Para 2 a 9 de dezembro
de 2017
Um Estudo de Romanos 9, verso por Verso, da
Perspectiva de Mensagem de 1888
O tema de
Romanos 9 é o concerto eterno de Deus. Deus fez Sua promessa a Cristo, a
garantia do Seu concerto, e elegeu todo o gênero humano para ser salvo. O
calvinismo estrito ensina que Deus elegeu alguns poucos especiais para serem
salvos. O islamismo também tem sua versão da soberania de eleição de Deus. O
protestantismo arminiano diz que Deus ofereceu salvação a todos, se eles
fizerem algo certo primeiro e acreditarem. Paulo ensinou a Verdade do
Evangelho: Deus já deu a eleição da salvação a todos.
O ministério
ordenado por Deus do evangelho de Paulo é uma demonstração de sua viabilidade. “Em Cristo digo a verdade, não minto,
(dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): que tenho grande
tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser
anátema de Cristo por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a
carne” (versos 1-3). Em outras palavras, Paulo desistiria de sua salvação
por seus outros judeus que perderam o seu Messias. O amor de Deus revelado na
submissão de Cristo à cruz compele Paulo a suportar a maldição de seus irmãos
no julgamento final para que eles nunca tenham que sofrer tal auto-condenação.
Aqueles por
quem Paulo está disposto a fazer o sacrifício “Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os
concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; Dos quais são os pais, e dos
quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito
eternamente. Amém” (versos 4, 5). E, no entanto, por todos esses
privilégios sagrados que os levaram a Cristo, a sua cegueira levou-os a
Crucificá-lo.
Os
privilégios dos judeus consistiam em: (1º) “adoção”
como filhos na casa de Deus; (2º) “a
glória” que pertencia ao sacerdócio e ao templo; (3º) “os concertos” de sua eleição para a salvação; (4º) “a lei” que foi ordenada para a vida;
(5º) “o culto de Deus” como
missionários para o mundo; (6º) “as
promessas” de Deus; (7º) “os pais”
como herança de exemplo patriarcal; e culminando com, (8º) Cristo que veio como
um deles na “carne”. Estes eram os
privilégios inconfundíveis de ser um judeu, que em grande parte foram perdidos.
Mas a Palavra
de Deus nunca mais retorna a Ele, porque “não
que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são
israelitas” (verso 6). Se os irmãos étnicos de Paulo não levam as boas
novas ao mundo, Deus tem outros planos que já estão contidos na promessa do
concerto.
Nem todos os
filhos de Abraão são a semente prometida. “Nem
por serem descendência de Abraão, são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada
a tua descendência” (verso 7). Em outras palavras, Ismael não era a semente
prometida. Ele nasceu segundo a carne, ou seja, através da incredulidade. Da
mesma forma, “Os que são os filhos da
carne, estes não são filhos de Deus; mas os filhos da promessa são contados
para a semente” (verso 8). Paulo ironiza designando os judeus como filhos
de Ismael por causa da incredulidade em Cristo!
Quem são “os
filhos da promessa”? Paulo agora oferece uma série de ilustrações do Velho
Testamento que identificam quem são os da semente verdadeira. “Porque a palavra da promessa é esta: Por
este tempo virei, e Sara terá um filho [Isaque]. E não somente esta, mas
também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai (porque não tendo
eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal para que o propósito de Deus
segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que
chama) foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor” (versos 9-12). Antes do
nascimento dos gêmeos, Deus disse a Rebeca que Esaú preteriria a Jacó. A
presciência de Deus via o fim desde o princípio, mas não impediu as escolhas
que ambos fizeram. O chamado de Deus para a eleição da salvação é um presente em
Cristo para Esaú e Jacó. Deus simplesmente previu desde o útero que Esaú
viveria pela motivação egoísta das obras na rejeição de Cristo, e que Jacó
venceria pela fé através do amor de Cristo.
O Cordeiro de
Deus foi dado desde a fundação do mundo para ambos. Deus os evangelizou com Seu
amor abnegado. Os dois eram filhos pródigos do amor do Pai. Apenas Jacó voltou.
Esaú permaneceu isolado num país distante. Assim, o poder de atração do amor de
Deus pode até transformar o Seu próprio filho em desprezo. É por isso que “como está escrito: amei a Jacó, e odiei a
Esaú” (verso 13). Esaú compreendeu
o amor do Seu Pai Celestial como ódio.
Portanto,
pergunta-se: “há injustiça da parte de
Deus?” Deus devia ser culpado por Seu amor conduzir Esaú para longe? “De maneira nenhuma” (verso 14).
Deus não pára
de amar ninguém por medo de que alguém O possa rejeitar. Ele derrama Sua
misericórdia em medida cada vez maior para aqueles que são resistentes. “Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem
Me compadecer, e terei misericórdia, de quem Eu tiver misericórdia. Assim,
pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que Se
compadece” (versos 15, 16). Deus não retira a Sua graça de qualquer pessoa
que opte por se desviar. Na verdade, Ele a derrama em dez vezes mais.
