O Êxodo e os Movimentos do Advento
em Tipo e Antítipo, por Taylor G. Bunch, escrito em 1937.
Postado em 25/11/09 no blog http://agape-edicoes.blogspot.com
Capítulo 28 — O Contorno por Edom
Pág. 203 {134} Segunda Derrota. Na segunda vez em Cades-Barneia, “a porta para a terra prometida”, Israel foi derrotado no seu esforço de entrar
Lições Não Aprendidas. O principal objetivo da jornada pelo deserto foi ensinar aos israelitas lições de fé e paciência para prepará-los para a terra prometida. A conduta deles em Cades-Barneia indicou que essas lições ainda não tinham sido aprendidas. “Em Refidim, quando o povo teve sede, revelaram-se novamente orgulhosos, e mostraram que ainda possuíam um mau coração de descrença, de murmuração, de rebelião, o que revelava o fato que ainda não era seguro estabelecê-los na terra de Canaã” [Testemunhos para a Igreja, vol. 2, pág. 107]. Os israelitas e os seus líderes não conseguiram superar as provas de fé e paciência e foram enviados de volta ao deserto novamente.
O Propósito de Deus. Era intenção de Deus conduzir O Seu povo pela terra de Edom numa marcha triunfante para Canaã. O Senhor lhes teria dado favor para com os edomitas que eram descendentes de Esaú, e por isso, seus parentes. “Tivessem eles passado por Edom desta maneira, como era o propósito de Deus, a passagem ter-se-ia mostrado ser uma bênção, não somente para eles próprios, mas também para os habitantes da terra. … Mas a incredulidade de Israel impediu que isto acorresse. Deus tinha dado ao povo água, em resposta aos seus clamores, mas permitiu que de sua incredulidade resultasse seu castigo. Novamente deviam cruzar o deserto e saciar sua sede pela fonte miraculosa, o de que não mais teriam necessidade caso houvessem confiado nEle” [Patriarcas e Profetas, pág. 424].
Pág. 204 {134} Um Contorno. Números 20:21,22; 21:4. A segunda jornada no deserto não foi tanto uma retirada, mas um contorno em redor de Edom, pela qual Deus tencionava conduzi-los. “Aos hebreus foi vedado fazer uso de força. Deveriam fazer a longa jornada ao redor da terra de Edom. Quando o povo fora provado, se tivesse confiado em Deus, o Capitão da hoste do Senhor os teria levado através de Edom, e o temor deles teria repousado sobre os habitantes da terra, de modo que, em vez de manifestarem hostilidade, ter-lhes-iam mostrado favor. Mas os israelitas não agiram prontamente à Palavra de Deus, e, enquanto estavam reclamando e murmurando, a oportunidade áurea passou” [Patriarcas e Profetas, págs. 422, 423. “Consequentemente as hostes de Israel volveram-se novamente ao Sul, e percorreram um caminho estéril e desabitado, que parecia mesmo mais enfadonho depois de um relance aos pontos verdejantes entre as colinas e vales de Edom” (idem, pág. 424].
Triste Experiência. Podemos imaginar bem a melancolia que se instalou sobre as hostes de Israel, ao novamente darem suas costas à {135} terra prometida sem saberem a extensão da sua segunda jornada no deserto, ou das dificuldades da sua viagem. Moisés e Aarão devem ter tido o coração quase partido ante o pensamento das terríveis previsões e especialmente de seu próprio fracasso em superar as provas de paciência. E também, Miriã, sua irmã, tinha morrido
Pág. 204 {135} Uma Dura Marcha. (*“... a alma do povo angustiou-se naquele caminho”) Números 21:4. Este texto indica que a viagem em torno de Edom foi muito triste e desanimadora. É-nos dito que o caminho era por sobre uma planície cheia de pedras, arenosa e quase estéril, cercada por paredes de montanhas de ambos os lados, e (205) sujeita a violentas tempestades de areia [“Pulpit Commentary”, *vol. 2, pág. 272]. “Ao eles continuarem a sua jornada em direção ao Sul, sua rota era através de um vale quente, arenoso, sem sombra ou vegetação. O caminho parecia longo e difícil, e sofriam cansaço e sede. Novamente falharam em suportar a prova de sua fé e paciência. Ocupando-se continuamente com os aspectos escuros de suas experiências, se separaram mais e mais de Deus. Perderam de vista o fato de que se não tivessem murmurado quando cessou a água em Cades, ter-lhes-ia sido poupada a jornada em redor de Edom” [Patriarcas e Profetas, pág. 428].
