quinta-feira, 17 de maio de 2012

Lição 7 - Evangelismo Corporativo e Testemunho, por Shawn Brace

Para 12 a 19 de maio de 2013



Uma das minhas favoritas citações de Ellen White é o primeiro parágrafo de Atos dos Apóstolos. Em palavras quase poéticas, ela escreve:
 “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo. Desde o princípio tem sido plano de Deus que através de Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência. Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete manifestar Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo, e pela igreja será a seu tempo manifesta, mesmo aos "principados e potestades nos lugares celestiais" (Efé.3:10) a final e ampla demonstração do amor de Deus (Atos dos Apóstolos, pág. 9 ).
Há tanta coisa neste parágrafo que poderíamos e sem dúvida iremos passar a eternidade analisando-o. Mas as duas primeiras palavras dão-nos o suficiente para ponderar para a presente discussão, porque, neles vemos o grande objeto sobre o qual Deus estabeleceu o Seu amor, esperança, e até mesmo a fé.
Essas duas palavras são "a igreja." Este é o "organismo designado" para a salvação dos homens. Ellen White não diz que Deus nomeou crentes individuais, ainda que nos inclua; ela não diz que Ele nomeou ministérios independentes, embora tenham o seu lugar. É a personalidade corporativa, a igreja, trabalhando juntos pela fé, que Deus vai usar uma vez por todas para "mostrar a sua glória" e reconciliar os pecadores com o seu coração amoroso.
No entanto, para que o conjunto físico cumpra sua missão corporativa, vejo nas escrituras três realidades com as quais precisamos ficar face-a-face. A menos que nossos corações sejam tocados por estas três realidades seremos impotentes para fazer o que Deus deseja realizar através de nós em um nível corporativo. Pode haver vitórias e triunfos individuais isolados, mas nada na escala universal que Deus deseja realizar, o que acabará por trazer a grande controvérsia para uma finalização clímax.


1ª realidade — A natureza corporativa de Deus
Muitos são capazes de reconhecer que a explicação mais simples do caráter de Deus ("Deus é amor," 1ª João 4:8) também é o maior indicador de sua natureza corporativa. Para que Deus seja amor, sempre teve que existir um "outro" ser para amar. O amor não pode existir em singularidade. Assim, a própria natureza de Deus é corporativa.
Vemos a natureza corporativa de Deus também na vida e morte de Cristo. Ao ir para a cruz, Cristo "provou a morte por todos" (Heb. 2:9). Ele não apontou o dedo para os outros, culpando-os. Ele tomou sobre Si toda a humanidade, assumindo total responsabilidade e culpa por todos.
Isto tem implicações muito concretas para a nossa própria evangelização. Em vez de apontar o dedo para os outros — seja nossos membros da igreja ou para aqueles para quem trabalhamos — nos identificamos com eles e compartilhamos a sua culpa. Evangelismo não é "nós contra eles", mas "nós" — como na expressão, "estamos juntos nisso." Não é “meu evangelismo X o seu evangelismo", mas “nós”. Ele é inclusivo, não exclusivo.
Palavras de Ellen White são sempre adequadas e práticas: "ao vermos almas fora de Cristo, devemos nos colocar em seu lugar, e, em seu nome, sentir arrependimento diante de Deus, não descansando até trazê-los ao arrependimento" (Comentário Bíblico Adventista, vol. 7, pág. 960).


2ª realidade — A fé de Deus e a fé de Jesus
Uma das compreensões mais surpreendentes nas Escrituras é descobrir que Deus tem fé em nós. Ele acredita em nós. Ele tem confiança em nós. Na humanidade perdida, Cristo viu a pérola de grande valor. "Cristo nunca teria dado Sua vida pela raça humana", escreve Ellen White: "Se ele não tivesse fé nas almas por quem Ele morreu" (Lift Him Up (Exaltai-O) pág. 221).
Isso é preocupante. No entanto, quando cremos na visão que Deus tem de nós, quando nós abraçamos a confiança que Ele depositou em nós, somos capazes de viver a mesma fé e mostrar confiança em outros.
O povo de Deus dos últimos dias são caracterizados como aqueles que "guardam. . . a fé de Jesus" (Apoc. 14:12). Isto significa que — motivados pela fé Ágape de Deus em nós em vez de sermos desconfiados, críticos, ou negativos sobre os nossos companheiros de trabalho, nós com confiança trabalhamos ao lado deles. Nós acreditamos em suas habilidades, em seu valor, em seu lugar no ministério, e nós sempre trabalhamos para ajudá-los a alcançar seu potencial em Cristo.
Ele também adiciona poder ao nosso evangelismo. "Se queremos fazer o bem às almas," Ellen White expressivamente sugere, "o nosso sucesso com essas almas será proporcional à sua crença em nossa crença e aprovação deles” (Gospel Herald, de 1º de maio de 1898).

