quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Lição 1, Paulo: Apóstolo dos Gentios, por Paul E. Penno

Para 24 de agosto a 1º de setembro de 2011
Aprendeu você a amar a epístola aos gálatas? Ou é chata, tediosa, confusa? Ela foi a faísca que inflamou reformas gloriosas na vida de pessoas desde os tempos de Martinho Lutero. Assim, você deve aprender a familiarizar-se com ela e amá-la, para deixar seu coração se deleitar com as suas poderosas boas novas.
Como é que uma pessoa morna, sensual, meio mundana, meio fria, meio quente, começa a ser "incendiada" como Paulo o foi? A resposta é —Gálatas. As pessoas se perguntam por que a epístola aos gálatas poderia conter nela um tal dinamite do evangelho, que uma vez virou a Europa de cabeça para baixo.
A declaração da "teoria da aceitação" da mensagem de 1888 de justificação pela fé é feita na introdução do nosso guia de estudo das lições deste 4º trimeste de 2011, com estas palavras: "Através do estudo de Gálatas, E. J. Waggoner e A. T. Jones ajudaram a Igreja Adventista na década de 1880 e 90 a redescobrir a verdade da justificação pela fé" (O evangelho em Gálatas, pág. 2). A palavra "redescobrir" é a palavra eficaz. Isso não pode ser mantido em vista do que Ellen White escreveu em 1896 (*8 anos depois da rejeição da liderança à mensagem de 1888): "A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas, ... [ocorreu] em Minneapolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos [E.J.] Waggoner e [A.T.] Jones. Excitando aquela oposição Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. ... Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória [Apoc 18:1), e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo" (Mensagens Escolhidas, livro 1, págs. 234, 235).
A igreja ainda tem de identificar a justificação pela fé com a verdade do santuário “numa só mente”1 com Deus. Até à presente data justificação é vista, assim como nas outras denominações (*evangélicas), com uma mera transacção legal, que não transforma o coração alienado de Deus. A igreja seria virada de cabeça para baixo se ela capturasse as "grandes idéias" em Gálatas que explodem no coração das pessoas como bananas de dinamite espiritual. Devemos estudar e aprender a mensagem de Gálatas — o que Cristo realizou por nós pelo Seu sacrifício na cruz, a boa nova da expiação, que é o novo concerto.
Quem escreveu Gálatas foi o ex "bandido," assassino Saul, o produto final da incredulidade do velho concerto de Israel. É irônico que Saulo devesse participar do apedrejamento de Estevão, o profeta, evento que marcou o fim dos 490 anos de carência da graça concedida por Deus a seu povo (Dan. 9:24). A paciente misericórdia perdoadora de Deus terminara para Sua "Igreja judaica". Sua apostasia nacional na adoração do "eu", manifestado no seu cerimonialismo (Atos 7:48-50), afastou o Espírito de Deus (vs. 51). Isto resultou em ruína nacional com a destruição de Jerusalém em 70 dC pelos romanos. Mas Cristo tirou um tição do fogo — o fariseu Saulo — antes do seu colapso.
Saul era um microcosmo (*um pequeno universo) da incredulidade secular do velho concerto da antiga igreja de Israel em que prometeu a Deus fazer tudo certo (*como Ele tinha falado pela boca de Moisés) (Êxo. 19:8;.. Cf. Hb 8:7, 8). O próprio Cristo havia instituído todos os ritos e cerimônias depois que eles fizeram o seu velho concerto com Deus no Monte Sinai, a fim de levá-los de volta à "fé" em Sua promessa do concerto eterno. Mas a liderança e os eruditos desse dia não conhecia o significado desses tipos e sombras, e não conseguiu identificar o seu Messias — O Crucificado Sofredor — quando Ele veio no meio deles.
O significado do discurso de defesa de Estevão, perante o "conselho" e o "sumo sacerdote," foi o último aviso e apelo de Deus à liderança de Sua igreja para se arrepender de sua história idólatra, culminada no assassinato do “Justo" (Atos 7:52) . O "conselho" acusou Estevão de “proferir palavras contra ... a lei” (6:13), mas eles eram idólatras acalentando assassinato em seu coração (7:53). Estevão proclamou a lei e o evangelho da cruz de Cristo, que atormentou o coração deles, e optaram por rejeitar o dom do Espírito de arrependimento, e, em vez disto, pegaram em pedras. A decisão da liderança selou o seu destino como nação. Eles não mais ouviriam a voz mansa e delicada do Espírito. Eles cometeram o pecado imperdoável ao atribuir a obra do Espírito ao diabo (Mateus 12:22-32).