Pág. 205 {135} Autoconfiança. Durante a viagem em volta de Edom os israelitas tiveram uma experiência que constituiu um aviso contra jactância e autoconfiança. Eles foram atacados e derrotados por uma nação dos cananeus. Estavam, então, recuando da direção de Canaã e ficaram certamente muito desanimados para uma luta decidida, e demasiado destituídos de fé
Tempo de Retardamento. A segunda derrota do Israel em Cades não anulou o plano e propósito de Deus, mas retardou o seu cumprimento. O primeiro fracasso resultou num atraso e longo tempo de espera, que durou quase quarenta anos enquanto Israel jornadeava pelo deserto. O segundo fracasso, no mesmo lugar e pela mesma causa, resultou noutro atraso, ou tempo de espera no cumprimento do propósito de Deus para Israel. Este atraso, contudo, foi de breve duração em comparação (206) com o primeiro. Foi o resultado de um roteiro de contorno, e não uma retirada.
Pág. 206 {136} O Movimento do Advento. A hesitação do povo do Advento para aceitar plenamente a mensagem de 1888, ao ser repetida, está derrotando o propósito de Deus de derramar o Espírito Santo na chuva serôdia e “completará a obra e abreviá-la-á em justiça” (*Numa paráfrase de Isaias 10:22, Paulo diz, “uma destruição está determinada, transbordando em justiça”, Rom. 9:28). Não só têm o povo remanescente de Deus sido hesitante sobre a aceitação da mensagem de origem celeste que deve prepará-los para a trasladação, mas muitos têm manifestado decidida e até, em alguns casos, amarga oposição. Como predito, alguns dos opositores da mesma mensagem em 1888 revelaram “o mesmo espírito” novamente e manifestaram as mesmas “detestáveis características” que os levou a rejeitar a mensagem e desprezar os mensageiros naquela crise momentosa. Por mais de doze anos agora (*escrito em 1937) a mensagem à igreja laodiceanaa tem sido pregada com ênfase na necessidade da justiça imputada e comunicada de Cristo, e até aqui a aceitação tem sido morna, e a rica experiência espiritual pedida foi recebida somente por poucos.
O Propósito de Deus. Não pode haver nenhuma dúvida de que a repetição da mensagem que trouxe o Movimento do Advento às fronteiras da Canaã celeste, em 1888, levou o povo remanescente de Deus de volta ao mesmo lugar. A mesma mensagem também nos trouxe face a face com as mesmas questões e prova de fé. Era, portanto, propósito de Deus terminar rapidamente a Sua obra e conduzir o Movimento do Advento triunfantemente ao descanso celeste. Aqueles que pregaram a mensagem, e aqueles que a aceitaram, tinham certeza de que a obra seria terminada em apenas alguns anos. A mensagem laodiceana explicava plenamente a condição espiritual da Igreja e as razões do longo atraso para a vinda de Cristo, e o remédio laodiceano, tão apropriadamente preenche as necessidades espirituais do povo remanescente de Deus, que nenhum verdadeiro adventista do sétimo dia pode duvidar ser este o último chamado de Cristo a Seu povo.
