quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Capítulo 28 — O Contorno por Edom

O Êxodo e os Movimentos do Advento

em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.

Postado em 25/11/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com

Capítulo 28 — O Contorno por Edom

Pág. 203 {134} Segunda Derrota. Na segunda vez em Cades-Barneia, “a porta para a terra prometida”, Israel foi derrotado no seu esforço de entrar em Canaã. Nas águas de Meribá Satanás tinha triunfado novamente no seu plano para frustrar o objetivo de Deus para o Seu povo. “Desde que saíram do Egito, estivera Satanás constantemente em atividade para criar obstáculos e tentações em seu caminho, para que não herdassem Canaã. E pela sua própria incredulidade eles tinham aberto a porta repetidamente, para resistir ao propósito de Deus”. [Patriarcas e Profetas, pág. 423]. A causa do fracasso foi a mesma que os manteve fora 38 anos antes. “Não puderam entrar por causa da sua incredulidade” [Hebreus 3:19].

Lições Não Aprendidas. O principal objetivo da jornada pelo deserto foi ensinar aos israelitas lições de fé e paciência para prepará-los para a terra prometida. A conduta deles em Cades-Barneia indicou que essas lições ainda não tinham sido aprendidas. “Em Refidim, quando o povo teve sede, revelaram-se novamente orgulhosos, e mostraram que ainda possuíam um mau coração de descrença, de murmuração, de rebelião, o que revelava o fato que ainda não era seguro estabelecê-los na terra de Canaã” [Testemunhos para a Igreja, vol. 2, pág. 107]. Os israelitas e os seus líderes não conseguiram superar as provas de fé e paciência e foram enviados de volta ao deserto novamente.

O Propósito de Deus. Era intenção de Deus conduzir O Seu povo pela terra de Edom numa marcha triunfante para Canaã. O Senhor lhes teria dado favor para com os edomitas que eram descendentes de Esaú, e por isso, seus parentes. “Tivessem eles passado por Edom desta maneira, como era o propósito de Deus, a passagem ter-se-ia mostrado ser uma bênção, não somente para eles próprios, mas também para os habitantes da terra. … Mas a incredulidade de Israel impediu que isto acorresse. Deus tinha dado ao povo água, em resposta aos seus clamores, mas permitiu que de sua incredulidade resultasse seu castigo. Novamente deviam cruzar o deserto e saciar sua sede pela fonte miraculosa, o de que não mais teriam necessidade caso houvessem confiado nEle[Patriarcas e Profetas, pág. 424].

Pág. 204 {134} Um Contorno. Números 20:21,22; 21:4. A segunda jornada no deserto não foi tanto uma retirada, mas um contorno em redor de Edom, pela qual Deus tencionava conduzi-los. “Aos hebreus foi vedado fazer uso de força. Deveriam fazer a longa jornada ao redor da terra de Edom. Quando o povo fora provado, se tivesse confiado em Deus, o Capitão da hoste do Senhor os teria levado através de Edom, e o temor deles teria repousado sobre os habitantes da terra, de modo que, em vez de manifestarem hostilidade, ter-lhes-iam mostrado favor. Mas os israelitas não agiram prontamente à Palavra de Deus, e, enquanto estavam reclamando e murmurando, a oportunidade áurea passou” [Patriarcas e Profetas, págs. 422, 423. “Consequentemente as hostes de Israel volveram-se novamente ao Sul, e percorreram um caminho estéril e desabitado, que parecia mesmo mais enfadonho depois de um relance aos pontos verdejantes entre as colinas e vales de Edom” (idem, pág. 424].

Triste Experiência. Podemos imaginar bem a melancolia que se instalou sobre as hostes de Israel, ao novamente darem suas costas à {135} terra prometida sem saberem a extensão da sua segunda jornada no deserto, ou das dificuldades da sua viagem. Moisés e Aarão devem ter tido o coração quase partido ante o pensamento das terríveis previsões e especialmente de seu próprio fracasso em superar as provas de paciência. E também, Miriã, sua irmã, tinha morrido em Cades-Barneia. O primeiro acampamento parece ter sido junto ao Monte Hor, um dos picos de montanha de Seir. Aqui, sob a ordem de Deus, as vestes sacerdotais foram removidas de Aarão e dadas a seu filho, Eleazar, e Aarão, com Moisés e Eleazar, subiram ao topo da montanha e ali morreu (*Arão), sendo enterrado por seu irmão e pelo seu filho. Pode ser que a amarga decepção, somada ao remorso do seu próprio fracasso, apressaram a morte de Aarão. A combinação de eventos e circunstâncias junto com o conhecimento da aproximação de sua própria morte, sem o privilégio de conduzir Israel até a terra prometida, certamente entristeceram a vida de Moisés.

