quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Lição 8 — Quem é o homem de Romanos 7, por Paulo Penno



Para 18 a 25 de novembro de 2017

O homem de Romanos 7: 7-25 é um homem ímpio, um homem não convertido? Ou este capítulo descreve a experiência do cristão normal nascido de novo? Alguns até dizem que Paulo está aqui descrevendo sua própria experiência frustrante como crente em Cristo.
Certamente, Romanos 7 retrata um homem em dificuldade, em perigo, que parece condenado a derrotar e falhar em sua vida espiritual. Parece apanhado em um conflito entre suas próprias tendências e desejos pecaminosos, por um lado, e os justos requisitos da santa lei de Deus, por outro. Nós vemos aqui um relato de tentações resistidas, mas não vencidas, de objetivos não alcançados, de fins não cumpridos, de ideais realizados, mas não alcançados, de uma vitória que é muito desejada, mas não conquistada, de um conflito que é terrível e que termina regularmente em derrota. Vemos retratado aqui a experiência de alguém que pode ser descrito como um nascido perdedor, um homem frustrado e derrotado. Que dificuldade! Quem é este homem, que, aparentemente, há anos é incapaz de alcançar, que vive em frustração e derrota?
Dois pontos de vista principais foram mantidos ao longo dos séculos: primeiro, que o homem de Romanos 7 é o homem não regenerado, inconverso e carnal cujo coração está naturalmente em rebelião contra Deus e Sua lei. A outra visão é que o homem de Romanos 7 é o próprio Paulo em sua experiência regenerada e convertida, depois de ter conhecido a Cristo. Se isso é verdade, então é prova de que a vitória sobre a tentação e o pecado não está disponível para os cristãos nesta vida. Se Paulo não conseguisse parar de pecar, mesmo através do poder de Cristo, prova que ninguém pode parar de pecar.
O problema que encontramos com essas duas linhas de pensamento é que nenhuma delas se sai bem sob investigação.
Os pecadores não regenerados confessam que a lei de Deus é "santa, justa e boa" (7:12)? Eles reconhecem que a lei de Deus é espiritual, mas que "eu sou carnal" (vs. 14)? Os homens não regenerados dizem: "não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”(vs. 19)? Os homens não regenerados dizem: "Segundo o homem interior tenho prazer na lei de Deus" (vs. 22)? A maioria das pessoas não regeneradas odeiam a lei de Deus e amam o pecado. Eles, não farão o bem, mas farão o mal. Certamente não se deleitam com a lei de Deus segundo o homem interior..
Por outro lado, se Paulo nascido de novo está escrevendo sobre ele mesmo, por que ele disse: "Eu sou carnal" (vs. 14) e depois algumas linhas depois escreve: "a inclinação da carne é inimizade contra Deus" (8 : 7)? Por que Paulo dizia: "Eu sou vendido sob o pecado" (7:14), contradizendo o que ele acabou de escrever sobre "ser libertado do pecado" (6:18)? Por que Paulo diz que achou impossível parar de fazer o mal que ele odiava (7: 15-23) e, na mesma discussão, escreve "para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (8: 4)?
Por que Paulo se descreveu como estando em cativeiro “debaixo da lei do pecado" (7:23) e, na mesma discussão, escreve "mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação" (6:22)? A ideia de que Paulo simplesmente não conseguia parar de pecar, que não podia deixar de jurar, mentir, cometer adultério, não se harmonizava com os outros escritos (*tais como): 2ª Coríntios 5:17, 10:5; Gálatas 2:20; Efésios 3:20, 4:23 e 24; e especialmente Gálatas 5:16: "Digo, porém: andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne".
Não há outras alternativas? Sim, e é uma pequena ideia derivada da mensagem de 1888 nos dois concertos. Paulo está descrevendo as frustrações e derrotas que inevitavelmente seguem os que vivem sob o velho concerto.
