terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Lição 10 — Filhos da promessa, por Paulo Penno



Para 2 a 9 de dezembro de 2017

Um Estudo de Romanos 9, verso por Verso, da Perspectiva de Mensagem de 1888
O tema de Romanos 9 é o concerto eterno de Deus. Deus fez Sua promessa a Cristo, a garantia do Seu concerto, e elegeu todo o gênero humano para ser salvo. O calvinismo estrito ensina que Deus elegeu alguns poucos especiais para serem salvos. O islamismo também tem sua versão da soberania de eleição de Deus. O protestantismo arminiano diz que Deus ofereceu salvação a todos, se eles fizerem algo certo primeiro e acreditarem. Paulo ensinou a Verdade do Evangelho: Deus já deu a eleição da salvação a todos.
O ministério ordenado por Deus do evangelho de Paulo é uma demonstração de sua viabilidade. “Em Cristo digo a verdade, não minto, (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne” (versos 1-3). Em outras palavras, Paulo desistiria de sua salvação por seus outros judeus que perderam o seu Messias. O amor de Deus revelado na submissão de Cristo à cruz compele Paulo a suportar a maldição de seus irmãos no julgamento final para que eles nunca tenham que sofrer tal auto-condenação.
Aqueles por quem Paulo está disposto a fazer o sacrifício “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém” (versos 4, 5). E, no entanto, por todos esses privilégios sagrados que os levaram a Cristo, a sua cegueira levou-os a Crucificá-lo.
Os privilégios dos judeus consistiam em: (1º) “adoção” como filhos na casa de Deus; (2º) “a glória” que pertencia ao sacerdócio e ao templo; (3º) “os concertos” de sua eleição para a salvação; (4º) “a lei” que foi ordenada para a vida; (5º) “o culto de Deus” como missionários para o mundo; (6º) “as promessas” de Deus; (7º) “os pais” como herança de exemplo patriarcal; e culminando com, (8º) Cristo que veio como um deles na “carne”. Estes eram os privilégios inconfundíveis de ser um judeu, que em grande parte foram perdidos.
Mas a Palavra de Deus nunca mais retorna a Ele, porque “não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas” (verso 6). Se os irmãos étnicos de Paulo não levam as boas novas ao mundo, Deus tem outros planos que já estão contidos na promessa do concerto.
Nem todos os filhos de Abraão são a semente prometida. “Nem por serem descendência de Abraão, são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência” (verso 7). Em outras palavras, Ismael não era a semente prometida. Ele nasceu segundo a carne, ou seja, através da incredulidade. Da mesma forma, “Os que são os filhos da carne, estes não são filhos de Deus; mas os filhos da promessa são contados para a semente” (verso 8). Paulo ironiza designando os judeus como filhos de Ismael por causa da incredulidade em Cristo!
Quem são “os filhos da promessa”? Paulo agora oferece uma série de ilustrações do Velho Testamento que identificam quem são os da semente verdadeira. “Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho [Isaque]. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai (porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal para que o propósito de Deus segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama) foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor” (versos 9-12). Antes do nascimento dos gêmeos, Deus disse a Rebeca que Esaú preteriria a Jacó. A presciência de Deus via o fim desde o princípio, mas não impediu as escolhas que ambos fizeram. O chamado de Deus para a eleição da salvação é um presente em Cristo para Esaú e Jacó. Deus simplesmente previu desde o útero que Esaú viveria pela motivação egoísta das obras na rejeição de Cristo, e que Jacó venceria pela fé através do amor de Cristo.
O Cordeiro de Deus foi dado desde a fundação do mundo para ambos. Deus os evangelizou com Seu amor abnegado. Os dois eram filhos pródigos do amor do Pai. Apenas Jacó voltou. Esaú permaneceu isolado num país distante. Assim, o poder de atração do amor de Deus pode até transformar o Seu próprio filho em desprezo. É por isso que “como está escrito: amei a Jacó, e odiei a Esaú” (verso 13). Esaú compreendeu o amor do Seu Pai Celestial como ódio.
Portanto, pergunta-se: “há injustiça da parte de Deus?” Deus devia ser culpado por Seu amor conduzir Esaú para longe? “De maneira nenhuma” (verso 14).
Deus não pára de amar ninguém por medo de que alguém O possa rejeitar. Ele derrama Sua misericórdia em medida cada vez maior para aqueles que são resistentes. “Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem Me compadecer, e terei misericórdia, de quem Eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que Se compadece” (versos 15, 16). Deus não retira a Sua graça de qualquer pessoa que opte por se desviar. Na verdade, Ele a derrama em dez vezes mais.
