domingo, 1 de outubro de 2017

Carta aos Romanos, Ellet J. Waggoner, Capítulo 14



Deus, o Único Juiz

   
O capítulo décimo quarto contém principalmente instrução prática relativa à vida do cristão, e não depende diretamente das exortações precedentes. Abordaremos diretamente o texto do capítulo, lembrando-nos que, assim como aconteceu nos capítulos anteriores, ele é dirigido a quem reconhece a Deus como seu Senhor. Ele nos indica a maneira com que devemos considerar-nos uns aos outros, na qualidade de”

Servos de um só Senhor – Romanos 14:1-13

1 Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões.
2  Um crê que de tudo pode comer, mas o débil come legumes;
3  quem come não despreze o que não come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o acolheu.
4  Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster.
5  Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente.
6  Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus.
7  Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si.
8  Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor.
9  Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de vivos.
10  Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por que desprezas o teu? Pois todos compareceremos perante o tribunal de Deus.
11  Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
12  Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.
13  Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não pordes tropeço ou escândalo ao vosso irmão.

A escola de Cristo - A igreja de Cristo não é composta de homens perfeitos, mas por aqueles que vão à procura da perfeição. Ele é o Perfeito e nos convida nestes termos: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque Sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.” (Mat. 11:28 e 29)  Havendo chamado a todos para que vão a Ele, disse: "... O que vem a Mim, de modo nenhum o lançarei fora.” (João 6:37). Como disse alguém: “Deus estende Sua mão para alcançar a mão de nossa fé, e dirigi-la a apropriar-se da divindade de Cristo, a fim de que nosso caráter possa alcançar a perfeição.”

A fé pode ser mui débil, porém Deus não rejeita ninguém por isso. Paulo dava graças a Deus porque a fé dos tessalonicenses estava “crescendo” (II Tess. 1:3), o que demonstra que sua fé, no princípio, não era perfeita. É certo que Deus é tão bom que toda pessoa deveria confiar nEle completamente; porém, por ser tão bom, mostra paciência e benignidade para com aqueles que não estão bem familiarizados com Ele, e não os abandona por causa de suas dúvidas. São a bondade e a paciência de Deus que dão lugar à fé perfeita.   

Alunos não são professores – Não é função dos alunos determinar quem deve freqüentar a escola. É certo que neste mundo há escolas exclusivistas, as quais só pode freqüentar certa classe de estudantes. Se alguém inferior econômica e socialmente tentar entrar isso seria motivo de escândalo. Os mesmos estudantes protestariam de tal modo contra os recém-chegados, que os professores se veriam forçados a negar o acesso. Mas tais escolas não são a escola de Cristo. "Deus não faz acepção de pessoas.” Ele convida os pobres e necessitados, assim como os débeis. É Ele, e não os estudantes, quem decide sobre os que serão admitidos.
   
Ele diz: "...Quem quiser receba de graça a água da vida”, e pede a todo aquele que ouve o convite que o divulgue. A única qualificação necessária para ingressar na escola de Cristo é a disposição de aprender dEle. Deus receberá e ensinara a quem quiser conhecer Sua vontade (João l7:17). Quem pretender estabelecer norma diferente, está se atrevendo a colocar-se acima de Deus. Nenhum homem tem direito de rejeitar aquele a quem Deus recebe.
   
O mestre e o aluno - Cristo disse aos Seus discípulos: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos... Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo...” (Mat. 23:8 e 10). É o mestre quem determina o trabalho de cada discípulo ou aluno. Cabe ao mestre fazer com que seu pupilo atinja os objetivos. Portanto, somente o mestre tem o direito de dar ordens e julgar em caso de fracasso. "Quem és tu que julgas o servo alheio.” Se você não tem poder para tornar a vida dele um sucesso,  também não tem o direito de julgar seus fracassos
   
"Deus é o juiz" - "Deus é o juiz; a um abate, a outro exalta.” (Sal. 75:7).”Porque o Senhor é o nosso juiz, o Senhor é o nosso legislador, o Senhor é o nosso Rei; Ele nos salvará.” (Isa. 33:22) “Um só é Legislador e Juiz, Aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?” (Tia. 4:12). O poder de salvar e condenar determina o direito de julgar. Condenar quando não se tem poder para exercer o juízo, não é mais do que encenar uma farsa. Quem o faz expõe-se ao ridículo, para não dizer outra coisa.

