sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Lição 2, Calebe: Convivendo Com a Espera, por Helena Thomas

Para a semana de 02 a 09 de outubro de 2010

Calebe veio para o Rio Jordão por duas vezes, com grandes esperanças e grandes expectativas. Assim se dá com os remanescentes de Deus dos últimos dias. Quer o percebamos ou não, você e eu caminhamos ao lado do Calebe de 80 anos de idade em sua segunda viagem por aquela vasta planície barrenta próxima do Jordão. Chegou o momento quando nós vamos mostrar ao mundo e aos homens se aprendemos as lições da peregrinação pelo deserto. É hora de ir para casa. Vamos ter certeza de que entendemos o que Calebe tem a nos ensinar sobre como fazer uma travessia bem-sucedida do Jordão.

A primeira vez que o antigo Israel veio ao Rio Jordão, Deus disse a Moisés que fizesse uma lista de espiões para "espiar" a terra de Canaã.1 A lista continha doze nomes: Samua, filho de Zacur; Safate, filho de Hori; Calebe, filho de Jefoné; Jigal, filho de José; Oséias (Josué), filho de Nun; Palti, filho de Rafu; Gadiel, filho de Sodi; Gadi, filho de Susi; Amiel, filho de Gemali; Setur, filho de Micael; Nabi, filho de Vofsi, e Guel, filho de Maqui (*Grifamos).

Todos estes homens eram crentes. Todos eram líderes na Igreja verdadeira. Eles compartilhavam a comum: ancestralidade, educação, forças, fraquezas, filiação religiosa, metas e padrões morais. Todos observavam o sábado e abstinham-se de comer carne de porco. Todos comeram do maná. Todos desejavam entrar e possuir a Terra Prometida.

Pudéssemos ter ficado em um lugar com vista para o acampamento israelita, nós não teríamos visto nenhum sinal distintivo para prever qual destes homens escolhidos iria revelar-se agentes valiosos, e quais provariam ser traidores. As cidades de muros altos de Canaã, e os seus homens gigantes, com lanças enormes, não causou a revolta dos dez, nem inspirou a fidelidade dos dois. As circunstâncias desafiadoras apenas revelaram o que havia sido plantado e cultivado no coração desses homens nos dias, semanas e meses anteriores (Veja Parábolas de Jesus, página 412,1º §).

Na primeira "Conferência Geral" no Jordão, como na "Conferência Geral" em Minneapolis, a característica que distingue os dois espiões fiéis dentre os numerosos rebeldes foi justificação pela fé. Foi um profundo, forte apreço de coração do fato de que Deus é tudo, e o homem nada é. Foi por crer que a palavra de Deus pode e vai realizar o que a Palavra diz, e por depender do que a palavra diz, para fazer o que ela diz.

Calebe podia dizer com confiança: "Nós somos mui capazes", porque ele tinha o hábito de deixar que Deus fosse a sua força. Ele sabia por experiência que "o pouco é muito", quando Deus está nele. Com Paulo, ele poderia dizer: "Quando estou fraco, então sou forte" (2ª Coríntios 12:10).

Calebe e Josué não tremeram ante os gigantes físicos na terra por duas razões. A primeira é que se lembraram da obra de Deus na sua história passada, e sabia que Ele era perfeitamente capaz de continuar a fortalecer e sustentar tudo o que Ele decidisse fazer com a nação.

