sexta-feira, 9 de abril de 2010

Lição 2 – O Poder da Escolha — por Ana Walper

Escolhas, escolhas, escolhas. Tantas escolhas, como sabermos por qual optar? Este é o dilema dos executivos da área de propaganda da Avenida Madison1 com que têm de lidar cada vez que lançam uma revista de anúncio de lojas ou de programas de TV. Como, em face de tantas opções, elas podem laçar você em suas compras de determinado produto? Mentes inteligentes estão constantemente trabalhando para convencer sua mente de que tal produto é algo que você simplesmente não pode viver sem. Isso não é novidade. O método vai todo o caminho de volta para uma conversa no jardim do Éden, entre uma mulher inocente, confiante, e um genial promotor de propaganda, com uma sussurrante campanha. Satanás sabia muito bem o poder de escolha quando ele sutilmente chamou a Eva com a sua indagação. Ele certamente fez a sua pergunta parecer inofensiva, como querendo esclarecer uma coisa que não estava muito clara em sua mente. “—É assim que Deus realmente disse...?”

Adão e Eva tiveram, desde a sua criação, sempre tiveram livre escolha sobre aquela árvore no meio do Jardim. Eles sempre foram livres para comer dela, se optassem por fazê-lo. Mas, com a ingestão viriam consequências, que foram clara e previamente definidas (Gen. 2:17). Agora, ao a serpente discutir com Eva, a árvore e a escolha em relação a esta árvore, de repente tomou outras dimensões. Agora não era apenas uma escolha, mas "algo a ser desejado." A campanha enganosa de Satanás no céu confundiu todos os anjos, fazendo com que um terço deles se rebelasse contra o seu Criador. Essa mesma campanha, com ligeiras modificações adequadas para a mente humana, trabalhou para convencer Eva de que Deus era um tirano, retendo as melhores escolhas dela. É impressionante a rapidez com que Satanás tornou a coisa proibida em algo tão desejável, a ponto de Eva decidir que não podia resistir. Num instante ela mudou sua escolha (e, com isso, sua lealdade) e caiu em pecado. Entrando em aliança com Satanás colocou-se em escravidão à sua tortuosa mente. Sua liberdade de escolha foi jogada fora.

As consequências pré-definidas tiveram efeito imediato, mas não só Adão e Eva, que foram atingidos com o golpe fatal. "Tão logo houve pecado, houve um Salvador. Cristo sabia que Ele teria que sofrer, mas (*mesmo assim) Ele Se tornou substituto do homem. Tão logo Adão pecou, o Filho de Deus Se apresentou como garantia para a raça humana, com o mesmo grande poder para evitar a condenação pronunciada sobre os culpados como quando Ele morreu na cruz do Calvário "(Review and Herald, de 12 de março de 1901). No momento em que o pecado entrou no coração deles, a próxima respiração e batimentos cardíacos foram pela graça e misericórdia de Deus. A justificação legal (*a morte de Cristo na cruz) devolveu-lhes a sua liberdade de escolha, colocando-os em uma segunda prova. A sentença de morte foi evitada, mas havia outras consequências que iriam atormentá-los nas suas gerações.

Com o pecado veio quatro resultados imediatos: vergonha; medo; a construção de uma barreira inconsciente entre eles, e entre eles e Deus, e uma inimizade com o seu Criador, que nunca tinha existido antes na terra. No entanto, Deus em Sua grande misericórdia, imediatamente, revelou o Evangelho aos caídos Adão e Eva (Gên 3:15). Foi somente através da revelação do dom do Redentor portador dos pecados (João 3:16-19) que os nossos primeiros pais poderiam sobreviver as consequências da sua culpa.2 Com essa revelação a liberdade de escolher entre o caminho de rebelião de Satanás e o plano de redenção de Deus foi restaurado para a família humana. Como a lição de terça-feira (6 de Abril) no primeiro parágrafo afirmou: "O que vamos fazer com a capacidade do livre arbítrio, realmente, depende inteiramente de nós. Podemos nos submeter a Deus e Lhe obedecer, ou podemos decidir continuar em nosso caminho pecaminoso" Em vez de múltiplas escolhas acenando para nós, existem, na realidade, apenas duas opções — caminho de Deus ou o caminho de Satanás. Por causa da cruz, ainda somos livres para decidir qual caminho tomar.

