sexta-feira, 30 de julho de 2010

Lição 5 — Justificação e a Lei, por Paul Penno

O evangelho de "—tudo que você tem que fazer é crer" e Deus vai ajustar as suas contas no céu, é "graça barata" que torna sem efeito a lei de Deus. O evangelho de "—confiar e obedecer" é "legalismo" e elimina a lei de Deus também. O apóstolo Paulo é totalmente contra a abolição da lei de Deus. Ele escreve: "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei" (Rom. 3:31). Então, como devemos entender a relação entre a fé e a lei?

Através dos séculos, os cristãos têm lutado com a salvação guardando a lei ou crendo. A histórica idéia católico-romana era que a salvação é pela graça que é recebida pelo participante da santa ceia através dos sacramentos da Igreja, que, por sua vez, permite que ele preste a Deus obras aceitáveis, a fim de que os pecados sejam perdoados. A lei de Deus, e o sábado em particular, eram de pouca importância. A descoberta de Lutero da justificação pela fé foi o começo de uma restauração do amor de Deus para os pecadores, perdoando os pecados constantes de seu registro. Distinta da justificação pela fé foi a busca de viver para Deus, mas a verdade do sábado e da lei de Deus eram de importância secundária.

O que Ellen White ouviu da mensagem de 1888 foi o perfeito casamento entre a justificação pela fé e a lei de Deus.1 Em outras palavras, a justificação pela fé é a experiência de ver o crucificado Salvador, e apreciar o fato de que "se Um morreu por todos, logo todos morreram" (2ª Cor. 5:14), ou seja, todos estariam mortos se alguém (*Cristo) não tivesse morrido por todos. Esse eficaz dom do maravilhoso perdão de Deus em Cristo é dado ao pecador e concilia o coração de um inimigo de Deus, para que a alma receba a expiação.

Disto resulta que não se pode ser reconciliado com Deus sem se reconciliar com a Sua santa lei. "Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a lei” (Rom. 3:31). Portanto, se nós somos reconciliados com Deus, deveremos ter prazer em obedecer a todos os Seus dez mandamentos, incluindo o quarto. Sim, vamos obedecer o sétimo também, a justificação pela fé cura alienados corações feridos no casamento.

Paul fornece duas ilustrações da justificação pela fé do Antigo Testamento. "O nosso pai Abraão" (*Tiago 2:21) foi um gentio (*pagão), quando Deus proclamou a cruz para ele (Gálatas 3:8). O amor abnegado de Deus, de auto-doação, venceu o coração de Abraão, e ele “creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça" (Rom. 4:3). Aquele que pretende ser "justificado pelas obras" supre a justiça em que se gloria, mas todas essas obras auto-motivadas nada são "diante de Deus." É a fé que é ativada pelo Ágape criador de Deus que conta como justiça, e não há egocentrismo envolvido nela.

Quando alguém é motivado pelo interesse próprio, trabalha por salários (*a serem) auferidos, mas a graça não pode ser conquistada. Graça é dom de Deus aos pecadores. A fé genuína é centrada na cruz, onde o pecador se identifica com Cristo. Deus justifica o ímpio só a partir de dentro para fora. Isto é o que Paulo quer dizer quando ele escreve, "sua fé lhe é imputada como justiça" (vs. 5).2

A segunda ilustração de Paulo da justificação pela fé é David. A “bem-aventurança" de David tem duas partes: a imputação da justiça de Deus, e o perdão dos pecados (vs. 6 e 7). David escreveu da abençoada experiência de Deus remover seus pecados (Salmo 32:1, 2). Igualmente importante é a felicidade pessoal de Deus em tornar alguém justo (v. 8).

"A falsa visão de justificação pela fé declara que a justiça verdadeira deve ser sempre imputada vicariamente (*indiretamente), que nunca pode ser realmente transmitida (*compartilhada, outorgada, dada). Qual é a diferença? Uma senhora veste um casaco de pele de leopardo, mas nunca é uma parte dela. O leopardo usa um casaco de pele de leopardo, como parte de si mesmo. A visão falsa diz que o pecado nunca pode ser erradicado (*da vida de uma pessoa) até que nós vejamos o Senhor nas nuvens do céu e Ele nos transforme. Mas a Bíblia ensina que a justiça imputada, vicária, deve e irá também transmitir (*dar) justiça.3

Assim é que, a fé, motivada por Ágape, estabelece a lei. "Portanto, é pela fé, para que seja segundo a graça" (Rom. 4:16). O dom da cruz é o sentido último (*máximo) da expiação, que é perfeita harmonia com a lei de Deus.

