sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lição 6 — Disposições para o Futuro

A lição desta semana é um intervalo relativamente pacífico entre duas grandes rebeliões. Em preparação para a entrada na Terra Prometida, Deus moveu o acampamento depois de mais que um ano no Sinai. Muito tinha sido realizado: o santuário foi construído e seus vários sacrifícios foram dados para graficamente (*isto é, em realísticos e vivos detalhes) prenunciar a cruz, como nunca antes; a "igreja" do Velho Testamento foi organizada; leis sobre saúde, criminais e civis foram outorgadas; e um método de comunicação por trombetas foi introduzido. As semelhanças com a Igreja Adventista do Sétimo-Dia antes e imediatamente após 1888 são flagrantes.

Mas, como na era de 1888, as coisas não eram todas boas. A atitude assumida desde o Sinai foi acidentada e difícil. Descontentamento começou com a legião de estrangeiros (*a mistura de gente) e rapidamente se espalhou para os dispostos israelitas levando a aberta manifestação, incredulidade, total rebelião, e castigo. A razão ostensiva para o descontentamento foi o alimento, mas do ciúme de família, que resultou da designação dos 70 anciãos, está claro que a razão fundamental era dúvida sobre a liderança de Moisés. O Senhor foi claro, eles não duvidavam de Moisés tanto quanto de Sua liderança. Após 1888, é notável como a autoridade dos mensageiros com "credenciais celestiais,” e especialmente de Seu profeta, foi desafiada e mesmo questionada.

Criticar a liderança dos que o Senhor admite no ofício sagrado é uma questão muito delicada. Os que foram privilegiados em estudar e vieram a amar esta "mui preciosa mensagem" devem estar cientes de que nosso entusiasmo em promover e ensiná-la pode ser interpretada como crítica. Como a multidão mista, nós podemos copiar vestígios de velhas atitudes que justificam qualquer meio porque "estamos corretos". Esquecemo-nos de que nosso dever é a grande comissão de "ir e falar" do evangelho eterno, não convencer por argumento. A persuasiva influência é exercida suavemente pelo Espírito Santo.

Exatamente como Israel, muitos veem problemas dentro do acampamento adventista. Alguns creem que eles estão autorizados a expressar seu desagrado roubando a Deus nos Seus dízimos e ofertas. Se Deus nos coloca numa posição para conclamar uma mudança em amor, nunca nos autorizará a desobedecer outro dos Seus requisitos. Na iminência de entrar na Terra Prometida, o Senhor expandiu o sacrifício da oferta queimada para ser acompanhada por uma oferta de cereais. Lembramo-nos da oferta de Caim e de Abel. "Caim trouxe uma oferta ao Senhor de frutos da terra, e Abel, por sua vez também trouxe “dos primogênitos das suas ovelhas” … (Gen. 4:3-4). Em outras palavras, Abel trouxe tanto o grão como a oferta do cordeiro. O cordeiro representava a identidade com o Cordeiro de Deus, morto desde a fundação do mundo. O Senhor requeria estas ofertas de cereais, com cada oferta queimada, para ensinar a lição que os produtos dos esforços do homem eram aceitáveis unicamente pelo sangue aspergido. Somente quando nós pecadores reconhecemos esta necessidade, podemos esperar que Deus aceite a dedicação a Ele dos frutos de nossos trabalhos.

Está você numa posição de liderança na igreja e, como Moisés, tornou-se cansado e dissuadido porque vê pouco progresso, tanto na sua congregação como em você mesmo? Está você cansado do que parece ser constante resistência? A resposta sempre está em unir-se a Moisés abertamente na frente da tenda da congregação. Deus providenciou descanso, mas nós só podemos entrar nele pela fé. Waggoner explicou o conceito de descanso no Senhor: "É o pecado que traz cansaço. Adão, no Jardim do Édem, tinha trabalho a executar, mas teve descanso totalmente perfeito todo o tempo que ele esteve lá, até que pecou. Se ele nunca tivesse pecado, tal coisa como cansaço nunca teria sido conhecido nesta terra. O trabalho não é parte da maldição, mas a fadiga sim" (O Concerto Eterno, pág. 308; edição Boas Novas.). Como obreiros do Senhor, podemos sentir fadiga física, mas fadiga mental, emotiva, e espiritual podem, pela fé, ser dadas a Deus, e nós podemos reivindicar esta Sua promessa de descanso.