O espírito do papado - O apóstolo Paulo descreve a apostasia como a manifestação do “homem da iniqüidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus” (II Tess. 2:3 e 4). Em Daniel 7:25 é descrito o mesmo poder como falando palavras contra o Altíssimo e pensando em mudar os tempos e a lei.

Pôr o próprio eu contra a lei de Deus, ou acima dela, é o mais alto grau de oposição a Deus que se possa imaginar, assim como a mais presunçosa usurpação de Seu poder. O final reservado para esse poder que a si mesmo se exalta é este: ser consumido pelo Espírito de Cristo e destruído pelo esplendor de Sua vinda (II Tess. 2:8).
   
Leiamos agora Tiago 4:11: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz.” Isso indica que qualquer um que fale mal de seu irmão, julga-o ou o deprecia, está falando contra a lei de Deus e se assentando na cátedra de juiz. Em outras palavras, está-se colocando na posição e fazendo a obra do "homem do pecado”. Que outra coisa se pode esperar senão que receba a condenação reservada ao homem do pecado? Isso é algo transcendente e digno de especial atenção.
   
Temos aprendido que os membros da igreja de Cristo não são juízes uns dos outros, mas servos de um mesmo Senhor. Vimos como não é indiferente o fato de guardarmos ou não os mandamentos de Deus. Muito ao contrário: todos nós deveremos comparecer perante o tribunal de Cristo e sermos por Ele julgados. Porém, aprendemos também que naquelas coisas sobre as quais a lei de Deus não se pronuncia especificamente, os caminhos de uns são tão válidos como os de outros. Aprendemos finalmente que mesmo que alguém seja achado em falta com relação a algum mandamento, não devemos tratá-lo com rudeza e condenação. Uma atitude como essa dificilmente seria um auxílio ao faltoso e, além disso, não temos o direito de fazer assim, visto que nada somos mais do que servos.
   
Vivendo para os outros. Romanos 14:14-23

14  Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura.
15  Se, por causa de comida, o teu irmão se entristece, já não andas segundo o amor fraternal. Por causa da tua comida, não faças perecer aquele a favor de quem Cristo morreu.
16  Não seja, pois, vituperado o vosso bem.
17  Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
18  Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens.
19  Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.
20  Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo.
21  É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer.
22  A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.
23  Mas aquele que tem dúvidas é condenado se comer, porque o que faz não provém de fé; e tudo o que não provém de fé é pecado.

A leitura descuidada da Bíblia, as conclusões precipitadas a partir de fragmentos isolados, e a torção consciente da Palavra, conduzem a erros incontáveis. Possivelmente existam muitos erros devidos à falta de reflexão, do que à distorção deliberada. Prestemos sempre, pois, grande atenção à nossa forma de lê-la.    

Limpo e imundo  - Se considerarmos bem o tópico em questão, não forçaremos as Escrituras tirando-as de seu contexto. O que é apresentado desde o início do capítulo é o caso de alguém que possui tão pouco conhecimento real de Cristo, que acredita que a justiça é obtida mediante a ingestão de certos tipos de alimento e o evitamento de outros. A conceito claramente exposto em todo o capítulo é que não somos salvos pelo comer ou beber, mas pela fé.
   
Ser-nos-á de grande ajuda considerar sucintamente a questão dos alimentos puros e impuros. Prevalece a estranha idéia de que as coisas que antes eram artigos impróprios para a alimentação humana, hoje sejam perfeitamente saudáveis e puros. Muitos parecem pensar que até os animais imundos foram purificados pelo evangelho. Esquecem-se de que Cristo purifica os homens e não os animais e os répteis.    

As plantas que eram venenosas nos tempos de Moisés continuam sendo deletérias até hoje. Esses mesmos que parecem pensar que o evangelho converte todas as coisas em próprias para o consumo, sentir-se-iam contrafeitos se fossem obrigados a comer gatos, cães, vermes, aranhas, moscas e outros quetais, tanto quanto teria ocorrido a um judeu contemporâneo de Moisés. Longe de nós concluir que o conhecimento de Cristo reconcilie alguém com uma dieta como essa; reconhecemos, pelo contrário, que apenas os mais degradados selvagens utilizam-se de tais animais como alimento, e que sua dieta é, por sua vez, indicativa e geradora de degradação. A iluminação espiritual dá relevo ao cuidado na seleção de alimentos.
   
