segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Boas Novas, WAGGONER, Cap., 1 O Real Evangelho: A Revelação de Jesus Cristo

1 Paulo, apóstolo (não da parte dos homens nem por homem algum, mas por Jesus Cristo e Deus, o Pai que o ressuscitou dentre os mortos),

2 e todos os irmãos, os que estão comigo,

3 Graça e paz da parte de Deus Pai e nosso Senhor Jesus Cristo,

4 que se entregou por nossos pecados, para que Ele possa nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de nosso Deus e Pai,

5 a quem seja glória para todo o sempre. Amen.

Os cinco primeiros versos formam uma saudação, que contem todo o Evangelho. Se não houvesse outra porção das Escrituras acessível, esta contem o suficiente para salvar o mundo. Se estudássemos este pequeno texto, diligentemente, e o valorizássemos tão altamente como se não existisse nada mais, encontraríamos nossa fé, esperança e amor infinitamente fortalecidos. Ao lê-lo, deixemos os gálatas saírem de cena, e que cada um de nós considere as palavras como a voz de Deus, através do Seu apóstolo, falando-nos hoje.

Um "apóstolo" é alguém que é enviado. A confiança dele é em proporção à autoridade daquele que o enviou e a sua confiança naquela autoridade e poder, "aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus" (João 3:34). Assim se deu com Paulo. Ele falou com autoridade, e as palavras, que ele falou eram os mandamentos de Deus. [10] Veja 1ª Coríntios 14:27. Ao ler esta carta ou qualquer outra na Bíblia, não precisamos fazer nenhuma concessão pelas peculiaridades e preconceitos pessoais do escritor. Cada escritor conserva sua própria individualidade, uma vez que Deus escolhe homens diferentes para fazer diferentes trabalhos. Mas é a Palavra de Deus em todos.

Não só os apóstolos, mas todos na igreja são comissionados a "falar segundo as palavras de Deus" (1 Pedro 4:11, KJV). Todos os que estão em Cristo são novas criaturas, tendo sido reconciliados com Deus por Jesus Cristo, e a todos os que foram reconciliados foi dada a palavra e ministério da reconciliação, de modo que eles são embaixadores de Cristo, como se Deus, por eles, em nome de Cristo, estivessem apelando com os homens a se reconciliarem com Ele mesmo, ver 2ª Coríntios 5:17-20. Esse fato deve ajudar a prevenir o desânimo e medo por parte daqueles que proclaMam a mensagem de Deus. Embaixadores dos governos terrestres têm autoridade de acordo com o poder do rei ou governante que eles representam. Mas os cristãos representam o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

Todos os ensinamentos do evangelho são baseados na divindade de Cristo. Os apóstolos e profetas estavam tão plenamente imbuídos dessa verdade que ela aparece em todos os lugares em seus escritos. Jesus Cristo “é a imagem do Deus invisível" (Colossenses 1:15). "E o resplendor da Sua glória, a expressa imagem da Sua pessoa" (Hebreus) 1:3. “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (João 1:1; 17:5). "Ele é antes de todas as coisas, e nEle tudo subsiste" (Colossenses 1:17).

"Jesus Cristo e Deus o Pai, que O ressuscitou dentre os mortos" (Gal. 1;1) são associados em condições de igualdade. "Eu e o Pai somos um" (João 10:30). Ambos se assentam sobre um trono, Hebreus 1:3 e Apoc. 3:21. O conselho de paz há entre ambos, Zacarias 6: 12 e 13, KJV. Jesus foi o Filho de Deus toda a Sua vida, embora Ele fosse da descendência de David segundo a carne, mas foi pela ressurreição dos mortos, realizada pelo poder do Espírito de santificação, que Sua filiação foi demonstrada a todos, Romanos 1:3, 4. Esta carta tem a mesma autoridade que o apostolado de Paulo.

"Graça a vós e paz de Deus o Pai" (Gal. 1:3, KJV) — esta é a palavra do Senhor e, portanto, significa mais do que a palavra de homem. O Senhor não se preocupa em elogios vazios. Sua palavra cria, e aqui temos a forma imperativa da palavra criadora.

Deus disse: "Haja luz e houve luz." Portanto, aqui, [11] "Deixe que haja graça e paz para vós", e assim é. Deus enviou graça e paz, trazendo justiça e salvação a todos os homensmesmo a você, quem quer que você seja, e a mim. Quando você ler este terceiro verso, de maneira nenhuma o leia como uma forma de cortesia ou de uma simples saudação, mas como a palavra criadora que traz a você, pessoalmente, todas as bênçãos da paz de Deus. É para nós a mesma palavra que Jesus pronunciou dirigindo-se àquela mulher: "Os teus pecados te são perdoados, ... Vai-te em paz(Luc. 7: 48, 50).

Esta graça e paz vêm de Cristo, que “Se deu a Si mesmo por nossos pecados” (Gal 1:4). “A graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Efe. 4:7). Mas esta graça é a “graça que há em Cristo Jesus(2ª Tim. 2:1). Portanto, sabemos que o próprio Cristo foi dado a cada um de nós. O fato de que os homens vivem, é uma evidência de que Cristo lhes tem sido dado, pois Cristo é a “vida”, e a “vida” é “a luz dos homens”. Essa luz que é vida “ilumina todo o homem" (João 14:6; 1:4, 9). Em Cristo “todas as coisas subsistem” (Col. 1:17), e assim, desde que Deus “nem mesmo a Seu próprio Filho poupou, antes O entregou por todos nós” (Rom. 8:32, KJV), Ele não pode agir de outro modo senão, liberalmente, nos dar “também com Ele todas as coisas” (ú.p. do verso). “O Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade” (2ª Ped. 1:3).

