quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Lição 5, Abigail: Senhora das Circunstâncias, por Robert Wieland

Para a semana de 24 a 30 de outubro de 2010

. Os antigos ficavam pasmados e perplexos com o evangelho, e assim são as pessoas hoje: ele diz que Deus trata os seus piores inimigos como amigos. Jesus dirigiu-Se a Judas Iscariotes como "amigo," e perdoou Seus próprios assassinos. Na verdade, Ele tomou sobre Si a culpa deles. "Àquele que não conheceu pecado, [Deus] O fez pecado por nós" (2ª Coríntios. 5:21). É o que a Bíblia chama de "justificação". O Pai tratou o Seu próprio Filho como um inimigo para que pudesse tratar-nos como amigos.

O processo da expiação (* se dá em duas partes

1ª) É Deus Se reconciliando com os Seus inimigos (nós). Isto foi conseguido pelo sacrifício de Seu Filho. Ele "nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, ... reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os pecados deles" (2ª Coríntios 5:18, 19).

(* 2ª) É a nossa reconciliação com Deus, que é realizada pelo nosso entendimento, e crença no evangelho — a verdade de Sua reconciliação conosco por alguém pregando a mensagem, "que vos reconcilieis com Deus" (vs. 20).

Há um amor estranho, sobrenatural, envolvido neste processo de justificação e reconciliação — Ágape. Ele "nunca falha" (1ª Coríntios. 13:8), mas também não é ingênuo ou tolo. Ele reconhece imediatamente que, sob o exterior revoltante, a pessoa pode ter de resto alguma dignidade ou respeito próprio, que irá responder à "graça" e "justificação".

Podem "os reis da terra" se beneficiar com esta ideia bíblica? Muitos vão dizer: Não; os interesses nacionais são muito valiosos e complexos para serem influenciados por qualquer idéia associada à “graça.” Mas um "eleito para ser rei" já foi salvo de um terrível erro de violência desnecessária, por uma mulher que falou palavras sensatas, inspirada pela ideia da justificação pela fé. Falo da história de Abigail e David, que está em 1º Samuel 25:2-42.

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Como se pode encontrar felicidade em um casamento, onde se sente que o cônjuge não é satisfatório, mas, na verdade, absolutamente intratável? Existe (*na Bíblia) uma história fascinante de uma mulher presa em um casamento, provavelmente pior do que qualquer outro que você já ouviu falar.

Abigail era inteligente e bonita. Por alguma razão, ela se casou com Nabal, um cafajeste, mal-humorado, mal-educado, que acabou por ser de má índole. Muitas mulheres teriam saído dele. No entanto, ela encontrou seu nicho na história sendo paciente.

Se um príncipe encantado tivesse visitado a vila de Abigail, sem dúvida ela teria se tornado uma princesa. Mas ninguém apareceu, e parece que seus pais a incentivaram a casar-se com Nabal. Ela poderia ter se consolado com o pensamento de que ele era estabilizado na vida e rico. Pelo menos ele sabia como fazer dinheiro. Talvez a mãe e o pai dela a incentivaram a crer que ela poderia mudá-lo ou aprender a amá-lo como ele era. Ela não deveria perdê-lo. Ele era o herdeiro de uma família proeminente, destinado à riqueza e influência. Com seu calor e, formas cativantes, Abigail conferiria a seu rancho senhorial um toque de graça.

Logo após o casamento, Abigail percebeu que estava vinculada para a vida toda a alguém que era um perfeito idiota em se tratando de relações humanas. Os vizinhos e os servos o evitavam sempre que possível. Para piorar, ele começou a beber, e Abigail, aprendeu que nenhum problema pode ser tão ruim como o álcool, mas pode até piorar a situação. Um servo pode ser despedido, mas Abigail sentiu-se acorrentada a um calabouço civil "até que a morte nos separe".

O acobertar as maneiras grosseiras de Nabal desenvolveu em Abigail qualidades de graça e diplomacia. Ela aprendeu a derramar óleo sobre as águas turbulentas que seu marido agitava. O grão de areia irritante produziu em sua alma a pérola legendária. Ela desenvolveu a aptidão da gestão de homens que tinham dificuldade em controlar-se. Isto levou a um novo capítulo em sua vida.

Ela se manteve fiel a Nabal, crendo que Deus, em seu devido tempo e maneira, mudaria a sua dor em alegria. Até ao fim de seu casamento, ela manteve a consciência limpa, mantendo a união conjugal, ganhando o amor dos servos e dos vizinhos, e, no processo esculpindo para si uma posição especial de destaque na história do feminismo.

O problema da embriaguez de Nabal finalmente o arruinou, e, acredite ou não, quando Abigail estava livre, um príncipe apareceu que se casou com ela. Davi, o legítimo herdeiro do trono de Israel, entrou em cena. Em um encontro desagradável, Nabal irritou a Davi, tocando num ponto sensível que, em um ataque de fúria rara, decidiu vingar o insulto com violência. Mas a intervenção de Abigail evitou o ato de Davi, que teria assombrado a sua consciência real para o resto de sua vida, e poderia ter arruinado sua reputação como um governante justo e compassivo. As habilidades bem desenvolvidas de Abigail na diplomacia, e requintada delicadeza diplomática salvou David de si mesmo. Em seu discurso apressadamente composto, mas eloquente, aguçadamente lembrou-lhe que a sua imprudência poderia ser a ruína de sua honra real. Nunca uma mulher evitou uma tragédia tão habilmente.

Embora Nabal fosse desagradável, Abigail era protetora de seu marido indigno. Ela assumiu a culpa dele: "Minha seja a transgressão" (versos 24). "Perdoa, pois, à tua serva esta transgressão" (versos 28). Ela deu a entender que as falhas de Nabal eram dela, bem como suas; não eram os dois "uma só carne"? Em todos os tempos, Abigail demonstrou uma união implícita no casamento!

No devido tempo, após a morte de Nabal, Davi se casou com Abigail, vs. 42. O futuro rei não só a amava, ele sentia que ela iria ajudá-lo a gerenciar suas próprias fraquezas. De acordo com Ellen G. White, "O Espírito do Filho de Deus habitava em sua alma. Seu discurso, temperado com graça, e cheio de bondade e de paz, irradiava uma influência celestial. Melhores impulsos vieram a Davi, e ele tremeu ao pensar quais poderiam ser as consequências de seu intuito precipitado" (Patriarcas e Profetas, pág. 667).

A história de Abigail revela que o próprio Deus Se compromete a ajudar o cônjuge infeliz que está sofrendo o lado negativo do relacionamento matrimonial. Ele ou ela pode encontrar a felicidade na fidelidade, através de maneiras surpreendentes. Deus nunca dormiu no caso de Abigail, nem Ele a abandonou. Para Aquele que vê, quando o pardal cai, Abigail e seu casamento infeliz foram importantes. Deus Se deu ao trabalho de delinear a história de Abigail, como um incentivo para que milhões de pessoas desde então, e até mesmo para a eternidade por vir.


-Extraído dos escritos de Robert J. Wieland

O irmão Roberto J. Wieland é um pastor adventista que foi, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida pela África. Hoje, jubilado, vive na Califórnia, EUA, onde ainda é atuante na sua igreja local.

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