CARTA AOS ROMANOS
Por Ellet J. Waggoner
Um dos dois mensageiros
de 1888
Tradução e Edição
César L. Pagani
Capítulo 6
O Jugo de Cristo é Suave e o Seu Fardo é Leve
Ao dar início ao estudo do sexto capítulo de Romanos, devemos
lembrar-nos de que ele é a continuação do quinto, cujo tema principal é a graça
superabundante, o dom da vida e a justiça pela graça. Como pecadores, somos
inimigos de Deus. Porém, fomos reconciliados, isto é, libertados do pecado ao
recebermos a justiça da vida de Cristo, a qual não conhece limites. Não importa
o quanto o pecado possa transbordar, a graça o suplanta “muito mais”.
Crucificados, sepultados
e ressuscitados com Cristo: Rom. 6:1 a 11.
1 Que diremos, pois?
Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?
2 De modo nenhum! Como
viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3 Ou, porventura,
ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos
batizados na sua morte?
4 Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida.
5 Porque, se fomos
unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na
semelhança da sua ressurreição,
6 sabendo isto: que foi
crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja
destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;
7 porquanto quem morreu
está justificado do pecado.
8 Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos,
9 sabedores de que,
havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem
domínio sobre ele.
10 Pois, quanto a ter
morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive
para Deus.
11 Assim também vós considerai-vos mortos
para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus.
Uma pergunta importante: –“Permaneceremos no pecado, para que seja a
graça mais abundante?” É indubitável que em sua mente haja uma pergunta
equivalente à feita nos versículos 5 e 7 do terceiro capítulo, e cuja resposta
é encontrada nos versos 6 e 8.Trata-se de outro modo de dizer: “Pratiquemos
males para que venham bens?” A resposta
é óbvia: “De modo algum!”
Mesmo que a graça transborde ali onde o pecado abundou, não há
razão para acumular pecados voluntariamente. Isso seria receber a graça de Deus
em vão (II Coríntios 6:1).
Sua razão: –“Nós, que
estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” Isso é simplesmente
impossível. Realmente, não há procedência na pergunta se deveríamos ou não
praticá-lo, visto estarmos mortos para ele, não podemos viver nele ao mesmo
tempo. Um homem não pode estar vivo e morto ao mesmo tempo.
O capítulo anterior demonstrou o fato de que estamos reconciliados
com Deus mediante a morte de Cristo, e somos salvos pela Sua vida.
Reconciliação com Deus significa libertação do pecado, de maneira que sermos
“salvos pela Sua vida” significa que “passamos da morte para a vida”. A vida de
pecado era de inimizade, a qual a vida de Cristo pôs fim.
“Batizados em Cristo Jesus”: –O
batismo é símbolo de incorporação em Cristo. “Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo de Cristo vos revestistes”. (Gálatas 3:27). “Porque, assim
como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,
constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só
Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos...”
(I Coríntios 12:12 e 13)
Onde Cristo nos toca: –É
na morte que tomamos contato com Cristo. Alcança-nos Ele no ponto mais baixo
possível. Isso garante a nossa salvação. Ela é assegurada a todos, sem exceção.
A morte e a enfermidade são tributárias do pecado. A morte é a soma de todos os
males possíveis ao homem; é a mais baixa profundidade imaginável, e é aí que
Cristo entra em contato conosco. É pela morte que nos unimos a Ele. Em virtude
do princípio universal de que o maior inclui o menor, o fato de Cristo ter-Se
humilhado a Si mesmo até a morte, demonstra que não há mal que nos possa
afetar, o qual Ele não tenha tomado sobre Si.
“Batizados em Sua morte”: –“Todos
quantos fomos batizados em
Cristo Jesus, fomos batizados na Sua morte...” O que
significa ser batizados em Sua morte?
Verso 10: “Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu
para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus”. Morreu para o pecado, não
pelo Seu, pois não tinha nenhum, mas “carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre
o madeiro, os nossos pecados”. (I Pedro 2:24). “Mas Ele foi traspassado pelas
nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades...” (Isaías 53:5). Em Sua
morte, o pecado morreu; por conseguinte, se somos batizados em Sua morte,
também morremos para o pecado.
Uma vida nova: –“Tendo
Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais...” “Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com Ele viveremos”. Foi impossível que a
sepultura retivesse a Cristo (Atos 2:24). Assim, tão certamente como somos
batizados na morte de Cristo, seremos ressuscitados de uma vida de pecado para
uma vida de justiça n’Ele. “Se temos sido unidos a Ele na semelhança da Sua
morte, certamente também o seremos na semelhança da Sua ressurreição”.
