Para 15 a 22 de julho de
2017
Quinhentos anos
atrás, em 1517, um monge agostiniano chamado Martinho Lutero sacudiu o mundo
teológico europeu ao fazer a afirmação de que a justiça era apenas pela fé.
Após intenso estudo dos Livros de Gálatas e Romanos, ele afirmou que a justiça
não era adinistrada através da igreja nem administrada por sacerdotes ou papas,
mas era produto da fé. Neste outono (no hemisfério Sul é Primavera) as
organizações cristãs em todo o mundo estão comemorando a revolta teológica de
Lutero, incluindo o catolicismo romano.
A visão de Lutero
sobre a fé como meio de salvação tornou-se o tema unificador entre
protestantismo e catolicismo, como evidenciado em um documento ecumênico de
1994, conhecido como "Evangélicos e Católicos Juntos", assinado pelos
principais estudiosos evangélicos e católicos nos Estados Unidos. A Igreja
Católica Romana começou sua celebração da Reforma há um ano, quando o Papa
Francisco viajou para a Suécia, onde se juntou aos líderes da Federação
Luterana do Mundo em Lund (*condado de Escânia, no sul da Suécia ) para um culto de oração ecumênico em 31 de outubro e 1
de novembro de 2016.
Quando Lutero fez
sua estupenda declaração de que a salvação era por "fé somente", isso
provocou não só a Reforma Protestante, mas também a Reforma Católica Romana e o
Conselho de Trento (*região
norte da Itália ) de dezoito anos de duração (*1545 e 1563). Naquela época, como uma pessoa recebia a justificação e tornava-se justa era a linha
divisória teológica fundamental. Roma condenava a "sola fide" e
proclamou anátema sobre todos os que a aceitavam como verdade. Essa proibição
nunca foi oficialmente levantada por Roma. A tendência teológica desde 1994 ao
esteder as mãos através do abismo para se unir com Roma neste momento é, na
realidade, reverter a Reforma Protestante, assim como Roma planejou desde o
início.
O ponto vital que
Martinho Lutero perdeu na declaração de "sola fide" é que os humanos
não contribuem para o processo de salvação. Nossa "fé" e nossas
"obras de fé" não têm mérito e não produzem justiça. Se eu sou salvo
através da minha fé em Jesus, então todo o foco está em mim e minha capacidade
de manter essa "fé" o tempo suficiente para entrar no céu.
Concentrar-se em mim e o que posso fazer através da "obediência à
lei" para ajudar Jesus a passar pelos portões de pérola é uma sutil
negação do ensinamento bíblico simples que “em
mim não ... não habita bem algum” (Romanos 7:18).
Ellet J. Wagoner
viu isso claramente: "Os fariseus não estão extintos, há muitos nestes
dias que esperam obter a justiça por suas próprias ações. Eles confiam em si
mesmos (*dizendo) que são justos". No entanto, o "pecador condenado
tenta repetidas vezes obter a justiça da lei, mas esta resiste a todos os seus
avanços. Não pode ser subornada por nenhuma quantidade de penitência ou
professas boas ações". É absolutamente verdade que "as ações
realizadas por uma pessoa pecadora não têm qualquer efeito para torná-la justa,
mas, pelo contrário, provenientes de um coração maligno, são más e, assim,
aumentam a soma de sua pecaminosidade;"1
"Uma vez que
o evangelho é contrário à natureza humana, nos tornamos cumpridores da lei não
por obras, mas crendo. Se trabalhássemos para a justiça, estaríamos exercendo
apenas nossa própria natureza humana pecaminosa, e assim não nos aproximaríamos
da justiça, mas nos desviaríamos para longe dela. Ao crer nas "grandíssimas e preciosas promessas",
nos tornamos "participantes da
natureza divina" (2ª Pedro 1: 4), e então todas as nossas obras são
manifestas em Deus" (*João 3:21; Isaias 26:12 e Salmo 138:8).2
Nem Lutero, nem
Calvino, nem Arminio tiveram um vislumbre do conceito da verdadeira
justificação legal. Para todos esses reformadores, grandioso como o trabalho
deles foi em começar a restaurar a verdade da Bíblia e remover o paganismo que
se insinuara na igreja durante o milênio anterior à Reforma, eles nunca
compreenderam a profundidade completa do sacrifício de Cristo ou o verdadeiro
significado de fé. O Reformador e, portanto, a visão evangélica da salvação, é
egocêntrica porque começa com a necessidade humana de segurança eterna.
