quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Lição 10 — A Lei e o Evangelho, por Jerry Finneman

Para 1 a 8 de dezembro de 2012
A lição desta semana é sobre a lei de Deus e Seu evangelho. Há aqueles que se opõem hoje ao evangelho de Cristo, enquanto outros se opõem à lei de Deus. O que é necessário é visão espiritual para ver e crer na estreita relação entre a lei e o evangelho.
A um ministro adventista foi dito: "—Os dez mandamentos não têm nada a ver com a gente agora. Nós não estamos na dispensação da lei, mas da graça, assim a lei não é obrigatória para nós, ela toda foi abolida. Ao que o nosso pastor respondeu: Realmente? Jesus não disse “não cuideis que vim destruir a lei ... não vim para abrrogar, mas para cumprir” ? (Mat. 5:17). A Bíblia nos diz que “o Filho de Deus Se manifestou para desfazer as obras do diabo” (1ª João 3:8), e não as obras de Deus. Por que Jesus veio para cumprir a lei? Foi para que possamos violá-la? De modo algum. Nós já estávamos fazendo isto, pois "todos pecaram", e "o pecado é a transgressão da lei." Certamente ninguém no seu perfeito juízo pode realmente pensar que Cristo veio e morreu, a fim de que os homens possam ser capazes de fazer aquilo que vinham fazendo o tempo todo! "
Mas não diz Paulo, "Não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça"? Ele certamente disse isto, e logo acrescenta: "Pois que? Pecaremos [transgrediremos a lei] porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!" (Rom. 6: 14, 15). Aqueles que não estão sob a lei são os únicos que a podem obedecer, e, realmente, a obedecem. No momento em que alguém quebra a lei, ele está sob a lei. A lei, então, tem a sua mão contra ele, o condena e o prende para executar a punição. Mas a graça nos salva do castigo que a lei aplica aos transgressores. A graça nos livra da transgressão. Antes da graça dizer "sim" para nós, a sua primeira obra é dizer "’Não’ às à impiedade e paixões mundanas" (Tito 2:12, NVI). Ela tira a mente carnal, que não é sujeita à lei de Deus, e dá-nos em seu lugar a mente justa de Cristo, que é da mesma natureza que a Sua lei. (Fil. 2:5; 1ª Cor. 2:16). *“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento (‘mente’ na KJV) que houve também em Cristo Jesus (Fil. 2:5);  “Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-Lo? Mas nós temos a mente de Cristo” (1ª Cor. 2:16).
Para algumas mentes a lei é muito estreita e é considerada “como coisa estranha,” como ocorreu na mente de Efraim, "Escrevi-lhe as grandezas da Minha lei, porém essas são estimadas como coisa estranha" (Oséias 8:12). O salmista declara que o mandamento de Deus "é amplissimo" (Sal. 119:96). Da palavra de Deus, aprendemos que não é a lei que é muito estreita e estranha, mas ao contrário, é a mente carnal do homem que é estranha e estreita. “Não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Rom. 8:7).
O salmista escreveu que "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo, e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente" (Salmos 19:7-9, grifamos). Daí ganhamos conhecimentos pois os princípios envolvidos na lei são justiça, pureza e perfeição.
Assim, podemos nós concluir disto que alguém considerando a lei de Deus como algo estranho, deve ser um estranho para a conversão, para a justiça, a perfeição e a pureza? Isso não quer dizer que cumprimos a lei, a fim de sermos convertidos, nem para nos tornarmos puros e perfeitos. Nem toda a lei, nem qualquer um dos mandamentos dela, foram projetados para serem um meio de salvação.
É somente através de Cristo que Deus nos justifica, converte, purifica e aperfeiçoa. Ele nos liberta da escravidão do pecado, a fim de que possamos guardar a Sua lei. Deus primeiro redime, e, em seguida, ordena. É só quando Deus purifica o coração, e expulsa todos os ídolos, pelo Seu Espírito vivendo dentro de nós, que os Seus mandamentos podem ser guardados.
Deus não muda (*Mal. 3:6); Sua lei e Seu evangelho não mudam. Ele tem uma só maneira de salvar os homens. Cristo é o Caminho. "A Este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nEle creem receberão o perdão dos pecados pelo Seu nome" (Atos 10: 43). "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4:12). Suas "saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Miquéias 5:2), e "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente" (Heb. 13:8). Estes textos tornam certo que há apenas uma maneira de salvação desde o início ao fim do tempo, e que é Cristo, que é o princípio e o fim, o primeiro e o último.
Esta foi, e é, a mensagem de Minneapolis. “Apresentava a justificação pela fé no Fiado” [Cristo] (*Testemunho para Ministros, págs. 91 e 92); “convidava o povo para recebê”-Lo e a Seu dom de justiça. Sua justiça é pura e perfeita e converte o mais fraco e indefeso ser humano que a recebe pela fé. A Justiça de Cristo no crente "se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus", mas "muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos, e em Seu imutável amor para a família humana. Todo o poder é dado (sic) em Suas mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos homens, transmitindo o inestimável dom da Sua justiça ao impotente agente humano" (*idem, pág. 92).