Ninguém pode imaginar o apóstolo Paulo nem qualquer outra pessoa em são juízo e refinamento, apressando-se a comer tudo aquilo que fosse capaz de encontrar sobre o solo. Embora muitos se considerem mais sábios do que Deus em relação à comida e à bebida,  há e sempre houve certas coisas universalmente tidas como impróprias para a alimentação. Então, quando o apóstolo diz que não há nada imundo por si mesmo, evidentemente se refere àquelas coisas que Deus proveu para a alimentação do homem. Há pessoas cuja consciência é tão pobremente educada, que temem comer até as coisas que Deus deu para nutrimento, de igual modo como há aqueles que estão dispostos a proibir os “alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade” (I Tim. 4:3).
   
Assim, quando o apóstolo diz que "um crê que pode comer todas as coisas”, é evidente que isso não inclui sujidades. Entende-se claramente que acredita que pode comer todas as coisas adequadas à alimentação. Porém outro, dando importância ao fato de que algumas dessas coisas foram dedicadas a um ídolo, teme comê-las como se se houvesse convertido num idólatra. O oitavo capítulo da primeira epístola aos Coríntios, em paralelismo evidente com o capítulo 14 de Romanos, esclarece esse tópico.
   
Isso igualmente lança luz sobre o assunto dos dias. Sendo que o apóstolo faz declarações com relação à comida, focando o que é adequado para comer, fica, todavia, mais claro que esses dias que devem ser considerados como qualquer outro, são apenas os dias que Deus não santificou para Si.       

A natureza do reino - "Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” Cristo foi designado por Deus como Rei desse reino, pois lemos: “Eu, porém, constituí o Meu Rei sobre o Meu santo monte Sião.” (Sal. 2:6). Leia agora com muita atenção as palavras do Pai dirigidas ao Filho, a quem estabeleceu como herdeiro de todas as coisas: “O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: cetro de eqüidade é o cetro do seu reino. Amaste a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o Teu Deus, Te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos Teus companheiros.” (Heb. 1:8 e 9)
  
Cetro é símbolo de poder. O cetro de Cristo é um cetro de justiça, por conseguinte, o poder de Seu reino consiste na justiça. Ele governa com justiça. Sua vida na Terra foi uma perfeita manifestação da justiça, de forma que Ele reina com o poder da justiça. Todos os que possuem Sua vida são subidos de Seu reino. Nada senão a vida de Cristo é o a veste da cidadania de Seu reino.
   
Porém, Cristo foi ungido rei de que modo? O citado texto diz que foi com “o óleo da alegria”. Assim, a felicidade, o gozo, é uma parte necessária do reino de Cristo. Esse é um reino de alegria tanto como de justiça. Conseguintemente, cada súdito desse reino deve ser pleno de alegria. Um cristão triste é algo tão contraditório quanto luz escura ou calor frio. Os raios solares destinam-se a a levar luz e calor a todos os lugares. Do mesmo modo, o cristão tem o dever de difundir paz e  alegria que porta em sua natureza. O cristão não é feliz simplesmente porque crê que deve sê-lo, mas porque foi transladado para o reino da alegria.
   
"Aquele que deste modo serve a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens. Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.” “Aquele que deste modo serve a Cristo...” Em que O serve? Em justiça, paz e alegria.

Deus aceita tal serviço e os homens o reconhecem. Os cristãos não apenas aprovam esse serviço, mas até os que não-crentes são constrangidos a reconhecê-lo. Os inimigos de Daniel foram forçados a dar testemunho da retidão de sua vida, ao declararem que não podiam encontrar coisa alguma de que acusá-lo, exceto no que fosse referente à lei do seu Deus. Mas, de fato, essa declaração era um reconhecimento da lei de Deus, cuja obediência  fizera dele um homem fiel.
   
Sem egoísmo - A paz é uma característica de Seu reino, portanto, os que fazem parte dele devem seguir o que contribui para a paz. Porém,  o egoísmo nunca consegue tal coisa. Contrariamente, o egoísmo. Devido a isso, os cidadãos do reino deveriam estar sempre dispostos a sacrificar os próprios desejos e idéias em favor dos demais. O altruísta deporá os próprios planos onde puderem promover a paz de outrem.   

