quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Lição 2 — Preparando um Povo

A lição desta semana é tomada de Números, capítulos 5 e 6, onde alguns temas emergem: o abandono do pecado, o desejo de Deus de pureza do Seu povo, individual e corporativamente, fidelidade, e o chamado especial dos nazireus.

Há uma citação no topo da lição da quarta-feira que diz, "Deus pretendia organizar Israel no sentido mais amplo, a fim de que fosse para Ele 'reino de sacerdotes e nação santa' (Ex. 19:6). Assim, para as nações distantes e próximas, o povo seria testemunha das verdades a respeito do Deus vivo e o Criador de todas as coisas.”

Vários textos em Isaias confirmam esta idéia: 49:6, diz, “Pouco é que sejas Meu servo, para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os preservadores de Israel; também te dei para luz aos gentios”; 42:6, "Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei pela mão; e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz dos gentios. Para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os presos, e do cárcere os que jazem em trevas". Embora estas duas passagens sejam claramente messiânicas elas também podem ser aplicadas a um povo chamado por Deus para dar uma mensagem especial ao povo de Deus. Isaias 58:6, 7, "Por ventura não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto …?"

O povo de Israel foi estabelecido como um 'reino de sacerdotes e nação santa' com uma missão ao mundo. Foram chamados para ser o profeta de Deus ao mundo. A maioria dos profetas antigos falaram como indivíduos, mas um povo também pode ser chamado por Deus para funcionar profeticamente. Israel recebeu este chamado como vemos nos versos acima, e, assim, também o movimento dos adventistas do sétimo dia recebeu tal chamado. Ao contemplarmos esta, aparentemente arrogante reivindicação, e examinarmos o capítulo 6 de Números, vemos algumas semelhanças entre o chamado do nazireu João, o batista, e o chamado do Movimento Adventista do Sétimo-Dia. Usamos o termo movimento aqui intencionalmente. Moisés teve um dramático chamado — da sarça ardente (*Deus) falou a ele. Jeremias usou um jugo de bois ao redor do seu pescoço, e Ezequiel (*comeu por) 390 dias (*o pão de tempo de crise, no cerco de Jerusalém, Ezequiel 4:9). Não assim com João batista. João andava vestido num casaco de pelos do camelo, e “com um cinto de couro em redor de seus lombos; e comia gafanhotos e mel silvestre" (*Lucas 1; 6). Ele parecia-se com um profeta, vestia-se como um profeta, e comia como um profeta! Mas isso não era a única coisa. Lucas 1:77, 79 diz que ele devia "dar ao seu povo conhecimento da salvação … para iluminar aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz". Então a Bíblia diz, "Apareceu batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para a remissão dos pecados” (Marcos 1:4). João batista — aquele nazireu peculiar, como o mensageiro Elias dos seus dias, tem muito a dizer aos portadores da mensagem do Elias de hoje. O chamado profético é fundamentado numa mensagem. A inteira razão dos profetas, para atuarem como profetas, tem que ver com o que eles têm para dizer. Se não há uma mensagem, não há profeta. O movimento Adventista profético terá que receber, entender, e pregar o que Deus comissionou a este povo para dizer, e dizê-lo com clareza. Aos profetas é dada uma voz.

E qual é a mensagem que nós devemos proclamar com clareza? "A mensagem salvadora da alma, a terceira mensagem anjélica, é a mensagem a ser dada ao mundo. Os mandamentos de Deus e a fé de Jesus são ambas importantes, imensamente importantes, e devem ser dadas com igual força e poder. A primeira parte da mensagem foi primordialmente pregada, a última parte, casualmente. A fé de Jesus não é compreendida. Devemos falar dela, vivê-la, orar por ela, e educar as pessoas para trazerem esta parte da mensagem em suas vidas nos lares. (*"De sorte que haja em vós a mesma mente que houve em Cristo Jesus,” Fil 2:5, KJV)1.

"Em Sua grande misericórdia, enviou Senhor uma mui preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus. Muitos perderam Jesus de vista. Deviam ter tido o olhar fixo em Sua divina pessoa, em Seus méritos, e em Seu imutável amor pela família humana. Todo o poder foi entregue em Suas mãos, para que Ele pudesse dar ricos dons aos homens, transmitindo o inestimável dom de Sua justiça ao impotente ser humano. Esta é a mensagem que Deus manda proclamar ao mundo. É a terceira mensagem angélica, que deve ser proclamada com alto clamor, e regada com o derreamento do Seu Espírito Santo em grande medida”2.

"Muitos me escreveram, indagando se a mensagem de 1888, de justificação pela fé, é a terceira mensagem angélica, e eu respondi, 'é a terceira mensagem angélica em verdade"3.

"O alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor perdoador dos pecados. Este é o começo da luz do anjo cuja glória deverá encher a terra inteira."4.

"Por que são os nossos lábios tão silenciosos sobre o assunto da justiça de Cristo e Seu amor pelo mundo? Por que nós não damos ao povo aquilo que reavivará e despertará neles nova vida? O apóstolo Paulo estava cheio de inspiração ao declarar, 'sem dúvida grande é o mistério de piedade: Deus Se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória'" (1 Tim. 3:16)5.

Há verdades inerentes na mensagem de 1888, da justiça de Cristo, que não são compreendidas por qualquer segmento de cristãos, que não entendem o ministério do Sumo Sacerdote celestial, nos dois compartimentos do Santuário celestial. Na ausência da verdade da "mensagem do terceiro anjo em verdade," nenhum corpo de pessoas, em qualquer lugar, pode estar preparado para a segunda vinda de Cristo, não importando a sua afiliação religiosa. E nós não devemos esquece-nos da motivação transcendente de interesse pela honra e vindicação do Salvador, de modo que a grande controvérsia possa ser encerrada com a vitória dEle. Isaia 40:9 resume bem esta introspecção e a missão de chamado e mensagem. Leia-a cuidadosamente: "Tu, ó Sião, que anuncias boas novas, sobe a um monte alto; Tu, ó Jerusalém, que anuncias boas novas, levanta a tua voz fortemente, levanta-a, não temas; e dize às cidades de Judá, 'Eis aqui está o vosso Deus'." Possa Deus nos dar coragem (*para cumprirmos esta missão), amém.

—Lyndi Schwartz


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira


Notas da autora:

1) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 430.

2) Testemunhos a Ministros e Obreiros Evangélicos, págs. 91 e 92.

3) E. G. White , Review and Herald, de 1º de abril de 1890.

4) E. G. White , Review and Herald, de 22 de nov. de 1892;

5) Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 430.