Todo o universo nos é dado em Cristo, e a plenitude do poder que há nEle é nossa para vencer o pecado. Deus considera cada alma de tanto valor como toda criação. Cristo pela graça provou a morte por todos, de modo que cada homem no mundo recebeu o "dom inefável" (Hebreus 2: 9 e 2ª Coríntios 9:15). "A graça de Deus, e o dom pela graça, que é de Um só Homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos" (Rom. 5:15), mesmo para todos, “pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também pela justiça de Um só o dom gratuito, veio a todos os homens para a justificação de vida" (vs. 18, KJV).

Cristo é dado a todo homem. Então, cada um recebe a totalidade dEle. O amor de Deus abrange o mundo inteiro, mas mesmo tempo chega individualmente a cada pessoa. Um amor de mãe não é dividido entre seus filhos, de modo que cada um receba apenas um terço, um quarto ou um quinto dele; cada filho é objeto de todo o seu afeto. Quanto mais há de ser assim com o Deus, cujo amor é mais perfeito do que o de qualquer mãe!, Isaías 49:15. Cristo é a luz do mundo, o Sol da Justiça. Mas a luz não é dividida entre uma multidão de pessoas. Se uma sala cheia de pessoas é brilhantemente iluminada, cada indivíduo recebe [12] o benefício de toda a luz, exatamente como se estivesse sozinho naquele cômodo. Assim, a vida de Cristo ilumina todo homem que vem ao mundo. No coração de cada crente Cristo habita em Sua plenitude. Plante uma semente na terra e você terá muitas sementes, cada uma com tanta vida quanto a original semeada.

Cristo nos comprou.

Com que frequência ouvimos alguém dizer: "Eu sou tão pecador que eu temo que o Senhor não me aceitará!" Mesmo alguns que há muito tempo professavam ser cristãos, lamentavelmente desejam que pudessem ter certeza de sua aceitação com Deus. Mas o Senhor não deu nenhuma razão para quaisquer tais dúvidas. Nossa aceitação está eternamente assegurada. Cristo nos comprou e pagou o preço.

Por que um homem vai a uma loja e compra uma mercadoria? Ele a quer. Se ele pagou o preço por ela, a tendo examinado, de modo que sabe o que está comprando, temerá o comerciante que o comprador não vá aceitá-la? Se o vendedor não entregar a mercadoria, o comprador irá perguntar: "Por que você não me dá o que me pertence?" Não é uma questão de indiferença para com Jesus se nós nos entregamos a Ele ou não. Ele se interessa com um desejo infinito pelas almas que Ele adquiriu com Seu próprio sangue. "O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" (Lucas 19:10). Deus "nos elegeu nEle [Cristo] antes da fundação do mundo", e, assim, "nos fez agradáveis a Si no Amado" (Efésios 1:4, 6, KJV)

Por que Cristo Se deu a Si mesmo por nossos pecados? "Para nos livrar do presente século mau" (Gal. 1:4).

Conta-se que certo homem, era conhecido por seu temperamento violento. Ele frequentemente se irava muito, mas lançava a culpa sobre as agravadas pessoas com quem vivia. Ele dizia que ninguém podia agir corretamente entre tais pessoas. Então, decidiu "separar-se do mundo" e se tornar um eremita.

Escolheu uma caverna na floresta para morar, longe de qualquer outra habitação humana. Pela manhã, ele tomou seu cântaro a uma fonte para pegar água para cozinhar. A rocha estava coberta de musgo e o fluxo contínuo da água a tornou escorregadia. Ao ele colocar o cântaro debaixo do jato de água, ele deslizou para longe. Ele colocou-o novamente com mais energia, e ele tornou a deslizar. Duas ou três vezes isso se repetiu, cada vez com crescente energia.

Finalmente, a paciência do eremita se esgotou, e exclamou: "Vou ver se você para em cima da pedra ou não!" Ele pegou o cântaro e o colocou sobre a rocha com [13] tal violência que ele se quebrou em pedaços. Não havia ninguém para culpar além dele mesmo, e teve o bom senso de reconhecer que não era o mundo ao seu redor, mas o mundo dentro dele que o fazia pecar.

Onde quer que vamos, levamos o mundo ("o presente século mau," Gal. 1:4) conosco. Temos em nossos coraçõesuma carga pesada e opressiva. Eu descubro “que quando quero fazer o bem, o mal está comigo" (Romanos 7:21, KJV). Está sempre em nós, "este presente século mau", até que clamemos aguilhoados pelo desespero: "Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?" (Verso 24.

Mesmo Cristo enfrentou grandes tentações no deserto, longe de habitações humanas. Todas essas coisas nos ensinam que os monges e eremitas não estão no plano de Deus. O povo de Deus é o sal da terra; e o sal deve ser misturado com o que está para ser preservado.

A “libertação” é nossa. Cristo foi enviado "para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem nas trevas" (Isaías 42:7). Assim ele proclama aos cativos, "Liberdade!" Para os que estão presos Ele diz as portas da prisão estão abertas" (Isaías 61:1). E a todos os prisioneiros: "Saí" (Isaías 49:9). É privilégio de cada um clamar, “Ó Senhor, deveras sou Teu servo; sou Teu servo, filho da tua serva; soltaste as minhas ataduras” (Sal. 116:16).

