domingo, 24 de março de 2013

Lição 13 – Recriação, por Paulo Penno

Para 23 a 30 de março de 2013

Duas idéias básicas sobre destino estão em conflito na mente das pessoas em todo o mundo: 1ª) o mundo como o conhecemos vai continuar e continuar ad infinitum,1 ou a menos, até que seja atraído para a órbita do sol e consumido ou um enorme meteoro o atinja e o pulverize; e, 2ª) o mundo de pecado e dor, como o conhecemos vai deixar de existir e um novo mundo, uma nova terra, será criada "em que habita a justiça" (2ª Pedro 3:12, 13). A primeira idéia pode ser rotulada de uniformitarianismo2, e a segunda, de adventismo — a crença de que Cristo voltará e reivindicará a Sua autoridade como legítimo "segundo Adão" da raça humana e desfará as "obras do diabo" (*1ª João 3:8) — a segunda vinda de Cristo.
Parece uma idéia fantástica, mas é como um fio de ouro ao longo do Antigo e Novo Testamentos da Bíblia: corações de homens perversos,  orgulhosos, pecadores, egoístas, concupiscentes, são transformados por simplesmente crerem, o que o apóstolo Pedro diz que são "grandíssimas e preciosas promessas" (*2ª Pedro 1:4)
E elas não são "promessas" de homens. São promessas do Senhor. Será que pode mesmo ser verdade que há poder em algo tão simples como crer nas promessas de Deus? Deus praticamente prometeu a Abraão o céu. E este velho homem é "o pai de todos nós" (*Rom. 4: 16).
Por exemplo, no Antigo Testamento lemos que Deus pegou o único monoteísta que Ele pode encontrar no mundo antigo, chamou-o para o exílio para "a terra que Eu te mostrarei" (*Gên. 12:1), prometeu-a para ele "em perpétua possessão” (*Gên 17:8). Paulo captou a idéia: era quase infinitamente mais do que aquela minúscula tira de terra conhecida como Canaã; significava a terra toda! (Rom. 4:13). E não havia como a "possessão" ser "eterna" para Abraão, a menos que estas "grandíssimas e preciosas promessas" (*2ª Pedro 1:4) incluíssem o dom da vida eterna. E mais, de jeito nenhum poderia ele ser "o herdeiro do mundo", a menos que ela se tornasse uma "nova terra." E, novamente, de maneira nenhuma poderia ser "herdeiro" de tal nova terra, a menos que lhe fosse dado o dom da "justiça", pois Pedro insiste que lá somente "habita a justiça" (2ª Pedro 3:13).
Assim, tudo termina em um círculo perfeito: As "grandíssimas e preciosas promessas" de Deus significam o dom perfeito da "Justificação pela fé". E esse foi o significado das sete promessas que o Senhor fez a Abraão em Gênesis 12:2 e 3, e então mais tarde Ele jurou no capítulo 15, (*Se interpôs com juramento,” Heb. 6: 16 e 17, isto é, não tendo ninguém maior do que Ele mesmo por quem jurar, jurou por Si mesmo) pondo em risco Sua existência e Seu trono eterno ao prometer Ele mesmo cumpri-las.
Em grande medida, a história do reino animal é a predação dos fortes sobre os fracos; diuturnamente há predadores cruéis e sanguinários. É sempre o forte sobre o mais fraco, impiedoso e cruel.
Uma exceção é a girafa; elas são gentis com todo mundo e não são predadores de ninguém; sua dieta, estritamente vegetariana, sem dúvida, tem muito a ver com a sua doçura e sua filosofia de vida, "viva e deixe viver", mas elas são exceção.
Mas há uma mudança a caminho: o Senhor prometeu que vai criar "novos céus e nova terra" (Isaias 65:17) e "não farão mal nem dano algum em todo o Meu santo monte" (vs. 25, ú.p.): Virá uma grande mudança nos lobos e leões "O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi" (p.p. do verso). O "santo monte" do Senhor é os "novos céus e nova terra" que Ele irá criar (v. 17). Isso é uma grande mudança que sobrevirá ao leão — de dentro para fora!
E há boas novas (*o evangelho) de justificação pela fé nessa história da mudança de natureza do leão: será o Senhor Jesus que muda a natureza do leão! Se o leão pode experimentar uma mudança tremenda na natureza, por que nós não podemos experimentar uma mudança em nossa natureza agora, pela graça superabundante do nosso Senhor Jesus Cristo? (*ver Rom. 5:20).
As pessoas são por natureza predadoras, assim como os gatos são. Romanos 8:7 diz: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem em verdade o pode ser." Nós, que estamos por natureza em "inimizade contra Deus," temos todo o mal dentro de nossa natureza que é ser predadores. Nós todos precisamos ser convertidos, todos precisamos de uma nova natureza, todos precisamos de um Salvador de que nos salve de nós mesmos. Nossa natureza caída e pecaminosa que é "inimizade contra Deus" deve ser mudada agora, hoje, através da fé pessoal no Senhor Jesus Cristo.
Será que faz sentido que nós, pessoas pecadoras, egoístas por natureza, podemos ser mudados, convertidos, purificados, transformados, até mesmo "santificados", por crer nessas "promessas"? Creia ou não, essa é a idéia de Pedro: "Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e à piedade, ... grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo" (2ª Pedro 1:3 e 4). “Escape” é o que precisamos desesperadamente, porque sem ele, enfrentaremos a segunda morte. A "corrupção" de luxúria nos rodeia e nos permeará. Nossa "cultura" moderna está mergulhada nela.
Nós, seres humanos, construímos casas e depois esperamos que pessoas as comprem e se mudem para dentro delas. Deus faz o contrário: Ele primeiro "constrói" o caráter humano de "justiça" e depois cria "um novo céu e nova terra" para que o homem se mude para lá, e habite ali (2ª Pedro 3:13).
Esta "construção" para o homem, de um novo céu e nova terra é para Cristo uma conquista insignificante. Uma vez que Ele "criou ... a terra e o que nela há" em apenas seis dias (Apoc. 10:6, e Êxo. 20:11). Seu problema agora não é a criação de um lar para Seu povo para viver nele para sempre, mas prepará-los para morar nele, pois apenas "justiça" pode "morar ali." E aqui reside o ponto culminante do evangelho na criação para o qual todas as nossas lições deste trimestre apontaram. Deus não pode criar a justiça em nenhum coração humano, sem o pleno consentimento da pessoa, e, novamente, o consentimento completo não é acessível, enquanto o "ego" ainda mantém influência nesse coração.
A peça central da mensagem de 1888 envolve uma mais profunda purificação de coração do que gostamos de imaginar. Desde o início do grande Dia da Expiação, tem havido um esforço constante da parte de Deus para guiar Seu povo para uma preparação de coração para o retorno de Jesus. Ele leva isso a sério; não Se sente confortável com a ideia de continuidade do "mundo sem fim," geração após geração de santos descendo à sepultura para se juntar a multidões desde Abel. Todos esses santos maravilhosos são “convidados” à ceia das bodas do Cordeiro (Apoc. 19:9). Maravilhoso!
"Esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé" (1ª João 5:4). A cruz garantiu tudo isso para você, ao você se apossar desta "fé de Jesus" para ser sua.


Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99



Notas do tradutor:
1) Ad infinitum é uma expressão de origem latina que significa literalmente "até o infinito," ou “para sempre”. Geralmente é empregada para designar situações que se perpetuam para sempre ou ilimitadamente ou então processos que se repetem indefinidamente. No contexto geralmente significa “continuar para sempre sem limite.” Uma partícula lançada no espaço com uma velocidade qualquer, na ausência de atrito manterá uma trajetória retilínea uniforme ad infinitum. Também pode ser usada num sentido similar à outra expressão latina: “et cetera,” que denota palavras escritas ou um conceito que continua por um período longo além do que é mostrado.

2) A idéia uniformitarianista sobre o destino do mundo, como exposto acima pelo Pr. Paulo Penno também encontra um paralelo importante na interpretação geológica da história da formação terra, defendida pela evolução prolongada, com longas eras geológicas, que assume a ocorrência de fenômenos geológicos de mudanças uniformes, pequenas, lentas e prolongadas.
Isso exige que o relato bíblico de uma Criação recente (isto é, de apenas 6 milênios) e a ocorrência do dilúvio relatado em Gênesis, conhecido no meio científico como “catastrofismo,” seja abandonado, ao explicar a formação de camadas geológicas enormes e os fósseis que aparecem na superfície da terra.
Ariel A. Roth (pH.D.), no livro, Origins: Linking Science and Scripture, nos diz que “o uniformitarianismo se encaixa melhor com uma história de evolução, ao passo que o catastrofismo se harmoniza melhor com o conceito bíblico de uma Criação recente e um subsequente dilúvio universal. O dilúvio bíblico, que poderia depositar as camadas geológicas rapidamente, representa um exemplo primordial de catastrofismo. Ao longo da maior parte da história humana, o catastrofismo era uma teoria bem aceita, como se vê na mitologia antiga e na antiguidade greco-romana.
...   ...   ...
“Podemos aprender algo da história das interpretações baseadas no catastrofismo ou no uniformitarianismo. Durantes milênios, as catástrofes foram aceitas; depois, por bem mais de um século, foram virtualmente eliminadas do pensamento científico; agora são bem-aceitas de novo. Isso ilustra como a ciência muda de opinião, e às vezes até aceita conceitos rejeitados. A Bíblia, por outro lado, não muda. É interessante que a aceitação das catástrofes veio principalmente do estudo das próprias rochas. Devíamos ser cautelosos ao aceitar conceitos gerais, tais como o uniformitarianismo, que são baseados em opinião ou numa quantidade limitada de informações. Ademais, as novas interpretações catastróficas, de novo aceitas pela ciência, mostram que acontecimentos importantes podem ocorrer rapidamente. Isso torna o relato bíblico das origens, incluindo a Criação e o Dilúvio, muito mais plausíveis.”
Colhido do sítio: http://dialogue.adventist.org/articles/10_2_roth_p.htm adaptado, do livro acima citado do Dr. Ariel A. Roth, recentemente publicado pela Review and Herald Publishing Association. O endereço do Dr. Roth: Geoscience Research Institute - Loma Linda University; Loma Linda, California 92350, E.U.A. Fax: (909) 824-92350. E-mail: griccmail.llu.edu  
_______________________