Para 8 a 15 de outubro de 2017
Catorze anos após sua visita inicial
com Pedro e Tiago (Gálatas 1:18, 19), Paulo retorna a Jerusalém para participar
de um concílio da igreja. Isso teria sido 17 anos depois de sua conversão,
(cerca de 51 d.C.). A data e a agenda indicam claramente que este é o Concílio
de Jerusalém sobre o qual Tiago presidiu (Atos 15). A razão de Paulo para
comparecer perante esta assembléia foi "subi por uma revelação e lhes
expus o evangelho que prego entre os gentios" (Gálatas 2:2).
No passado houve "alguns que
tinham descido da Judéia, ensinavam assim os irmãos: se não vos circuncidardes,
conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não
pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e
alguns dentre ele, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre
aquela questão" (Atos 15:1, 2).
Devido a estes que insistiam que a
circuncisão era necessária para a salvação, Paulo tomou Tito, um gentio
incircunciso, a este Conselho. Os judeus tentaram obrigar Tito para ser
circuncidado. A questão foi grande porque tivessem esses legalistas
prevalecido, o rito teria sido imposto a todos os gentios, e esta teria sido
uma rejeição do próprio evangelho. Paulo se opôs veementemente a toda esta
insanidade, rotulando-a como salvação pelas obras. A circuncisão era,
inicialmente, uma coisa insignificante, mas insistindo-se como algo necessário
à salvação, se tornaria uma escravidão. Se ele consentisse em um pequeno
aspecto, teria aberto a porta para uma enxurrada de todas as práticas
legalistas entrarem na igreja. Portanto, Paulo declarou que a circuncisão não
devia ser feita uma exigência. A controvérsia foi entre o verdadeiro evangelho
e um evangelho falsificado; entre a liberdade em Cristo ou servidão a Satanás.
Deus quer um coração rendido, enquanto o homem prefere algum ritual simbólico
para que ele possa apontar como uma razão pela qual ele deva ser salvo.
Todas as "obras da carne"
são pecados e "os que cometem tais coisas não herdarão o reino de
Deus" (Gálatas 5:19, 21). Um estudioso cristão e teólogo declarou:
"O pecado é uma escravidão, e ensinar aos homens a colocarem sua confiança
em uma falsa esperança, que vai levá-los a ficar satisfeitos com seus pecados,
pensando que eles estão livres deles, é simplesmente prendê-los em
cativeiro" (E. J. Waggoner, O Evangelho em Gálatas, pág. 10).
Muitas igrejas cristãs falsamente proclamam: "Você não tem que
preocupar-se com permitir Cristo entrar em sua vida. Você não precisa deixá-Lo
lhe tornar obediente à Sua palavra." As pessoas são levadas a confiar em
uma falsa esperança de que Deus vai salvá-las "em" seus pecados, ao
invés "dos" seus pecados, Mateus 1:21, Romanos 6:1, 2. Eles
continuam em seus pecados, crendo que não há nenhuma verdadeira vitória a ser
alcançada.
Há dois extremos nos quais as pessoas
gravitam, e o diabo não se importa com qual das duas uma pessoa escolha; quer
sejam tentados a salvar-se por algum tipo de obra, ou a falsa esperança de que
alguém pode ser salvo enquanto vive em deliberada desobediência à palavra de
Deus.
Aqueles que apresentavam um evangelho
pervertido não eram verdadeiros cristãos, mas "falsos irmãos". Jesus
tinha avisado a sua igreja de "lobos" "vestidos como
ovelhas" (Mateus 7:15). Esses lobos existem hoje na igreja. Observe,
entretanto, que Paulo nunca disse que, porque há falsos irmãos na igreja, saia
dela, ou porque há hipócritas na igreja, não vá lá. Ao contrário, ele diz que há
falsos irmãos na igreja, e temos de estar conscientes disso — e enfrentá-los —
e apresentar a verdade, de modo que o erro não prevaleça dentro da igreja.
Paulo disse que ele não “cedia com
sujeição” a esses falsos irmãos nem por uma hora "para que a verdade
do evangelho permanecesse entre vós" (Gal. 2:5). Você deseja que a
verdade do evangelho continue? Se sim, então imite os bereanos, que estudavam
diligentemente para descobrir se os ensinamentos que ouviam eram solidamente
fundamentados na Bíblia. Em seguida, anuncie a verdade, mas fale contra os
erros de um evangelho pervertido.
Quando Paulo viu Pedro fazer algo que
ele não deveria estar fazendo, Paulo o defrontou cara a cara. Há uma lição
muito importante a ser aprendida aqui. Se você alguma vez vê um irmão ou irmã
em falta, sempre os confronte no rosto, ou pessoalmente. Que enorme quantidade
de tristeza, angústia, e conflitos seriam evitados, se nós simplesmente
seguíssemos esse princípio bíblico. Até mesmo o rei pagão Nabucodonosor, quando
soube que Sadraque, Mesaque, e Abednego não obedeceram a sua ordem de adoração
de uma imagem, não simplesmente acreditou no relatado, mas confrontou-os no
rosto e perguntou: "É verdade ...?" (Daniel 3:14, KJV). Não
devem os discípulos de Jesus fazer assim também?
