terça-feira, 28 de novembro de 2017

Lição 9 — Nenhuma condenação, por Paulo Penno



Para 25 de nov. a 2 de dez. de 2017

Muitos têm discutido por muitos anos de quem Paulo está falando em Rom. 7. Ele quer dizer ele mesmo antes de ser convertido? Ou está falando sobre si mesmo quando foi convertido? Bem, ele termina o capítulo dizendo: “Com a mente, eu também sirvo a lei de Deus, mas com a carne a lei do pecado” (vs. 25, King James Version). (*A Almeida Fiel diz "Eu mesmo com o entendimento sirvo a lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado")
É difícil acreditar que, enquanto Paulo estava escrevendo essas palavras, ele ainda podia estar envolvido com alcoolismo, adultério, inveja, ciúme ou ódio. Não, nesse momento, Paulo estava vivendo uma vida de vitória em Cristo. Portanto, é claro que Paulo está se descrevendo como um representante de toda a raça humana. Seu “eu” é o “eu” corporativo da humanidade em geral — qualquer um que queira fazer o que é certo, mas que percebe que sua natureza o leva a fazer o que é errado. Isso é tudo de nós, por natureza!
Mas no capítulo 8, Paulo responde sua própria pergunta. Há alguém para salvá-lo, e esse é Cristo Jesus. Há uma nova lei nEle, um novo princípio em operação — de triunfo sobre o pecado e o mal. E, como ser humano, você faz parte da sua possessão comprada — a liberdade e a vitória já são suas. Agora acredite e aponte nessa fé.
Depois que ele descreveu o seu desespero em Romanos 7, Paulo encontrou esperança alegria nas boas novas de um Salvador que seguiu todo o caminho até onde estamos, para nos salvar de nossos pecados. "Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus ... Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte" (Romanos 8: 1, 2). O que isto significa? Quão profunda e completa é a libertação de Cristo de nossos hábitos de pecados compulsivos?
“Nenhuma condenação” significa libertação de nosso senso interior de julgamento divino que paira sobre nós em todo o nosso viver. Embora esses sentimentos de erro e desajuste psíquico sejam profundos e penetrantes, “a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus” é ainda mais profunda e de maior alcance. Um novo princípio nos livra dos tentáculos do medo, culpa e desordem moral que escravizaram nossas almas, mesmo desde a nossa infância.
Nenhum psiquiatra pode realizar uma cura tão profunda da alma humana como essa “lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus”. Erros e ansiedades desde a infância até a idade adulta, que os conselheiros não conseguiram aliviar, encontram a cura interior do nosso Psiquiatra Divino. Aquele que crê no verdadeiro evangelho goza do novo nascimento, que é um poder que opera nele ou nela para a justiça, tanto mais forte quanto o poder das tendências herdadas para o mal.
Uma realidade gloriosa é desvendada na apresentação de Paulo do nosso Cristo que está tão próximo de chegar e que os mensageiros de 1888, E. J. Waggoner e A. T. Jones, apreenderam. A razão pela qual Cristo chegou tão perto de nós é revelada aqui: "Portanto o que era impossível à lei, visto que estava enferma pela carne, Deus enviando o Seu próprio Filho na semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprsse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito"(Romanos 8: 3, 4).Romanos 8: 3, 4).
A palavra “semelhança” no original significa idêntico, o mesmo que nós.1 Não pode ser alheio a nós ou diferente de nós. Cristo que é totalmente Deus agora Se tornou totalmente homem, não com uma isenção substitutiva da raça humana de alguma forma que O isole de nossas tentações internas, mas num sentido compartilhado. Ele construiu uma ponte divino-humana que atravessava o abismo da alienação que o pecado criou, com fundações que chegam até a raiz mais profunda, dentro da natureza do pecador mais desamparado da terra.
De forma alguma, Ele Se esquivou da realidade com o engano de uma “isenção” do que devemos lutar. Tal isenção artificial negaria o princípio básico da justiça pela fé e contradiria toda a Escritura. Além disso, ele deixaria a Cristo no papel de enganador, fingindo conquistar o pecado quando nunca chegou perto o suficiente para lutar contra a batalha onde jaz o pecado. A intenção de Paulo é apresentar a Cristo como perfeitamente equipado para resolver o problema do pecado onde está — profundo dentro da nossa natureza caída. Aqui está a fortaleza onde o dragão estabeleceu a sua última posição, e aqui está onde Cristo Se confronta com Satanás. No entanto, Cristo permaneceu perfeitamente sem pecado.
Cristo teve experiência pessoal na luta contra a mesma “guerra” que lutamos. Ele tomou nossa carne e “condenou o pecado” nela. Cristo em Romanos 8 encontra o problema do homem frustrado de Laodiceia de Romanos 7. O homem do Velho Concerto de Romanos 7, cuja confiança é motivada por “Eu, eu” servindo a lei, criando medo e tensão com a lei, encontra-se — homem centrado com o Cristo do Novo Concerto de Romanos 8, que dá uma nova motivação para a fé—”sem condenação” e “justiça da lei ... cumprida em nós” (Romanos 8: 1, 4).
Jesus nos explica como Ele “condenou o pecado na carne” que assumiu. Ele lutou a mesma “guerra” que devemos lutar, com essa tremenda diferença: enquanto fomos vencidos, Ele venceu completamente. Considerando que fomos trazidos “em cativeiro para a lei do pecado”, ele trouxe a “lei do pecado” ao cativeiro, condenando-a. Através da abnegação, ele “se deleitava” com a vontade de Deus.