Um bom exemplo disso é Faraó. “Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o Meu poder, e para que o Meu nome seja anunciado em toda a terra” (verso 17). O rei do Egito, no momento da escravidão de Israel, estava em posição de domínio político e econômico mundial. O propósito divino para Faraó foi dar-lhe salvação no concerto eterno para que o seu coração fosse reconciliado com Deus. Ele seria usado por Deus junto com os descendentes de Jacó para evangelizar a Terra inteira. É impressionante que Deus desejasse “encerrar em justiça” o grande conflito entre Cristo e Satanás nos dias do Faraó, ao iluminar a Terra inteira com o verdadeiro conhecimento do caráter de Deus como revelado na cruz. Deus não está interessado em adiar o inevitável desaparecimento do reino das trevas. O povo de Deus é que tem atrasado o inevitável.
Se foi o propósito de Deus alcançar o coração de Faraó com o evangelho de Jesus Cristo, então não há limite para a extensão da misericórdia de Deus ao alcançar qualquer pecador endurecido. “Logo, pois, compadece-Se de quem quer, e endurece a quem quer” (verso. 18). Muitos endurecem seus corações para o evangelho porque resistem à Sua graça muito mais abundante. O mesmo sol que derrete a cera endurece a argila! A misericórdia de Deus certamente deve ser implacável, pois Paulo declara que é a vontade de Deus estender a misericórdia ao pecador se ele cede ou endurece o seu coração.
Tendo mostrado que era o propósito de Deus operar o fim do pecado nos dias de Faraó, e o rei resistiu à Sua misericórdia, Deus prosseguiu com o Plano B para proclamar a Sua glória em toda a Terra através dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
Como um bom calvinista, alguém poderia perguntar: Por que o Deus soberano deve se queixar de que Seus planos são frustrados? “Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto quem tem resistido à Sua vontade?” (verso 19). Afinal, dirá o determinista (a pessoa decidida, resoluta), a vontade de Deus é irresistível, não é?
Afinal, o homem, a criatura, tem coragem de dizer ao seu Criador “saia”? “Mas, ó homem, quem és tu que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que o formou: Por que me fizeste assim?” (verso 20).
A argila inanimada não tem que “questionar” se o artesão faz dela um pote perfeito ou desmancha o imprestável. “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (verso 21).
E agora Paulo aplica a ilustração ao caso de seus irmãos judeus. “E que direis se Deus, querendo mostrar Sua ira, e dar a conhecer o Seu poder, suportou com muita paciência os vasos de ira, preparados para a perdição” (verso 22). Deus passou muito tempo esperançoso que o antigo Israel venceria e levaria o nome dEle ao mundo. Mas, em vez disso, eles optaram por frustrar os Seus propósitos e, em última instância, agiram com ódio por Deus, tentando livrar-se dEle ao matar o Filho de Deus. (Eles eram apenas uma imagem espelhada de toda a humanidade, incluindo nós mesmos.) O seu último ato de ira contra Deus era a ocasião para que a ira de Deus contra o pecado fosse revelada por Seu Filho suportando a maldição que é a segunda morte.
A liderança judaica em geral rejeitou o Messias de Deus, e assim o Plano B de Deus foi frustrado; e então Ele Se voltou para o Plano C para chegar ao mundo com as boas novas sobre quem Ele é. “Para que também desse a conhecer as riquezas da Sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (versos 23, 24). Os gentios foram incluídos durante toda a eleição do concerto eterno de Deus. Os judeus teriam sido a agência para evangelizar os gentios em todo o mundo. Agora os gentios serão usados por Deus para evangelizar não só os seus, mas também os judeus.
Escrevendo sobre os gentios, Oséias disse: “Chamarei Meu povo ao que não era o Meu povo, e amada à que não era amada. E sucederá que, no lugar em que lhes foi dito: vós não sois Meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo” (versos 25, 26). Um israelita, de fato, é um “vencedor” pela graça de Deus. Os gentios, por definição, são como Esaú, eles confiam nas obras da carne. Por definição, eles “não eram Meu povo”. Mas isso não exclui os gentios dos concertos da promessa de Deus. O mesmo dom da salvação é dado a eles como é dado ao judeu — o mesmo que foi dado a Faraó. Paulo vê muitos gentios “chamados filhos do Deus vivo”. Ele os vê como vencendo o pecado em Cristo, assim como Jacó que foi renomeado como Israel.