Um bom exemplo
disso é Faraó. “Porque diz a Escritura a
Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o Meu poder, e para que
o Meu nome seja anunciado em toda a terra” (verso 17). O rei do Egito, no
momento da escravidão de Israel, estava em posição de domínio político e
econômico mundial. O propósito divino para Faraó foi dar-lhe salvação no
concerto eterno para que o seu coração fosse reconciliado com Deus. Ele seria usado
por Deus junto com os descendentes de Jacó para evangelizar a Terra inteira. É
impressionante que Deus desejasse “encerrar em justiça” o grande conflito entre
Cristo e Satanás nos dias do Faraó, ao iluminar a Terra inteira com o
verdadeiro conhecimento do caráter de Deus como revelado na cruz. Deus não está
interessado em adiar o inevitável desaparecimento do reino das trevas. O povo
de Deus é que tem atrasado o inevitável.
Se foi o
propósito de Deus alcançar o coração de Faraó com o evangelho de Jesus Cristo,
então não há limite para a extensão da misericórdia de Deus ao alcançar
qualquer pecador endurecido. “Logo, pois,
compadece-Se de quem quer, e endurece a quem quer” (verso. 18). Muitos
endurecem seus corações para o evangelho porque resistem à Sua graça muito mais
abundante. O mesmo sol que derrete a cera endurece a argila! A misericórdia de
Deus certamente deve ser implacável, pois Paulo declara que é a vontade de Deus
estender a misericórdia ao pecador se ele cede ou endurece o seu coração.
Tendo mostrado
que era o propósito de Deus operar o fim do pecado nos dias de Faraó, e o rei
resistiu à Sua misericórdia, Deus prosseguiu com o Plano B para proclamar a Sua
glória em toda a Terra através dos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
Como um bom calvinista,
alguém poderia perguntar: Por que o Deus soberano deve se queixar de que Seus
planos são frustrados? “Dir-me-ás então:
Por que se queixa ele ainda? Porquanto quem tem resistido à Sua vontade?”
(verso 19). Afinal, dirá o determinista (a pessoa decidida, resoluta),
a vontade de Deus é irresistível, não é?
Afinal, o
homem, a criatura, tem coragem de dizer ao seu Criador “saia”? “Mas, ó homem, quem és tu que a Deus
replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que o formou: Por que me fizeste
assim?” (verso 20).
A argila
inanimada não tem que “questionar” se o artesão faz dela um pote perfeito ou
desmancha o imprestável. “Ou não tem o
oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e
outro para desonra?” (verso 21).
E agora Paulo
aplica a ilustração ao caso de seus irmãos judeus. “E que direis se Deus, querendo mostrar Sua ira, e dar a conhecer o Seu
poder, suportou com muita paciência os vasos de ira, preparados para a
perdição” (verso 22). Deus passou muito
tempo esperançoso que o antigo Israel venceria e levaria o nome dEle ao
mundo. Mas, em vez disso, eles optaram por frustrar os Seus propósitos e, em
última instância, agiram com ódio por Deus, tentando livrar-se dEle ao matar o
Filho de Deus. (Eles eram apenas uma imagem espelhada de toda a humanidade,
incluindo nós mesmos.) O seu último ato de ira contra Deus era a ocasião para
que a ira de Deus contra o pecado fosse revelada por Seu Filho suportando a
maldição que é a segunda morte.
A liderança
judaica em geral rejeitou o Messias de Deus, e assim o Plano B de Deus foi
frustrado; e então Ele Se voltou para o Plano C para chegar ao mundo com as
boas novas sobre quem Ele é. “Para que
também desse a conhecer as riquezas da Sua glória nos vasos de misericórdia,
que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou,
não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?” (versos 23, 24). Os
gentios foram incluídos durante toda a eleição do concerto eterno de Deus. Os
judeus teriam sido a agência para evangelizar os gentios em todo o mundo. Agora
os gentios serão usados por Deus para evangelizar não só os seus, mas também os
judeus.
Escrevendo
sobre os gentios, Oséias disse: “Chamarei
Meu povo ao que não era o Meu povo, e amada à que não era amada. E sucederá que,
no lugar em que lhes foi dito: vós não sois Meu povo; Aí serão chamados filhos
do Deus vivo” (versos 25, 26). Um israelita, de fato, é um “vencedor” pela
graça de Deus. Os gentios, por definição, são como Esaú, eles confiam nas obras
da carne. Por definição, eles “não eram Meu povo”. Mas isso não exclui os
gentios dos concertos da promessa de Deus. O mesmo dom da salvação é dado a
eles como é dado ao judeu — o mesmo que foi dado a Faraó. Paulo vê muitos
gentios “chamados filhos do Deus vivo”. Ele os vê como vencendo o pecado em
Cristo, assim como Jacó que foi renomeado como Israel.
