quarta-feira, 23 de maio de 2012

Lição 8 - Preparação para Evangelizar e Testemunhar, por Raul Diaz

Para 19 a 26 de maio de 2012

Um dia, Heitor decidiu reorganizar alguns de seus pertences. Ele ficou perplexo, no entanto, ao descobrir que as lâminas de algumas de suas facas, tesouras e podadeiras ou tinham quebrado ou foram dobradas. Intrigado com o que viu, ele não conseguia descobrir como isso poderia ter acontecido. Pensou que talvez elas eram de qualidade inferior e fabricação barata, e que isso é o que as causou quebrar ou dobrar mais facilmente. Embora essa explicação fizesse sentido, não era totalmente satisfatória e Heitor não poderia aceitá-la totalmente.
No dia seguinte, Heitor estava na cozinha, viu um parafuso solto em um dos armários. Instintivamente, Heitor pegou uma faca e a usou para apertar o parafuso. Ao ele torcer a faca, percebeu que sua ponta estava resistindo à pressão, então ele empregou mais força. Ao assim agir, percebeu que a ponta da faca curvara. Finalmente ficou claro para Heitor que era assim que as pontas das facas e tesouras foram entortadas ou quebradas.
Porque esses "utensílios" foram feitos apenas para cortar, as pontas não eram fortes o suficiente para apertar ou soltar parafusos. Chaves de fenda, no entanto, são as ferramentas feitas para estas tarefas. Curiosamente, ninguém usa, ou deveria usar uma chave de fenda para cortar qualquer coisa, porque a lâmina é (*muito pequena) e sem corte. No entanto, muitos, por conveniência, usam chaves de fenda para abrir tampa de latas, ou as fecham com martelos, e para raspar tinta ou desgrudar algo colado. Mas usar a ferramenta errada, independentemente da conveniência, é prejudicial, para a ferramenta em si, para a pessoa que a usa ou para os itens em que a ferramenta está sendo usada.
Aqui há um princípio fundamental: há uma ferramenta correta para toda e qualquer necessidade. Isto, por outro lado, aumenta a eficiência, segurança e impede que as ferramentas sejam danificadas ou quebradas.
Em princípio, fazer a coisa certa produz resultados positivos, enquanto fazer a coisa errada geralmente produz resultados negativos. Isto não só é verdade na utilização de ferramentas apropriadas, mas também na utilização de métodos adequados para alcançar os de fora da igreja.
Muitos têm percebido que métodos e procedimentos que estão sendo usados ​​em termos de testemunho não são eficazes. Não só a igreja não está crescendo, mas perdendo membros. Nossos jovens estão saindo em massa. E o que se dizer da apatia evidenciada pela diminuição de participação. É verdade que, aqui e ali, ouvimos de membresia em crescimento, mas a tendência geral é de declínio (*principalmente se levarmos  em consideração livros das igrejas desatualizados). Muitos, se não a maioria das igrejas com um crescimento fenomenal dificilmente se assemelham à igreja adventista do sétimo dia na qual a maioria de nós cresceu. Ao contrário dos nossos padrões, os cultos destas congregações populares, de rápido crescimento são estridentes, menos humildes e sem ensinamentos de reverência. Faltam testemunhos de fé. As mensagens são contos para provocar riso, para nos manter na nossa zona de conforto; as palavras "pecado" e "arrependimento" são raramente usadas, enquanto os jovens do mundo têm fome de algo significativo — que perdure. Se aplicarmos a ilustração das ferramentas para alcançar o mundo para Cristo, então devemos estar usando as ferramentas erradas.
Primeiro, há uma necessidade de compreendermos o verdadeiro significado das palavras em nossa lição: equipar, testemunhar, e evangelizar. Vamos começar com a palavra, "equipar". A partir do contexto da lição temos a sensação de que o termo "equipamento" é dito como "treinamento", mas "equipar" na verdade significa "dar", "fornecer". Quem é que provê para os crentes? É o Espírito Santo. Ele fornece todas as coisas: o amor, a graça, os frutos, os presentes, etc. Ele é a fonte da provisão, enquanto nós somos os receptores.1