Portanto, na
visão evangélica, a justificação é a recompensa da fé de uma pessoa. Ensina que
a fé é "confiança" no sentido de compreender a segurança pessoal de
um Deus irado que deve ser apaziguado através de arrependimento e penitência
antes que Ele conceda graça e salvação. Esta explicação da justificação como um
ato judicial de contabilidade nos livros de registro do céu, em que o homem
injusto, ainda injusto, é declarado justo enquanto continua satisfazendo
motivação pecaminosa, nega a mensagem de Daniel 8:14 e Apocalipse 14:12, e é
responsável pelo longo atraso da segunda vinda de Cristo.
Tal visão de Deus é uma distorção grosseira de Seu
caráter santo de Ágape — Seu amor de
sacrifício altruísta, centrado no outro, que motivou a Divindade a declarar o
concerto eterno que enviaria o Filho para salvar o mundo do pecado. Que o
"envio" doi desde a fundação do mundo; Cristo é "o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo"
(Apocalipse 13: 8). "Tão logo houve pecado, houve um Salvador. Cristo
sabia que teria de sofrer, e contudo tornou-Se o substituto do homem. Tão logo
Adão pecou, o Filho de Deus Se apresentou como garantia para a humanidade
apenas com tanto poder para desviar a maldição pronunciada sobre o culpado como
quando morreu sobre a cruz do Calvário.”3 Esta é a justificação que Deus pretende que seja
pregada, e uma verdadeira apreciação do coração desse fato quebrará a
resistência aos apelos de Deus pelo pecador. "A
fé não faz fatos. Ela apenas deles se apropria."4
A salvação
somente pela fé é uma verdade bíblica absoluta, mas as concessões ao
relativismo e à visão humanista (centrada no homem) pós-modernista estão
prejudicando o que o apóstolo Paulo escreveu em Romanos, Gálatas e Efésios
sobre a verdade vital da justificação e justiça pela fé. Nosso verso para
memorizar, diz: "E a vida que agora
vivo na carne vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por
mim". Se você está familiarizado com a versão King James, talvez tenha
notado a mudança de uma única palavra. É uma mudança sutil, e muitas pessoas
sentem que é uma diferença insignificante.
Na
Bíblia King James, o texto reza: "e a vida que hoje vivo na carne vivo
pela fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim". A mudança de
uma pequena palavra de duas letras faz uma profunda diferença de significado. O
autor do guia de estudos deste Trimestre iluminou a diferença em seu livro, Galatians,
A Fiery Response to a Struggling Church (Gálatas Uma Resposta Efervecente a
uma Igreja que Luta).
*Há, entretanto, uma diferença inédita enter os guias de
estudo da lição em inglês e em português. A CPB optou pela forma que a mensagem
de 1888 entende ser correta.
No guia de estudo da lição em inglês citando a versão padronizada inglesa, diz: "E a vida que agora vivo na carne vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou por mim". Se você está familiarizado com a versão King James, talvez tenha notado a mudança desta única palavra. É uma mudança sutil, e muitas pessoas sentem que é uma diferença insignificante.A
* E como ficou o guia
de estudos em portugês?
Citando a versão ARC
diz: "E a vida que agora vivo na
carne vivo-a na fé do Filho de Deus,
O qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim".