Crucificados com Ele: –Desde
que Cristo foi crucificado, ser batizados em Sua morte significa que somos
crucificados com Ele. Assim, lemos: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim...” (Gálatas 2:20) Crucificado, porém vivo,
já que estou crucificado com Cristo e Cristo vive. Em certa ocasião, nosso
Salvador garantiu: “Porque Eu vivo e vós vivereis”. (João 14:19). Como podemos
viver uma nova vida? Não temos em nós mesmos nenhum poder, porém, Cristo foi
ressuscitado dos mortos pela glória do Pai, e em Sua oração a Deus Ele disse:
“Eu lhes dei a glória que a Mim Me deste...” (João 17:22). Portanto, o poder
que ressuscitou a Jesus dos mortos põe-se em ação para ressuscitar-nos da morte
do pecado. Se estivermos dispostos a permitir que nossa vida anterior seja
crucificada, podemos estar certos da concessão da nova.
Crucificado nosso “velho
homem”: –Seremos tornados em semelhança de Sua ressurreição. Se formos
crucificados com Cristo, nossos pecados devem ter sido igualmente crucificados
com Ele, posto que fazem parte de nós. Nossos pecados estiveram sobre Ele
quando foi crucificado, de maneira que estão certamente crucificados se nós
estivermos com Ele.
Porém, há aqui uma diferença entre nós e nossos pecados ao serem
crucificados. Somos crucificados a fim de podermos voltar a viver, enquanto que
nossos pecados o são com o objetivo de extinção. Cristo não é “ministro do
pecado” (Gálatas 2:17). Foi a vida de Deus que o ressuscitou dentre os mortos,
e nessa vida não existe pecado.
Separação do pecado: –Observe
que a separação do pecado é produzida pela morte. Isso é assim porque a morte
está no pecado. “... O pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1:15).
Assim, nada menos que a morte pode operar essa separação. Não podemos
separar-nos a nos mesmos do pecado, porque ele era a nossa própria vida. Se nos
fosse possível promover a destruição do pecado, haveria de ser unicamente pela
deposição de nossa vida, o que significaria nosso fim. Essa é a razão pela qual
não existe futuro para os ímpios que morrem em seus pecados. Ao cessar-lhes (ou
ser-lhes retirada) a vida, deixam de existir. Porém, Cristo tinha o poder de depor
Sua vida e tornar a tomá-la, por isso, quando depomos nossa vida nEle, somos
ressuscitados em virtude de Sua vida indestrutível.
Lembre-se, amigo leitor, que não se trata de devolver nossa vida
anterior, mas de que Ele nos dá Sua própria vida. Nessa vida não houve jamais
um só pecado, e assim, sermos crucificados e ressuscitados com Ele significa
nossa separação do pecado. É preciso manter esse pensamento em mente ao
abordarmos o estudo do próximo capítulo.
Sepultados com Ele no
batismo: –O batismo, por conseguinte, é um enterro. Se quiséssemos seguir
as claras instruções das Escrituras, nunca questionaríamos a forma de praticar
o batismo. Ninguém que leia a Bíblia pode conceber uma idéia diferente da de
que o batismo efetua-se por imersão. “...Sepultados, juntamente com Ele, no
batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus
que O ressuscitou dentre os mortos”. (Colossenses 2:12) O batismo representa a
morte e a ressurreição de Cristo, e mediante ele demonstramos nossa aceitação
de Seu sacrifício. O próprio ato é, de fato, um sepultamento, a fim de tornar
mais destacado o ensino.
Por que a forma de
batizar foi mudada?: –Como ocorreu a mudança do batismo bíblico para o rito de
aspersão? A resposta é facílima. O batismo é um memorial da ressurreição de
Cristo. Porém, a “igreja”, entendendo por ela os bispos que amavam mais o
louvor dos homens do que o louvor de Deus, e que buscavam o favor da classe
influente entre os pagãos, adotou a festividade pagã do Sol. A fim de se justificar
desse proceder, declarou que o sol nascente que os pagãos adoravam era um
símbolo da ressurreição do “Sol da Justiça”, isto é, de Cristo, e que
observando o domingo celebravam Sua ressurreição.
Todavia, agora os prelados se encontravam com dois memoriais da
ressurreição, de forma que abandonaram aquele que Deus havia dado. Para que não
parecesse estarem eles depreciando o batismo, declararam que o costume pagão de
aspergir com “água benta”, própria da festividade do Sol, constituía o batismo
sancionado pelas Escrituras.
