Para todos os que creem que "a mui preciosa mensagem"1 é o início da mensagem de Elias, a história de Ana é um grande incentivo de como Deus vai mostrar gloriosamente Seu caráter ao mundo. É um pequeno silencioso segredo na Bíblia, mas as mulheres desempenham um papel crucial na vindicação de Deus no grande conflito. Quando Satanás está acusando a Deus e seu povo, mui vigorosamente, dizendo que não há ninguém na Terra que reflita de volta a Deus, Seu abnegado amor Ágape, de auto-sacrifício; que todas elas estão em Deus pelos "benefícios" que Ele lhes concede, Deus aponta a algumas pobres almas que são testemunhas dEle.
Ana é uma destas mulheres. O estado da igreja em seus dias era lamentável. Os sacerdotes, Eli e seus filhos, eram corruptos. Era um tempo tão ruim que as mulheres eram molestadas no templo.
Os livros de Samuel retratam uma época de transição entre os juízes e a monarquia. Samuel foi o último líder, divinamente ordenado, como profeta, sacerdote e juiz de Israel, antes da sucessão de reis. Assim como Samuel foi destaque durante um período de vácuo na liderança entre o povo de Deus, (*tal) é a história de Ana.
Elcana era um sacerdote que residia em Ramá, cerca de
As festas santas eram semelhantes às reuniões campais. Elas forneciam ocasiões de unidade familiar no culto a Deus. Elas deviam ser, expressamente, ocasiões de refrigério e alegria. Havia festa e bebidas2 (v. 4).
A melhor parte da carne foi dada a Ana, demonstrando o seu favoritismo em relação a ela (v. 5). Ana se depara com "a outra mulher", e seus filhos. Ela compartilha uma festa com um Deus que tem negado, persistentemente, filhos a ela própria. Aqui está uma mulher estéril que é amada, e uma mulher fértil que não o é (v. 6). Penina “irritava" ("provocava", "zombava", vs 7) a Ana com a censura de que Deus lhe tinha causado a sua esterilidade.
Agar, de forma similar, tratou Sara em sua esterilidade. Ela perseguiu a mulher livre, a quem foi prometida a semente (Gal. 4:22-31). O velho concerto gera um espírito de perseguição no âmbito dos sistemas familiares e, sim, mesmo na igreja. Desde que, no velho concerto, a fé tem uma motivação egocêntrica, ele tende a ridicularizar, marginalizar e satirizar a fé do novo concerto, que é motivada pelo auto-sacrifício Ágape de Deus.
Em vez de desabafar seus sentimentos sobre Penina, Ana se volta para dentro de si, e fica
Incapaz de obter qualquer ajuda ou simpatia de seu marido, ela se volta para a única pessoa que a pode certamente entender, e que pode dar a a ela filhos (vs. 10). Ana se volta para Deus. Ela é a única mulher, em toda a Bíblia a proferir uma oração formal e tê-la registrada no texto sagrado.
O voto de Ana quebra o silêncio. A ela vai ser dada agora uma "voz" em todo o resto de sua história. Sua oração é muito específica ao pedir um filho, mas é um voto extremamente abnegado (*de sacrifício próprio). Revela que ela entende o próprio coração de Deus que "deu o seu Filho unigênito" para o mundo. Ela deseja muito um filho, não para si mesma, mas para a vindicação de Deus. Ela vai dar o filho a Deus para sempre (v. 11).
A oração de Ana define, para sempre, a verdadeira natureza de um voto do novo concerto. Ela valoriza o que é preciso para a aliança da promessa de salvação de Deus ser dada eternamente ao mundo. Custou a vida do próprio querido Filho de Deus. Ela oferece seu filho para Deus como uma imagem que reflete Deus dando Seu Filho a ela. Ela pode ou não realizá-la, mas ela é um testemunho singular em uma época de apostasia, quando Satanás está acusando a Deus de que não há ninguém, entre o Seu povo, que sirva a Deus por apreciar Seu caráter de Ágape.
Deus está
Eli está sentado em sua cadeira, na entrada do templo. Ele vê os lábios dela se movendo ao ela orar
O protesto de Ana é que ela não é "uma mulher sem valor", como os "canalhas" (*filhos de) Eli (1º Sam. 2:12, "homens inúteis") (vs. 16). Esta é uma dura repreensão para Eli, ainda que feita polidamente, por ignorar o comportamento de seus filhos. Sua autoridade moral é completamente prejudicada.
