode subjugar o orgulho do coração humano. Nós não podemos salvar-nos a nós mesmos. Não nos podemos auto-regenerar. Nas cortes celestiais não haverá um cântico dizendo: ‘A mim que me amei a mim mesmo, e me lavei a mim mesmo, e me redimi, a mim seja glória e honra, a bênção e o louvor.’ Mas essa é a nota tônica do cântico entoado por muitos aqui neste mundo” [idem, pág. 456].

Pág. 267 {176} O Que Poderia Ter Sido. “Por muito tempo Deus determinou dar a cidade de Jericó a Seu povo favorecido, e magnificar o Seu nome entre as nações da Terra. Quarenta anos antes, quando conduziu a Israel para fora da escravidão, Ele havia intencionado dar-lhes a terra de Canaã. Mas, por sua ímpia murmuração e ciúmes, eles tinham provocado a Sua ira, e Ele os fez vagar durante anos cansativos no deserto, até que todos quantos O haviam ofendido com sua descrença, não mais existissem. Na conquista de Jericó, Deus declarou aos hebreus que os seus pais poderiam ter possuído a cidade quarenta anos antes, tivessem eles confiado nEle como Seus filhos tinham confiado” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 162]. Agora os israelitas perceberam plenamente a causa dos seus fracassos prévios de entrar em Canaã. “Não puderam entrar por causa da descrença”

Pág. 267 {177} O Movimento do Advento. Hebreus 4:1. “A história do Israel antigo é escrita para o nosso benefício. … Muitos que, à semelhança do Israel antigo, professam guardar os mandamentos de Deus, têm corações de descrença enquanto observam exteriormente os estatutos de Deus. Embora favorecido com grande luz e preciosos privilégios, não obstante perderão a Canaã celeste, tal como os israelitas rebeldes não conseguiram entrar na Canaã terrestre que Deus lhes tinha prometido como recompensa da sua obediência. Como um povo falta-nos fé. Nestes dias poucos seguiriam a direção dada pela serva escolhida de Deus tão obedientemente como fizeram os exércitos de Israel na tomada de Jericó. O Capitão dos exércitos do Senhor não Se revelou a toda a congregação” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 4, pág. 162].

Pág. 268 {177} Um Poder Vitorioso. A fé é um poder conquistador que trará o triunfo ao Movimento do Advento. “A fé é o poder vivo que atravessa toda barreira, ignora todos os obstáculos, e planta o seu estandarte no coração do campo inimigo. Deus fará maravilhosas coisas para aqueles que confiam nEle. É pelo fato de Seu povo professo confiar tanto na sua própria sabedoria, e não dar ao Senhor uma oportunidade de revelar o Seu poder em seu favor, que não têm mais força. Ele ajudará os Seus filhos que crêem em toda emergência se colocarem a sua confiança inteira nEle e implicitamente Lhe obedecerem. ... Deus opera poderosamente por um povo fiel, que obedece a Sua palavra sem questionar ou duvidar. . . . Renuncie o povo ao eu e ao desejo de trabalhar segundo seus próprios planos, humildemente submeta-se à vontade divina, e Deus reavivará sua força e trará liberdade e vitória a Seus filhos” [ibidem, págs. 163-264]. Ver 1ª João 5:4, 5; 1 Coríntios 15:57; 2 Coríntios 1:10; 2:14. O fato de que a mensagem de vitória e justiça pela fé tem sido repetida, é uma das muitas evidências de que estamos nas próprias fronteiras do reino do Céu.

Fruição de Esperanças. Temos chegado a maravilhosos dias para a história do Movimento do Advento, especialmente para os jovens, de ambos os sexos. Em breve a sacudidura final purificará o movimento de todos os rebeldes e os filhos da fé serão selados e receberão a chuva serôdia. O opróbrio do Egito ou do mundo será removido para longe, a repreensão de Laodiceia retirada, o favor divino restaurado, e o Senhor voltará a Sião com poder pentecostal. Então o remanescente da Igreja irá adiante “formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército com bandeiras” (*Cantares 6:10).

Notas desta edição:

1) Note o leitor que entre os versos 29 e 30 de Hebreus 11, a galeria dos heróis da fé, há o intervalo dos quarenta anos de peregrinação no deserto;

2) “O Novo Dicionário da Bíblia” da Edições Vida Nova, de J. D. Douglas, edição em português de 1962, vol. 1, págs. 670 e 671 diz que “o nome Gilgal foi usado por Deus, por intermédio de Josué, para servir de lembrete a Israel acerca de Seu livramento da escravidão egípcia, ao serem circuncidados ali: ‘Hoje revolvi (gallothi em hebraico) de sobre vós o opróbrio do Egito,’ Josué 5:9). “Gilgal tornou-se ao mesmo tempo um lembrete sobre a libertação outorgada por Deus no passado, um sinal de vitória presente, debaixo de Sua orientação, e viu a promessa da herança que ainda seria apossada. ... Miquéias (6:5) relembra seu povo sobre o papel inicial de Gilgal em sua peregrinação espiritual, testificando sobre a justiça de Deus, e sobre Seu poder salvador ‘desde Sitin até Gilgal,’ isto é, ao atravessarem o Rio Jordão, para entrarem na terra prometida.”

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