3ª realidade — Nossa história corporativa
O livro de Neemias registra um evento interessante: "E a descendência de Israel se apartou de todos os estrangeiros, e puseram-se em pé, e fizeram confissão pelos seus pecados e pelas iniquidades de seus pais" (Neemias 9:2). Este é um exemplo clássico de arrependimento corporativo. O povo de Deus reconheceu os erros de seus antepassados ​​e se arrependeu de uma maneira corporativa.
Arrependimento corporativo não é apenas um detalhe técnico para que Deus possa limpar completamente os livros no céu. Arrependimento Corporativo é muito concreto e fundamentado na realidade. Na língua hebraica, a palavra traduzida por "arrependimento" é “shuv”, que literalmente significa "dar a volta." Isso denota que uma pessoa está indo na direção errada, e, até que ele ou ela se arrependa, todas as coisas boas realizadas são de pouco valor .  
O que nossa história corporativa ensina é claro. Ellen White declarou há muito tempo que a mensagem que nos foi dada em Minneapolis foi uma que "Deus ordenou fosse dada ao mundo" (Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3 pág. 1336). Era uma mensagem para "iluminar toda a Terra com a glória [de Deus]" (Apoc. 18:1).  Mas, infelizmente, aquela luz foi "resistida, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido em grande medida mantida afastada do mundo" (idem, vol. 4, pág. 1575, e Testemunho para Ministros, pág. 91).
Nós poderíamos "ganhar" um milhão de pessoas (*e acrescentá-las) aos nossos números, até que retornemos à encruzilhada da estrada, a bifurcação na rodovia onde começamos a caminhar na direção errada, nós não vamos trabalhar para uma conclusão. Temos de reconhecer o nosso passado, e pela graça de Deus, seguir na direção que Ele queria nos levar, no momento do nosso desvio. Até então, nosso evangelismo será tudo, menos corporativo. Será, ao contrário, caracterizada por desconexos grupos de obreiros e com esforços feitos aqui e ali, mas não será coesa e não atingirá todo o mundo.
Eu penso em um triste exemplo da vida de William Wilberforce, o gigante da fé cristã que foi o catalisador para a abolição da escravatura na Inglaterra (e, indiretamente, na América). Em um discurso comovente dado ao Parlamento Inglês, em 1789, Wilberforce apresentou seu desejo de abolir o tráfico de escravos. Em vez de apontar o dedo, ele proclamou o seguinte:
Eu não quero acusar ninguém, mas tirar a vergonha de sobre mim mesmo, em comum com todo o Parlamento da Grã-Bretanha, por ter permitido esse comércio horrível ser conduzidas sob a sua autoridade. Somos todos culpados — devemos todos reconhecer a culpa, e não desculpar-nos por jogar a culpa nos outros (citado em Eric Metaxas, Amazing Grace, pág. 133.).
Ainda decorreriam 18 anos até que o comércio de escravos fosse abolido, e 44 anos, até que a escravidão foi fosse abolida completamente, o qual, aliás, foi o mesmo ano que Wilberforce morreu.
Vamos, com maior fervor do que nunca, reconhecer essas três realidades corporativas para que a dor que o coração de Deus sente sobre a escravidão satânica dos homens possa finalmente ser extinta.


-Shawn Brace



O irmão Shawn Brace é pastor das igrejas adventistas do sétimo dia de Bangor, no endereço: 42 Orion Way  Hermon, ME 04401, fone (207) 848-2331, e da igreja adventista de Dexter, localizada no endereço: 103 Spring Street, Dexter, Maine, ME 04930, fone (207) 924-3104, ambas no estado de Maine, nos Estados Unidos da América do Norte. Ele também edita a revista chamada "New England Pastor" (Revista do Pastor da Nova Inglaterra), que é enviada para todos os pastores adventistas do sétimo dia que vivem na Nova Inglaterra, bem como quaisquer outros assinantes interessados. Ele tem uma paixão pela pregação e por escrever. É autor de dois livros: "Esperando no Altar" e "Perseguido por um Deus Implacável" publicado pela editora adventista Pacific Press. Ele mantem dois blogs, um para adventistas, chamado "New England Pastor," newenglandpastormagazine.blogspot.com/, newenglandpastor@gmail.com, e o outro blog chamado "Convergence," para um público mais geral, via jornal Bangor Daily New, um jornal da cidade de Bangor,. shawnbrace@bangorsda.org, Blog: http://newenglandpastor.blogspot.com/, Twitter: https://twitter.com/#!/shawnbrace,
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