O povo confiava nos
padres em lugar de consultar pessoalmente a Bíblia, e assim era muito fácil
fazê-lo crer que estava obedecendo a Deus. É certo que alguns atendem à Palavra
no que se refere ao batismo por imersão, enquanto observam o domingo, porém,
isso é inconsistente. É um contra-senso ignorar a Palavra num particular
(observância do domingo), a fim de prover um memorial para algo que já se está
celebrando de acordo com a Bíblia (o batismo). O batismo bíblico está caindo em
desuso entre muitos observadores do primeiro dia da semana. Antes ou depois,
terão de decidir-se inteiramente por uma das duas opções.
Instrumentos de Justiça: – Romanos 6:12-23.
12 Não reine, portanto,
o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada um
os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas
oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a
Deus, como instrumentos de justiça.
14 Porque o pecado não terá
domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
15 E daí? Havemos de
pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!
16 Não sabeis que
daquele a quem vos ofereceis como servos para obediência, desse mesmo a quem
obedeceis sois servos, seja do pecado para a morte ou da obediência para a
justiça?
17 Mas graças a Deus
porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à
forma de doutrina a que fostes entregues;
18 e, uma vez libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça.
19 Falo como homem, por
causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para
a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os
vossos membros para servirem à justiça para a santificação.
20 Porque, quando éreis
escravos do pecado, estáveis isentos {isentos; isto é, no original, forros} em
relação à justiça.
21 Naquele tempo, que
resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque
o fim delas é morte.
22 Agora, porém,
libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto
para a santificação e, por fim, a vida eterna;
23 porque o salário do
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor.
O reino do pecado: –Aprendemos no quinto capítulo que o reino do pecado é o reino da
morte, posto que a morte vem através do pecado. Porém, aprendemos também que o
dom da vida é oferecido a todos, de tal maneira que aquele que tem a Cristo tem
a vida. Neles não reina a morte, mas eles mesmos “reinarão em vida por Um só,
por Jesus Cristo”. A exortação “não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal”, equivale a uma exortação para morar em Cristo e entesourar Sua vida.
Obtemos a vida pela fé e assim é como temos de mantê-la.
De quem você é servo?: –A resposta é evidente: “sois servos desse
mesmo a quem obedeceis”. Se nos submetermos ao pecado, somos servos do pecado,
posto que “todo o que comete pecado é escravo do pecado”. (João 8:34). Contudo,
se nos submetermos à justiça, somos seus servos. “Ninguém pode servir a dois
senhores”. (Mateus 6:24). Não podemos servir ao pecado e à justiça a um só
tempo. Ninguém pode ser pecador e justo ao mesmo tempo. (Nota: emprega-se aqui
o termo “pecador” na acepção de Isaías 1:29; 13:9; I Pedro 4:28, etc. A
suposição de que se referisse aqui à extirpação da natureza pecaminosa, é
totalmente contrária ao ensino do autor) Ou bem reina o pecado ou bem reina a
justiça.
Instrumentos: –Deparamo-nos, neste capítulo, com dois termos que descrevem as
pessoas: servos e instrumentos. O pecado e a justiça são dois governantes. Não
somos mais que instrumentos em suas mãos. O caráter da obra que um instrumento
realiza é inteiramente determinado por aquele que o usa.
Que tipo de obra fará um
bom lápis? Boa, nas mãos de um escritor competente. Muito deficiente, se quem o
maneja é um tabaréu. Um homem bom escreverá com ele apenas o que é bom; porém,
empregado por um malvado, propiciará uma exibição de maldade. Agora, o homem
não é uma simples ferramenta. Não, seguramente. Os instrumentos comuns não
podem escolher quem os empregará, enquanto que um homem tem plena liberdade de
escolha naquilo que se refere a quem servirá. Tem que se submeter, não apenas
uma vez, mas continuamente. Caso se submeta ao pecado, cometerá pecado. Se
submeter se a Deus para ser um instrumento em Suas mãos, não pode fazer outra
coisa que não seja o bem, por tanto tempo quanto esteja submisso a Ele.
Um paralelo: –No versículo 19, somos exortados a nos submetermos como servos
da justiça, da mesma forma que antes nos submetemos a ser servos do pecado.
Fazendo tal coisa, nos versículos seguintes somos assegurados de que tão
certamente como o fruto antes era pecado e morte, será agora santidade ao nos tornarmos
servos da justiça. Isso é garantido, eternamente garantido, porque “onde
abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela
morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante
Jesus Cristo, nosso Senhor”. A justiça é mais forte que o pecado, assim como
Deus é mais poderoso que Satanás. Deus pode arrebatar das mãos satânicas a alma
que clama por libertação. Porém, ninguém pode arrebatar os filhos de Deus de
Suas mãos.