Isto é verdade quer creiamos ou não. Somos servos do Senhor, embora possamos obstinadamente recusar servir. Cristo nos comprou, e tendo nos resgatado quebrou cada algema que nos impedia de O servir. Ele. Se realmente crermos, “temos a vitória que vence o mundo” (1ª João 5:4; veja também João 16:33). A mensagem para nós é que a nossa “milícia é acabada, que a nossa iniquidade está expiada” (Isa. 40:2).

Estrofe de um hino, com tradução literal

Estrofe com rima

"Meu pecado oh, felicidade glorioso deste pensamento!

Me viste perdido e em condenação

O meu pecado, não em parte, mas todo,

e desde o Calvário me deste perdão

Está pregado na Sua cruz, e eu não o carrego mais,

levaste os espinhos por mim, Senhor;

Louvado seja o Senhor, louvai o Senhor, ó minh’alma!"

por isto com hinos Te rendo meu amor

A Vontade de Deus

Tudo isso é libertação de acordo com “a vontade de Deus,” nosso Pai. “A vontade de Deus é a nossa santificação” (1ª Tess. 4:3). “Quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1ª Tim. 2:4). E Ele "faz todas as coisas segundo o conselho de Sua vontade." Efésios 1:11. “—Está você [14] querendo ensinar salvação universal?” Alguém poderá perguntar. Nós tentamos apontar simplesmente o que a Palavra de Deus ensina, que “a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens” (Tito 2:11, RV). Deus operou a salvação para todos os homens, e a deu a cada um deles; mas a maioria a rejeita e a lança fora. O juízo revelará o fato de que plena salvação foi dada a cada homem, e que os perdidos deliberadamente lançaram fora a posse do seu direito de primogenitura.

A vontade de Deus é, portanto, algo para alegrar-se e não algo para ser apenas suportado. Embora ela envolva sofrimento, é para nosso bem, e é projetada para operar “para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2ª Cor. 4:17; veja também Rom. 8:28). Podemos dizer com Cristo: “deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do meu coração” (Salmo 40:8.

Aqui está o consolo de saber a vontade de Deus. Ele deseja a nossa libertação da escravidão do pecado, por isso podemos orar com a mais absoluta confiança e com ações de graças, pois "esta é a confiança que temos nEle, que, se pedirmos alguma coisa segundo a Sua vontade, Ele nos ouve, e se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fizemos” (1ª João 5:14, 15)

A Deus seja a glória por essa libertação! Toda a glória é dEle, quer o homem o reconheça ou não. Dar-Lhe a glória não consiste em compartilhar nada com Ele, mas em admitindo um fato. Damos-Lhe a glória, reconhecendo que dEle é o poder. "Foi Ele quem nos fez, e não nós a nós mesmos" (Salmo 100:3).

Poder e glória estão relacionados, como podemos aprender da oração do Senhor. Quando Jesus, pelo Seu poder, transformou água em vinho, somos informados de que neste milagre Ele "manifestou a Sua glória" (João 2:11). Assim, quando dizemos que a Deus seja a glória, nós reconhecemos que o poder é todo dEle. Nós não nos salvamos a nós mesmos, pois somos "fracos". Se confessarmos que toda a glória pertence a Deus, não deveremos estar condescendendo em vangloriosas imaginações ou jactâncias.

A última proclamação do "evangelho eterno", que anuncia que é chegada a hora do juízo de Deus, é expressada deste modo "Temei a Deus e dai-lhe glória." (Apoc. 14:7. Assim, a carta aos Gálatas, que atribui a Deus "a glória", é o cenário do evangelho eterno. É enfaticamente uma mensagem para os últimos dias. Se a estudarmos e dermos atenção a ela, podemos ajudar a apressar o tempo em que "a terra se encherá do conhecimento [15] da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar". Habacuque 2:14

6 “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho;

7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

O apóstolo agora mergulha no meio do seu tema. Seu espírito parece se agitar dentro dele, e pegando a pena, escreve como somente é capaz de fazê-lo aquele que sente amor pelas almas que estão avançando depressa para a destruição.

Irmãos de Paulo estavam em perigo mortal, e não podia havia tempo a perder com elogios. Era necessário entrar, de uma vez, no assunto em termos claros e diretos quanto possível.

Quem "chama" os homens? "Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho, Jesus Cristo nosso Senhor" (1ª Cor. 1:9): “E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus nos chamou à Sua eterna glória, ...” (1ª Ped. 5:10). “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a todos quantos Deus nosso Senhor chama” (Atos 2:39). Todos os que estão perto e todos os que estão distantes: isso inclui todos os habitantes do mundo. Portanto, Deus chama a todo o homem (mas, nem todos vêm!).

Mas referira-se Paulo si mesmo como aquele que chamara os irmãos gálatas e de quem estavam agora se separando? Pequena reflexão nos demonstrará a impossibilidade de tal coisa. O próprio Paulo disse que a apostasia seria o resultado dos homens que procurariam atrair discípulos após si (Atos 20:30); ele, como servo de Cristo, seria o último a arrastar as pessoas a si mesmo. Embora Deus use agentes humanos como Paulo, é, no entanto, Ele quem chama. “Somos embaixadores da parte de Cristo como se Deus por nós rogasse” (2ª Cor. 5:20). É Deus quem suplica, por nosso meio, para que os homens se reconciliem com Ele. Pode haver muitos porta-vozes, mas há uma só voz.

Separando-se de Deus.

Desde que os irmãos da Galácia estavam se separando dAquele que os chamara, e como Deus é quem misericordiosamente convoca os homens, é evidente que eles estavam abandonando o Senhor. É uma questão de pequena monta [16] unir-se ou separar-se dos homens, mas uma de vital importância estar conectado a Deus.