Também na Bíblia King James, o texto reza: "e a vida que hoje vivo na carne vivo
pela fé do Filho de Deus, que me
amou e Se entregou por mim". A mudança de uma pequena palavra de duas
letras faz uma profunda diferença de significado. O autor de nosso guia de
estudos (*o doutor Carl Cosaert, Ph. D.) esclareceu a diferença em seu livro, Gálatas, Uma Efervecente Salvação apenas
pela fé é uma verdade bíblica absoluta, mas as concessões ao relativismo e à
visão humanista (centrada no homem) pós-modernista estão minando o que o
apóstolo Paulo escreveu em Romanos, Gálatas e Efésios sobre a verdade vital da
justificação e da justiça pela fé. Nosso texto para memorizar no guia de
estudos em inglês para essa semana, inadvertidamente, aponta essa mudança de
pensamento. Citando a versão padronizada inglesa, diz: "E a vida que agora vivo na carne vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se
entregou por mim". Se você está familiarizado com a versão King James,
talvez tenha notado a mudança de uma única palavra. É uma mudança sutil, e
muitas pessoas sentem que é uma diferença insignificante. Response to a Struggling Church. (Resposta a uma Igreja que Luta) Carl Cosaert.
"Para a fé de Paulo não é apenas um conceito abstrato — está inseparavelmente ligado a Jesus. Na verdade, a frase grega traduzida duas vezes como "fé em Jesus Cristo" em Gálatas 2:16 é muito mais rica do que qualquer interpretação pode realmente abranger (ver Romanos 3:22, 26, Gálatas 3:22, Efésios 3:12, Filipenses 3: 9). No grego, a frase significa literalmente "a fé de Jesus" ou "a fidelidade de Jesus". Ela revela o poderoso contraste que o apóstolo faz entre as obras da lei [isto é, o legalismo] e o trabalho que Cristo realizou em nosso favor. Para Paulo, a principal ênfase não é a nossa fé em Jesus, mas a fidelidade de Jesus. Assim, a questão não é nossas obras versus nossa fé — isso quase tornaria nossa fé meritória, o que não é. Em vez disso, a fé é apenas o caminho pelo qual nos apossamos de Cristo. Somos justificados, não com base em nossa fé, mas com base na fidelidade de Cristo."5
Cristo foi fiel ao concerto eterno feitoa entre os membros da Divindade antes do pecado entrar neste mundo. A partir desse concerto feito no céu, através da Sua vida de sofrimento na carne humana caída e, finalmente, a Sua resistência à angústia do Getsêmani e à vergonha da cruz, Cristo jamais vacilou na Sua fidelidade à promessa eterna do concerto de salvar a humanidade do pecado . Ele foi fiel à sua palavra. E é a evidência de Sua fidelidade revelada nas Escrituras às quais nos apegamos quando acreditamos que Ele é capaz de "nos guardar de tropeçar, e apresentar-nos irrepreensíveis com alegria perante a Sua glória" (Judas 24).
É essa “fé que Deus repartiu a cada um” (Romanos 12: 3) a cada ser humano. É essa fé que uma vez permitiu operar em nós, produzirá a justiça necessária que nos tornará aptos para o Céu. "O coração orgulhoso esforça-se por alcançar a salvação; mas tanto o nosso título ao Céu, como a nossa idoneidade (*aptidão) para ele, encontram-se na justiça de Cristo. O Senhor nada pode fazer para a restauração do homem enquanto ele, convicto de sua própria fraqueza e despido de toda presunção, não se entrega à guia divina. Pode então receber o dom que Deus está à espera de conceder. Coisa alguma é recusada à alma que sente a própria necessidade."6
Você pode
argumentar que este é um ponto minúsculo, uma diferença sutil (*uma simples
questão de semântica); nada sobre o que realmente se preocupar. Afinal, é
apenas uma palavra de duas letras! Como pode ter alguma importância
significativa para a minha salvação?
