segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As Boas Novas, Prefácio, por R.J. Wieland

PREFÁCIO À EDIÇÃO DE 1972

Quase por acaso descobri, em 1938, um livro esgotado, The Glad Tidings (As Boas Novas), de Ellet J. Waggoner, que havia “dormido” escondido durante anos em uma biblioteca particular. Apesar de nada conhecer dos antecedentes do autor e da obra, a leitura emocionou o meu coração profundamente. Senti que o encontro com esse verdadeiramente grande livro, tinha levado a minha vida a um ponto decisivo. Temendo que eu nunca mais fosse ver outro exemplar, obtive permissão para trazer minha surrada máquina de escrever à biblioteca, onde copiei de página após página as passagens mais comovedoras, a fim de entesourá-las para sempre.

Até encontrar este livro, As Boas Novas, eu nunca havia entendido o que a carta de Paulo aos gálatas realmente queria transmitir. O que me perturbava em Gálatas era o conflito aparentemente irreconciliável entre a lei e a fé. Eu sabia que Paulo defendia nas suas cartas a lei de Deus como “santa, justa e boa” (Rom. 7:12), mas em Gálatas ele parecia se contradizer. As aparentes discrepâncias e contradições me deixavam perplexo. A maioria dos comentários sobre Gálatas achei-os estéreis, ou, francamente antinomianistas (contrários à lei). A epístola de Gálatas estava fora da minha compreensão, e eu não podia produzir em mim mesmo aqueles sentimentos de amor e devoção a Cristo que Paulo tão obviamente conheceu. Com Gálatas tão perplexa para mim, como poderia eu aprender a “gloriar-me” na cruz como Paulo?

Este livro falou ao meu coração como poucos jamais o fizeram. Claro, conciso, enlevante, ele chegou à altura do seu título.

Posteriormente eu soube algo da história do autor e o pano de fundo desta mensagem. Descobri que a mensagem deste livro foi, em realidade, um transcrito dos estudos que o Dr. Waggoner apresentou, pessoalmente, em um encontro de pastores em Mineapolis, Estado de Minesota, no outono (do hemisfério norte) em 1888.

Uma expectadora que ouviu estes extraordinários estudos imediatamente discerniu o valor dos mesmos e escreveu: “Em Sua grande misericórdia enviou os Senhor uma mui preciosa mensagem” por intermédio de E. J. Waggoner. “Esta mensagem devia pôr de maneira mais proeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo” (Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, pág. 91). Quando da apresentação ela disse: “O Dr. Waggoner nos falou de uma maneira clara. Há preciosa luz no que ele disse. ... Eu quero receber cada raio de luz que Deus me envia, embora venha do mais humilde de Seus servos. ... Eu vejo a beleza da verdade na apresentação da justiça de Cristo em relação à lei como o Dr. Waggoner as colocou perante nós” (Ellen G. White, Manuscrito 15, de 1888).

Desde meu primeiro encontro com este livro — há mais de sessenta anos – tenho sonhado em ter uma pequena participação no torná-lo conhecido ao mundo de nossos dias. Mas tem havido certos obstáculos. ... A sintaxe usada pelo Dr. Waggoner era, ocasionalmente difícil. Embora seu estilo literário fosse claro para um escrito do século XIX tenho procurado apresentá-lo em um estilo mais contemporâneo. Foram eliminadas declarações redundantes, cuidando em não alterar o pensamento ou as ênfases do texto original. Outros parágrafos, que não eram vitais ao ensino básico da justiça pela fé, foram desprezados por mostrarem-se irrelevantes para a grande mensagem do livro. Todo o esforço foi feito a fim de preservar a mensagem original de Waggoner sobre a justificação pela fé, exatamente da maneira em que ele a ensinou.

Talvez eu deva tomar emprestadas as palavras de Clive S. Lewis da obra Os Sermões sem palavras, de George Macdonald, e aplicá-las de todo coração para As Boas Novas, de Waggoner: “A minha dívida para com esse livro é quase tão grande como tudo aquilo que um homem pode dever a outro". Sinto-me grato em poder oferecer ao leitor moderno um tesouro, que espero resulte tão enriquecedor para sua vida como tem sido para a minha.”

Robert J. Wieland