sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Lição 5, Culpa, por João S Silveira

Duas são as consequências do pecado:

A primeira é a maldição do pecado que produz a primeira morte; é o resultado do pecado;

A segunda é a penalidade do pecado que é a segunda morte, é a consequência da culpa do pecado.

Quando falamos de pecado é importante pois, distinguir entre resultado do pecado e culpa do pecado.,

Temos a maldição — os resultados inerentes ao pecado — que os seres humanos, animais e toda a natureza em geral experimentam, que é a maldição do pecado, que leva à morte— a primeira morte.

Por outro lado, temos a culpa, que leva à penalidade do pecado — a segunda morte, que foi paga por Jesus Cristo na cruz do calvário. Se crermos na salvação dEle, nós nunca padeceremos a segunda morte.

A expiação cobre estas duas consequências do pecado:

1º) Abrange a culpa, através do perdão. A justificação, a salvação, o evangelho, e a santificação etc. aplicam-se, particularmente as questões relativas à culpa, à penalidade e ao juízo final, e,

2º) A expiação também ameniza os males resultantes do pecado, por recriar e restaurar o que a maldição do pecado tem causado.

É fundamentalmente por causa da falta de compreensão desse princípio, que muitas pessoas entendem que a declaração divina do Êxodo 20:5, de que Deus visita "a maldade dos pais nos filhos", é contraditória com Sua afirmação em Ezequiel 18:20, de que "o filho não leva iniquidade do pai".

O senhor nos deu uma claríssima compreensão dessa distinção entre consequências e culpa, no livro “Patriarcas e Profetas”, pág. 306:

"É inevitável que os filhos sofram as consequências das más ações dos pais, mas não são castigados pela culpa deles, a não ser que participem de seus pecados. Dá-se, entretanto, em geral, o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus pais. Por herança e exemplo os filhos se tornam participantes do pecado dos pais. Tendências erradas, apetites pervertidos, e moral vil, bem como enfermidades físicas e degeneração, são transmitidos como um legado de pai a filho, até a terceira e quarta geração".

Portanto, colhemos os resultados, as consequências dos pecados de nossos pais no nascimento, mas não partilhamos de sua culpa até escolhermos partilhar de seus pecados. Assim, todos sofremos as consequências do pecado de Adão, as tendências erradas, envelhecimento moral, doenças físicas e degeneração e, finalmente, a primeira morte. Mas não sofremos a penalidade do pecado de Adão. Note esta importante declaração:

"Os filhos não são castigados pela culpa dos pais, a não ser que participem de seus pecados".

E, de "O Conflito dos Séculos". Págs. 27 e 28 ouvimos:

"Muitos havia ainda entre os judeus que eram ignorantes quanto ao caráter e obra de Cristo".

A serva do Senhor esta falando aí de algum tempo após a ascensão de Jesus, antes da destruição de Jerusalém no ano 70 de nossa era.

"E os filhos não haviam gozado das oportunidades nem recebido a luz que seus pais tinham desprezado. Mediante a pregação dos apóstolos e de seus cooperadores, Deus faria com que a luz resplandecesse sobre eles; ser-lhes-ia permitido ver como a profecia se cumprira, não somente no nascimento e vida de Cristo, mas, também, em sua morte e ressurreição. Os filhos não foram condenados pelos pecados dos pais; quando porém, conhecedores de toda a luz dada a seus pais, os filhos rejeitaram a luz que lhes fora concedida a mais. Tornando-se, assim participantes dos pecados daqueles, encheram a medida da iniquidade de Deus".

Por causa de envolvimento pessoal, de compreensão individual, a culpa foi-lhes atribuída.

Nossa condenação procede da escolha espontânea de seguir veredas pecaminosas, as pisadas do primeiro homem, em clara oposição ao "assim diz o senhor", preferindo exercer a nossa natureza pecaminosa.

"Nenhum homem pode ser forçado a transgredir. É preciso primeiro seu próprio consentimento; a pessoa tem de propor-se a praticar o ato pecaminoso; antes de a paixão poder dominar a razão, ou a iniquidade triunfar sobre a consciência. A tentação, por forte que seja, nunca é desculpa para o pecado" (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pág. 177).

"Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados" (Hebreus 10:26).

"Se houvesse luz a respeito, e essa luz fosse rejeitada, então haveria condenação e o desagrado divino, mas antes que a luz venha, não há pecado, pois não existe luz rejeitada" (Testemunhos para a Igreja, vol. I, pág. 116).

Note que pecado não é algo recebido por herança.

A culpa não procede da natureza, mas é resultado de conhecer o que é o certo e praticar o errado.

É rebelião proposital contra Deus.

Tenha presente, irmão, em sua mente, que não seremos responsáveis pela luz que não conhecemos, mas por aquela a qual temos resistido e rejeitado.

