quinta-feira, 3 de maio de 2012

Lição 5 - Evangelismo e Testemunho Sequenciais, por Paulo Penno

Para 28 de abril a 5 de maio de 2012


Uma mulher, cinco vezes divorciada, com um coração igual a pedra, vem, de maneira casual, desembaraçadamente, ao antigo poço de Jacó. Lançando apenas um olhar de soslaio para o Desconhecido judeu, ela procura fingir que não vai notá-Lo.
Mas Ele percebe. Cansado, quente e sedento como Ele está de Sua longa jornada, não Se senta em silêncio, Ele está pronto para ganhar uma alma. Sabe exatamente o caminho certo (muitas vezes desconhecido de nós) para despertar essa pessoa mundana, cujo preconceito já fechou todas as portas, ela pensa. E olhe o que acontece: no espaço de alguns minutos ela está em lágrimas, seu coração frio derretido, pronto para receber uma alegre boa nova e começar uma nova vida como uma verdadeira missionária.
Como Jesus pode ter esse fenomenal, perspicaz poder para conquistar os corações alienados pelo pecado? Podemos responder: "—Ele era divino, e tinha algo que não temos!" Mas, espere, Ele nos diz: "Aquele que crê em Mim também fará as obras que Eu faço, e [você] as fará maiores do que estas, porque Eu vou para Meu Pai" (João 14:12). Chegamos ao tempo em que essas "obras maiores" devem ser feitas.
Jesus quer uma explosão de evangelismo para ganhar almas, que irá superar qualquer coisa que nossas comissões denominacionais sonharam: uma rede mundial de igrejas humildes. (*Qual foi o) Seu segredo? Sugerimos: Ele experimentou arrependimento corporativo.
Sem aprovar os pecados da mulher, Ele compreende a dor de seu abatido coração e, portanto, encontrou uma avenida de entrada, tocando um acorde de música que tem estado em silêncio, mesmo através de quatro ou cinco casamentos.
Mas era realmente misterioso, o que Jesus sabia? Ou podemos aprender com Ele? Sim! Se humilharmos nossos orgulhosos corações, para seguir a Jesus!
Pouco antes de Jesus encontrar a mulher samaritana no poço de Sicar (João 4), João Batista O batizou. Mas isso significava um pré-requisito de arrependimento, pois as únicas pessoas que João poderia batizar eram aquelas que tinham se arrependido. Mas Jesus nunca pecou! Então, como poderia Ele Se deixar batizar? Ser batizado, sem arrependimento, seria hipocrisia, pois a missão de João era somente "o batismo de arrependimento" (Atos 19:4). João sabia disso. É por isso que João recusou a Ele o rito.
Mas aqui está a maravilha: o Filho de Deus, sem pecado, Se deixa ser baixado à água como qualquer pecador comum, fazendo uma confissão pública de arrependimento. (É pueril pensar que o motivo foi apenas que Ele quis mostrar-nos o método físico — João poderia fazer isso; ou (*que Ele queira) fazer um "depósito bancário" de "mérito" para ser transferido para algumas pessoas menos favorecidas, como o ladrão na cruz).
Jesus realmente experimentou arrependimento. Ele tinha que assim agir, ou João não O poderia ter batizado, mas não foi por pecados próprios Seus, mas pelos nossos. Por isso, tinha que ser arrependimento corporativo. Totalmente sem pecado, Ele foi "feito pecado por nós, Ele que não conheceu pecado" (2ª Coríntios. 5:21, KJV). Cristo não carregou os nossos pecados como um homem carrega um saco nas costas Ele carregou o peso esmagador da nossa culpa, em Seu próprio "corpo," em Sua alma, em Seu sistema nervoso, em Sua consciência,. Ele veio tão perto de nós que Ele sentiu como se os nossos pecados fossem dEle mesmo. Sua agonia no Getsêmani e no Calvário foram reais.
Ellen White descreve para nós o profundo e sincero arrependimento de Cristo nestes sensíveis comentários:
"Depois que Cristo tomou as necessárias medidas de arrependimento, conversão e fé em favor da raça humana, Ele foi até João para ser batizado por ele no rio Jordão" (Boletim da Conferência General de 1901, página 36).
Ele Se identificou com a raça humana tão de perto que sentiu que os nossos pecados fossem dEle mesmo. Seu batismo mostra que Ele sabe como "todo pecador arrependido" sente (O Desejado de Todas as Nações, pág. 599). Em nossa justiça própria, não podemos sentir essa compaixão com "todo pecador arrependido." Essa é uma das principais razões por que ganhamos tão poucas almas!
Apenas uma Pessoa Perfeita pode experimentar um arrependimento perfeito e completo como aquele. Mas podemos nos tornar participantes da natureza divina. Jesus em Seu ministério teve um poder extraordinário para conquistar os corações humanos. Por quê? Em Seu pré-batismo de "arrependimento, conversão e fé em nome da raça humana," Ele aprendeu o "que havia no homem", pois Ele "não necessitava de que alguém testificasse do homem" (João 2:25). Assim, Ele aprendeu a falar como "nunca homem algum falou" (João 7:46). Só através destas experiências Ele poderia quebrar o feitiço de encantamento do mundo e dizer a quem Ele queria, "Siga-Me", não desprezando nenhum ser humano como sem valor, inspirando com esperança o "mais duro e mais desencorajado." "A essas criaturas, desanimadas, doentes, tentadas, caídas, Jesus costumava dirigir palavras da mais terna piedade, palavras adequadas e que podiam ser compreendidas" (A Ciência do Bom Viver, pág. 26). Podemos começar a ver que nós mesmos podemos nunca conhecer tal poder de atração, pelas pessoas até participarmos do mesmo tipo de arrependimento que Cristo experimentou em nosso favor.