O jovem Saulo fazia parte do conselho que participou do apedrejamento de Estevão, e aos seus pés “as testemunhas depuseram as suas capas” (Atos 7:25), capas do juiz, dos jurados e dos executores. O rosto brilhante de Estevão e seu espírito de perdão para com seus executores causou uma profunda impressão sobre Saul (Atos 7:60 e Atos dos Apóstolos, pág. 116). Jesus orou por todos eles, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34, Atos 6:15-7:60). Mas isso foi o último sermão de Estêvão — a bênção que ele pronunciou foi em sua morte. Temos o sermão registrado, nenhum “egoncentrismo” foi incluido, nenhum “profeta de Baal" poderia pregar tal sermão.
Saul, também, resistiru ao Espírito Santo, e se rendeu ao "pensamento do grupo" dos seus superiores dentro do Sinédrio. Ele concluiu com eles que Estevão era um blasfemador e que os cristãos eram seguidores de um Messias impostor. Saul acreditou que Estevão era um libertino, destruidor da lei de Deus.
Saul procurou agora ganhar o suporte dos seus colegas, seguindo o seu exemplo no assassinato de Estevão. Através da obtenção de cartas de recomendação do Supremo Tribunal de Jerusalém, ele podia ir às sinagogas e com o seu apoio perseguir os seguidores de Jesus. Este era o propósito de Saulo, quando viajava para Damasco.
Mas o Senhor Jesus o deteve na estrada com a visão cega de Sua exaltada posição no céu, como resultado de Sua crucificação (Atos 26:13). O Senhor Jesus lhe perguntou: "Saulo, Saulo, porque me persegues?" (9:4). "Cristo aqui Se identifica com Seu povo" (Atos dos Apóstolos, pág. 116). Saulo estava sinceramente enganado por Satanás. Ao fazer a obra de Satanás pensou que ele estava fazendo a obra de Deus. Ele estava, na verdade, ré-crucificando novamente o Filho de Deus na pessoa de Seus santos.
Cristo disse a Saul: "Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões" (Atos 26:14). O Senhor colocou obstáculos em seu caminho para tornar o caminho errado parecer luta contra os aguilhões. Sim, o Senhor tornou "difícil" para Saulo se perder! Esta é uma das "boas novas" idéias da mensagem de 1888. É fácil se salvar e difícil se perder se você conhece esta verdade: Você vive porque Ele morreu em seu lugar, o amor (Ágape) agora o motiva. "Por toda a estrada que conduz à morte [eterna] há dores e penalidades, há aflições e desapontamentos, há advertências a não prosseguir avante. O amor de Deus tornou penoso os descuidosos e os obstinados se destruirem a si mesmos" (O Maior Discurso de Cristo, pág. 139).
Saul perguntou: "Quem és, Senhor? E Ele respondeu: Eu Sou Jesus a quem tu persegues" (Atos 26:15). Esta foi a auto-revelação de Jesus para Saulo da sempre presente cruz. "No Ser glorioso que estava diante dele, ele viu o Crucificado" (Atos dos Apóstolos, pág. 115).
O ponto é que a certeza veio ao coração de Saulo por meio da cruz de Cristo. Foi uma apreciação de um coração rendido de que o seu Messias era "o Crucificado". Agora todas as profecias, tipos e sombras do sistema cerimonial vieram ao vivo para ele como apontando para "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (João 1:29, e (Atos dos Apóstolos, pág. 115).
Saul recebeu a imposição das mãos por Ananias, assim o comissionando como "vaso escolhido [de Cristo], para levar o Meu nome [dEle] diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel" (Atos 9:15). Acima de tudo, Paulo foi chamado para ser o apóstolo aos gentios. Em seu discurso diante de Agripa, um chamado para a missão aos gentios constitui o centro da conta de conversão. Paulo é enviado como o servo e testemunha de Cristo (Atos 26:16).
O velho concerto nunca leva à cruz. Não pode produzir conversão genuína. Nunca produz genuíno avivamento e reforma. Ele sempre leva à dependência do "eu" e às promessas do povo para "confiar e obedecer." E, de fato, gera filhos para a servidão (Gal. 4:24) e escravidão em uma espiral contínua de pecado.
Foi a revelação da cruz para Saulo que abriu-lhe toda a razão para a história de Israel de altos e baixos no reavivamento e reforma. A única religião verdadeira é a religião que deriva do amor abnegado de Deus revelado na cruz. Só ela produz a fé da nova aliança. Produz genuíno avivamento e reforma. Se (*Saulo) o "jovem de ouro" da Igreja judáica podia se arrepender de perder o Messias, então a Igreja de Laodicéia pode "ser zelosa e arrepende-se ..." de perder sua "chuva serôdia" (Apoc. 3:19).

--Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

Nota do tradutor:
1) Cristo é a expiação entre Deus e o homem. Em inglês a palavra para expiação é “atonement,” que teria o sentido de “numa só mente” (at-one-ment).
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