Ele abre uma janela em seu coração e convida-nos a olhar para dentro da natureza da batalha que Ele lutou lá: "Não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que Me enviou"; "Desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou" (João 5:30; 6:38). Aqui Ele usa a mesma fraseologia que Paulo em Romanos 8: 3 — O Pai O “enviou” em uma missão. Envolveu conflito interno com a tentação, e não apenas exterior. Algo tinha que ser “condenado” dentro de Sua natureza — Sua “própria vontade”. Aqui é onde Sua “guerra” foi travada: Ele não poderia fazer a “vontade do Pai”, exceto quando negou “a Minha própria vontade”. Há os que começam espantando-se terrivelmente com a sugestão de que Jesus teve um conflito interno dessa natureza; mas não O silencie nem reprima Suas próprias palavras.
A glória da justiça de Cristo é que não foi fácil para Ele. Eis a luta no Getsêmani, quando Ele ora: “Não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lucas 22:42). Lançamos desprezo sobre o Seu sacrifício divino se insistimos que era fácil para Ele, que não envolveu qualquer luta interior que O fez suar  sangue enquanto Ele arranhava a Terra com os Seus dedos e chorava em agonia até fazer a final entrega, dizendo “Não” à Sua própria vontade e “Sim” à vontade de Seu Pai por Ele. O Adão antes do pecado no Jardim não teve uma guerra tão interna entre duas vontades: Jesus assumiu a Si mesmo uma luta infinitamente maior do que o caminho do Adão sem pecado.
Foi aqui “na semelhança de [nossa] carne pecaminosa” na luta no Getsêmani e no Calvário que o Filho de Deus pisoteou a cabeça da serpente. É um mistério como o Filho de Deus Se sentiu “alienado” de Seu Pai; Mas é um fato de que Ele sentiu isso na cruz, pois clamou: "Deus Meu, Deus Meu,  por que Me desamparaste?" (Mateus 27:46). Embora tenha sentido assim, a verdade é que o Pai não Se alienou dEle verdadeiramente, pois Ele estava ali com Ele, sofrendo com Ele, pois "Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo"  2ª Coríntios 5: 19). “Deus e Seus santos anjos estavam ao pé da cruz. O Pai estava com o Filho. Sua presença, no entanto, não foi revelada.”2 Foi por fé que Cristo uniu o abismo terrível de nossa alienação "no corpo da Sua carne". E somos reconciliados se "permanecerdes na fé", da qual Ele foi pioneiro (Colossenses 1: 21-23).
A humanidade de Cristo significa tudo para nós pois está intimamente associada ao objetivo da purificação da verdade do santuário. Em Romanos 8, Paulo conectou a natureza humana pós-queda de Cristo, "à semelhança da carne pecaminosa", com sua aplicação prática. "Para que a justiça da lei se cumprisse em nós" (Romanos 8: 4). A palavra “justiça” é dikaioma no original. A palavra usual para a justiça é dikaiosune, que sempre significa a justiça de Deus, de Cristo, imputada ao crente. Mas o dikaioma é diferente — é a justiça real do crente, transmitida, não meramente imputada. (Se uma senhora usa um casaco de pele de leopardo, é-lhe imputado, não dela, o leopardo usa o mesmo casaco, é transmitido, uma parte dele).
A razão pela qual o casamento tão aguardado (as bodas) do Cordeiro ainda não ocorreu é que Sua noiva não se preparou. Ele está pronto, ela não. Mas Apocalipse 19: 8 diz como finalmente a igreja não só terá justiça imputada, mas terá dikaioma: "E foi-he dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; (*branco e puro) porque o linho fino são as justiças dos santos". Não, eles não vão se salvar a si mesmos e não terão nenhum mérito; mas seu dikaioma finalmente honrará o seu Salvador, e lhe dará “glória” (vs. 7). Você quer estar “pronto”?
--Paul E. Penno
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Notas finais                                                            
1) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, págs. 753, 754. (*O texto continua: “Houvesse Sua glória irrompido da nuvem, e todo espectador humano teria sido morto. E naquela tremenda hora não devia Cristo ser confortado com a presença do Pai. Pisou sozinho o lagar, e dos povos nenhum havia com Ele.”);
2) Veja o predominante sentido da palavra semelhança em português, como está em Romanos 8: 3, “homaioma (homaiomati) = semelhança; “homós” em grego:
Homoaxial = com o mesmo eixo;
Homocentro = centro comum de várias circunferências;
Homocinético = partes que se movem com a mesma velocidade;
Homogêneo = cujas partes todas são da mesma natureza;
Homógrafo = que têm a mesma grafia;
Homônimo = que têm o mesmo nome;
Homosexual = sexo mantido por indivíduos do mesmo sexo;
Homotérmico = que têm a mesma temperatura;
Etc ...  etc ...
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Notas                                                                     Notes:
Pastor Paul Penno's video of this lesson is on the Internet at: 
https://youtu.be/-0PmY-Wc_7k
"Sabbath School Today" is on the Internet at: http://1888message.org/sst.htm
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Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia.” (Este livro postamos, por inteiro, em Ágape Edições (agape-edicoes.blogspot.com) em 1º de agosto de 2017). Ao longo dos anos o Pr. Paulo Penno, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
    Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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