Muitos parecem pensar que se eles simplesmente forem "membros com bom status," nesta ou naquela igreja, podem estar seguros. Mas a única coisa que vale a pena considerar é, estou eu unido ao Senhor e andando na Sua verdade? Se a pessoa está unida ao Senhor, ela rapidamente achará seu lugar entre o povo de Deus; pois aqueles que não são Seu povo, não tolerarão durante muito tempo um zeloso seguidor de Deus entre eles. Quando Barnabé foi para a Antioquia, “exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração” (Atos 11:22 e 23).. Isso era tudo o que se fazia necessário. Se assim agirmos, certamente encontraremos o próprio povo do Senhor celeremente.

Os que estavam abandonando o Senhor se encontravam “sem Deus no mundo” Efésios 23:12, ú.p.), na mesma medida em que se separavam dEle; e nessa condição são gentios, ou pagãos, (veja também o verso 11). Portanto, os irmãos gálatas estavam regressando ao paganismo. Não poderia ser de outra forma, pois sempre que um cristão perde seu apego ao Senhor, ele inevitavelmente volta à velha vida da qual foi salvo. Nenhuma condição mais indefesa pode existir no mundo do que estar sem Deus.

Outro Evangelho

Como pode haver "outro evangelho"? O verdadeiro evangelho “é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê" (Romanos 1:16). Deus mesmo é o poder, e abandonando-lo significa deixar o evangelho de Cristo.

Nada pode ser chamado de evangelho a menos que professe dar salvação. Aquilo que nada afirme oferecer, senão a morte, não pode ser chamado de um "evangelho", que significa "boas novas" ou "feliz notícia". Uma promessa de morte não se ajusta a esta definição. Para que qualquer falsa doutrina passe como o evangelho, deve fingir ser o caminho da vida, de outro modo não poderia enganar as pessoas. Os gálatas estavam sendo seduzidos a apartar-se de Deus por algo que lhes prometia vida e salvação, mas por um poder que não o de Deus. Este outro evangelho era apenas um evangelho humano. A farsa nada é. Uma máscara não é uma pessoa. Portanto, este outro evangelho, para o qual os irmãos gálatas estavam sendo atraídos, era apenas um evangelho pervertido, uma falsificação, uma fraude, e não real evangelho de modo algum.

Isto nos leva à pergunta, o que é o verdadeiro evangelho? É aquele que Paulo proclamou? Ou o que os outros pregaram?

[17] Tão certamente como Jesus Cristo é para nós o poder de Deus, e não há nenhum outro nome, além do de Jesus, pelo qual salvação possa ser obtida, assim só pode haver um único verdadeiro evangelho. O que Paulo pregou aos gálatas e aos coríntios também, "Jesus Cristo, e este crucificado" (1ª Cor 2:2, veja também Gal. 2:20 e 6:14), era o evangelho pregado por Enoque, Noé, Abraão, Moisés e Isaías. "A Ele dão testemunho todos os profetas, de que, através do Seu nome, todo aquele que n'Ele crê receberá a remissão dos pecados" (Atos 10:43, KJV).

Se um homem, ou mesmo um anjo do céu, pregasse ao contrário do que Paulo e os profetas pregaram, ele estaria se colocando sob uma maldição. Não há dois padrões de certo e errado. O que traria uma maldição hoje teria produzido o mesmo cinco mil anos atrás. O caminho da salvação tem sido exatamente o mesmo em todos os tempos. O evangelho pregado “primeiro a Abraão” (Gálatas 3:8) era genuíno, anjos tendo sido enviados a ele; e os antigos profetas pregaram o mesmo evangelho, 1ª Pedro 1: 11, 12. Se o evangelho pregado por eles naquele tempo tivesse sido diferente do que o proclamado por Paulo, até eles teriam sido "amaldiçoados".

Mas por que alguém deveria ser "amaldiçoado" por pregar um evangelho diferente? Porque ele é o meio de prender outros na maldição, levando-os a confiar sua salvação em algo que nada é. Uma vez que os gálatas estavam abandonando a Deus, eles estavam confiando em suposto poder humano, o próprio poder deles, para salvação. Mas nenhum homem pode “remir” a outro, Salmo 49: 7, 8, e "maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor" (Jer. 17:5). Aquele que guia os homens à maldição, certamente, será amaldiçoado.

"Maldito aquele que fizer que o cego erre de caminho" (Deut. 27:18). Se isto ocorrer com quem cause um homem, fisicamente cego, a errar, quanto mais certo se aplicará a alguém que faça uma alma tropeçar para sua ruína eterna! O que pode ser mais fatal do que enganar o povo com uma falsa esperança de salvação? É levar as pessoas a construir sua casa sobre o “poço do abismo” (Apoc. 9:1).

Mas há alguma possibilidade de que um "anjo do céu" possa pregar qualquer outro que não o verdadeiro evangelho? Certamente, mas ele não seria um anjo vindo recentemente do céu. "O próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros [18] da justiça" (2ª Cor. 11: 14, 15). São eles que vêm professando ser os espíritos dos mortos, e trazendo mensagens recentes dos reinos de além-túmulo. Eles, invariavelmente, pregam "outro evangelho" diferente do evangelho de Jesus Cristo. Cuidado com eles. "Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus" (1ª João 4:1). "À lei e ao testemunho: se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles" “Isaías 8:20). Ninguém precisa ser enganado, desde que tenha a Palavra de Deus. Na verdade, é impossível que o seja, enquanto se agarrar a ela.