Nosso problema é que nós não compreendemos totalmente o poder de escolha, "a reta ação da vontade" (Caminho a Cristo, pág. 47). Como os filhos de Israel estavam à beira da Terra Prometida, Moisés lhes advertiu a escolher seguir a Deus. "Os céus e a terra tomo hoje por testemunha contra vós, de que eu tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência" (Deut. 30:19, 20). Trinta anos depois de entrar na Terra Prometida, Josué, pouco antes de morrer, analisou com os líderes da nação a história corporativa de Israel de indecisão e más escolhas. Então ele fez um sério apelo para eles "escolhei hoje a quem sirvais", se os deuses pagãos das nações ao redor deles, ou se o único Deus verdadeiro do céu e da terra (Josué 24:14-25). Infelizmente, apesar de as pessoas terem experimentado a proteção de Deus, terem presenciado muitos milagres realizados em favor deles, terem visto os seus inimigos cair ante eles, eles ainda não tinham certeza de quem era o verdadeiro Deus. Depois de rever a sua história corporativa todo o caminho de volta até Abraão, Josué implorou ao povo para se arrepender, viver pela fé, e "Deitai, pois, agora, fora aos deuses estranhos que há no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao Senhor Deus de Israel" (vs. 23 ; cf. Atos 6:8-15; 7:1-60).

Avance rápido, mais de 500 anos de indecisão e más escolhas, até os dias de Elias. Israel tinha feito tantas escolhas erradas nesse período de tempo, e sua confusão resultante foi tão profunda que o povo estava praticamente incapaz de fazer uma escolha. O povo de Deus durante tanto tempo havia chamado o que era mau, bom, e o que era bom, mal, que sua mente estava totalmente deformada. Sutis mudanças em suas práticas de culto, aparentemente pequenos comprometimentos de conveniência política com as nações pagãs ao redor deles, e os casamentos de conveniência para obter paz política e segurança, tinham todos transformado o "povo peculiar de Deus" em uma sociedade pagã. E o povo nem percebeu o que tinha acontecido. Estas coisas foram escritas para aviso nosso (1ª Coríntios. 10:11).

Apenas um pequeno remanescente que se agarrou à vida de Deus e à Sua palavra permaneceu entre os israelitas. O fiél Obadias havia protegido cem estudantes da Palavra, e pela fé no poder de Deus conseguiu preservar a sua própria integridade espiritual, mesmo quando vivia no covil do dragão. Quando o dia chegou para o confronto final entre Baal e Jeová, Elias convocou uma reunião de toda a nação, desde os líderes até os últimos leigos. No Monte Carmelo, Elias enfrentou a corporação (*de Israel, seu corpo corporativo) com sua culpa e, como Josué tinha feito antes, ele pediu ao povo para escolher. "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O, e se Baal, segui-o." Surpreendentemente, o povo foi incapaz de dar uma resposta (1ª Reis 18:21).

O povo remanescente de Deus no fim dos tempos ainda está atormentado com a mesma indecisão sobre quem é realmente Deus. Em pé com os pés alcançando a borda da eternidade, ansiamos pela Terra Prometida. Sem perceber nós mudamos a nossa fidelidade, como os falsos profetas do Monte Carmelo, oramos em voz alta e furiosamente para o derramamento de Fogo do céu para fortalecer o nosso trabalho. Não obstante o número de batismos visto em todo o mundo, nenhum fogo de resposta e nenhuma chuva estão próximos. Nós estamos na extrema necessidade de uma avaliação honesta de nossa história denominacional, mas, como Adão e Eva sofrendo o resultado daquele primeiro pecado, nós preferimos a negação e a folhas de figueira para cobrir a nossa nudez. Enfrentar nossa culpa corporativa nos assusta, porque significa a morte para o nosso orgulho e auto-suficiência. Assim, nos escondemos em uma falsa realidade que criamos sobre a nossa história em relação à rejeição de Cristo em 1888 e Sua justiça e o poder da Chuva Serôdia. Por mais doloroso que nos possa parecer, este confronto deve ocorrer antes de Cristo poder terminar a Sua obra no Lugar Santíssimo do santuário celestial e vir para reclamar a Sua noiva.