A lei, divorciada da graça, provoca a inimizade natural nascida do coração. Essa inimizade é rebeldia, que visa acabar com o pecado (3:15). Qualquer conceito de justificação pela fé, que não consegue lidar com a inimizade do coração é antinomianismo (*aversão à lei). Se a justificação pela fé é um assentimento mental de uma operação (*contábil) no livro do céu, anos-luz de distância do crente, pela qual Deus ajusta as contas de alguém no céu, mas não há reconciliação do coração, é uma volta ao redor da cruz. Se o egocentrismo não é crucificado com Cristo, a lei é anulada.

Deus não nos pede que guardemos os Seus mandamentos a fim de sermos salvos. Seu amor nos constrange a crer em Suas promessas – o concerto eterno. O evangelho de Paulo proíbe toda e qualquer possibilidade de "justiça" pela lei "(Gal. 3:21). "As promessas de Deus" foram dadas a Abraão 430 anos antes de seus descendentes receberam os Dez Mandamentos escritos em tábuas de pedra (Gal. 3:17). O propósito de Deus em dar a lei é apresentar uma descrição perfeita da justiça. Mas os que são motivados pelo medo são "guardados debaixo da lei", presos por um oficial correcional, para que a lei possa conduzi-los "para aquela fé que se havia de manifestar" (Gálatas 3: 23).

Paulo não está escrevendo sobre a sequência histórica dos judeus do Sinai à cruz, mas a função da lei, por força do Espírito Santo, de convencer o coração "do pecado e da justiça" (João 16:8). "Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes" (Gal. 3:22).

A “fé de Jesus" é a fonte da nossa fé nEle. É o fato dEle tomar o nosso "eu" e negá-lo continuamente durante Sua vida terrena, culminando em sua cruz. Seu último ato de fé, foi quando pendurado na cruz, abandonado por Deus, Ele levou nossa maldição da segunda morte e ainda proclamou a Sua fé, "Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito: e, havendo dito isso, expirou" (Lucas 23:46). Sua fé ligou o pecador ao Pai através do abismo, e isto é a expiação.

Nós apreciamos a "fé de Jesus" e "cremos" nEle. Experimentamos a reconciliação do coração a Deus, que está em perfeita harmonia com a Sua lei do amor manifesta na obediência a todos os Seus mandamentos.

--Paul E. Penno

O irmão Paulo Penno é pastor evangelista da igreja adventista da cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, nos Estados Unidos da América do Norte. Ele foi ordenado ao ministério há 38 anos. Após o curso de teologia ele fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente ele preparou uma extensiva antologia dos escritos de Alonzo T. Jones e Ellet J. Waggoner, a qual está incluída na Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também ele escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Ig. Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de 1888. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente o chamamos de Paul E. Penno Junior.

Notas do Autor:

1) "Em Sua grande misericórdia, enviou Senhor uma mui preciosa mensagem a Seu povo por intermédio dos Pastores Waggoner e Jones. Esta mensagem devia pôr de maneira mais preeminente diante do mundo o Salvador crucificado, o sacrifício pelos pecados de todo o mundo. Apresentava a justificação pela fé no Fiador; convidava o povo para receber a justiça de Cristo, que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus" (Testemunhos Para Ministros, págs. 91 e 92).

2) "O último versículo do terceiro capítulo de Romanos nos diz que pela fé nós estabelecemos a lei. Além disso, o próprio termo" justificação" mostra que a fé cumpre a exigência da lei. Fé torna o homem um obediente à lei , pois esse é o significado do termo "justificação pela fé" (E. J. Waggoner, "Estudos em Romanos. A bênção de Abraão," The Signs of the Times, 13 de fevereiro de 1896, pág. 2).

3) Robert J. Wieland, Dial Daily Bread (14 de fevereiro, 1998).