10 Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

Nos três primeiros séculos a igreja foi fermentada com o paganismo, e apesar das reformas, ainda persiste muito dele. Este foi o resultado de tentar "agradar os homens." Os bispos achavam que poderiam ganhar influência entre os pagãos, relaxando algum rigor dos princípios do evangelho, e assim o fizeram. O resultado foi a corrupção da igreja.

O amor-próprio está sempre no fundo dos esforços para conciliar e agradar aos homens. Os bispos desejavam (muitas vezes, talvez sem ter consciência disso) atrair “os discípulos após si” (Atos 20:30). A fim de ganhar o favor do povo, tinham que comprometer e perverter a verdade.

Isso estava acontecendo na Galácia. Homens estavam pervertendo o evangelho. Mas Paulo estava buscando agradar a Deus e não aos homens. Ele foi o servo de Deus, e somente a Ele tinha que satisfazer. Este princípio é verdadeiro em cada tipo de serviço. Empregados que tentam apenas contentar os homens não serão funcionários fiéis, pois eles farão um bom trabalho só se estiverem sendo vistos e negligenciarão qualquer tarefa que não possa estar sob o olhar dos inspetores. Assim Paulo exorta: "Vós servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens ... e tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor" (Col. 3:22-24)

Há uma tendência em obscurecer os detalhes da verdade, para não perdermos o favor de alguma pessoa rica ou influente. Quantos têm sufocado convicções, temendo a perda de dinheiro ou posição! Que cada um de nós se lembre: "Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.” Mas isso não significa que devamos ser [19] severos e descorteses. Nem que precisemos estar predispostos a ofender alguém. Deus é bondoso para com os ingratos e profanos. Devemos ser ganhadores de almas e para isso precisamos ter abordagem evangelistica. Devemos apresentar apenas os encantamentos de Cristo, o amoroso crucificado.

11 Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado, não é segundo os homens.

12 Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

O evangelho é divino, não humano. No primeiro verso o apóstolo diz que não foi enviado por homem, e ele não está ansioso para agradar o homem, mas somente a Cristo. Agora, ficou bem claro que a mensagem que ele trazia era inteiramente do céu. Por nascimento e educação, ele era contrário ao evangelho, e quando ele se converteu, foi por uma voz que ouviu do céu. O próprio Senhor lhe apareceu no caminho, enquanto ele estava respirando ameaças e morte contra os santos de Deus, Atos 9:1-22.

Não há duas pessoas cuja experiência na conversão seja a mesma, mas os princípios gerais são os mesmos em todos. Com efeito, cada pessoa deve ser convertida assim como Paulo o foi. A experiência raramente será tão impressionante, mas se ela é genuína, deve ser uma revelação do céu, tão certo como o foi a de Paulo. "Todos os Teus filhos serão ensinados do Senhor" (Isaías 54:13). "Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a Mim" (João 6:45). "A unção que vós recebestes dEle, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine" (1ª João 2:27).

Não cometa o erro de supor que isto acaba com a necessidade de qualquer intervenção humana no evangelho. Deus pôs na igreja apóstolos, profetas, professores e outros, 1ª Cor. 12:28, mas é o Espírito de Deus que opera em todos estes. Não importa por meio de quem alguém ouve pela primeira vez a verdade, ele deve recebê-la como vindo diretamente do céu. O Espírito Santo capacita aqueles que desejam fazer a vontade de Deus para identificar o que é verdade, assim que a vejam ou ouçam, e eles a aceitam, não pela autoridade do homem por de quem ela veio para eles, mas pela autoridade do Deus da verdade. Podemos estar tão certos da verdade que temos e ensinamos, como o apóstolo Paulo estava.

Mas sempre que alguém cita o nome de algum erudito altamente estimado, para justificar sua crença, ou para dar mais peso a ela, junto a alguma pessoa a quem ele pretende convencer, você pode ter certeza de que ele mesmo [20] não sabe a verdade do que ele professa. Pode ser a verdade, mas ele não sabe por si mesmo que ela é verdade. É privilégio de todo mundo saber a verdade, João 8:31, 32. E quando se tem uma verdade diretamente de Deus, dez mil vezes dez mil grandes nomes em seu favor não adicionam o peso de uma pena a sua autoridade, nem é sua confiança no mínimo abalada se todos os grandes homens na terra a ela se opuserem.

A Revelação de Jesus Cristo.

Note que a mensagem de Paulo não é simplesmente uma revelação que vem de Jesus Cristo, mas é "a revelação de Jesus Cristo." Não é simplesmente que Cristo disse algo a Paulo, mas que Ele Se revelou ao apóstolo. O mistério do evangelho é Cristo no crente, a esperança da glória, Col. 1:25-27. Somente assim pode ser conhecida, e ser dada a conhecer a verdade de Deus. Cristo não fica à distância e estabelece princípios certos para seguirmos, mas Ele impressiona a Si mesmo sobre nós, toma posse de nós, na medida em que nos submetemos a Ele, e torna manifesta a Sua vida em nossa carne mortal. Sem esta vida brilhando, não pode haver pregação do evangelho. Jesus foi revelado em Paulo a fim de que Paulo O pregasse entre os gentios. Não era para ele pregar sobre Cristo, mas para pregar o próprio Cristo. "O que nós pregamos não é a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor" (2ª Cor. 4:5, KJV).

Deus está esperando, e ansioso para revelar Cristo em cada homem. Lemos dos homens "que por sua maldade suprimem a verdade" e que "o que pode ser conhecido sobre Deus é manifesto entre eles," como em tudo o que Deus fez, Seu "eterno poder e divindade" são claramente vistos (Romanos 1 :18-20, KJV). Cristo é a verdade, João 14:6, e também “o poder de Deus” (1ª Coríntios 1:24), e Ele é Deus, João 1:1. Portanto, o próprio Cristo é a verdade que os homens "suprimem". Ele é a palavra divina de Deus, dada a todos os homens, para que possam cumpri-la, Deuteronômio 30:14, Romanos 10:6-8.