Reavivamentos Espirituais. A repetição da mensagem de 1888 trouxe uma repetição dos abençoados resultados nas vidas daqueles que a aceitaram e estabeleceram a experiência da justiça imputada e comunicada de Cristo. O reconhecimento (207) de nossa miserável condição laodiceana e a aceitação pela fé do ouro da fé e amor e verdade, as vestes da justiça de Cristo, e a unção do Espírito Santo, trouxeram grandes reavivamentos em todas as partes do mundo onde a mensagem foi pregada. A mensagem trouxe nova esperança e gozo aos cansados peregrinos do Advento, muitos dos quais estavam se tornando “muito desanimados por causa do caminho” e lançando longe a sua confiança. O chamado para um “reavivamento espiritual e uma reforma espiritual” com base na mensagem laodiceana elimina qualquer dúvida, explica muitas questões enigmáticas, e mostra o caminho para fora do terrível deserto do pecado no qual o Movimento do Advento tem estado a vagar por tanto tempo num “miserável, e pobre, e cego e nu” estado espiritual.
Pág. 207 {136} Águas da Contenda. É-nos dito que a mensagem laodiceana e o chamado para reavivamento e reforma despertarão a ira do inimigo que fará todo esforço para detê-lo, causando sua oposição e rejeição. “Não há nada que Satanás tema tanto quanto que o povo de Deus prepare o caminho removendo todo obstáculo para que o Senhor possa derramar O seu Espírito Santo sobre uma Igreja que definha e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse, nunca haveria outro despertamento, grande ou pequeno, no tempo do fim. Mas não somos ignorantes de seus ardis. É {137} possível resistir ao seu poder. Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, as bênçãos virão. Satanás não mais poderá impedir que uma chuva de bênçãos desça sobre o povo de Deus mais do que pode fechar as janelas do céu a fim de que a chuva não se precipite sobre a terra.” “Satanás fará o possível para mantê-los num estado de indiferença e estupor” [Review and Herald de 22 de março de 1887, e 22 de novembro de 1902. Citado em “Cristo Nossa Justiça”, págs. 149, 160]. A mensagem laodiceana, portanto, sempre traz o povo de Deus “às águas da contenda” (*Num 20:13 e 24; Sal.106:32; 81:7).
Pág. 207 {137} A Sacudidura. É a oposição à mensagem laodiceana que produz a sacudidura entre o povo de Deus e separa o joio do trigo. “Perguntei sobre o significado da sacudidura que tinha visto, e foi mostrado que seria causada pelo testemunho direto expresso no conselho da Testemunha Verdadeira à igreja de Laodicéia. Isto produzirá efeito no (208) coração do que o receber, e o levará a empunhar a bandeira e propagar a verdade direta. Alguns não suportarão esse testemunho direto. Se levantarão contra ele, e isto é o que causará a sacudidura entre o povo de Deus. Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a metade da atenção que deveria receber. O solene testemunho, do qual depende o destino da igreja, tem sido levianamente apreciado, se não totalmente desprezado. Tal testemunho deve operar profundo arrependimento; todos os que verdadeiramente o recebem o obedecerão e serão santificados” [Primeiros Escritos, pág. 270].
Pág. 208 {137} Satanás Desesperado. Satanás sabe que o seu tempo é curto e ele, por isso, está ficando desesperado nos seus esforços para retardar o triunfo final do Movimento do Advento. Ele sabe que a aceitação da mensagem laodiceana, com o seu remédio completo, é o único meio pelo qual o povo remanescente de Deus pode receber a chuva serôdia e entrar na Canaã celestial. Ele, por isso, odeia a mensagem laodiceana e todos quantos a aceitam e a pregam, especialmente estes que a pregam. “Os ardis de Satanás são armados para nós tão certamente quanto o foram para os filhos de Israel pouco antes da sua entrada na terra de Canaã. Estamos repetindo a história daquele povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 160]. É de admirar que a repetição da mensagem de 1888, trouxe o Movimento do Advento “às águas da contenda?” (*Num. 20:13, 24; Sal.106:32).
