terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Lição 3, Deus como Redentor, por Bob Hunsaker

Para 14 a 21 de janeiro de 2012

"Não foi com coisas corruptíveis ... que fostes resgatados,. . . mas com o precioso sangue de Cristo" (1ª Pedro 1:18, 19). "Vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto" (Efésios 2:13).

Resgatados pelo sangue. Aproximados pelo sangue.

Como o sangue resgata, ou como é que o sangue nos traz para perto de Deus? Fisicamente, o sangue de Cristo não foi diferente do que qualquer dos nossos. Ele era composto de glóbulos vermelhos e brancos, plaquetas e plasma.

Se Jesus tivesse morrido por um método sem derramamento de sangue, tal como envenenamento, ou enforcado, nós ainda seriamos "resgatados" e "aproximados" de Deus? Existe algum poder mágico ou místico no sangue literal de Cristo — o fluido correndo através das Suas veias — que nos permite ser resgatados ou chegarmos perto de Deus?

Ao nos aproximamos de Deus, se tivemos um frasco de sangue de Cristo para mostrar a Deus, isso desvia potenciais objeções que Deus possa ter para com a nossa condição pecadora e, assim, concede-nos a redenção — um passe para o céu? Ou será que o "sangue" de Cristo é uma representação da entrega da Sua vida?

É "sangue" necessário, porque Deus o requer antes que Ele seja capaz ou disposto a nos perdoar e aceitar? É "sangue" necessário, antes de Deus poder relacionar-Se conosco com favor e aceitação? Será que Deus fica, em algum grau retirado e distante em Sua atitude para com nós até temos "sangue" para apresentar diante dEle?

• Será que o sangue move Deus em nossa direção?

• Ou, será que o sangue nos move em direção a Deus?

• É Deus aquele que requer sangue antes que Ele vá nos aceitar? Ou,

• Somos nós os que necessitamos de sangue antes de crermos nEle e O recebermos?

• Será que Deus precisou ver uma morte, ou nós precisamos ver uma morte?

Ao percebemos e entendermos a vida de Cristo, e inculcar os princípios daquela vida em nossa experiência, somos transformados (resgatados) para o ponto em que queremos estar perto de Deus.

Note, em Efésios 2:13 acima: Quem foi trazido perto de quem pelo sangue de Cristo? O sangue (vida e morte) de Cristo não trouxe Deus para perto de nós, mas nós que estávamos "longe" formos "trazidos para perto" dEle. A alienação, a distância, o medo, e até mesmo animosidade estavam em nossos corações para com Deus, mas nunca em Seu coração para conosco! Nós éramos os únicos que precisávamos ser movidos, para ser trazido para perto, porque estávamos "distantes" de Deus em nossos sentimentos dos corações e mentes.

Observe o mesmo padrão em 2ª Coríntios 5: 18-19: "Tudo isso provem de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, . . . Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo." Novamente, fomos os únicos que precisávamos ser reconciliados (deslocados) em direção a Deus. A distância ou alienação ou suspeita não era da parte de Deus para nós, mas da nossa parte para com Deus. A mente carnal é inimizade contra Deus. Temos uma natural, inata animosidade, e medo em relação a Deus. A única maneira pela qual Ele poderia superar esse medo e animosidade em nossos corações é demonstrar Sua bondade, confiança, e amor por nós — que é o que a vida e a morte de Cristo realiza.

Observe o mesmo padrão em 1ª Pedro 3:18, "Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o Justo pelos injustos, para levar-nos a Deus." Novamente, nós somos os únicos que precisávamos ser mudados ou apaziguados pelos sofrimentos e morte de Cristo. Deus está buscando e amando-nos desde o início. Nós somos os únicos com medo, e correndo, e até mesmo com raiva dEle. Cristo morreu para nos conduzir a Deus, para mover-nos em uma posição de aceitação diante de Deus. Cristo não morreu para mover a Deus para nos aceitar.

Muitas vezes o processo de redenção se expressa — intencionalmente ou não — como, em parte, uma mudança da parte de Deus (Deus é santo e justo, e, portanto, não pode aceitar os pecadores sem sangue sendo derramado por Jesus), e em parte uma mudança de nossa parte (temos de crer em Jesus e então Deus irá "contar" a nossa fé como justiça). Mas, como estamos vendo de todas as Escrituras, a história real da Bíblia é sobre um Deus que já nos ama e se relaciona conosco com uma atitude e coração de afeto e aceitação. Este Deus enviou Seu Filho para revelar o Seu imutável amor ao longo da vida e morte de Cristo.

Quando vemos esta verdade, e cremos nela e agimos em harmonia com esta verdade, então, a reconciliação ocorre em nossos corações para com Deus. Reconciliação e aceitação têm sido sempre em Seu coração em direção a nós — nós, simplesmente, nunca percebemos claramente isso. Mas, em Jesus é tão claro como Deus é, e como Ele gentilmente Se relaciona conosco, que não há nenhuma causa mais para temer a Deus como um Ser distante, severo, implacável, ou preconceituoso. Podemos ver Deus claramente porque Jesus é a imagem exata, ou revelação perfeita, do que Deus é. (Colossenses 1:15, Hebreus 1: 3).

"Não devemos entreter a idéia de que Deus nos ama porque Cristo morreu por nós, mas que Ele nos amou tanto que deu o Seu Filho unigênito para morrer por nós." (Ellen White, Signs of Times, de 30 de maio de 1895, § 6). O amor de Deus é a fonte da vida e da morte de Cristo, não o resultado da vida e morte de Cristo.

Em um sentido muito real, todas as religiões podem ser divididas em duas categorias. Se a idéia teológica é que alguém ou algo fora de Deus causa o amor, perdão, bondade, etc, para despertar no coração de Deus, então é um falso evangelho — uma falsa religião. Mesmo se a alteração ou apaziguamento de Deus é causado por Ele próprio — Deus mudando a Si mesmo — então está faltando a beleza do evangelho. Um famoso autor cristão descreveu salvação como auto-apaziguamento ou auto-satisfação de Deus (John Stott, em A Cruz de Cristo). Mas, novamente, é a salvação em Deus uma mudança em relação a nós, ou uma mudança em nós para com Deus? Eu diria a você que o caso coerente das Escrituras é que Deus está trabalhando para nos mudar. Jesus não mudou, ou acalmou, ou apaziguou a Deus.

Podemos ver no "sangue" (vida e morte) de Jesus, a verdade que Deus nos ama e está trabalhando para resgatar-nos de volta para Si da alienação e do medo que surgiram como resultado de se crer nos enganos de Satanás sobre Deus. Quando essas mentiras são totalmente expostas e nelas não se crê mais, em seguida, "redenção" estará completa em nós. Esforcemo-nos, sob a influência do amor e bondade de Deus, para alcançar esse fim.


—Bob Hunsaker

O irmão Roberto Hunsaker é adventista por muitos anos, médico, e diretor do ministério pessoal de sua IgrejaAdventista do Sétimo Dia, na área de Boston, MA., U.S.A., e também professor desua unidade evangelizadora. Ele tem, também, um programa semanal na rádio(AM WEZE 590) aos domingos à noite, às19:30 horas, em parceria com o Pr. Bill Brace, intitulado Portraits of God (Quadros de Deus).

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