Mas em muitas pessoas, Cristo é tão "suprimido", que é difícil reconhecê-Lo. O próprio fato de que eles vivem é uma prova de que Cristo os ama e os quer salvar. Mas Ele é forçado a esperar pacientemente o momento em que eles recebam a palavra e, assim, a Sua perfeita vida se manifeste neles.

Isto pode ocorrer em "quem quiser" agora, não importa quão pecador e degradado possa ser. Isto agrada a Deus; permita-O fazê-lo parar de resistir.

[21] 13 Porque já escutar qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a igreja de Deus e a assolava.

14 E na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.

15 Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça,

16 Revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue,

17 Nem tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco.

Por que Paulo persegui a Igreja de forma tão violenta e tentou destruí-la? Ele nos diz simplesmente que ele era zeloso das tradições de seus pais! Perante Agripa, ele disse: "Bem tinha eu imaginado que contra o nome de Jesus Nazareno devia eu praticar muitos atos; O que também fiz em Jerusalém. E, havendo recebido autorização dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matavam eu dava o meu voto contra eles. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui” (Atos 26:9-11).

Todo este zelo insensato pelas tradições de seus pais, Paulo pensava que era "zeloso de Deus" (Atos 22:3).

Parece quase incrível que alguém professando adorar o verdadeiro Deus pudesse ter tais falsas idéias dEle como supor que Ele está satisfeito com esse tipo de serviço; entretanto este cruel e implacável perseguidor dos cristãos poderia dizer anos mais tarde: "Até o dia de hoje tenho andado diante Deus com toda boa consciência" (Atos 23:1). Embora tentando silenciar a crescente convicção sobre ele, ao testemunhar a paciência dos cristãos e ouvir seus testemunhos em favor da verdade ao morrerem, Saulo não estava intencionalmente sufocando a sua consciência. Pelo contrário, ele estava se esforçando para preservar uma boa consciência! Tão profundamente lhe tinham sido ensinadas as tradições farisaicas que ele estava certo de que essas inconvenientes convicções deviam ser sugestões de um espírito maligno, as quais tinha o dever de reprimir. Assim, as convicções do Espírito de Deus por um tempo só o levaram a redobrar seu zelo contra os cristãos. De todas as pessoas no mundo, Saulo, o fariseu cheio de justiça própria, não tinha preconceito em favor dos cristãos. Ele era realmente um jovem promissor, a quem os governantes dos judeus olhavam com orgulho e esperança, crendo que ele iria contribuir muito para a restauração da nação judaica e da religião à sua antiga grandeza. Do ponto de vista do mundo havia um promissor [22] futuro diante de Saul. Mas o que para ele era ganho, reputou-o ele perda por Cristo, por quem sofreu a perda de todas estas coisas, Fil. 3: 7 e 8.

Mas o judaísmo não era a religião de Deus e de Jesus Cristo. Era tradição humana. Muitos cometem um grande erro ao considerar o "judaísmo" a religião do Velho Testamento. O Velho Testamento não ensina judaísmo assim como o Novo Testamento não ensina romanismo. A religião do Velho Testamento é a religião de Jesus Cristo.

Quando Paulo estava "no judaísmo", ele não acreditava no Velho Testamento, que lia e ouvia diariamente, porque ele não o entendia, caso contrário, teria facilmente crido em Cristo. "Os que habitam em Jerusalém, e seus governantes, porque não O conheciam, nem a voz dos profetas que se lêem todos os sábados, eles as cumpriram ao condená-Lo" (Atos 13: 27, KJV).

A tradição dos pais os levou a quebrarem os mandamentos de Deus, Mateus 15: 3. Deus disse do povo judeu: "Este povo se aproxima de Mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de Mim. Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens" (Versos 8 e 9). Jesus não tinha nenhuma palavra de condenação para Moisés, e seus escritos. Ele disse aos judeus: "Se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque ele escreveu a Meu respeito" (João 5:46). Tudo o que os escribas leram e ordenaram a partir de seus escritos, era para ser seguido, mas não se deveria seguir os seus exemplos, pois não obedeciam as Escrituras. “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem” (Mat. 23: 2 e 3). Cristo disse mais deles, “Atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los” (verso 4).

Estes “fardos pesados” não eram os mandamentos de Deus, pois "os Seus mandamentos não são pesados" (1ª João 5:3), e as cargas não eram de Cristo, pois o Seu "fardo é leve" (Mateus 11:30). Estes mestres judaizantes não estavam apresentando a Bíblia ou qualquer parte dela para os novos conversos, ou tentando levá-los a seguir as Escrituras escritas por Moisés. Longe disso! Eles os estavam levando para longe da Bíblia e substituindo os ensinos dela por mandamentos de homens. Isso foi que despertou o espírito de Paulo. A religião dos judeus era algo completamente diferente da religião de Deus como ensinado na lei, nos profetas e nos salmos.

A caminho de Damasco, "respirando ainda ameaças e mortes" (Atos 9:1), Saulo estava agindo com plena autoridade para prender e [23] levar para o cárcere todos os cristãos, tanto homens como mulheres, quando, de repente, ele foi detido, não por mãos humanas, mas pela subjugante glória do Senhor. Três dias depois o Senhor disse a Ananias, ao enviar-lhe para recuperar a visão a Saulo, "Este é para Mim um vaso escolhido, para levar o Meu nome diante dos gentios" (Atos 9:15).