Pág. 204 {135} Uma Dura Marcha. (*“... a alma do povo angustiou-se naquele caminho”) Números 21:4. Este texto indica que a viagem em torno de Edom foi muito triste e desanimadora. É-nos dito que o caminho era por sobre uma planície cheia de pedras, arenosa e quase estéril, cercada por paredes de montanhas de ambos os lados, e (205) sujeita a violentas tempestades de areia [“Pulpit Commentary”, *vol. 2, pág. 272]. “Ao eles continuarem a sua jornada em direção ao Sul, sua rota era através de um vale quente, arenoso, sem sombra ou vegetação. O caminho parecia longo e difícil, e sofriam cansaço e sede. Novamente falharam em suportar a prova de sua fé e paciência. Ocupando-se continuamente com os aspectos escuros de suas experiências, se separaram mais e mais de Deus. Perderam de vista o fato de que se não tivessem murmurado quando cessou a água em Cades, ter-lhes-ia sido poupada a jornada em redor de Edom” [Patriarcas e Profetas, pág. 428].

Pág. 205 {135} Autoconfiança. Durante a viagem em volta de Edom os israelitas tiveram uma experiência que constituiu um aviso contra jactância e autoconfiança. Eles foram atacados e derrotados por uma nação dos cananeus. Estavam, então, recuando da direção de Canaã e ficaram certamente muito desanimados para uma luta decidida, e demasiado destituídos de fé em Deus. Humilhados por esta derrota eles buscaram a ajuda divina e seus inimigos foram derrotados. Ficaram então demasiadamente confiantes e jactanciosos e tomaram a glória para si próprios. “Esta vitória, em vez de inspirar gratidão, e levar o povo a sentir sua dependência de Deus, os fez jactanciosos e presunçosos. Logo caíram no velho hábito de murmurar. Estavam agora descontentes porque aos exércitos de Israel não fora permitido avançar contra Canaã imediatamente depois de sua rebelião devido ao relato dos espias, quase quarenta anos antes. Declararam que sua longa peregrinação pelo deserto fora uma demora desnecessária, arrazoando que poderiam ter conquistado seus inimigos tão facilmente naquele tempo como agora.” [Patriarcas e Profetas, pág. 428]. Ver Números 21:1-3.

Tempo de Retardamento. A segunda derrota do Israel em Cades não anulou o plano e propósito de Deus, mas retardou o seu cumprimento. O primeiro fracasso resultou num atraso e longo tempo de espera, que durou quase quarenta anos enquanto Israel jornadeava pelo deserto. O segundo fracasso, no mesmo lugar e pela mesma causa, resultou noutro atraso, ou tempo de espera no cumprimento do propósito de Deus para Israel. Este atraso, contudo, foi de breve duração em comparação (206) com o primeiro. Foi o resultado de um roteiro de contorno, e não uma retirada.

Pág. 206 {136} O Movimento do Advento. A hesitação do povo do Advento para aceitar plenamente a mensagem de 1888, ao ser repetida, está derrotando o propósito de Deus de derramar o Espírito Santo na chuva serôdia e “completará a obra e abreviá-la-á em justiça” (*Numa paráfrase de Isaias 10:22, Paulo diz, “uma destruição está determinada, transbordando em justiça”, Rom. 9:28). Não só têm o povo remanescente de Deus sido hesitante sobre a aceitação da mensagem de origem celeste que deve prepará-los para a trasladação, mas muitos têm manifestado decidida e até, em alguns casos, amarga oposição. Como predito, alguns dos opositores da mesma mensagem em 1888 revelaram “o mesmo espírito” novamente e manifestaram as mesmas “detestáveis características” que os levou a rejeitar a mensagem e desprezar os mensageiros naquela crise momentosa. Por mais de doze anos agora (*escrito em 1937) a mensagem à igreja laodiceanaa tem sido pregada com ênfase na necessidade da justiça imputada e comunicada de Cristo, e até aqui a aceitação tem sido morna, e a rica experiência espiritual pedida foi recebida somente por poucos.

