quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Lição 3 — A condição humana, por Robert J. Wieland



Para 14 a 21 de outubro de 2017


A Bíblia diz que este mundo se tornará muito perverso nos últimos dias antes da segunda vinda de Jesus. O próprio Senhor pergunta: "Quando porém vier o Filho do homem, porventura encontrará fé na Terra?" (Lucas 18: 8), o que implica que será muito raro.
Paulo diz: "Nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos". Então ele alista muitas coisas más que as pessoas vão fazer, mesmo os que professam adorar a Deus. "Porque haverá homens... ingratos, profanos ... destes afasta-te!" (2 Tim. 3: 1-5).
A Bíblia é clara em duas realidades da vida humana: Primeiro: "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” e segundo: todos estão sendo “justificados gratuitamente pela Sua graça pela redenção que há em Cristo Jesus" (Romanos 3:23, 24).
Ellet J. Wagoner, um dos "mensageiros" de 1888, descreve o significado de estar destituído, ou aquém: "As pessoas gostam de imaginar que as chamadas ‘falhas’ não são tão ruins como os pecados reais. Portanto, é muito mais fácil que confessem que "ficaram destituídos" do que terem pecado e agido perversamente. Mas, como Deus exige perfeição, é evidente que as ‘falhas’ são pecados. Pode parecer mais agradável dizer que um contador é ‘falho’ em sua contabilidade, mas as pessoas sabem que o motivo disso é que ele tomou o que não é dele, ou roubou. Quando a perfeição é o padrão, não faz diferença no resultado, quanto ou quão pouco falham, quando se falhou. O significado primário do pecado é ‘errar o alvo’. E num concurso de tiro com arco, o homem que não tem forças para enviar sua flecha para o alvo, mesmo que seu objetivo seja bom, é um perdedor tão certo quanto aquele que dispara na maior parte das vezes longe do alvo".1
Nossa condição humana caída é "inimizade contra Deus" (*Rom. 8:7). A solução? “Que vos reconcilieis com Deus" ao perceber como Cristo foi "feito ... para ser pecado por nós, que não conheceu pecado, para que sejamos feitos a justiça de Deus nEle" (2ª Coríntios 5:20, 21, King James Version).
O pecado é a fonte de todo o sofrimento e angústia do mundo, e todos nascem com o problema em sua natureza. A definição clássica é: "O pecado é a transgressão da lei", sendo a "lei" entendida como a lei de Deus (1ª João 3: 4). Mas no grego é apenas uma pequena palavra, anomia, que literalmente é "um estado de estar contra a lei". Em outras palavras, o pecado é uma rebelião do coração contra o governo de Deus, não apenas fazer coisas que são ilegais externamente. Outra palavra para isso é "alienação". "A mente carnal é inimizade contra Deus", alienação do coração (Rom 8: 7). E "inimizade" sempre encontra expressão.
A expressão derradeira desse ódio interno é vista quando a raça humana pôs para fora aquele odio reprimido de Deus na morte de Seu Filho (ver Atos 3:14, 15). O pecado humano veio à tona na morte do Filho de Deus e todos nós fomos envolvidos (Romanos 3:23, 24, Zac. 12:10). Aconteceu por causa de um princípio profundo: o ódio mantido no coração sempre leva ao ato: "Qualquer que odeia a seu irmão é homicida" (1 João 3:15). E, claro, "nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele", diz o mesmo verso.
 Esse pecado terrível pode ser erradicado? A Bíblia diz: Sim! Mas somente pelo arrependimento pelo pecado de assassinar o Filho de Deus. Longe de ser uma experiência negativa, esse arrependimento é o fundamento de toda alegria verdadeira. O arrependimento não são nossas lágrimas e tristeza equilibrando os livros da vida; É nossa apreciação do que custou a Ele suportar nossas ofensas e carregar nossas dores (Isaías 53: 4).
Arrepender-se apenas do pecado superficial deixa um estrato profundo de alienação adicional que permanece não reconhecido, sem confessar e, portanto, não curado. Não basta que o pecado seja perdoado legalmente; também deve ser apagado. Este problema de pecado não reconhecido impregna toda a igreja em todas as terras, e seus efeitos práticos diminuem o testemunho de cada congregação.
A boa notícia é que o gracioso Espírito de Deus convencerá Seu povo daquela realidade profunda. Então Ele poderá dar o dom do arrependimento final. Sua entrega apenas aguarda nossa vontade de receber. A questão não é a garantia de nossa própria salvação pessoal, mas a honra e a reivindicação dAquele que comprou nossa salvação.
Talvez alguem nunca tenha ouvido o nome de Cristo, mas ele sente em seu coração que "pecou e destituido está da glória de Deus" (Romanos 3:23). Há uma consciência, por mais fraca que seja, de um padrão perfeito na lei divina e em Cristo. O Espírito Santo penetra no coração humano com a convicção de "pecado e justiça" (João 16: 8-10)
Ellen White expressou assim: “Quanto mais nos aproximarmos de Jesus, e quanto mais claramente distinguirmos a pureza de Seu caráter, tanto mais claro veremos a excessiva malignidade do pecado, e tanto menos nutriremos o desejo de nos exaltar a nós mesmos. Haverá um contínuo anelo da alma em direção a Deus, uma contínua, sincera, contrita confissão de pecado e humilhação do coração perante Ele.”2 
Uma das grandes verdades do evangelho da mensagem de 1888 é que uma maior motivação se concretiza no fim do tempo do que prevaleceu na igreja nas eras passadas uma preocupação por Cristo que Ele receba Sua recompensa e encontre Seu "descanso" na erradicação final do pecado. Toda motivação egocêntrica baseada meramente no medo do inferno ou esperança de recompensa é menos eficaz. A maior motivação é simbolizada no clímax das Escrituras a Noiva de Cristo se preparando" (*Apoc. 19:7).
É por isso que lemos em Apocalipse 12:11 que Deus terá um povo que "venceram [Satanás] pelo sangue do Cordeiro". O arrependimento é um dom do Espírito Santo, o último presente que Ele dará antes que Ele seja finalmente retirado da terra quando as sete últimas pragas devem cair (Apocalipse 15, 16). O arrependimento é um ódio recém-concedido pelo pecado que restringe um “não vivam mais para si”(*2ª Cor. 5:15) "doravante" (NVI) para negar a si mesmo e tomar a cruz para seguir o Cordeiro de Deus (2ª Coríntios 5:14, 15; Lucas 9:23). O arrependimento inclui o recebimento do dom precioso da expiação, isto é, de ser reconciliado com o Deus que uma vez odiamos (Rom. 5: 7-11).
"Os que aguardam a vinda do esposo devem dizer ao povo: ‘Eis aqui está o vosso Deus’. Os últimos raios da luz misericordiosa, a última mensagem de graça a ser dada ao mundo, é uma revelação do caráter do amor divino. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória. Revelarão em sua própria vida e caráter o que a graça de Deus por eles tem feito".3


