quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Lição 3 — A condição humana, por Craig Barnes



Para 14 a 21 de outubro de 2017

Quando você lê os textos indicados para esta lição, poderia ter a impressão de que só há notícia ruim, pois nos primeiros capítulos de Romanos, Paulo nos fala da condição da humanidade sem Deus no controle de suas vidas. "Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia; os quais, conhecendo o juízo de Deus, (que são dignos da morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem” (Rom. 1: 30-32). Mesmo como professos cristãos, não estamos totalmente isentos destes males: "Tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas?" (Rom. 2: 21). E, "portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro, pois tu, que julgas, fazes o mesmo" (Rom. 2: 1).
Não admira que a lição pergunte no (*roda-pé) da seção de domingo: "Você já lutou com a questão da certeza da salvação? Já questionou se está salvo ou não? Por quê?” (Pág. 30 do nosso manual de estudos, Adultos, edição do professor).
Se você é um daqueles que têm dúvidas sobre a sua salvação, você não está sozinho. Anos atrás, quando eu entrei para a igreja, eu tinha uma grande preocupação por muitas pessoas em nossa igreja que não tinham certeza de que iriam para o céu. Eu ouvia: "Ah, se eu sou fiel, eu posso alcançá-lo." ou, "Eu serei feliz se puder estar lá nem que seja preso no rabo da saia da minha mãe." Afinal, é verdade que Romanos 3:23 diz: "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". Na lição de segunda-feira o autor afirma, na verdade, "Quando nos comparamos a Deus, à Sua santidade e justiça, nenhum de nós saí com outra coisa senão um sentimento avassalador de aversão e repugnância de nós mesmos."
Quando confrontados com nossas próprias falhas, temos uma escolha sobre como nós podemos responder. Ao vermos a fragilidade da carne humana caída, pecaminosa, podemos desanimar, geralmente resultando em uma suave erosão das normas juntamente com, no extremo, a perda total da fé. Se continuarmos a estar destituídos da glória de Deus, é fácil tornar-nos desanimados e reduzirmos nossa “fé" a uma mera esperança.
No entanto, existe uma melhor resposta — a resposta da fé, porque “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam" (ver Heb. 11:1). Romanos 6:11 diz: “Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor." Considere-se agora como já livre do pecado — mesmo que você não possa perceber a experiência disto, pelo menos não ainda. Se nós realmente somos "como mortos para o pecado", o que significa que estamos mortos para as obras do pecado, e se nós nos considerarmos sermos assim, significa que cremos que seja verdade, no essencial, porque nós estamos vivos para a obra de Deus em nós através (e por causa) de Cristo habitando em nós. O paralítico de João 5 não tinha nenhuma experiência anterior com caminhar por 38 anos, mas quando Deus disse: "Toma o teu leito, e anda" (*vs. 8) ele considerou estas palavras como sendo a realidade, não questionou a Palavra criadora de Deus e, portanto, aquela fé agiu em conformidade com ela(Gal. 5:6). Considerou como assim sendo. Creu que assim fosse. Quando verdadeiramente cremos na Palavra de Deus, então nós esperamos, e mesmo antecipamos (com paciência) as boas obras prometidas para se cumprirem em nós, porque dependemos do poder da palavra de Deus apenas para fazer o que ela já disse sobre nós, embora possamos não perceber ou compreender esses resultados que ainda estão por vir.
 (Eu mencionei a parte sobre a paciência, porque às vezes a perdemos, quando não vemos os resultados tão rápido quanto gostaríamos, e, como resultado, começamos a tentar a forçar a Deus. Na verdade, através da nossa impaciência estamos dizendo a Deus que nós não confiamos nEle. É uma resposta do velho concerto a uma promessa do novo concerto. Deixe-O realizar Sua gloriosa obra em você. Não há nenhuma necessidade de correr à frente dEle, (ver Parábolas de Jesus, pág. 61).