Eli é tão simplório que não dá conta de nada. Ele nem sequer sabe sobre o que ela estava orando (vs. 17). Mas ele a abençoa assim mesmo. Ela eventualmente colocará seu pequeno Samuel no templo com Eli, que receberá uma revelação divina, à noite, profetizando o fim da sua família. Ele interpreta sua aflição como sendo embriaguez, falha em focar sua acusação velada, e, involuntariamente, coopera para a bênção da promessa dela, o que contribuirá para a queda dele.
Eli não demonstrou nenhuma genuína compaixão. No entanto, a sua bênção quebrou o isolamento dela, pondo em marcha o seu curso de volta à família, amenizando a sua dor, restaurando-lhe o apetite, efetuando a sua restauração (vs. 18). Ela se afasta, dizendo: "Que eu ache graça aos teus olhos." Assim Ana sai da depressão para uma vida vitoriosa e otimista.
Uma profunda apreciação do amor de Deus preparou o caminho para ambos, Elcana e Ana, para entender o que significa ser "uma só carne." Algo estava faltando no seu amor antes. Agora, o escritor inspirado os retrata como "um:" “levantaram-se de madrugada, e adoraram” ao Senhor e voltaram para casa (vs. 19). Por causa da "escolha de Elcana" de (*tomar como segunda mulher a) Penina, seu casamento está transtornado. Deus intervem para trazer a cura. Agora Ana goza de uma maior intimidade com o marido. Seu ventre é curado com as palavras "o Senhor se lembrou dela;" curou a esterilidade de Ana. A fé genuína no concerto eterno de Deus faz isso. Aqui está a resposta de Deus ao voto dela, em duas palavras: "lembrou-Se dela." O curso da história da igreja não poderia ser mudado com a descrição de menos palavras do que estas. É inteiramente apropriado que Ana dê a seu filho o nome de Samuel, porque ela sabe que ele é a resposta de Deus a sua oração. Samuel significa "pedido a Deus."
Após o desmame de Samuel, Ana vem a Siló com um touro que é sacrificado, representando o próprio Filho de Deus "para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos os homens" (Heb. 2:9). E agora ela oferece seu filho a Deus para sempre. Esta é a peregrinação de Ana para Siló. É sem precedentes, em toda a Bíblia, uma mulher fazer tal oferta. É comparável a Abraão oferecendo Isaque a Deus. É difícil responder apropriadamente ao sacrifício de Ana.
Ana é um tipo de todos os pobres, fracos, vozes ridicularizadas, pedindo reavivamento e reforma em meio a um povo que gosta da vida tranquila (sem esforço) e que está em constante crescimento em favor com mundanos (vs. 27). Deus, aparentemente, está em silêncio quanto às orações de Seu povo, que está ansioso pelo retorno da mensagem de Elias. No entanto, as orações que estão em sintonia com o que Deus quer, nunca caem em ouvidos insensíveis. Deus pode precisar de você para estar de pé, "sozinho," a fim de ganhar o Seu grande conflito com Satanás.
Será que Deus "emprestou" o Seu Filho ao mundo ou Ele O "deu" ao mundo? Se Deus somente O "emprestou" por poucos anos, então não temos Salvador agora. Pelo contrário, Deus deu o Seu Filho como um presente permanente, o sumo sacerdote, divino-humano, que administra os benefícios da sempre presente cruz, por nós, do santuário celestial. O sentido final da cruz é a expiação. Ele está iluminando a cruz, a fim de atrair corações alienados por Seu amor revelado alí, para que possamos experimentar estar unidos com o coração de Deus.
A frase de Ana "ao Senhor o entreguei" indica que Samuel era um sacrifício vivo para ela, por todos os dias da sua vida (vs. 28). Ela sentiu, profundamente, a separação de seu filho querido, ainda que ela pudesse visitá-lo a qualquer momento que desejasse, considerando que estava a apenas
—Paul E. Penno
Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim que nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.
Notas do tradutor:
1) Testemunhos para Ministros, pág.
2) Levítico 23:18, na Bíblia na linguagem de Hoje diz: “Junto com os pães ofereçam sete carneirinhos de um ano, sem defeito, um touro novo e dois carneiros. Esses animais deverão ser apresentados ao Senhor como uma oferta que vai ser completamente queimada, junto com as ofertas de trigo e de vinho. O cheiro dessa oferta de alimento é agradável ao Senhor.”