A segunda fonte, e igualmente importante, de sua coragem foi esta: Josué e Calebe tinham escolhido permitir o poder de Deus vencer os gigantes maiores e mais virulentos que procuram manter o território de cada coração como uma fortaleza contra a posse completa de Deus ali. Eles haviam recebido "o amor da verdade" — o amor de Deus no coração — e pelo Seu poder tinham vindo a ganhar a vitória sobre os gigantes do medo, da desonestidade, gula, orgulho, ganância, etc. Por experimentar essas vitórias, haviam sido habilitados a comer, beber, e fazer o que quer que eles fizessem "para a glória de Deus" (*1ª Cor. 10:31, grifamos). Como esses homens estavam vivendo vidas de vitória, suas mentes estavam cheias de pensamentos de gratidão e amor a Deus. A crise só revelou o que o homem estava pensando em seu coração (Ver 2ª Tessalonicenses 2:10, 1ª Coríntios 10:31). (*“Porque, como imaginou no seu coração, assim é ele”) (Provérbios 23:7). (*“Isto toca na questão fundamental da vida. O homem é o que ele pensa. ... O pensamento determina a conduta,” Comentário Bíblico, vol. 1 da série SDABC, pág. 756) (*grifamos).

Os israelitas (e os dez espiões), que preferiram manter o controle de suas próprias vidas, ainda preferiam que Moisés falasse com Deus e trouxessem de volta uma lista de regras para que eles obedecessem (ou não, conforme suas próprias inclinações naturais ditassem). No momento crucial, estes se viram impotentes contra os gigantes de Canaã e as rebeliões de seus próprios corações. Os poucos que, passo a passo, permitiram a Palavra viva do Deus vivo crucificar o homem natural (*“o velho homem”), juntamente com suas afeições e cobiças (*“paixões e concupiscências”) já estavam vivendo no poder do Espírito. Aqueles que vivem no Espírito são "ousados como o leão", não se intimidado por nada. Eles são capazes também de andar no Espírito, mesmo na terra dos gigantes visíveis (Provérbios 28:1, Êxodo 20:19 e Gálatas 5:24 e 25) (* Ver também Rom. 6:6).

Estamos na posição dos filhos de Israel às porta da terra prometida; vamos aprender com a sua experiência .... Os altos muros, que parecem chegar até ao céu, representam para nós os muros da dúvida, os gigantes são os gigantes da descrença. E como as paredes e os gigantes caíram então diante do avanço da fé, assim eles vão cair agora, ainda que altos e fortes possam parecer a nós. Vamos colocar este capacete e avançar resolutamente para a frente, sabendo que ... “a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece, e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo" (1ª Pedro 1:6, 7), (E. J. Waggoner, Present Truth (edição inglêsa), de 19 de Outubro de 1893

O testemunho destemido de Calebe, e à fidelidade de Deus em face da raiva e negação da multidão, não é nenhum maior testemunho do poder de Deus em sua vida do que foi o silencioso, paciente, o espírito de amor que ele manifestou ao longo dos quarenta longos anos de vida errante pelo deserto. Toda a triste peregrinação teria sido evitada se os israelitas o ouvissem e a Josué naquele dia fatídico, mas Calebe não deixou a igreja. Ele não protestou contra a maldade dos que se opuseram a ele. Ele trabalhou em silêncio e fielmente como um servo líder, procurando preparar o seu próprio coração e o coração de seu povo para ter uma experiência diferente na próxima vez que viessem às fronteiras da terra prometida.

E você?

Hélèn Thomas

A irmã Helena Thomas é esposa de um obreiro bíblico adventista. Eles vivem no estado de Michigan, nos EUA. Além de exercer as funções do lar, como esposa, mãe e avó, ela é escritora, e produz artigos literários de dentro da própria casa. Desde Janeiro de 2010 ela é a nova editora do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. O endereço eletrônico dela é jhthomasal@gmail.com

Nota do tradutor:

1) Este é o modo do escritor bíblico se expressar — tudo que Deus não impede, por Ele ser Todo Poderoso, diz-se que foi Deus que fez. No caso em pauta, nós adventistas, temos luz adicional em Patriarcas e Profetas, pág. 387, que nos diz: em “Cades ... foi proposto pelo povo que fossem enviados espias a fim de examinarem o pais. O assunto foi apresentado ao Senhor por Moisés, e Ele lhes concedeu permissão, com a instrução de que um dos príncipes de cada tribo fosse escolhido para tal fim.”

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