É uma distinção
sutil que fez com que a Reforma vacile e hesite por 500 anos. Não precisamos
voltar para a teologia da Reforma, precisamos retornar ao que o Senhor nos
enviou em 1888. A mensagem trazida através de A. T. Jones e E. J. Wagoner é uma
mensagem distinta que elevou o Salvador como o Redentor que perdoa o pecado que
é o sacrifício pelos pecados do mundo inteiro. "Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo" (*TM
pág. 92) não aquecido pelo evangelicalismoB que se
concentra no esforço humano, onde "fé" é um entendimento para a
recompensa que rejeita a verdade de que o perdão e o apagamento do pecado é o
inteiro ponto do Evangelho. A mensagem de Cristo e a Sua justiça proclamada por
Wagoner e Jones "é a mensagem do terceiro anjo em verdade, que deve ser
proclamada com grande voz, e acompanhada com o derramamento de Seu Espírito em
grande medida."7
A mensagem da
cruz "coloca a glória do homem no pó" e é ofensiva para o coração
orgulhoso. O apóstolo Paulo submeteu-se com prazer à "ofensa"
dizendo: "Eu sou crucificado com
Cristo; no entanto, eu vivo, mas não eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que
agora vivo na carne vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou e Se entregou
por mim" (Gálatas 2:21). "A cruz nos transmite o conhecimento de
Deus, porque nos mostra o Seu poder como Criador. Através da cruz somos
crucificados para o mundo e o mundo para nós. Na cruz somos santificados. A
santificação é a obra de Deus, não de Homem. Somente Seu poder divino pode
realizar o excelente trabalho."8
--Ann Walper
Notas finais (As notas com letras são do tradutor):
1)
Ellet J. Waggoner, Christ and His Righteousness (Cristo e
Sua Justiça) págs. 66, 70, 63; Glad Tidings (Boas Novas) ed. de 1999).
2)
Ellet J. Waggoner, Christ and His Righteousness (Cristo e
Sua Justiça) pág. 56; Glad Tidings (Boas Novas) ed. de 2016).
3)
Ellen G. White, "Lessons From the Christ-Life," (Lições da Vida de
Cristo) Review and Herald, 12 de março de 1901.
4)
Ellet J. Waggoner, The Glad Tidings (Boas Novas) pág.
107
A) Alguns podem até
enteder que é apenas uma questão semântica. Em linguística, a Semântica estuda o
significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de
uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo
se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas
devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.
5) Carl P. Cosaert, autor deste guia de estudos
sobre Gálatas: A Fiery Response to a Struggling Church, (Gálatas, Uma
Efervecente Salvação a uma Igreja em Luta) pág. 42 (ênfase do original), Review
and Herald Publishing Association (2011).
6) Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, pág. 300.
B)
O evangelicalismo ou cristianismo evangélico é um movimento cristão, surgido no
século XVII, depois da Reforma Protestante, tornando-se
uma vertente organizada com o surgimento, dos metodistas entre os anglicanos, dos puritanos entre os calvinistas, ambos na Inglaterra e dos pietistas entre os luteranos na Alemanha e Escandinávia. O movimento
tornou-se ainda mais significativo nos Estados Unidos durante o grande despertamento dos séculos
XVIII e XIX, onde conseguiu muito mais membros do que na Europa. O movimento
continua a atrair adeptos em nível mundial no século XXI, especialmente no mundo em
desenvolvimento.
É um movimento que reúne vários sub-movimentos, como Igreja Batista, Pentecostalismo, Movimento
Carismático,
Cristianismo não denominacional. O
evangelicalismo desenfatiza o ritual e enfatiza a piedade do indivíduo,
exigindo-lhe que cumpra certos compromissos ativos.
7) Veja Ellen G. White, Testemunhos aos Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91, 92.
8)
The Glad Tidings (Boas Novas), pág. 141
Notas:
O vídeo do pr. Paulo Peno sobre esta lição está na
internet no sítio https://youtu.be/HKjh2GIgum4
Biografia da autora:
A irmã Ana Walper é
uma adventista dedicada à pesquisa bíblica e às atividades da igreja.
Atualmente ela é diretora dos departamentos de liberdade religiosa; escola
sabatina; saúde e temperança, e é coordenadora de uma das unidades
evangelizadoras da escola sabatina. É também ativa instrutora bíblica.
Profissionalmente é enfermeira padrão, e durante as férias escolares ela
trabalha como enfermeira voluntária em acampamentos da juventude adventista nos
estados de Tenneessee e Kentucky nos EUA. Ela é também escritora independente já por 16
anos em jornais de sua cidade sobre as boas novas de Cristo e Sua Justiça.
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