Dos escritos de Robert J. Wieland
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Notas finais:
                                                      
1) Ellet J. Waggoner, Waggoner on Romans, pág. 70.

2) Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, pág. 561.
3) Ellen G. White, Parábolas de Jesus, págs. 415 e 416.
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 Biografia do autor, Pr. Roberto Wieland:               
               
O irmão Roberto J. Wieland foi um pastor adventista, a vida inteira, missionário na África, em Nairobe e Kenia. É autor de inúmeros livros. Foi consultor editorial adventista do Sétimo Dia para a África. Ele deu sua vida por Cristo na África. Desde que foi jubilado, até sua morte, em julho de 2011, aos 95 anos, viveu na Califórnia, EUA, onde ainda era atuante na sua igreja local. Ele é autor de dezenas de livros. Em 1950 ele e o pastor Donald K. Short, também missionário na África, em uma das férias deles nos Estados Unidos, pediram à Associação Geral que fossem publicadas todas as matérias de Ellen G. White sobre 1888. 38 anos depois, em 1988, a Associação Geral atendeu o pedido, o que resultou na publicação de 4 volumes com um total de 1821 páginas tamanho A4, com o título Materiais de Ellen G. White sobre 1888.
Asteriscos (*) indicam acréscimos do tradutor.
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Notas:  
Veja, em inglês, o vídeo desta 1ª lição do 4º trimestre de 2017, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, no sitio: https://youtu.be/TNKwO_DMAM0

Esta lição está na internet, em inglês, no sitio: 1888message.org/sst.htm
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