Isaías escreveu sobre coisas que expressam esperança para o futuro de Israel. A igreja do antigo Israel está em continuidade com o Israel moderno. Eles descansam em seus túmulos aguardando a primeira ressurreição. Israel hoje deve aprender as lições de toda a história anterior em sua experiência de “crescer” e se tornar a Noiva de Cristo. “Também Isaías clama acerca de Israel: ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, apenas o remanescente é que será salvo” (verso 27, NVI e KJA). Os remanescentes aqui são aqueles que proclamam “a mensagem do terceiro anjo em verdade” como a unidade dos “mandamentos de Deus e da fé de Jesus” (Apocalipse 12:14). Os remanescentes serão os primeiros frutos de Deus e do Cordeiro que finalmente retribuem o Seu amor e, portanto, são companheiros que permanecerão ao Seu lado.
Do ponto de vista humano, somos tentados a pensar que o plano de Deus foi frustrado por todas as longas eras da história. Mas Deus acredita no sucesso da obra de Seu Filho em ser “o Salvador do mundo”. “Porque Ele completará a obra, e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará breve a obra sobre a terra” (verso 28). É a obra de Deus terminar. É o dom de Cristo purificar o Seu povo. Já foi e ainda é o propósito dele “abreviá-la em justiça”. É o servo do mal que diz: “Meu Senhor tarde virá” (Mateus 24:48). Para nós cedermos à tentação de pensar que cabe a nós terminar a obra de Deus na Terra é percebê-la como sendo a justiça humana e não justiça de Deus que terminará a Sua obra. Na medida em que caímos nessa maneira de pensar fracassada, perpetuamos o atraso de Sua vinda.
A Igreja Adventista do Sétimo dia é o nexo a partir do qual surgirá a “semente” remanescente que “guarda os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”. “E como antes disse Isaías: Se o Senhor dos exércitos nos não deixasse descendência, teríamos nos tornado como Sodoma e teríamos sido feitos como Gomorra” (verso 29). Esta descrição adequada de “uma semente” na terra desolada sobre a qual o fogo e o enxofre eliminaram toda a vida, dão esperança, assim como Cristo foi a “semente” prometida na manjedoura de Belém! Pode parecer que a verdade do Evangelho, o verdadeiro Cristo e a verdadeira Cruz, foram completamente eliminados das mentes do Israel moderno. Mas nunca se deve desconsiderar a Deus! Nem o que Deus pode fazer com um coração honesto como o de Elias.
Qual é o último ponto de Paulo? “Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé” (verso 30). A justificação pela fé é uma reconciliação do coração com Deus, que só pode ser efetuada ao apreciar o custo do sacrifício de Cristo na cruz. Não há legalismo, pois tal fé é motivada por Ágape.
 “Justiça” é dikaiosune. O único justo é Cristo. Observe com quanto cuidado Paulo afirma isso. Os gentios “alcançaram a justiça”. No entanto, trata-se da “justiça que é pela fé”. O ponto: a justiça de Cristo é apropriada pela fé. É o seu presente para os gentios que antes eram injustos e incapazes de se aclarar.
Os Dez Mandamentos são uma descrição perfeita da justiça de Deus, que traz vida na sua observância. “Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que por meio das obras da lei” (versos. 31, 32). Paulo é o único que entende o fracasso de seus irmãos. Eles buscaram a justiça da lei através das promessas do seu velho concerto na correta guarda da lei. Seu desejo motivado em egoísmo de ser bom para alcançar uma recompensa tem sido um fracasso porque a dependência própria leva a uma espiral sempre para baixo em maior escravidão de confiar em si para obedecer, e isso a lei condena.
A justiça da lei é alcançada apenas pela fé em Cristo. “Porque tropeçaram na pedra de tropeço. Como está escrito: Eis que Eu ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo; e todo aquele que crêr nela não será confundido” (versos 32, 33). Para terem perdido uma “pedra” tão grande em seu caminho, os judeus tinham que ter sido completamente cegos quanto a Cristo, o seu Messias. Não é culpa da “pedra de tropeço” que os judeus caíram sobre suas mãos e joelhos, e enfrentam todo sangue e ferida com escoriações.
Eles ainda estão nas promessas de Deus de Seu concerto eterno. São eleitos para a salvação em Cristo. O plano de Deus agora é provocá-los através do ministério dos gentios. O evangelismo baseado em gentios está em continuidade com o ministério da igreja do Antigo Testamento, e certamente o excederá em glória Àquele que merece Sua recompensa pela qual morreu.
--Paul E. Penno
Notas:                                                                        
O vídeo desta lição do pastor Paulo Penno, em inglês, está na Internet  em: https://youtu.be/HzPoi60knlM
Esta lição, em inglês, está na Internet em: http://1888message.org/sst.htm  



Biografia do autor, Pastor Paulo E. Penno Jr:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, em Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor. ­­­­­­­­­­­­­­­­­­
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