quinta-feira, 4 de abril de 2013

Lição 1 - Adultério Espiritual, (Oseias) por Paulo Penno

Para 30 de março a 6 de abril de 2013

Há uma grande lição ensinada por um profeta menor, que traz esperança para uma igreja moderna que caiu (ou apostatou) em "adultério espiritual" desconhecido. O título geral deste 2º trimestre, “Busque ao Senhor e Viva! —Grandes Lições dos Profetas Menores,” faz um excelente trabalho em nos dizer o que o livro de Oseias significava para o antigo Israel; no entanto, não fornece ajuda para sua aplicação de sua "verdade presente" ao Israel moderno. A característica central da mensagem de 1888 foi restaurar o Ágape de Deus. Pessoas devotas lutam com a história: quando lemos que "o Senhor disse a Oseias: ‘Vai, toma uma mulher de prostituições...’" (Oseias 1:2).
Normalmente seria de se esperar que um jovem pastor, que está sendo conduzido pelo Senhor, guardará os seus sentimentos e os manterá de serem fixados em uma mulher de caráter infiel que arruinaria o seu ministério pastoral. Mas esta história é diferente. O Senhor realmente deu a Oseias amor por esta mulher infiel, porque Ele disse: “Vai outra vez, ama” aquela mulher! (*3:1).
Oseias recebeu um presente dispendioso do Senhor — um amor que ele não pode esquecer. Gômer foi, obviamente, seu primeiro amor; ele era cativo a ela. Deus escreveu o amor na natureza humana. "O amor é um dom precioso, que recebemos de Jesus."1 A gravação foi feita no Éden: "Deixará o homem o seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher" (Gên. 2:24). A união é tão forte que é a coisa mais difícil do mundo cometer-se adultério se o sétimo mandamento do amor estiver gravado no coração.
O cativeiro de Oseias a Gômer ilustra o amor de Cristo por um corpo coletivo da humanidade, que é a Sua Igreja, a quem Ele ama extravagantemente. Ele é cativo a "ela". O olhar superficial insensível e de coração duro acerca de um "amor" perdido é como adquirir um outro carro; Cristo não pode fazer isso. Ele não pode abandonar uma igreja a quem ama e "casar" com outra, apesar de que "ela" tenha sido insensivelmente indiferente a Ele, tenha na verdade O “insultado,” e  tenha quebrantado Seu coração. Ele é cativo ao mesmo amor que Oseias era cativo.
O caminho mais certo para entender a história de Oseias é lê-la à luz de seu grande antítipo — o amor de Cristo por sua Igreja. Então torna-se comovente.
Com Oseias e Gômer, uma união de amor de fato acontece. Mas um câncer espiritual começa a destruir o coração de Gômer. Ela flerta com outros homens — uma mulher frívola, na verdade, se torna uma prostituta.
A trama se complica e toma um rumo quase desconhecido na experiência humana. Gômer é abandonada por seus amantes e acaba sendo vendida como escrava. Oseias ouve dizer que ela se senta desamparada no mercado de escravos, vestida de trapos, e a redime.
Aqui é onde algo anormal ocorre e o Livro de Oseias inova: não é porque ele tem pena dela como um homem decente teria pena de uma criatura ferida, mas, maravilha das maravilhas, ele ainda a ama.
Quando você realmente ama uma mulher que o ama e compromete-se a você, e então ela te trai, seu coração é quebrantado. A luz do sol se apaga, e as trevas são uma amargura quase como o inferno.
A pergunta que fazemos é, Deus pode sentir tal dor? O Hinduísmo, o budismo, o islamismo e o cristianismo em geral, há muito tempo admitem que a resposta é: Não — Ele é impassível, impenetrável dor de coração que sentimos. Poderia dar-se o caso de a Igreja Adventista do Sétimo Dia estar pisando naquela zona obscura da impassibilidade de Cristo? Podemos regozijar-nos de que Ele "é tocado com o sentimento de nossas fraquezas" (*Heb. 4:15, KJV), mas podemos ser tocados com o sentimento de Sua dor?
A mensagem de Cristo a Laodicéia apunhala-nos acordados. Aqui está um Amante divino que sofre rejeição, baseada na cena real da menina que rejeita seu amante em Cantares de Salomão 5:22 Mas a poesia pode não ter sido entendida no tempo de sua composição. Oseias (por volta de 785 a.C.) aplica com significado, o primeiro retrato na Escritura de um Marido divino suportando rejeição por parte da "mulher" por quem Ele está cativo no Seu amor. Como Oseias, o Noivo celeste não pode esquecer-Se da única que Ele ama, e substituí-la. Deus permitiu ao infeliz Oseias sofrer esta dor da coroação humana porque, diz Ele, "isso vai ilustrar a maneira como Meu povo tem sido infiel a mim."3
Se o objeto do amor de Cristo diverte-se falsamente dEle, pode Ele simplesmente encolher Seus ombros e substituí-la com outro "objeto [de] ... Sua suprema consideração"?4  Oseias não poderia, e nem Cristo pode. Ramificações da Igreja Adventista do Sétimo dia proliferam por causa de uma falha em compreender este mistério divino do amor (*Ágape). Eles assumem que a indignação de Cristo, na infidelidade dela pede-Lhe para escolher um outro para tomar seu lugar. 5 Mas isso nunca ocorrerá!
Pode ser difícil para nós imaginarmos um marido inconsolável que não só ama a sua esposa infiel mas, maior ainda, também tem a sabedoria para "salvá-la”. Tal foi Oseias, e assim é Cristo. Não só um "marido" para ela, Ele é também "o Salvador do corpo" (Efé. 5:23). A boa nova é que, na verdade, Oseias redimiu Gômer para uma nova vida de pureza e fidelidade, e temos o direito de vê-los andando fora do palco de mãos dadas em um amor que é completo, seguro afinal na fidelidade de um pelo outro. Podemos ter certeza de que o Senhor não reteria de Oseias a vindicação de seu amor terreno que era tão profética do Seu amor divino finalmente vindicado.
Gômer voltou a Oseias "tremendo, submissa," arrependida e alegrando o coração do único que a tinha amado o tempo todo, tão certo como Israel deveria voltar no passado para o Senhor. Sem dúvidas todos ouviriam que o amor de um marido pode superar a infidelidade da esposa!
A profecia implícita em Oseias tem que ser o evangelho para uma igreja remanescente que bem mais de um século depois, está envolvida em uma vasta letargia mundial, dilacerada por dissensão, suspeita e ramificações. Tão certo como Gômer finalmente respondeu ao eterno amor de Oseias, assim, certamente, a igreja corporativa irá responder finalmente ao Ágape eterno de Cristo. Na morte, Cristo deu a Si mesmo por esta igreja; Seu sacrifício não pode ser um fracasso; uma humanidade arrependida não pode mais permanecer sem fé nEle mais do que foi a heroína arrependida do Livro de Oseias ao seu marido terrestre; Deus tem fé em nós que não deve revelar-se inútil .
Como podemos deixar Oseias ser mais bem sucedido do que Cristo, se Cristo arriscou tudo em Seu sacrifício? A não ser que Sua igreja vença finalmente e torne-se Sua noiva arrependida e fiel, Seu sacrifício será em vão.
O arrependimento de Gômer prediz o de Laodicéia. Cristo "verá o trabalho de Sua alma, e ficará satisfeito" (Isa. 53:11). "A igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá, permanecerá, enquanto os pecadores de Sião serão peneirados — a palha separada do trigo precioso. Esta é uma provação terrível, mas, no entanto, deve ocorrer"6 "Eles olharão para Mim, a quem traspassaram, e pranteá-Lo-ão" (Zacarias 12:10). Haverá uma resposta da "casa de Davi, e ... dos habitantes de Jerusalém" (13:1). Os adventistas desencorajados não devem desacreditar no evangelho em Oseias!
Falando por meio de Oseias, o Senhor garante ao infiel Israel um reencontro feliz: "Eles voltarão para o Senhor seu Deus, e ao Messias, seu Rei, e virão tremendo, submissos ao Senhor e a suas bênçãos, no final dos tempos" (Oseias 3:5). Considerando que Ágape é um amor que cria valor no objeto do Seu amor, não depende de suas boas qualidades, ele irá criar arrependimento dentro da igreja onde o medo centrado em si mesmo ou esperança de recompensa falharam.

- Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Você pode vê-lo, no You Tube, semanalmente, explanando a lição da semana seguinte na igreja adventista de Hayward, na Califórnia, em http://www.youtube.com/user/88denver99


Notas do autor:
[1] Ellen G. White, O Lar Adventista, pág. 50.
[2] Apocalipse 3:20 é uma citação direta de tradução da Septuaginta (LXX) de Cantares de Salomão 5:2.

[3] Oseias 1:2, A Bíblia Viva (LB).                [4] Cf.. Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 49.
[5] Antes de culpar as ramificações e "ministérios independentes", devemos lembrar que "nós" os temos
programados para uma mentalidade de separação. Nós "em grande medida" afastamos da igreja mundial o conhecimento do Ágape, amor inerente à mensagem de 1888 e a demora no "casamento" ocasionado pela incredulidade de 1888. De uma forma alegre e despreocupada temos "insultado" o Espírito Santo e não temos comunicado à igreja a dor que isto causou a Cristo. Assim, uma mentalidade egocêntrica tem permeado a igreja.
 (*“A indisposição de ceder a opiniões preconcebidas, e de aceitar esta verdade, estava à base de grande parte da oposição manifestada em Mineápolis contra a mensagem do Senhor através dos irmãos [E. J.] Waggoner e [A. T.] Jones. 
    “Promovendo aquela oposição, Satanás teve êxito em afastar do povo, em grande medida, o poder especial do Espírito Santo que Deus anelava comunicar-lhes. O inimigo impediu-os de obter a eficiência que poderiam ter tido em levar a verdade ao mundo, como os apóstolos a proclamaram depois do dia de Pentecoste. Sofreu resistência a luz que deve iluminar toda a Terra com a sua glória, e pela ação de nossos próprios irmãos tem sido, em grande medida, conservada afastada do mundo” (Mensagens Escolhidas, vol.1, págs. 234 e 235) 
[6] Olhando Para o Alto, MM de 1983 pág. 356;

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