sexta-feira, 1 de abril de 2011

Lição 1, No Tear do Céu, por Paul E. Penno

Para 26 de março a 2 de abril de 2011

Por treze semanas milhões de cristãos no mundo inteiro estarão estudando o simbolismo bíblico de "vestes de justiça." Existe apenas um evangelho que está em harmonia com a lei de Deus. É o evangelho que ensina que "a justiça da lei se cumprisse em nós" (Romanos 8:4).

Os mensageiros de 1888 chamaram a atenção sobre a justificação pela fé unida com o peculiar entendimento Adventista do Sétimo Dia da purificação do santuário celeste — o único evangelho que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus ("... convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus" (Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 92). Todos os outros "evangelhos" — quer seja protestante, arminiano, ou católico ... são "evangelhos" anti-lei.

Sempre foi a estratégia de Satanás no grande conflito acusar Deus de exigir obediência à Sua lei, que ele afirma ser impossível para os pecadores, observarem. Ele foi bem sucedido em convencer a maioria dos cristãos que o aperfeiçoamento de um caráter é impossível para os nascidos em pecado. Portanto, (*dizem) Jesus não poderia ter nascido como nós, e formar uma justiça perfeita, a fim de salvar os pecadores. Portanto, a justiça imputada de Jesus legalmente perdoa o pecador quando, ativa (reivindica) a "oferta" da salvação pela fé. A justificação pela fé é a perfeita justiça de Cristo. Diferente disto, dizem os "evangélicos", é a obra do Espírito Santo em nós, porque a santificação nunca se eleva ao nível da justificação pela fé. Esta é a heresia do antinomianismo1 o evangelho ("anti-lei), da ausência de lei, e é uma contradição da verdade da purificação do santuário.

A mesma justiça pela qual Cristo justifica um pecador também o santifica. Não há distinção entre os dois. "Pois Cristo é a culminação da lei, tanto quanto a justiça diz respeito a todo aquele que crê. Porque Moisés escreve sobre a justiça que vem da lei, como segue: "A pessoa que obedece a essas coisas vai encontrar na vida nelas" (Rom. 10:4, 5, International Standard Version, Versão Internacional Padronizada).

O dom do amor de Deus no perdão dos pecados se move sobre o coração para crer, para que Cristo habite no interior da pessoa pela fé através do Espírito Santo, e o pecador em realidade obedece a lei "porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" e "o cumprimento da lei é o amor" (Rom. 5:5 e 13:10).

Ellet J. Waggoner viu essa verdade bíblica. "Há apenas uma coisa neste mundo que um homem precisa e esta é justificação — e justificação é um fato, não uma teoria. É o evangelho. Aquilo que não tende à justiça não serve para nada, e não é digno de ser pregado. A justiça só pode ser alcançada através da fé, consequentemente todas as coisas dignas de serem pregadas deve tender à justificação pela fé” (1891 General Conference Daily Bulletin, Boletim Diário da Conferência Geral de 1891, pág. 74, sermão pregado em 11 de março de 1891)

A declaração "no tear do Céu", citada na lição, tirada da revista adventista O Instrutor da Juventude, é "interpretada", para significar as roupas legais do manto de justiça de Cristo. Esta é uma tentativa de distinguir a justificação legal da santificação. "Que imagem maravilhosa da justiça de Jesus, justiça que abrange a todos ..." (última frase de sábado à tarde na lição). "Teologicamente, temos que fazer a diferença entre a justiça imputada de Cristo — a justiça que nos justifica — e a obra que o Espírito Santo faz em nós para nos transformar" (1ª frase do 3º § na parte de quinta-feira).

No entanto, Ellen White usou essa linda metáfora em Parábolas de Jesus e explica o que ela quer dizer com a expressão "no tear do céu." “Este vestido fiado nos teares do Céu não tem um único fio de origem humana. Em sua humanidade, Cristo formou caráter perfeito, e oferece comunicar-nos esse caráter" (pág. 311, sic). "O tear do céu" foi "Sua humanidade." Não é somente uma justiça legal que Ele imputa aos pecadores. "É um caráter perfeito" que Ele "nós comunica."