O Propósito de Deus. Não pode haver nenhuma dúvida de que a repetição da mensagem que trouxe o Movimento do Advento às fronteiras da Canaã celeste, em 1888, levou o povo remanescente de Deus de volta ao mesmo lugar. A mesma mensagem também nos trouxe face a face com as mesmas questões e prova de fé. Era, portanto, propósito de Deus terminar rapidamente a Sua obra e conduzir o Movimento do Advento triunfantemente ao descanso celeste. Aqueles que pregaram a mensagem, e aqueles que a aceitaram, tinham certeza de que a obra seria terminada em apenas alguns anos. A mensagem laodiceana explicava plenamente a condição espiritual da Igreja e as razões do longo atraso para a vinda de Cristo, e o remédio laodiceano, tão apropriadamente preenche as necessidades espirituais do povo remanescente de Deus, que nenhum verdadeiro adventista do sétimo dia pode duvidar ser este o último chamado de Cristo a Seu povo.

Reavivamentos Espirituais. A repetição da mensagem de 1888 trouxe uma repetição dos abençoados resultados nas vidas daqueles que a aceitaram e estabeleceram a experiência da justiça imputada e comunicada de Cristo. O reconhecimento (207) de nossa miserável condição laodiceana e a aceitação pela fé do ouro da fé e amor e verdade, as vestes da justiça de Cristo, e a unção do Espírito Santo, trouxeram grandes reavivamentos em todas as partes do mundo onde a mensagem foi pregada. A mensagem trouxe nova esperança e gozo aos cansados peregrinos do Advento, muitos dos quais estavam se tornando “muito desanimados por causa do caminho” e lançando longe a sua confiança. O chamado para um “reavivamento espiritual e uma reforma espiritual” com base na mensagem laodiceana elimina qualquer dúvida, explica muitas questões enigmáticas, e mostra o caminho para fora do terrível deserto do pecado no qual o Movimento do Advento tem estado a vagar por tanto tempo num “miserável, e pobre, e cego e nu” estado espiritual.

Pág. 207 {136} Águas da Contenda. É-nos dito que a mensagem laodiceana e o chamado para reavivamento e reforma despertarão a ira do inimigo que fará todo esforço para detê-lo, causando sua oposição e rejeição. “Não há nada que Satanás tema tanto quanto que o povo de Deus prepare o caminho removendo todo obstáculo para que o Senhor possa derramar O seu Espírito Santo sobre uma Igreja que definha e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse, nunca haveria outro despertamento, grande ou pequeno, no tempo do fim. Mas não somos ignorantes de seus ardis. É {137} possível resistir ao seu poder. Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, as bênçãos virão. Satanás não mais poderá impedir que uma chuva de bênçãos desça sobre o povo de Deus mais do que pode fechar as janelas do céu a fim de que a chuva não se precipite sobre a terra.” “Satanás fará o possível para mantê-los num estado de indiferença e estupor” [Review and Herald de 22 de março de 1887, e 22 de novembro de 1902. Citado em “Cristo Nossa Justiça”, págs. 149, 160]. A mensagem laodiceana, portanto, sempre traz o povo de Deus “às águas da contenda” (*Num 20:13 e 24; Sal.106:32; 81:7).

Pág. 207 {137} A Sacudidura. É a oposição à mensagem laodiceana que produz a sacudidura entre o povo de Deus e separa o joio do trigo. “Perguntei sobre o significado da sacudidura que tinha visto, e foi mostrado que seria causada pelo testemunho direto expresso no conselho da Testemunha Verdadeira à igreja de Laodicéia. Isto produzirá efeito no (208) coração do que o receber, e o levará a empunhar a bandeira e propagar a verdade direta. Alguns não suportarão esse testemunho direto. Se levantarão contra ele, e isto é o que causará a sacudidura entre o povo de Deus. Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a metade da atenção que deveria receber. O solene testemunho, do qual depende o destino da igreja, tem sido levianamente apreciado, se não totalmente desprezado. Tal testemunho deve operar profundo arrependimento; todos os que verdadeiramente o recebem o obedecerão e serão santificados” [Primeiros Escritos, pág. 270].

Pág. 208 {137} Satanás Desesperado. Satanás sabe que o seu tempo é curto e ele, por isso, está ficando desesperado nos seus esforços para retardar o triunfo final do Movimento do Advento. Ele sabe que a aceitação da mensagem laodiceana, com o seu remédio completo, é o único meio pelo qual o povo remanescente de Deus pode receber a chuva serôdia e entrar na Canaã celestial. Ele, por isso, odeia a mensagem laodiceana e todos quantos a aceitam e a pregam, especialmente estes que a pregam. “Os ardis de Satanás são armados para nós tão certamente quanto o foram para os filhos de Israel pouco antes da sua entrada na terra de Canaã. Estamos repetindo a história daquele povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 160]. É de admirar que a repetição da mensagem de 1888, trouxe o Movimento do Advento “às águas da contenda?” (*Num. 20:13, 24; Sal.106:32).