A “dissimulação" e hipocrisia de
Pedro enfraqueceram a igreja. Esta fraqueza da parte dos amados e respeitados
líderes, deixou uma dolorosa impressão sobre os crentes gentios e lançou uma
pedra de tropeço diante deles. Deixados a nós mesmos, estamos todos aptos a
vacilar da fidelidade a Deus para uma relação indevida a fim de agradar as
pessoas. Devemos manter Cristo sempre perante nós, e nunca nos esquecermos da
má influência de nossos maus exemplos sobre os outros. Por causa de ações
hipócritas de Pedro, Barnabé e outros seguiram o exemplo. A igreja de Cristo
foi ameaçada e o coração de Cristo condoeu-se.
Quando vemos alguém que não está
andando "bem e diretamente conforme a verdade do evangelho" (Gal.
2:14), devemos primeiro ter certeza de que o nosso problema não são os nossos
próprios gostos, desgostos, idéias e preferências. Se você acha que um irmão ou
irmã está errado, e você não pode comprovar claramente a sua preocupação a
partir da palavra de Deus, não os incomode. Mas se você os vê andando ao
contrário do que você sabe ser a palavra de Deus, não ouse permanecer em
silêncio do contrário a tua própria alma estará em perigo. Tornar-se-ia
evidente, perante o céu e a terra, que você “não seria servo de Cristo”
(Gál. 1:10).
Pedro pregava uma coisa e praticava
outra e a igreja sofreu. Alguns simplesmente tropeçaram na inconsistência,
enquanto outros caem em mais profundo erro e hipocrisia. Essa ação da parte de
Pedro e dos outros não era apenas uma negação do evangelho, mas era uma virtual
negação de Cristo. Pedro estava presente no Concílio de Jerusalém quando foi
declarado que a circuncisão não era necessária para a salvação e, portanto,
isto não deveria se tornar um empecilho, Atos 15:1-24. Ele tinha encontrado
esta situação antes, quando Deus tinha revelado a ele, claramente, que ele não
devia considerar a nenhum homem como "comum ou imundo" (Atos
10:28). Ele tinha mesmo declarado "Reconheço por verdade que Deus não
faz acepção de pessoas; mas que Lhe é agradável aquele que, em qualquer nação,
O teme e faz o que é justo" (Atos 10:34, 35). Claro testemunho tinha
sido dado pelo Espírito Santo, por outros apóstolos, e pelo corpo organizado da
igreja de que não deveria haver distinção entre judeus e gentios, e que a
justiça é somente pela fé em Cristo Jesus. À luz de tudo isso, Pedro e outros
se afastaram dos crentes gentios não circuncidados. Esta discriminação estava
na verdade dizendo: "Se não vos circuncidardes ... não podeis
salvar-vos" (Atos 15:1).
O ensinamento de que a fé em Cristo é
essencial, mas insuficiente, está no centro desta grande heresia. A crença de
que certas obras meritórias devem ser realizadas a fim de receber a salvação,
atinge o cerne do evangelho, e, portanto, Paulo opôs-se ao problema de frente.
Lembre-se que, embora Jesus tenha orado
pela unidade entre os seus seguidores "não podemos nos render à verdade a
fim de realizar esta união, pois o exato meio pelo qual ela deve ser adquirida
é a santificação através da verdade. Sabedoria humana mudaria tudo isso,
pensando que esta base de união é muito estreita. Os homens efetuariam uma
união através de conformidade com opiniões populares, através de um compromisso
com o mundo. Mas a verdade é a base de Deus para a unidade do Seu povo" (Ellen
White, Obreiros Evangélicos, edição de 1892, página 391).
Escrevendo dos cristãos primitivos, a mensageira de Deus disse: "Se a
unidade só se pudesse conseguir comprometendo a verdade e a justiça, seria
preferível que prevalecessem as diferenças e as consequentes lutas" (Ellen
White, O Grande Conflito, página 45).
—Todd Guthrie
O irmão Todd
Guthrie, é um médico adventista, membro da Mesa administrativa do Comitê
de Estudos de Mensagem de 1888. Ele é ancião na sua igreja adventista
local, e constantemente está envolvido em organizar e executar programas
musicais para acontecimentos importantes da Igreja Adventista nos EUA e em
outros países. Ele e sua família sempre aparecem no canal de televisão
adventista Three Angels Broadcasting Network [Canal de Televisão Três
Anjos] com música tanto vocal quanto instrumental.
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