quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Lição 3, A Unidade do Evangelho, por Todd Guthrie


Para 8 a 15 de outubro de 2011


Catorze anos após sua visita inicial com Pedro e Tiago (Gálatas 1:18, 19), Paulo retorna a Jerusalém para participar de um concílio da igreja. Isso teria sido 17 anos depois de sua conversão, (cerca de 51 d.C.). A data e a agenda indicam claramente que este é o Concílio de Jerusalém sobre o qual Tiago presidiu (Atos 15). A razão de Paulo para comparecer perante esta assembléia foi "subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios" (Gálatas 2:2).
No passado houve "alguns que tinham descido da Judéia, ensinavam assim os irmãos: se não vos circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis salvar-vos. Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns dentre ele, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão" (Atos 15:1, 2).
Devido a estes que insistiam que a circuncisão era necessária para a salvação, Paulo tomou Tito, um gentio incircunciso, a este Conselho. Os judeus tentaram obrigar Tito para ser circuncidado. A questão foi grande porque tivessem esses legalistas prevalecido, o rito teria sido imposto a todos os gentios, e esta teria sido uma rejeição do próprio evangelho. Paulo se opôs veementemente a toda esta insanidade, rotulando-a como salvação pelas obras. A circuncisão era, inicialmente, uma coisa insignificante, mas insistindo-se como algo necessário à salvação, se tornaria uma escravidão. Se ele consentisse em um pequeno aspecto, teria aberto a porta para uma enxurrada de todas as práticas legalistas entrarem na igreja. Portanto, Paulo declarou que a circuncisão não devia ser feita uma exigência. A controvérsia foi entre o verdadeiro evangelho e um evangelho falsificado; entre a liberdade em Cristo ou servidão a Satanás. Deus quer um coração rendido, enquanto o homem prefere algum ritual simbólico para que ele possa apontar como uma razão pela qual ele deva ser salvo.
Todas as "obras da carne" são pecados e "os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus" (Gálatas 5:19, 21). Um estudioso cristão e teólogo declarou: "O pecado é uma escravidão, e ensinar aos homens a colocarem sua confiança em uma falsa esperança, que vai levá-los a ficar satisfeitos com seus pecados, pensando que eles estão livres deles, é simplesmente prendê-los em cativeiro" (E. J. Waggoner, O Evangelho em Gálatas, pág. 10). Muitas igrejas cristãs falsamente proclamam: "Você não tem que preocupar-se com permitir Cristo entrar em sua vida. Você não precisa deixá-Lo lhe tornar obediente à Sua palavra." As pessoas são levadas a confiar em uma falsa esperança de que Deus vai salvá-las "em" seus pecados, ao invés "dos" seus pecados, Mateus 1:21, Romanos 6:1, 2. Eles continuam em seus pecados, crendo que não há nenhuma verdadeira vitória a ser alcançada.
Há dois extremos nos quais as pessoas gravitam, e o diabo não se importa com qual das duas uma pessoa escolha; quer sejam tentados a salvar-se por algum tipo de obra, ou a falsa esperança de que alguém pode ser salvo enquanto vive em deliberada desobediência à palavra de Deus.
Aqueles que apresentavam um evangelho pervertido não eram verdadeiros cristãos, mas "falsos irmãos". Jesus tinha avisado a sua igreja de "lobos" "vestidos como ovelhas" (Mateus 7:15). Esses lobos existem hoje na igreja. Observe, entretanto, que Paulo nunca disse que, porque há falsos irmãos na igreja, saia dela, ou porque há hipócritas na igreja, não vá lá. Ao contrário, ele diz que há falsos irmãos na igreja, e temos de estar conscientes disso — e enfrentá-los — e apresentar a verdade, de modo que o erro não prevaleça dentro da igreja.
Paulo disse que ele não “cedia com sujeição” a esses falsos irmãos nem por uma hora "para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós" (Gal. 2:5). Você deseja que a verdade do evangelho continue? Se sim, então imite os bereanos, que estudavam diligentemente para descobrir se os ensinamentos que ouviam eram solidamente fundamentados na Bíblia. Em seguida, anuncie a verdade, mas fale contra os erros de um evangelho pervertido.