“Não estais debaixo da lei”: –Muitos se guardam cuidadosamente de citar
essa passagem, pretendendo estarem livres da obediência à lei de Deus. Por
estranho que pareça, empregam-na como uma negação seletiva da observância do
quarto mandamento. Leia o quarto mandamento a alguém que rejeite o sábado do
Senhor –o sétimo dia–, e ele lhe dirá: “Não estamos debaixo da lei”. Todavia, o
mesmo que dá essa resposta, citará o terceiro mandamento a alguém que tome o
nome de Deus em vão, ou o primeiro e o segundo a um pagão idólatra. Reconhecerá
assim também o sexto, o sétimo e o oitavo mandamentos. Parece, pois, que não
crêem realmente que essa declaração de que não estamos debaixo da lei
signifique que temos liberdade de transgredi-la. Estudemos o verso em conjunto e em suas
diferentes partes.
O que é pecado?: –“Todo
aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a
transgressão da lei”. (João 3:4). “Toda injustiça é pecado...” (I João 5:17).
Está bem claro. Estabeleçamos isso muito bem em nossa mente.
O que é justiça?: –O
oposto do pecado, porque “toda injustiça é pecado” (I João 5:17. Porém, “o
pecado é a transgressão da lei”; daí, a justiça é observar a lei. Assim, quando
somos exortados a submeter nossos membros a Deus como instrumentos de justiça,
estamos sendo admoestados a prestarmos obediência à lei.
O domínio do pecado: –O
pecado não tem domínio sobre aqueles que se submetem como servos da justiça ou
da obediência à lei – porque pecado é transgressão da lei. Agora leia o verso
14 integralmente: “Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”. Isto é, a transgressão da lei não
acha lugar entre aqueles que não estão debaixo da lei. Assim, os que não estão
debaixo da lei são precisamente aqueles que a obedecem. Os que a transgridem,
sim, estão debaixo dela. Está muito claro!
Debaixo da graça: –“Não
estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”. Constatamos que os que não estão
debaixo da lei são os que a observam. Conseguintemente, os que estão debaixo da
lei são os que a violam, estando por isso sob a condenação da lei. Porém, “onde
abundou o pecado, superabundou a graça”.
A graça liberta do pecado.
Sentimo-nos quebrantados pelas ameaças da lei que temos
transgredido, e buscamos refúgio correndo para Cristo, que é “cheio de graça e
verdade”. Ali encontramos libertação do
pecado. N’Ele achamos, não apenas graça para cobrir todos os nossos pecados,
mas a justiça da lei, visto que
Ele está cheio de verdade, e a lei é a verdade (Salmo 119:142). A graça “reina”
pela justiça (ou obediência à lei) para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso
Senhor.
O salário do pecado: –Vimos
no segundo capítulo que aqueles que rejeitam a bondade de Deus estão acumulando
ira contra si mesmos. Agora, então, a ira vem somente sobre os filhos da
desobediência (Efésios 5:6). Os que pecam estão decidindo qual será seu próprio
salário. “O salário do pecado é a morte”. O pecado traz em si mesmo a morte –
“o pecado, sendo consumado, gera a morte”. Ele não pode ter um fim diferente
que não a morte, porque ele é a ausência de justiça, e a justiça é a vida e o
caráter de Deus. Desse modo, a eleição persistente e definitiva do pecado
significa escolha da completa separação da vida de Deus e, por isso, de toda
vida possível, porquanto não há outra à parte da que provém dEle. Cristo, que é
sabedoria de Deus, diz: “todos os que me odeiam amam a morte”. (Provérbios
8:36). Os que finalmente sofrerem a morte serão somente aqueles que haviam
trabalhado para obtê-la.
O dom de Deus: –Não
trabalhamos para a vida eterna. Nenhuma obra que pudéssemos fazer significaria
um pagamento mínimo por ela. Ela é dom de Deus. É certo que advém unicamente
pela justiça, porém a justiça também é um dom. “Porque pela graça sois salvos,
mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que
ninguém se glorie. Pois somos feitura dEle, criados em Cristo Jesus para
boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”.
(Efésios 2:8-10).
“Oh, quão grande é a Tua bondade, que guardaste para os que Te
temem, a qual na presença dos filhos dos homens preparaste para aqueles que em
Ti se refugiam!” (Salmo 31:19). O que peca recebe simplesmente aquilo que
busca. Porém, a quem se entrega como servo da justiça, Deus provê justiça e com
ela outorga-lhe a vida eterna, tudo como dom gratuito. “O caminho dos ímpios
perecerá”, mas o jugo de Cristo é suave e o Seu fardo é leve.