De acordo com David, como citado acima, a conversão está associada com a santa lei de Deus. Como então, é que a lei e o evangelho se juntam no processo de conversão? A carta de Paulo aos Gálatas tem introspecções sobre isso. Antes de a fé em Cristo vir para qualquer um de nós, a lei "encerrado [como na prisão] tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé de (sic) Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados" (Gal. 3:22-24). Aqui, a Lei e o Evangelho trabalham juntos, cuja finalidade é a conversão. Estar debaixo da lei é estar sob o domínio do pecado e, portanto, sob condenação (cf. Rom. 6:14). É claro que a lei trancafia, como na cadeia, todos os que não são convertidos. A lei leva os incrédulos a Cristo para a salvação, em que dirige os não convertidos a Cristo para alívio e para a libertação.
A lei não dá ao pecador condenado nenhum descanso até que ele fuja para Cristo. O tempo verbal passado, em Gálatas 3:24, pode ser usado aqui somente por aqueles que vieram a Cristo e foram justificados pela fé, como Paulo mostra no versículo seguinte. A idéia aqui é a de um guarda que acompanha um prisioneiro que é autorizado a andar fora dos muros da prisão. Desde que a lei foi o nosso guarda, o nosso mestre, ou aio, para nos conduzir a Cristo, deve ainda ser a sua função para aqueles que não estão unidos a Cristo, e deve manter essa função até que todo mundo que vai crer em Cristo seja trazido a Ele. A lei será um professor para levar os homens a Cristo, enquanto durar a provação.
Depois que uma pessoa é justificada pela fé, ela não está mais sob a lei; não mais sob o domínio do pecado; já não está condenada; não mais silenciada pela lei, porque ela foi levada a Cristo — Aquele que é a realização e objeto da lei. Pois "o fim [o objeto, o objetivo, a finalidade] da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê" (Rom. 10:4).
Então, uma fé sentida, do fundo do coração de apreciação pelo evangelho de Cristo, a nossa Justiça, nosso Redentor, nos põe em harmonia com a justa lei que já previamente nos condenou. A prova de que temos a mensagem correta e experiência da justificação pela fé é encontrada na lei em si mesma. Testemunha em favor dos crentes. Ela testemunha do fato de que temos o artigo genuíno da justiça eterna de Deus (Sal. 119:72; Rom. 3:21).
*”Melhor é para mim a lei da Tua boca do que milhares de ouro ou prata” (Sal. 119:72); “Mas agora se manifestou sem leí a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas” (Rom. 3:21). Qualquer pessoa que prega uma justiça que nega qualquer dos mandamentos de Deus não pode estar pregando o evangelho de Cristo e Sua justiça. Isto pode ser demonstrado pela inseparável relação entre Cristo e o sábado.
O sábado aponta para todas as bênçãos da salvação que estão em Cristo. Ele nos convida a ir a Ele para salvação e "descanso" para a "alma" (Mateus 11:28, 29). Depois que Jesus criou o mundo e tudo que nele há, Ele "descansou no sétimo dia." O sábado apontou para o perfeito descanso da criação (Gên. 2:2). Depois que o homem pecou, ​​o sábado apontou para descanso da redenção — para aquela liberdade de "descanso" da escravidão — encontrado em Cristo. Criação e redenção são a mesma coisa em propósito e pelo mesmo poder da Divindade. Isto é conseguido através do poder criativo divino da palavra de Deus, pelo qual todas as coisas foram criadas no início, conforme descrito em Gênesis um. Qualquer pessoa que crê em Cristo, a Palavra, como Salvador, pela fé torna-se uma "nova criação" (2ª Coríntios 5:17). (*"Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”).
A bênção do sábado também aponta para a bênção da justificação pela fé (e todas as outras bênçãos) em Cristo (Gál. 3:8, 9; Efé. 1:3; Gên. 2:3). Este continua com santificação, também. Deus santificou o sétimo dia (Gên. 2:3). Isso aponta para a santificação através de Cristo pela poderosa verdade de Deus (João 17:17, 19). Dia santo do Senhor — o sábado do sétimo dia — igualmente ponta para a santidade que encontramos em Cristo (Êxo. 20:8, 11; 1ª Pedro 1:15,16).
O quarto mandamento é um resumo, um compêndio, um microcosmo, uma realização de toda a justiça da lei, demonstrando assim que o Evangelho de Cristo e a Lei de Deus não são opostos um ao outro. Eles estão em perfeita harmonia. A lei toda testemunha de tudo que recebemos de Cristo, ou seja, a justificação e repouso, santificação e santidade.

Jerry Finneman

O irmão Geraldo L. Finneman é um pastor adventista, já tendo atuado nos estados de Michigan, Pensilvânia e Califórnia nos EUA. Ele prepara materiais para encontros  evangelísticos, incorporados com os conceitos das Boas-Novas da Mensagem de 1888 de Justificação pela fé. Além de pastor da IASD ele também já foi presidente do Comitê de Estudos da Mensagem de 1888. Já há alguns anos não me encontro com ele, mas me parece que, devido à idade, está para, ou, já se aposentou, mas ouvi dizer que continua trabalhando por boa parte do dia, atualmente na área de Battle Creek, a cidade que abrigava a antiga sede da igreja. Há um excelente livro escrito por ele, "Christ in the Psalms” [Cristo nos Salmos], infelizmente não está traduzido para o português.


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