Paulo resume o motivo da derrota em Romanos 7:25: "Com o entendimento, [eu mesmo] sirvo a lei de Deus, mas com a carne a lei do pecado". Ego [eu mesmo] nunca seria usado para descrever um esforço ou ação conjunta, ou uma relação cooperativa entre duas pessoas [Cristo e o crente]. Significa enfaticamente, eu sozinho. Em Romanos 7:25 significa eu sem Cristo. Ele descreve vividamente um homem sob o velho concerto, tentando em sua própria força obedecer a lei de Deus e tornar-se justo. Este era o problema do antigo de Israel com a promessa do velho concerto. "E por que? porque Israel não confiou na fé, mas no que poderiam fazer" (Romanos 9:32, tradução de Moffatt).
"O homem de Romanos 7" não é o Paulo convertido ou não convertido per se (*por si mesmo), mas o "eu" corporativo da raça humana caída e pecadora aparte de Cristo: esta é a situação da humanidade caída. "Em mim ... não habita bem algum" (Romanos 7:18). Se "nenhuma coisa boa" existe, como eu sou parte do corpo corporativo de Adão, todo o mal poderia habitar lá. Ninguém mais é intrinsecamente pior do que eu.
George I. Butler, um dos principais irmãos que se opuseram à visão dos dois concertos de E. J. Wagoner, escreveu na Review and Herald: "Que a justiça da lei se cumprisse por nós" em vez de "... se cumprisse em nós"(Romanos 8: 4).1 Ellen G. White, em numerosas ocasiões, inclusive em Patriarcas e Profetas, páginas 370-373, aprovou a visão de Waggoner sobre os concertos.
A grande massa dos membros da Igreja adventista do sétimo dia em todo o mundo que vieram do mundo são "convertidos" no sentido de que foram batizados e vão à igreja sábado após sábado, mas que não conhecem a vitória sobre o pecado e estão sobrecarregados por medo pecador do velho concerto que motiva sua confiança em Deus.
O problema que Deus tem que lidar é o "pecado residente" em Seu povo hoje, não a condição de Adão no Jardim do Éden. A igreja remanescente é "morna". Adora todos os sábados; mas Laodicéia é forçada a confessar: "Porque o que eu faço não o aprovo: pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.” [Laodicéia há muito "consentiu" que a lei é boa!]. ... Agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. ... com efeito o querer está em mim, mas não sonsigo realizar o bem” (7: 15-18).
O Adão sem pecado não teve esse problema. Simplesmente para Cristo redimir o fracasso de Adão e parar com tal vitória significaria que a igreja está condenada à mornidão perpétua, e o problema do pecado que habita dentro e nos obriga a pecar nunca pode ser resolvido. Por isso, o Cristo encarnado "condenou o pecado na carne", "na Sua carne desfez a inimizade" (Rom 8: 3, Efésios 2:15), o que o Adão sem pecado nunca teve que fazer.
Enquanto o velho concerto era a promessa do povo de obedecer a Deus em sua própria força (*Êxo. 19: 8 e 24:7) o novo concerto são as promessas de Deus para nós. O cocerto de Deus e Suas promessas são uma e a mesma coisa. Não precisamos fazer promessas a Deus, mas apenas aceitar suas promessas para nós. Aceitamos essas promessas pela fé, e essa fé, sendo uma resposta do coração ao amor de Cristo revelado no Calvário, é uma transação salvadora. Essa fé que salva é uma "fé que opera [é motivada] pelo amor" (Gálatas 5: 6). Assim, esta fé, que nos reconcilia com Deus, também nos reconcilia com a Sua lei, e assim nos torna obedientes à Sua lei e vontade.
--Paul E. Penno
Nota final:                                                                        
1) George I. Butler, "The Righteousness of the Law Fulfilled by Us," (“A Justiça da Lei cumprida por nós” Review and Herald, de 14 de maio de 1889, págs. 313, 314 (enfase acrescida).
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Notas:                                                                         
O vídeo desta lição do pastor Paulo Penno, em inglês, está na Internet  em: https://youtu.be/2ehgujYxjQ8
Esta lição, em inglês, está na Internet em: http://1888message.org/sst.htm  

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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, em Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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