Mas não esqueça de que o reino de Deus é tanto justiça como paz. Justiça é obediência à lei de Deus, já que "toda injustiça é pecado" (I João 5:17), e "o pecado é a transgressão da lei" (I João 3:4). Destarte, embora segundo as leis do reino o crente deva submeter seus próprios desejos e interesses a fim de não interferir com os sentimentos dos outros, por essas mesmas leis também não lhe é permitido abandonar nenhum dos mandamentos de Deus.
   
A obediência à lei de Deus traz a paz, pois lemos: “Grande paz têm os que amam a Tua lei...” (Sal. 119:165). "Ah! Se tivesses dado ouvidos aos Meus mandamentos! Então, seria a tua paz como um rio, e a tua justiça, como as ondas do mar.” (Isa. 48:18) Portanto, aquele que se julga justo e desobedece qualquer parte da lei de Deus, porque muitos se desagradam em guardá-la, não está buscando aquilo que conduz à paz. Ao contrário, rebela-se contra o reino de Cristo.

Isso nos mostra uma vez mais que o sábado do Senhor [o quarto mandamento da lei de Deus] não é uma algo que se apresenta ao homem como assunto subjetivo, dependente de opinião ou opção pessoal. Não há, para o cristão, outra escolha a respeito; ele deve observá-lo. Não é um dia que os cidadãos do reino podem deixar de se lembrar se assim o preferirem. Ele é uma das coisas obrigatórias.
   
Porém há outras coisas que as pessoas têm o direito de fazer se assim desejarem. Por exemplo, o indivíduo tem direito de comer usando os dedos se assim achar melhor. Agora, se isso causa incômodo ao seu companheiro, a lei de Cristo requer dele que abandone esse comportamento. Conclui-se que uma atenção cuidadosa à lei de Cristo tornará o homem perfeitamente cortês. O verdadeiro cristão é um cavalheiro no melhor sentido do termo.
   
Há muitas coisas permissíveis, mas que são consideradas reprováveis por aqueles cuja fé é fraca, porque não receberam a devida instrução. A cortesia cristã que apresenta o capítulo décimo quarto de Romanos exige que quem foi bem-educado mostre consideração pelas dúvidas de seu irmão mais fraco. Ignorar ou negligenciar essas dúvidas, por mais que careçam de razão, não é a maneira de ajudar para que esse irmão tenha maior liberdade. Pelo contrário, é a forma de desanimá-lo. "É bom não comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer.

   
Dessa maneira, é evidente que o capítulo 14 de Romanos contém uma grande lição de cortesia cristã e espírito de serviço, e não um convite para desobedecer ao sábado ou a qualquer outra coisa que pertença aos mandamentos de Deus, segundo agrade a cada um. Devemos manifestar terna consideração para com o “fraco na fé”.  Em acentuado contraste com isso, aquele que se ofende com a observância dos mandamentos de Deus não tem, absolutamente, o mínimo grau de fé.
   
As limitações da consciência – “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus.”  A fé e a consciência pertencem ao indivíduo. Ninguém pode ter fé por outro. Ninguém pode ter fé que valha para dois. O ensino da igreja romana é que uns poucos tiveram mais fé do necessitavam pessoalmente, e que foram mais justos do que o necessário, de forma que podem compartilhá-la com outros. Mas a Bíblia ensina que é impossível que alguém tenha mais fé do precisa para sua própria salvação. Assim sendo, não importa quão bem instruída possa ser a fé de alguém, nenhum outro homem pode ser julgado por ela.
  
Hoje ouvimos falar muito sobre a consciência coletiva. Freqüentemente escutamos que a consciência de um é violentada pelo curso de ação de outro. Mas com a consciência acontece a mesma coisa que com a fé: ninguém tem tal consciência que possa ser aplicável também a outra pessoa. Aquele que pensa que sua consciência também serve para ele e para outros,  está confundindo obstinação egoística com consciência. Foi essa idéia equivocada de consciência que levou a todas as terríveis perseguições perpetradas em nome da religião.
   
Que cada cristão saiba que a consciência é algo entre ele e Deus somente. Ninguém tem permissão de impor sua liberdade de consciência a outrem, mas, de acordo com as leis do reino de Cristo, está sob obrigação de se abster inclusive, em certas ocasiões, de exercer sua própria liberdade, por consideração com os demais. Isto é, aquele que anda mais depressa tem de auxiliar seu irmão mais fraco que percorre o mesmo caminho com lentidão. Não deve, porém, deter-se para atender a quem transita em sentido contrário.