A perfeita compaixão de Jesus por cada alma humana decorre de Seu arrependimento perfeito em favor dessas almas. Ele Se torna o segundo Adão, participando do corpo (*da humanidade), tornando-Se um conosco, aceitando-nos sem vergonha, "em tudo feito semelhante aos irmãos” (Heb. 2:17)1.
Analise o que o arrependimento individual é. É egocêntrico ou Cristocêntrico? Você terá que admitir que é egocêntrico. Eu não digo que todo egocêntrico seja necessariamente mau, mas vamos encarar honestamente o fato de que o arrependimento do indivíduo é baseado no medo ou num desejo de segurança pessoal no reino de Deus. Isso, claro, é o apelo habitual no "evangelismo" moderno. Arrependimento individual é uma esperança vã para terminar o trabalho nesta geração. Nossos irmãos têm sido chamados a pedir por isso por muitas décadas.
Arrependimento Corporativo é genuinamente cristocêntrico. Ele não é baseado no medo ou preocupação de recompensa ou de segurança. Ao sentir uma preocupação pela culpa dos pecados do mundo, o arrependimento corporativo faz uma oferta a Deus que é aceitável porque não é egoísta. É uma verdadeira aversão ao pecado e uma verdadeira preocupação pela vindicação de Deus.
Enquanto estamos preocupados com nosso próprio perdão, nossa própria justificação, a nossa própria segurança, o poder para terminar a obra está ausente. Tal preocupação é dominada (*pelo amor) eros, e não provê a constrição que moverá os seres humanos para o tipo de consagração necessária para terminar a obra. Enquanto o eu permanecer como nosso centro, nós continuaremos a ser mornos. Apenas um motivo centrado em Cristo pode possivelmente livrar-nos.
Arrependimento Corporativo é relacionado a Ágape. Ele provê o amor que vai amar os outros como Cristo nos amou. Assim como Cristo Se identificou com cada pecador na Terra, tomando os passos que o pecador deve tomar, incluindo arrependimento "em favor da raça humana" (Boletim da Conferência General de 1901, pág. 36), portanto, no arrependimento corporativo nos identificamos com cada pecador na terra, sem exceção de nenhum. Como eu não tenho nada de mim mesmo, sem justiça própria alguma. Eu sinto como o pecado dos outros são em realidade meus2, como eu não tenho, de mim mesmo, nenhuma justiça, nenhuma.
Enquanto eu limitar o meu "arrependimento" a um arrependimento individual, eu não sinto qualquer culpa pelo pecado dos outros. Arrependo-me apenas pelos meus próprios atos pessoais de pecado. Se eu não cometi assassinato, eu não necessito de arrependimento por assassinato. Eu tenho a minha própria justiça, tanto quanto a isto diga respeito, e eu não posso de modo algum me arrepender em nome de outra pessoa por assassinato. Nessa medida, eu não preciso da justiça de Cristo! Eu tenho a minha própria. Arrependimento individual é só para os meus próprios atos individuais de pecado, o arrependimento corporativo é o que Cristo experimentou, e é por todos os pecados do mundo. Em arrependimento corporativo eu sinto como eu também sou culpado de assassinato, tudo que eu preciso é a oportunidade, as circunstâncias, as condições, a provocação, que meu irmão tinha, e eis que eu estou envolvido com ele.
Não quer você compreensão e compaixão? Claro. Então, Jesus aprendeu a como sentir esse peso por outros, inclusive por aquela mulher junto ao poço, cinco vezes derrotada.
A terra deve um dia, em breve, ser iluminada com a glória da "mensagem do terceiro anjo em verdade" (The Review and Herald, 1º de april de 1890) quando uma multidão de todas as nações, e línguas, se juntará a Ele na conquista de cada um no mundo que esteja disposto a crer no evangelho.
Ao invés de algumas celebridades fazerem isso na mídia ou através da internet, o ministério do quarto anjo deve ser realizado "em grande parte" pelas pessoas humildes que trabalham em um nível pessoal, de coração para coração. (*Qual será o) seu "treinamento"? Raramente o de "instituições literárias", mas conhecer bem a Boa Nova (*da Justiça de Cristo) que há um século e meio recebemos (*em Mineápolis, em 1888).
A melhor coisa que alguém poderia fazerem para promover a evangelização e o testemunho é experimentar arrependimento corporativo. É o segredo do poder de Jesus para ganhar almas.

-Paul E. Penno

Nota do tradutor:
1) Segundo o Dicionário Webster, segunda edição, Adão, em cinco línguas orientais: hebraico, caldeu, siríaco, etíope, e árabe, significa, primariamente, homem, o nome da espécie humana, humanidade; especialmente na Bíblia o progenitor da raça humana. “The Publishers Guild inc., New York, 1957.
2) Os pecados dos outros seres humanos só não são meus pela graça de Deus. Em similares circunstâncias eu os cometeria como eles os cometeram.
3) Asteriscos indicam acréscimos do tradutor.
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Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99

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