Isaías
escreveu sobre coisas que expressam esperança para o futuro de Israel. A igreja
do antigo Israel está em continuidade com o Israel moderno. Eles descansam em
seus túmulos aguardando a primeira ressurreição. Israel hoje deve aprender as
lições de toda a história anterior em sua experiência de “crescer” e se tornar
a Noiva de Cristo. “Também Isaías clama
acerca de Israel: ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do
mar, apenas o remanescente é
que será salvo” (verso 27, NVI e KJA). Os remanescentes aqui são aqueles
que proclamam “a mensagem do terceiro anjo em verdade” como a unidade dos “mandamentos de Deus e da fé de Jesus” (Apocalipse
12:14). Os remanescentes serão os primeiros frutos de Deus e do Cordeiro que
finalmente retribuem o Seu amor e, portanto, são companheiros que permanecerão
ao Seu lado.
Do ponto de
vista humano, somos tentados a pensar que o plano de Deus foi frustrado por
todas as longas eras da história. Mas Deus acredita no sucesso da obra de Seu
Filho em ser “o Salvador do mundo”. “Porque
Ele completará a obra, e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará breve a
obra sobre a terra” (verso 28). É a obra de Deus terminar. É o dom de Cristo
purificar o Seu povo. Já foi e ainda é o propósito dele “abreviá-la em
justiça”. É o servo do mal que diz: “Meu
Senhor tarde virá” (Mateus 24:48). Para nós cedermos à tentação de pensar
que cabe a nós terminar a obra de Deus na Terra é percebê-la como sendo a
justiça humana e não justiça de Deus que terminará a Sua obra. Na medida em que
caímos nessa maneira de pensar fracassada, perpetuamos o atraso de Sua vinda.
A Igreja
Adventista do Sétimo dia é o nexo a partir do qual surgirá a “semente”
remanescente que “guarda os mandamentos
de Deus e a fé de Jesus”. “E como
antes disse Isaías: Se o Senhor dos exércitos nos não deixasse descendência,
teríamos nos tornado como Sodoma e teríamos sido feitos como Gomorra”
(verso 29). Esta descrição adequada de “uma semente” na terra desolada sobre a
qual o fogo e o enxofre eliminaram toda a vida, dão esperança, assim como
Cristo foi a “semente” prometida na manjedoura de Belém! Pode parecer que a
verdade do Evangelho, o verdadeiro Cristo e a verdadeira Cruz, foram completamente
eliminados das mentes do Israel moderno. Mas nunca se deve desconsiderar a
Deus! Nem o que Deus pode fazer com um coração honesto como o de Elias.
Qual é o
último ponto de Paulo? “Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram
a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé” (verso 30). A justificação pela fé
é uma reconciliação do coração com Deus, que só pode ser efetuada ao apreciar o
custo do sacrifício de Cristo na cruz. Não há legalismo, pois tal fé é motivada
por Ágape.
“Justiça” é dikaiosune. O único justo é
Cristo. Observe com quanto cuidado Paulo afirma isso. Os gentios “alcançaram a
justiça”. No entanto, trata-se da “justiça
que é pela fé”. O ponto: a justiça de Cristo é apropriada pela fé. É o seu
presente para os gentios que antes eram injustos e incapazes de se aclarar.
Os Dez
Mandamentos são uma descrição perfeita da justiça de Deus, que traz vida na sua
observância. “Mas Israel, que buscava a
lei da justiça, não chegou à lei da justiça. Por quê? Porque não foi pela fé,
mas como que por meio das obras da lei” (versos. 31, 32). Paulo é o único
que entende o fracasso de seus irmãos. Eles buscaram a justiça da lei através
das promessas do seu velho concerto na correta guarda da lei. Seu desejo
motivado em egoísmo de ser bom para alcançar uma recompensa tem sido um
fracasso porque a dependência própria leva a uma espiral sempre para baixo em
maior escravidão de confiar em si para obedecer, e isso a lei condena.
A justiça da
lei é alcançada apenas pela fé em Cristo. “Porque
tropeçaram na pedra de tropeço. Como está escrito: Eis que Eu ponho em Sião uma
pedra de tropeço e uma rocha de escândalo; e todo aquele que crêr nela não será
confundido” (versos 32, 33). Para terem perdido uma “pedra” tão grande em
seu caminho, os judeus tinham que ter sido completamente cegos quanto a Cristo,
o seu Messias. Não é culpa da “pedra de tropeço” que os judeus caíram sobre
suas mãos e joelhos, e enfrentam todo sangue e ferida com escoriações.
Eles ainda
estão nas promessas de Deus de Seu concerto eterno. São eleitos para a salvação
em Cristo. O plano de Deus agora é provocá-los através do ministério dos
gentios. O evangelismo baseado em gentios está em continuidade com o ministério
da igreja do Antigo Testamento, e certamente o excederá em glória Àquele que
merece Sua recompensa pela qual morreu.
--Paul E. Penno
Notas:
O vídeo desta lição do pastor Paulo Penno, em inglês, está na Internet em: https://youtu.be/HzPoi60knlM
Biografia do autor, Pastor Paulo E. Penno Jr:
Paulo Penno foi pastor
evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da
Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading
Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há
42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na
Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos
Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no
Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este
livro postamos, por inteiro, em Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em
1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos
artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a
serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai
dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente
escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do
seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015,
realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada
no endereço: 14919 Fruitvale Road,
Valley Center, Califórnia.
Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos
do tradutor.
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