Ela continua a explicar, não deixando nenhuma dúvida de que ela ensina o evangelho que está em harmonia com a lei de Deus. "Por Sua obediência perfeita Ele tornou possível a todo homem obedecer aos mandamentos de Deus. Ao nos sujeitarmos a Cristo, nosso coração se une ao

Seu, nossa vontade imerge em Sua vontade, nosso espírito torna-se um com Seu espírito, nossos pensamentos serão levados cativos a Ele; vivemos Sua vida. Isso é o que significa estar trajado com as vestes de sua justiça" (pág. 312).

"O tear do Céu" é a "humanidade de Cristo."Em que tipo de humanidade Cristo veio à terra? O Apóstolo define: "Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando Seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado da carne: para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito" (Rom. 8:3, 4). Cristo viveu na Terra, com esta mesma "carne pecaminosa" como a nossa. Ele "sendo tentado padeceu" (Heb. 2:18). Ele "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Heb. 4:15).

Assim, Ele "condenou o pecado na carne." Ele proscreveu o pecado onde o pecado tinha se instalado, por negar a Si próprio ("Não seja como Eu [ego] quero, mas como Tu queres", Mat. 26:39) e vivendo "a justiça da lei." Ele é o evangelho em harmonia com a lei. É esta extraordinária "justiça da lei" que deve "se cumprisse em nós" Só há uma justiça, tanto perdoando e obedecendo, que é o que Cristo cumpriu por nós "na semelhança da carne do pecado." Isto vai contestar o argumento de Satanás no grande conflito que a lei não pode ser guardada pelos pecadores. "Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono, assim como Eu venci" (Ap 3:21).

É um evangelho "anti-lei" que ensina uma justificação legal sozinha, que não consegue alcançar a auto-motivação centrada na vida santificada. Tal preocupação egocêntrica não é de acordo com a lei de Deus. "...Se, no fim, eu tiver que ser salvo, se eu realmente "perseverar até o fim'... E eu “entrar no reino eterno de Deus, então não há dúvida que será apenas porque eu estou coberto com o manto da justiça de Cristo, justiça tecida no tear do Céu e que me cobre completamente” [justificação legal]. Eu posso vencer o pecado; e pela graça de Deus obtive muitas vitórias; pela graça de Deus posso vencer os defeitos de caráter, ... Pela graça de Deus posso aprender a amar todos os tipos de pessoas, até mesmo meus inimigos. ... " (2º § de Terça-feira).

Deus não imputa uma capa para o pecado que cobre tudo. Aquele a quem Deus justifica Ele também santifica com a mesma justiça. Não é apenas "como se nós nunca houvéssemos pecado, como se tivéssemos sido sempre totalmente obedientes aos mandamentos de Deus, como se fossemos santos e justos como o próprio Jesus" (última frase do 2º § de segunda-feira) a justificação legal que Cristo imputa ao pecador, mas consistente com tal perfeita justificação, Ele dá o manto da justiça de Cristo que é como a nossa própria pele.

A senhora veste um casaco de pele de leopardo, mas não é uma parte dela. A veste disfarça e esconde o que está embaixo. Mas o leopardo usa uma pele de leopardo, que é uma parte dele. Esta é a justificação pela fé, que é consistente com, e paralela, à singular idéia adventista de 1888, a purificação do santuário celestial. É a justificação pela fé, "a mensagem do terceiro anjo em verdade" (The Review and Herald, 1 de abril de 1890; Mensagens Escolhidas, livro 1, pág. 372).


-Paul E. Penno

Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de A.T. Jones e E. J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior.

Nota do tradutor:

1)A doutrina do antinomianismo: Muitos cristãos entendem que por sermos salvos por Jesus, não temos nenhuma obrigação a cumprir os mandamentos do Senhor Isto é um compromisso com o pecado e tem levado a igreja à frouxidão moral. Se Deus salva pessoas más não temos nenhuma obrigação de fazer o que é certo. Embora não sejamos salvos pelas obras, uma vez justificados pela fé, as obras serão o resultado natural de Cristo habitar em nós. Gal 2:20