Aversão a Divisão. Não há nada que os genuínos cristãos mais aborreçam do que luta e divisão, e isto é especialmente verdadeiro quanto aos líderes da Igreja. Conquanto saibamos que deve haver uma sacudidura na Igreja, antes que a chuva serôdia caia, e a obra seja concluída, e que esta sacudidura é resultado da pregação da mensagem laodiceana, entretanto é natural que devamos temer ver isto vindo. Há, por isso, uma tentação forte de evitar o que produza oposição e luta, e diluir o “testemunho direto” de modo a apaziguar a ira do inimigo e acalmar as águas agitadas de luta e oposição. Esta tentação é tão grande que muitos deixam completamente de pregar a mensagem, ou, vendo o que acontece àqueles que a pregam, nunca começam. Uma das características mais desanimadoras da presente situação é que centenas e até milhares dos nossos ministros reconhecem que a mensagem laodiceana é a única esperança do povo remanescente de Deus, mas não a pregam, ou se o fazem, é só (209) ocasionalmente e então com a grande timidez e numa atitude apologética. Nossos líderes e ministros precisam de coragem proporcional às suas convicções.

Pág. 209 {138} Orem por Coragem. É por essa razão que os ministros são instruídos a orar seriamente por coragem para pregar a mensagem laodiceana. “Não havereis de buscar mui humildemente a Deus, para que possas dar a mensagem de Laodicéia com claro e distinto dom da palavra? Onde estão os vigias de Deus que verão o perigo e dêem a advertência? Tenha certeza de que há mensagens a vir de lábios humanos, sob a inspiração do Espírito Santo. “Clama em alta voz, não te detenhas, ... anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó, os seus pecados. Todavia, Me procuram cada dia, ... como um povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus” [Testemunhos para Ministros, pág. 296]. Esta afirmação indica que a grande “transgressão” do povo remanescente de Deus é a condição laodiceana, e que são os pregadores da mensagem laodiceana que “clamam em alta voz” e “não se detêm” em revelar-lhes os seus pecados, veja Isaías 58:1,2. A aceitação desta mensagem trará as bênçãos preditas no verso 8. Isto é a chuva serôdia.

Deve ser Pregada. A mensagem laodiceana é absolutamente essencial e precisa ser proclamada. É a mensagem “sob a qual o destino da igreja depende.” Não ousemos negligenciar nosso dever como as atalaias de Deus. “Foi-me mostrado que o testemunho claro deve viver na igreja. Isto somente responderá à mensagem aos laodiceanos. Os erros devem ser reprovados, o pecado deve ser chamado por seu nome, e a inquidade deve ser enfrentada pronta e decididamente, e removida dentre nós como um povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 260]. “O testemunho claro, direto deve viver na Igreja, ou a maldição de Deus repousará sobre O Seu povo tão seguramente quanto fez com o Israel antigo por causa dos seus pecados. … Se os líderes da igreja negligenciarem descobrir diligentemente os pecados que trazem o desprazer de Deus sobre o corpo (*da igreja), ficam responsáveis por esses pecados” [idem, pág. 269]. “Os ministros que estão pregando a verdade presente não devem negligenciar a mensagem solene aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é uma mensagem suave. … A Testemunha Verdadeira declara que quando você supõe estar realmente numa boa condição de prosperidade, você tem necessidade de tudo” [idem, pág. 257].

Pág. 210 {138} Atraso Adicional. A hesitação tanto de líderes quanto do povo do Movimento do Advento para aceitar a segunda chamada para reavivamento e reforma, resultou num segundo atraso ou tempo de espera. A rejeição não foi tão completa nem a crise tão grande como a que teve lugar há quarenta anos (*refere-se a 1888, pois foi escrito em 1937). O resultado dificilmente se poderia chamar um recuo, mas é pelo menos uma volta em contorno que temporariamente derrota os propósitos de Deus e retarda o triunfo do movimento. Podemos regozijar-nos pelo fato de que no tipo o atraso não foi longo e que a jornada em volta de Edom trouxe experiências ao Israel antigo que os preparou para uma marcha triunfante à terra prometida. A mensagem laodiceana está sendo novamente soada e está ganhando progresso em todas as partes do Movimento do Advento e podemos ser assegurados de que dias mais brilhantes estão adiante; e logo “não haverá mais tardança” e em “porque ainda um pouquinho de tempo, e O que há de vir, virá, e não tardará” (*Heb. 10: 37), ou não mais tardará. Anime-se cansado peregrino do Advento “pois a vossa redenção está próxima” (*Lucas 21:28).


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