Aversão a Divisão. Não há nada que os genuínos cristãos mais aborreçam do que luta e divisão, e isto é especialmente verdadeiro quanto aos líderes da Igreja. Conquanto saibamos que deve haver uma sacudidura na Igreja, antes que a chuva serôdia caia, e a obra seja concluída, e que esta sacudidura é resultado da pregação da mensagem laodiceana, entretanto é natural que devamos temer ver isto vindo. Há, por isso, uma tentação forte de evitar o que produza oposição e luta, e diluir o “testemunho direto” de modo a apaziguar a ira do inimigo e acalmar as águas agitadas de luta e oposição. Esta tentação é tão grande que muitos deixam completamente de pregar a mensagem, ou, vendo o que acontece àqueles que a pregam, nunca começam. Uma das características mais desanimadoras da presente situação é que centenas e até milhares dos nossos ministros reconhecem que a mensagem laodiceana é a única esperança do povo remanescente de Deus, mas não a pregam, ou se o fazem, é só (209) ocasionalmente e então com a grande timidez e numa atitude apologética. Nossos líderes e ministros precisam de coragem proporcional às suas convicções.
Pág. 209 {138} Orem por Coragem. É por essa razão que os ministros são instruídos a orar seriamente por coragem para pregar a mensagem laodiceana. “Não havereis de buscar mui humildemente a Deus, para que possas dar a mensagem de Laodicéia com claro e distinto dom da palavra? Onde estão os vigias de Deus que verão o perigo e dêem a advertência? Tenha certeza de que há mensagens a vir de lábios humanos, sob a inspiração do Espírito Santo. “Clama em alta voz, não te detenhas, ... anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó, os seus pecados. Todavia, Me procuram cada dia, ... como um povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus” [Testemunhos para Ministros, pág. 296]. Esta afirmação indica que a grande “transgressão” do povo remanescente de Deus é a condição laodiceana, e que são os pregadores da mensagem laodiceana que “clamam em alta voz” e “não se detêm” em revelar-lhes os seus pecados, veja Isaías 58:1,2. A aceitação desta mensagem trará as bênçãos preditas no verso 8. Isto é a chuva serôdia.
Deve ser Pregada. A mensagem laodiceana é absolutamente essencial e precisa ser proclamada. É a mensagem “sob a qual o destino da igreja depende.” Não ousemos negligenciar nosso dever como as atalaias de Deus. “Foi-me mostrado que o testemunho claro deve viver na igreja. Isto somente responderá à mensagem aos laodiceanos. Os erros devem ser reprovados, o pecado deve ser chamado por seu nome, e a inquidade deve ser enfrentada pronta e decididamente, e removida dentre nós como um povo” [Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 260]. “O testemunho claro, direto deve viver na Igreja, ou a maldição de Deus repousará sobre O Seu povo tão seguramente quanto fez com o Israel antigo por causa dos seus pecados. … Se os líderes da igreja negligenciarem descobrir diligentemente os pecados que trazem o desprazer de Deus sobre o corpo (*da igreja), ficam responsáveis por esses pecados” [idem, pág. 269]. “Os ministros que estão pregando a verdade presente não devem negligenciar a mensagem solene aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é uma mensagem suave. … A Testemunha Verdadeira declara que quando você supõe estar realmente numa boa condição de prosperidade, você tem necessidade de tudo” [idem, pág. 257].
Pág. 210 {138} Atraso Adicional. A hesitação tanto de líderes quanto do povo do Movimento do Advento para aceitar a segunda chamada para reavivamento e reforma, resultou num segundo atraso ou tempo de espera. A rejeição não foi tão completa nem a crise tão grande como a que teve lugar há quarenta anos (*refere-se a 1888, pois foi escrito em 1937). O resultado dificilmente se poderia chamar um recuo, mas é pelo menos uma volta em contorno que temporariamente derrota os propósitos de Deus e retarda o triunfo do movimento. Podemos regozijar-nos pelo fato de que no tipo o atraso não foi longo e que a jornada em volta de Edom trouxe experiências ao Israel antigo que os preparou para uma marcha triunfante à terra prometida. A mensagem laodiceana está sendo novamente soada e está ganhando progresso em todas as partes do Movimento do Advento e podemos ser assegurados de que dias mais brilhantes estão adiante; e logo “não haverá mais tardança” e em “porque ainda um pouquinho de tempo, e O que há de vir, virá, e não tardará” (*Heb. 10: 37), ou não mais tardará. Anime-se cansado peregrino do Advento “pois a vossa redenção está próxima” (*Lucas 21:28).
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