"Nós não seremos tidos por culpados por luz que não atingiu nossa percepção, mas por aquela a qual resistimos e recusamos. Um homem não pode captar uma verdade que nunca lhe foi apresentada, e, portanto não pode ser condenado por luz que nunca teve" (Comentário Bíblico, vol. 5 da série SDABC, pág. 1145)

O livro de Atos contém uma passagem que intrigou muitos do povo de Deus através dos anos:

"Mas Deus, não levando em conta todos os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens, em todo lugar se arrependam" (Atos 17:30).

Se considerarmos, todavia, essa passagem à luz do que a mensageira de Deus nos falou, e dos ensinamentos de Jesus, descobriremos seu claro significado.

"A luz manifesta e condena os erros que se ocultavam nas trevas; mas, ao chegar a luz..., a vida e o caráter dos homens devem mudar correspondentemente, para com ela se harmonizarem. Pecados que eram outrora cometidos por ignorância, devido à cegueira do espírito, já não podem continuar a merecer condescendência sem que se incorra em culpa". (Obreiros Evangélicos, pág. 162).

Uma vez que sabemos que nossos atos são errados, nós nos tornamos culpados se nos mantivermos entregando à pratica deles.. Mas antes de o sabermos, não éramos culpados. Após compreendermos, sim! Nós somos culpados. A culpa está, pois ligada, a escolha e ao conhecimento.

Há culpa em pensamentos ou desejos maus?

A "nova teologia" (que é em realidade nada mais que teologia protestante, a qual, por sua vez, é meramente catolicismo agostiniano) ensina que há culpa no desejo, mesmo quando resistido através do exercício da vontade.

Um dos primeiros proponentes desse ensino dentro da igreja Adventista do Sétimo Dia declarou, abertamente: "Há culpa nos maus desejos, mesmo quando dominados pela vontade".

Todavia, a palavra de Deus diz:

"Cada um, porém, é tentado e atraído quando engodado pela sua própria concupiscência, então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte". (Tiago 1: 14 e 15). Aqui vemos um desenvolvimento, partindo-se do desejo, e praticando-se o próprio pecado.

"O pecado de se falar mal começa com o afagar-se pensamentos perniciosos... Um pensamento impuro tolerado, um desejo não santificado, acariciado, e a alma é contaminada, sua integridade comprometida" (Testemunhos para a Igreja, vol.5, pág. 177, grifamos).

Por favor, note a diferença. É a tolerância de pensamentos impuros, é o amimar os desejos não santificados que constitui o pecado e a contaminação. Não é certo dizer-se que há pecado no desejo de pecar, se tal desejo é instantaneamente repelido.

"Cada pensamento impuro deve ser instantaneamente repelido" (Ibidem).

Assim, pecado é o resultado de se ceder ao desejo.

"Há pensamentos e sentimentos sugeridos e despertados por Satanás, que molestam mesmo o melhor dos homens, mas se eles não são abrigados, se são repelidos como odiosos, a alma não é contaminada pela culpa" (Review and Herald, de 27 de março de 1888).

Dessa maneira, não é o nascimento, a natureza que nos condena diante do Universo, mas pecamos por causa da nossa contumaz rebelião em ignorar a vontade de Deus, dando vazão à nossa natureza pecaminosa.

É quando escolhemos o eu em lugar de Deus que nos tornamos culpados.

Se crermos que pecado é opção, que pecamos quando deliberadamente escolhemos praticá-lo, exercendo nossa natureza pecaminosa, então entenderemos que Jesus pôde tomar nossa natureza decaída e exerceu a opção de não pecar; então compreenderemos o caráter de Deus, e teremos a vida eterna, João 17: 3, porque contemplaremos um Deus altruísta que Se deu completamente com o risco de perda eterna; então seremos mordomos fiéis, conscientemente faremos a Sua vontade; mas lembre-se é Deus quem realizará em você o querer e o efetuar. (Filipenses 2:13).

No verdadeiro evangelho, onde pecado é opção, exercida em cada tentação, vencida com firme fé num assim “está escrito”, exercendo o livre arbítrio com que Cristo nos criou, há óleo nas almotolias; há o poder de Deus a nossa disposição para cumprirmos por fé a Sua vontade. Em Testemunhos Para Ministros, página 234 nos é dito: “O óleo é a justiça de Cristo, representa o caráter, e o caráter é intransferível, cada um deve adquirir para si mesmo um caráter purificado de toda mancha do pecado”.

Na meditação matinal de 2002, “O Cristo Triunfante”, página 299 temos isto: “Alguns têm perguntado o que devem fazer para receber o Espírito Santo? Peçam que Deus lhes esquadrinhe os corações, nada façam para satisfação egoísta”.

De O Desejado de Todas as Nações, página 805, ouvimos: “O Espírito Santo é o sopro da vida espiritual na alma. A comunicação do Espírito Santo é a transmissão da vida de Cristo, reveste o que o recebe com os atributos de Cristo”.

Você vê, Ele optou por não pecar, e oferece fazer isso em nossas vidas também. Permitamos que Deus realize isto em cada um de nós é nosso desejo e oração.

Amém.