Quanto tempo antes disso tinha Saulo sido escolhido para ser o mensageiro do Senhor? Ele mesmo nos diz: Antes de eu nascer, Gal. 1:15. Ele não é o primeiro dos quais lemos que desde o nascimento foi escolhido para a sua obra. Lembre-se do caso de Sansão. Juízes 13. João Batista foi chamado e seu caráter e obra foram descritos meses antes de ele nascer. O Senhor disse a Jeremias: "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei: às nações te dei por profeta" (Jer. 1:5). O rei pagão Ciro foi nomeado mais de cem anos antes de nascer, e sua parte na obra de Deus foi-lhe dada a conhecer, Isaías 44:28; 45:1-4.

Estes não são casos isolados. É tão verdadeiro para todos os homens como era dos tessalonicenses que Deus os escolheu "desde o princípio, para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade" (2ª Tess. 2: 13). A cada um compete confirmar esta vocação e eleição. E “Deus ... que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade" (1ª Timóteo 2: 3, 4), também deu “a cada um a sua obra” (Marcos 13:34). Assim, Aquele que não Se priva de testemunhas, até na criação inanimada, espera que o homem — a obra-prima da criação — Lhe renda, voluntariamente, tal testemunho, como só a inteligência humana o pode fazer.

Assim, Aquele que tem ciência de que até a criação inanimada dá testemunho dEle, espera que o homem — a obra-prima da criação — Lhe renda, voluntariamente, este testemunho, tal como só a inteligência humana o pode fazer.

Todos os homens são escolhidos para serem testemunhas de Deus, e a cada um é designado o seu trabalho. Durante toda a vida o Espírito está se empenhando com cada homem, para induzi-lo a se permitir ser usado para a obra a que Deus o chamou. Apenas o dia do juízo revelará as oportunidades maravilhosas que os homens imprudentes descartaram. Saulo, o perseguidor violento, se tornou o apóstolo poderoso. Quem pode imaginar todo o bem que poderia ter sido feito por outros homens, cujo grande poder sobre seus companheiros tem sido exercido apenas para o mal, se também tivessem se rendido à influência do Espírito Santo? Nem todo mundo pode ser um Paulo, mas a verdade é que cada um, de acordo com a capacidade que Deus lhe deu, é escolhido e chamado por Deus para testemunhar dEle, vai dar à vida um novo significado.

Que maravilhoso, alegre, e ainda solene pensamento, [24] vermos homens ao nosso redor, a quem Deus deu uma obra peculiar para fazer! Todos eles são servos do Deus Altíssimo, cada um designado para um serviço especial. Devemos ser extremamente cuidadosos em não prejudicar ninguém, no mínimo que seja, no desempenho de sua tarefa designada pelo Céu.

Considerando que é Deus quem dá a cada um o seu trabalho, todos devem receber suas ordens de Deus e não dos homens. Portanto, devemos tomar cuidado em ditar aos homens sobre o dever deles. O Senhor pode torná-lo claro para eles, assim como a nós, e se eles não O ouvirem, também não nos ouvirão, mesmo se pudéssemos orientá-los no caminho certo. "Não é do homem que caminha o dirigir os seus passos" (Jeremias 10:23), e muito menos dirigir os passos de outro homem.


Consultando a carne e o sangue

Foi somente depois de três anos da sua conversão que Paulo subiu a Jerusalém. Então, ele ficou apenas 15 dias lá, e viu apenas dois dos apóstolos. Os irmãos estavam com medo dele e não acreditaram imediatamente, que ele fosse um discípulo. Assim, é evidente que ele não recebeu o evangelho de qualquer homem.

Há muito a se aprender com Paulo não consultando com carne e sangue. Para ter certeza, ele não tinha necessidade disto, uma vez que ele tinha a palavra do Senhor. Mas tal procedimento de Paulo não é de forma alguma comum. Por exemplo, um homem lê uma coisa na Bíblia e, em seguida, pede a opinião de algum outro homem antes que ele ouse crer. Se nenhum dos seus amigos crê, teme aceitá-la. Se o seu pastor, ou algum comentário, explica o texto, então aceita. A "carne e sangue" ganham a disputa contra o Espírito e a palavra.

Pode ser que o mandamento seja tão claro que não haja nenhuma desculpa razoável para perguntar a alguém o que significa. Então a pergunta é: "Posso me dar ao luxo de fazer isso? Não custará muito sacrifício?" O mais perigoso de se consultar é a nossa própria "carne e sangue". Não é suficiente ser independente dos outros; em matéria de verdade é preciso ser independente de si mesmo. "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento" (Provérbios 3:5).

Um papa é aquele que se atreve a ocupar o lugar no conselho, que por direito pertence somente a Deus. O homem que se faz papa, seguindo seu próprio conselho, é tão reprovável como o homem que dita a outro, e ele tem mais chances de ser desviado do que o homem que segue algum outro papa que não ele mesmo. Se fosse para [25] seguir um papa em tudo, ele seria mais coerente em aceitar o papa de Roma, porque ele tem mais experiência no papado do que qualquer outro. Mas nada disso é necessário, pois temos a Palavra de Deus. Quando Deus fala, o sábio é obedecer prontamente, sem tomar conselho até mesmo do próprio coração. O nome do Senhor é "Conselheiro" (Isaías 9:6), e Ele é "Maravilhoso" em aconselhar. Ouvi-O!