Quando Paulo viu Pedro fazer algo que ele não deveria estar fazendo, Paulo o defrontou cara a cara. Há uma lição muito importante a ser aprendida aqui. Se você alguma vez vê um irmão ou irmã em falta, sempre os confronte no rosto, ou pessoalmente. Que enorme quantidade de tristeza, angústia, e conflitos seriam evitados, se nós simplesmente seguíssemos esse princípio bíblico. Até mesmo o rei pagão Nabucodonosor, quando soube que Sadraque, Mesaque, e Abednego não obedeceram a sua ordem de adoração de uma imagem, não simplesmente acreditou no relatado, mas confrontou-os no rosto e perguntou: "É verdade ...?" (Daniel 3:14, KJV). Não devem os discípulos de Jesus fazer assim também?
A “dissimulação" e hipocrisia de Pedro enfraqueceram a igreja. Esta fraqueza da parte dos amados e respeitados líderes, deixou uma dolorosa impressão sobre os crentes gentios e lançou uma pedra de tropeço diante deles. Deixados a nós mesmos, estamos todos aptos a vacilar da fidelidade a Deus para uma relação indevida a fim de agradar as pessoas. Devemos manter Cristo sempre perante nós, e nunca nos esquecermos da má influência de nossos maus exemplos sobre os outros. Por causa de ações hipócritas de Pedro, Barnabé e outros seguiram o exemplo. A igreja de Cristo foi ameaçada e o coração de Cristo condoeu-se.
Quando vemos alguém que não está andando "bem e diretamente conforme a verdade do evangelho" (Gal. 2:14), devemos primeiro ter certeza de que o nosso problema não são os nossos próprios gostos, desgostos, idéias e preferências. Se você acha que um irmão ou irmã está errado, e você não pode comprovar claramente a sua preocupação a partir da palavra de Deus, não os incomode. Mas se você os vê andando ao contrário do que você sabe ser a palavra de Deus, não ouse permanecer em silêncio do contrário a tua própria alma estará em perigo. Tornar-se-ia evidente, perante o céu e a terra, que você “não seria servo de Cristo” (Gál. 1:10).
Pedro pregava uma coisa e praticava outra e a igreja sofreu. Alguns simplesmente tropeçaram na inconsistência, enquanto outros caem em mais profundo erro e hipocrisia. Essa ação da parte de Pedro e dos outros não era apenas uma negação do evangelho, mas era uma virtual negação de Cristo. Pedro estava presente no Concílio de Jerusalém quando foi declarado que a circuncisão não era necessária para a salvação e, portanto, isto não deveria se tornar um empecilho, Atos 15:1-24. Ele tinha encontrado esta situação antes, quando Deus tinha revelado a ele, claramente, que ele não devia considerar a nenhum homem como "comum ou imundo" (Atos 10:28). Ele tinha mesmo declarado "Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que Lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, O teme e faz o que é justo" (Atos 10:34, 35). Claro testemunho tinha sido dado pelo Espírito Santo, por outros apóstolos, e pelo corpo organizado da igreja de que não deveria haver distinção entre judeus e gentios, e que a justiça é somente pela fé em Cristo Jesus. À luz de tudo isso, Pedro e outros se afastaram dos crentes gentios não circuncidados. Esta discriminação estava na verdade dizendo: "Se não vos circuncidardes ... não podeis salvar-vos" (Atos 15:1).
O ensinamento de que a fé em Cristo é essencial, mas insuficiente, está no centro desta grande heresia. A crença de que certas obras meritórias devem ser realizadas a fim de receber a salvação, atinge o cerne do evangelho, e, portanto, Paulo opôs-se ao problema de frente.
Lembre-se que, embora Jesus tenha orado pela unidade entre os seus seguidores "não podemos nos render à verdade a fim de realizar esta união, pois o exato meio pelo qual ela deve ser adquirida é a santificação através da verdade. Sabedoria humana mudaria tudo isso, pensando que esta base de união é muito estreita. Os homens efetuariam uma união através de conformidade com opiniões populares, através de um compromisso com o mundo. Mas a verdade é a base de Deus para a unidade do Seu povo" (Ellen White, Obreiros Evangélicos, edição de 1892, página 391). Escrevendo dos cristãos primitivos, a mensageira de Deus disse: "Se a unidade só se pudesse conseguir comprometendo a verdade e a justiça, seria preferível que prevalecessem as diferenças e as consequentes lutas" (Ellen White, O Grande Conflito, página 45).
—Todd Guthrie


O irmão Todd Guthrie, é um médico adventista, membro da Mesa administrativa do Comitê de Estudos de Mensagem de 1888. Ele é ancião na sua igreja adventista local, e constantemente está envolvido em organizar e executar programas musicais para acontecimentos importantes da Igreja Adventista nos EUA e em outros países. Ele e sua família sempre aparecem no canal de televisão adventista Three Angels Broadcasting Network [Canal de Televisão Três Anjos] com música tanto vocal quanto instrumental.