Cristo também nos chamou para ser um sacerdócio real. Como sacerdotes, devemos identificar-nos com os outros intercedendo por, e carregando fardos uns dos outros. Devemos nos identificar com os outros assim como Cristo Se identificou conosco. Ele compadeceu-Se de nossas fraquezas, tentado em todas as coisas como nós somos (mas sem pecado), Heb. 4:15. Como testemunhas de Jesus, nós nos identificamos com Ele, como Seus sacerdotes nos identificamos com os outros. Quanto devemos nos identificar com os outros? 1ª João 3:16 nos dá a resposta, devemos dar nossa vida pelos irmãos como Cristo deu a Sua vida por nós. Considere Moisés quando ele disse ao Senhor, para apagar seu nome do livro da vida, se o Senhor destruísse os israelitas. Considere Paulo: ele estava disposto a morrer eternamente se, ao fazê-lo, o seu povo fosse salvo. Este foi o amor de Deus manifestado através de (*Moisés) Paulo e de Cristo. Assim deveria ser com a gente. Este é o maior testemunho.
Como nos tornamos testemunhas? Ao experimentar a vida com Deus. Como nos tornamos sacerdotes? Recebendo a unção do Espírito Santo. Se considerarmos estas duas ideias, vemos que elas são semelhantes: a vida com Deus é a vida com o Espírito Santo. Isto é como Cristo viveu. Então, é seguro dizer que, viver como Jesus viveu, é agir como Ele agiu? Ellen White parece pensar assim. Isto parece resultar da seguinte citação:
"Evangelismo" — a entrega da boa nova da salvação (Evangelho) — é um dom do Espírito Santo, e portanto, não é dado a todos os crentes igualmente. Desde que o Espírito Santo é a fonte, o evangelismo não é algo que você pode treinar eficazmente na escola, seminários, ou “mesas redondas” (“workshops” = oficinas) de fim de semana. É uma habilidade que o Espírito Santo deu aos Apóstolos. Poderíamos argumentar que a Guilherme Miller foi dado o dom de evangelismo. Ele era um simples agricultor sem formação em teologia ou homilética. No entanto, Deus o usou para pregar as boas novas de Daniel 8:14 nos Estados Unidos. Através do ministério de Miller, o Senhor construiu um grupo de crentes do qual a Igreja Adventista do Sétimo dia iria surgir.
“Testemunho” — Será que Miller testemunhou? Sim. Mas também todos os chamados "Mileritas." Como eles testemunharam? Muitos venderam tudo que tinham e deixaram tudo para trás esperando Cristo voltar em 22 de outubro de 1844. Este foi um testemunho de seu desejo do retorno de Cristo e estar com Ele. Não havia necessidade deles falarem, embora muitos provavelmente o fizeram. Essa ação falou mais alto do que quaisquer palavras. Cristo chamou todos para testemunhar, mas nem todos foram feitos evangelistas.
 “Unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como alguém que desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades, e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me.’ É necessário pôr-se em íntimo contato com o povo mediante esforço pessoal. Se se empregasse menos tempo a pregar sermões, e mais fosse dedicado ao ministério pessoal, maiores seriam os resultado que se veriam. Os pobres devem ser socorridos, os doentes tratados, os tristes e enlutados confortados, o ignorante instruído, o inexperiente aconselhado. Devemos chorar com os que choram e alegrar-nos com os que se alegram. Acompanhado pelo poder de persuasão, o poder da oração, o poder do amor de Deus, esta obra não há de, não pode, ficar sem frutos. (Ciência do Bom Viver, 143 - 144)
Por que devemos tentar outros métodos quando o método dAquele que professamos seguir e adorar — a Quem nós reivindicamos ser o nosso Exemplo — já nos mostrou como alcançar almas perdidas com uma eficácia eterna? Podemos ouvir Suas palavras aos seus discípulos: "Ó homens de pouca fé, por que vocês duvidam," ... "e por que arrazoais entre vós?" (*Mat. 16:8). "Estou aqui esperando por você vir a Mim. Por que você desperdiça seu tempo e esforço, quando o que você precisa, Eu tenho e estou disposto a dar-lho?” Imagine Seu sofrimento quando rejeitamos o que Ele tanto quer nos dar: Seu Espírito Santo. Ele deu a Sua vida e partiu para ir ao Pai, para que pudéssemos ter o Espírito Santo. Ele é o nosso capacitador para sermos tanto testemunhas como sacerdotes.


- Raul Diaz



O irmão Raul Diaz é um membro da Igreja adventista da cidade de Monte Vernon, no estado de Illinois, perto de Chicago. Ele atua em diversos departamentos da igreja, prega em diferentes ocasiões e locais, e ensina a lição da escola sabatina em sua unidade evangelizadora em sua igreja local — Seventh-day Adventist church, na cidade de Mt Vernon, Illinois, localizada no endereço: 12831 N. Norton, Dr. Mount Vernon, Il. 62864-8231, U.S.A, Tel.: 001 XX (618) 244-7064, endereço eletrônico: http://www.mtvernonadventist.org/


Nota do tradutor:
1)      O autor está, logicamente, analisando a lição no original em inglês.
A tradução em português, ao usar o título “Preparação para evangelizar e testemunhar,” dificultou ainda mais o entendimento de que é Deus que está desejoso de atuar em e através de nós.
Mas isto não foi culpa do tradutor. O original da lição em inglês, embora use a palavra “equipar” no título da lição, ao longo dela nos transmite a sensação de que o termo "equipamento" é "treinamento", desvirtuando a dádiva do Espírito Santo e colocando sobre nós a responsabilidade de treinarmos e nos prepararmos para evangelizar e testemunhar.
É lógico que temos que nos tornar cada vez mais eficientes, mas é preciso enfatizar que em tudo somos guiados pelo Espírito de Deus.
 Voltamos a repetir o que disse o irmão Raul Diaz: é o Espírito Santo que “fornece todas as coisas: o amor, a graça, os frutos, os presentes, etc. Ele é a fonte da provisão, enquanto nós somos os receptores.” 
É lógico que, com sincero esforço, Deus vai nos tornar especialistas nesta arte, como fez com Jesus, Paulo, Pedro, etc, ... independentemente da qualificação.
No livro Obreiros Evangélicos, pág. 488, a serva do Senhor diz: “Deus pode servir-Se, e servir-Se-á dos que não tiveram educação esmerada nas escolas dos homens.”

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