Imediatamente

Paulo não perdeu tempo. Ele pensou que estava servindo a Deus ao perseguir a igreja, e, no momento em que descobriu seu erro, ele mudou. Quando ele viu Jesus de Nazaré, ele O reconheceu como seu Senhor e, imediatamente, gritou: "Senhor, que queres que eu faça?" (Atos 9:6). Ele estava pronto para começar a trabalhar do modo correto, e, imediatamente. Será que todas as pessoas podem dizer verdadeiramente: "Apressei-me, e não me demorei a observar os teus mandamentos" (Salmo 119:60, KJV). "Correrei pelo caminho dos teus mandamentos, quando Tu aumentares a minha compreensão" (Verso 32, KJV).

Paulo diz que Cristo foi revelado nele para que ele pudesse pregar entre os gentios, isto é, os pagãos. Em 1ª Coríntios 12:2, lemos: "Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados." Note que os corintios eram "gentios", mas o deixaram de ser ao se tornarem cristãos!

"Primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para Seu nome" (Atos 15:14) e Tiago se refere aos crentes em Antioquia e em outros lugares como "aqueles, dentre os gentios que se convertem a Deus" (Verso 19). O povo de Deus é tomado dentre os gentios, mas uma vez que tenham sido tomados, deixam de ser gentios. Abraão, o pai de Israel, foi tirado dentre os gentios. Assim é que "todo o Israel será salvo" pela entrada da plenitude dos gentios, Romanos 11:25, 26.

O Senhor estava tão ansioso para a conversão dos gentios três mil anos atrás, como Ele o está hoje. O evangelho foi pregado a eles antes da primeira vinda de Cristo, assim como o foi depois. Por muitas agências o Senhor Se fez conhecido entre todas as nações. Jeremias foi especialmente escolhido como profeta para os gentios ou pagãos. "Antes que te formasse no ventre, te santifiquei; às nações e te dei por profeta” (Jeremias 1:5). A palavra hebraica da qual a [26] palavra "nações" é traduzida é a mesma que regularmente se traduz como "pagãos". Que ninguém diga que Deus sempre restringiu Sua verdade para qualquer povo, seja judeu ou gentio. "Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que O invocam" (Romanos 10:12).


A Pregação do Novo Converso

Assim que Paulo se converteu, "imediatamente ele proclamou Jesus" (Atos 9:20). Não foi maravilhoso que ele devesse imediatamente ser capaz de pregar de forma tão poderosa? De fato, é maravilhoso que alguém possa pregar Cristo. Mas não suponha que Paulo conseguiu seu conhecimento instantaneamente, sem qualquer estudo. Lembre-se que ele tinha em toda a sua vida sido um diligente estudante das Escrituras. Paulo, que tinha mais desenvolvimento do que qualquer outro de sua idade, era tão familiar com as palavras da Bíblia como um inteligente estudante é com a tabuada de multiplicação. Mas sua mente estava ofuscada pelas tradições dos pais, que simultaneamente lhe tinham sido inculcadas. A cegueira que sobreveio a ele no caminho para Damasco, era uma representação da cegueira de sua mente, e as escalas que lhe caíram dos olhos, quando Ananias falou com ele, indicavam a iluminação da palavra dentro dele, e a dispersão das trevas da tradição.

Podemos estar certos de que, desde que pregação era a obra de sua vida, ele não gastou todos os meses que esteve na Arábia em estudo e contemplação. Ele tinha sido um tão severo perseguidor, e tinha recebido tão ricamente da graça de Deus, que ele contou como perdido todo o tempo em que ele não pode revelar aquela graça aos outros, e em reação a isso disse: "Ai de mim, se não anunciar o evangelho!" (1ª Coríntios 9:16). Ele pregava nas sinagogas em Damasco, logo que ele se converteu, antes de ir para a Arábia. Então, é natural concluir que ele pregou o evangelho aos árabes. Ele podia pregar lá sem a oposição que ele sempre recebeu quando entre os judeus, e, portanto, seu trabalho não interferiria muito em sua meditação no novo mundo que tinha acabado de se abrir diante dele.

18 Depois, passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias;

19 E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.

20 Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto.

21 Depois fui para as regiões da Síria e da Cilícia.

22 E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo;

23 Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora [27] a fé que antes destruía.

24 E glorificavam a Deus a respeito de mim.

Que ninguém tenha a qualquer opositor do evangelho como incorrigível. Aqueles que fazem oposição devem ser instruídos com mansidão, pois quem sabe se Deus lhes dará arrependimento para o reconhecimento da verdade?

Alguém poderia ter dito de Paulo: "Ele teve a luz tão claramente quanto qualquer homem pode ter. Ele teve todas as oportunidades; ele não apenas ouviu o testemunho inspirado de Estevão, mas ele ouviu as confissões moribundas de muitos mártires. Ele é um miserável endurecido de quem é inútil se esperar qualquer coisa boa." No entanto, este mesmo Paulo se tornou o maior pregador do evangelho assim como ele tinha sido o mais amargo perseguidor.

Existe um opositor maligno da verdade? Não o combata, nem o censure. Deixe que ele tenha toda a amargura e conflito consigo mesmo, enquanto você se agarre à palavra de Deus e à oração. Pode não demorar muito até que Deus, que é agora blasfemado, sejá glorificado nele.


Glorificando a Deus

Quão diferente foi o caso de Paulo dos que daqueles a quem ele disse, "O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós" (Romanos 2:24). Todo aquele que professa ser um seguidor de Deus deve ser um meio de trazer glória ao Seu nome, ainda que muitos façam com que Ele seja blasfemado. Como podemos fazer com que o Seu nome seja glorificado? "Deixe a sua luz brilhar diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:16, KJV).