A fidelidade de Deus em Seu povo não será frustrada para sempre por nossa indecisão. O arrependimento corporativo vai acontecer ao entendermos plenamente o que a Fiel Testemunha está dizendo contra nós (Apoc. 3:14-22). Uma verdadeira apreciação do coração da morte de Cristo pelos pecados do mundo inteiro revelarão uma visão do caráter do amor de Deus, que é completamente devastador e aniquilador para a auto-suficiência e orgulho humanos. O arrependimento corporativo não é o mesmo que confissão corporativa, que é apenas um voto em uma comissão. A idéia bíblica do corpo social da Igreja não se confunde com a estrutura política de políticas hierárquicas da Igreja. O corpo social da Igreja é espiritualmente identificado com Cristo e todos os crentes, e envolve o reconhecimento de que Cristo é o verdadeiro chefe da raça humana corporativa (*o nosso 2º Pai, ou, o 2º Adão). Só nEle temos a redenção, a restauração e a própria vida. A ele devemos a nossa indivisa lealdade (2ª Coríntios. 5:14-21).3

"Arrependimento para o corpo da igreja ... vê a história da denominação a partir da perspectiva do Calvário. ... O que antes era encoberto na vida torna-se conhecido." "O egoísmo profundo da alma, a corrupção dos motivos, tudo é visto na luz que emana da cruz. ... O segredo do sucesso da igreja primitiva era um entendimento de "Jesus a quem vós crucificastes" (Atos 2;36), e então segue-se o verdadeiro arrependimento" (ver" "As Many as I love ..." A Todos Quanto Amo, por Robert J Wieland, pág. 72, grifos no original). "De acordo com o chamado de Cristo [Apocalipse 3:14-22], é tempo agora para nós entendermos que a culpa do pecado de todo o mundo, a sua frustrada inimizade contra Deus, o seu desespero, sua revolta — tudo é "meu," exceto pela graça de Deus. ... Até que apreciemos plenamente essa verdade, não podemos compreender plenamente a imputada justiça de Cristo " (Ibidem, pág. 88; para saber mais sobre este conceito ver o Comentário Bíblico, vol. 5, pág. 1085, e Testemunhos para a Igreja, vol. 4, pág. 516, último parágrafo, artigo "Características de Caráter nos Livros do Céu").

"A profecia de Zacarias indica um milagre no último dia de 'graça'. A expiação realizada na cruz e aplicada a partir do santuário celeste irá produzir uma purificação no povo crente de Deus "(ibidem, pág. 87). Um milagre é necessário para ocorrer essa transformação de total auto-absorção de resoluta preocupação com a vindicação do caráter de Deus, mas Deus está no negócio de milagres - uma vez que o seu povo creia na Sua promessa do concerto eterno. Uma vez que creiamos que só Ele é capaz de nos livrar do poder de Satanás sobre as nossas mentes e corpos, então o remanescente de Deus irá despertar de seu morno entorpecimento e conscientizar-se de sua nudez. Quando Cristo realizou a transformação da mente e do caráter de seu povo, então o Sol da Justiça, trará curas nas suas asas (Malaquias 4:2; cf. Isa. 60:1-3; Rev. 18:4). Estaremos prontos para o nosso exame final. Não vai ser apenas uma questão na prova final para o mundo. Vamos ser convidados a proferir uma decisão consciente e firme – A quem serviremos? É nossa escolha. As consequências são eternas.

Ann Walper

A irmã Ana Walper é uma enfermeira padrão, ávida estudante da Bíblia, e é ativa na igreja adventista que freqüenta; na última vez que ouvi diretamente dela, em 2008, exercia as funções de diretora da Escola sabatina; instrutora de uma de suas unidades, e líder do dep. de Liberdade Religiosa. Durante os meses de verão ela trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos estados de Kentucky e Tenneesse nos EUA. Escreve, já por 16 anos, artigos no jornal de sua cidade sobre as Boas Novas de Cristo e Sua Justiça.

Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira.

Nota do tradutor:

1) A Madison Avenue é uma grande avenida de mão única, da cidade de Nova Iorque, no distrito de Manhattan, correndo num sentido norte-sul. É uma avenida arterial de Nova Iorque, e uma das mais movimentadas da cidade. É nomeada em homenagem ao quarto presidente dos Estados Unidos, James Madison. Desde a década de 1920/30 o nome da avenida tem sido sinônimo da Indústria Americana de Propaganda.

Notas da autora:

2) Ver The Knoching At The Door, Batendo à Porta, capítulo. 3:

http://www.gospel-herald.com/wieland/knocking/kd_ch3.htm

3) Veja What is The 1888 Message & Why is 1888 So Important? O que é a Mensagem de 1888, e Por Que é Tão Importante?, pág.. 74. Para adquiri-lo digite na barra de pesquisa do Google o título em inglês.


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