Na rebelião seguindo o relatório dos espiões, nós humildemente devemos reconhecer um paralelo com a rejeição da mensagem dada em 1888. Números 14:1 e 2 realça que a congregação inteira estava envolvida na rejeição. Entretanto, sabemos que três, um profeta e dois mensageiros, permaneceram fieis à mensagem. Caleb e Josué aconselharam que o povo exercitasse fé nas promessas de Deus. No que deve ter sido alusão à nuvem (*e coluna de) fogo que protegeu Israel, Josué declarou que o povo de gigantes da terra tinha perdido sua proteção. À margem (*da KJV) é dito que a palavra "proteção", é traduzida, literalmente, por "sombra" (Num. 14:9). Como no incidente do bezerro de ouro, o Senhor responde à rebeldia do povo dizendo a Moisés que Ele os destruiria e faria de Moisés e sua descendência uma grande nação. No seu apelo em seu favor, desta vez, Moisés argumenta que se Deus fizer isso, as pessoas que ouviram (*a respeito) deste povo pensarão "Porque o Senhor não pode introduzir este povo na terra que Ele os prometeu por juramento, por isto os matou no deserto" (Num. 14:15 e 16). Deus não abandonou a Sua igreja quando rejeitamos a mensagem que era para preparar o Seu povo para entrada na Terra Prometida do céu. Em vez disso, Ele continua a nos proteger enquanto vagueamos no deserto.

Nossa liderança da igreja entendeu tudo que foi envolvido na rejeição da mensagem em 1888? A maioria deles pensou que eles tinham legítimas preocupações, e o (*então) Presidente (*da Associação Geral, pastor) Butler aconselhou, "apoiai os velhos marcos” (*da verdade, isto é, nossas tradicionais doutrinas). Mas sua curta visão tornou-se clara ao a história continuar agora já por uns 120 anos. Nossa amada igreja necessita desesperada e abertamente aceitar a mensagem de Cristo nossa Justiça, e muitos ainda estão desconfiados, até mesmo para investigá-la, porque não tem havido nenhuma ênfase na mensagem de 1888 por parte da liderança. Verdadeiramente, somos Laodiceia que não discerne sua verdadeira condição. Deus deu a Israel as trombetas para especial comunicação justo antes da entrada na Terra Prometida. Como Ellen White frequentemente adverte, à trombeta deve ser dado um sonido certo.

Um estudante dedicado da mensagem escreveu esta análise há uns 50 anos atrás: 1

"A rejeição da mensagem da justiça de Cristo, que era, em realidade, o começo do 'alto clamor,' foi uma reação subconsciente do coração carnal em inimizade contra Deus e Sua justiça; foi um impensado e desconhecido pecado. Era, não obstante, responsável e excessivamente sério. O povo de Israel conscientemente rejeitou a recomendação dos dois espias; eles inconscientemente rejeitaram a liderança de Deus num programa da conquista imediata da Terra Prometida. Os judeus conscientemente rejeitaram as reivindicações de um Galileu obscuro; eles inconscientemente rejeitaram o Filho de Deus e o Pai que O tinha enviado ('E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes,' Atos 3:17). Assim também, parece que os irmãos, em 1888, conscientemente rejeitaram o que eles, por erro, supuseram ser meramente uma indesejável re-ênfase da doutrina de justificação pela fé como apresentado por alguns mensageiros aparentemente imperfeitos e fanáticos; em realidade, inconscientemente, eles rejeitaram o começo da 'última chuva' (*a serôdia) e o 'alto clamor'"1

Possa Deus dar-nos Sua graça, Ágape. Que Ele nos dê o privilégio de proclamar esta "mui preciosa mensagem".

--Arlene Hill

Nota do tradutor:

1) Dedicated Student of the Message, um manuscrito não publicado, de autoria do pastor Robert J. Wieland, escrito em 1958. Nele, na última frase, ao invés da data 1888 o pastor Roberto Wieland fala de “70 anos atrás.”