Tradução e acréscimos, marcados com asteriscos, de João Soares da Silveira

Nota do tradutor:

Não devemos esperar obter quaisquer boas obras por nós próprios

Temos tentando, mas já falamos e sabemos que continuaremos a falhar. Ouça, nunca haverá qualquer coisa boa em nós,de qualquer tipo, de agora até o fim do mundo, exceto se forem ali criadas pelo próprio Criador, por Sua Palavra, que tem nela energia criadora. Não se esqueça disso. Se desejamos andar em boas obra isso somente se realizará se formos criados em Cristo Jesus para aquelas boas obras. Paremos de tentar. Olhemos para o Criador e recebamos a Sua palavra criadora. "Que a Palavra de Cristo habite em vós abundantemente" (Col. 3:16), então aquelas boas obras aparecerão. Ele lhe diz que somos "feitura Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas." Então reconheçamos as boas obras que são criadas em nós, não dando nenhuma atenção a qualquer obra que não seja ali criada, porque nada há bem a não ser o que é criado pelo Senhor. Veja que o verbo está no tempo presente, "somos feitura dEle". Somos criados em CRISTO JESUS para as boas obras. ... Creiamos no Senhor. Ele fala de perdão. Ele fala de um coração limpo. Ele fala de santidade; Ele a cria. Permitamos criá-la em nós. ... permitamos que a palavra criadora opere em nós aquilo que a Palavra profere,

Na criação: “Deus falou e tudo se fez”, não demorou nem uma fração de segundos entre Deus ter falado e a coisa acontecer.

A palavra criadora de Deus teve cumprimento imediato.

Deus fala e a Sua palavra se cumpre ato contínuo. A palavra de Deus diz: “Cria em mim um coração puro” (Salmo 51:11). Quando nós cremos na criadora Palavra de Deus, Ela se cumpre de imediato em nós, criando o principio da coisa falada em nossa vida e “Aquele que começou boa obra em nós há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus” (Fil. 1:6).

Quando Jesus disse ao leproso: “Fica limpo”, houve criação imediata completa, pois a palavra criadora de Deus se cumpriu imediatamente de maneira completa. Não houve necessidade de o leproso entrar em um processo de tratamento de sua cura; a palavra criara a cura imediata e completa.

A Palavra de Deus diz: ”perdoados estão os teus pecados”. Quando cremos na criadora Palavra de Deus, somos perdoados imediata e completamente. Não há necessidade de sermos perdoados continuamente por aquele mesmo pecado, a não ser que não confiemos na Palavra de Deus que diz: “vai e não peques mais”. “Sede perfeitos”, “sede santos”.

Na vida cristã tudo depende da palavra de DEUS. A palavra de DEUS nos impede de pecar. "Quanto ao trato dos homens, pela palavra dos Teus lábios eu me guardarei das veredas do destruidor" (Salmo 17: 4). "Escondi a Tua palavra no meu coração, para não pecar contra Ti” (Salmo 119: 11). Esta é a "forma" determinada por DEUS para a vitória sobre o pecado.

"Ele é poderoso pra vos guardar de tropeçar" (Judas 1: 24). "Eu te sustento com a destra de Minha justiça" (Isaías 41: 10). "Poderoso é Deus para o firmar" (Romanos 14: 4). "Porque a palavra de DEUS é viva e eficaz" (Hebreus 4: 12).

Justificação pela fé, portanto, é justificação que vem pela palavra de DEUS. "Justificados [tornados jus­tos], pela fé [por esperar e depender somente da Palavra de Deus], tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 5: 1). “Mediante a fé estais guardados na virtude de Deus" (1ªPedro 1: 5). Confiemos nessa palavra, dependamos dela e descobriremos o seu poder mantenedor.

A ‘fé de Jesus’, remove as montanhas de dificuldade de controlar o nosso ego! E, assim cumprir-se-á na Terra Apocalipse 14.12.

Ao sermos cristãos verdadeiros, aprenderemos e confiaremos correta e devidamente que a Palavra do Senhor tem poder de criar justiça – perfeita obediência à Lei de Deus. Lembremo-nos de que O inimigo de Deus afirma que é nos impossível vencer perfeitamente e está acusando nosso Pai de injusto, por estar aguardando perfeita vitória sobre o mal; de mentiroso, por afirmar que nos é possível; e de falho, por ter feito uma lei muito além de nossa capacidade.

Então, é por amor ao Pai que buscamos a VITÓRIA perfeita – a justiça de Cristo pela fé, isto é, ‘a terceira mensagem angélica’! Essas calúnias satânicas devem ser anuladas, irrefutavelmente! Busquemos, pois, alcançar essa vitória pela fé, tendo ‘fome e sede’ dela! E o coração de nosso querido Pai vai se encher de alegria!

Esta nota foi elaborada com base em um sermão sobre as três mensagens angélicas, a justificação pela fé no poder criador da palavra de Deus, estando em nós, e operando por, e, mediante nós, como DEUS CONOSCO, intitulado "Está Escrito", proferido por Alonzo T. Jones, um dos dois mensageiros de 1888, em 21 de fevereiro de 1899.