A lição de segunda-feira salientou outro ponto interessante a respeito de Romanos 3:23. "Surpreendentemente, algumas pessoas realmente se opõem à idéia da pecaminosidade humana, argumentando que as pessoas são basicamente boas." Na minha experiência, a maioria das pessoas, de modo geral, quer fazer o que é certo. Ao longo dos anos, eu acredito que fiz uma boa seleção de amigos. No entanto, mesmo “os melhores amigos do mundo" são capazes de fazer coisas porque temem as conseqüências das ações erradas, e todos nós podemos, ocasionalmente, quebrar as regras em "circunstâncias atenuantes", esperando por um bom resultado, assumindo que não seremos "flagrados em erro." É prudente considerar os resultados das ações previstas, e ainda mais sábio pedir orientação de Deus sobre elas e por Seu poder habilitador que nos permita fazer o que é certo, independentemente das supostas consequências.
O conceito de que "as pessoas são basicamente boas" e a conclusão resultante que "tudo o que precisamos fazer é encontrar a bondade inerente dentro de todas elas e esteriorizá-la," derivou de idéias panteístas — que tudo é Deus ("pan" — todos, teísmo" — a crença ou reconhecimento da existência de um Deus). A Bíblia declara que só Deus (Jeová) é inerentemente bom. "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9). "E disse-lhe Ele: Por que Me chamas bom? Não há bom senão Um só, que é Deus" (Mateus 19:17). Qualquer bondade encontrada no homem provém de Deus. A crença de que qualquer simples homem é intrínsicamente bom, ou tem bondade inerente dentro dele, indica que ele é a pessoa de um outro deus além de Jeová — uma forma de idolatria. Temos de ser cuidadosos como nos referimos à bondade em relação à humanidade. Todos nós temos pecado no fundo dentro de nós, corrupção que não podemos ver até que Deus a revele a nós. O trabalho do nosso amoroso Sumo Sacerdote no santuário celestial é remover todo esse pecado antes que Ele venha para nos levar para o lar. Ele vai fazer isso, se nós crermos. Creiamos nisto, e deixemos que Ele o faça em nós.
Ellet J. Waggoner, um dos dois "mensageiros" de 1.888, diz isso muito bem: "Assim, pois, os que são da fé são guardadores da lei, porque “os que são da fé são abençoados (*como o crente Abraão,” Gal.3:9), e os que guardam os mandamentos são abençoados. Pela fé, observam os mandamentos. Desde que o evangelho é contrário à natureza humana, nós nos tornamos cumpridores da lei, não fazendo, mas crendo. Se nós obrarmos pelo que é justo, estaremos exercendo apenas a nossa própria natureza pecaminosa humana, e assim não ficaríamos próximos da justiça, mas longe dela. Mas, por crer nas "grandíssimas e preciosas promessas ', nós nos tornamos “participantes da natureza divina "(2ª Pe. 1:4, KJV), e então, todas as nossas obras são feitas em Deus...(1) 
"... Ainda mais, temos certeza de que ‘Deus nos criou, em Cristo Jesus, para as boas obras, ... para que nós andássemos nelas,’” Efésios 2:10.
"Ele mesmo preparou (guardou) essas obras para os que O temem, as quais operou para todos os que confiam nEle. Salmo 31:19. ‘A obra de Deus é esta, que creais nAquele que Ele enviou’ (João 6:29). As obras de Deus são maravilhosas, mas não podemos fazê-las. Elas só podem ser executadas apenas por Aquele que é bom, e Este é Deus. Se alguma vez houver algo de bom em nós, Deus é quem o efetua em nós. Não há nenhum menosprezo de tudo o que Ele faz "(Boas Novas, págs. 56, 57).
Vamos deixá-Lo fazer isso (*em nós).                               
            --Craig Barnes

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O irmão Craig Barnes tem ministrado séries de palestras sobre Justiça pela Fé em nossas igrejas, em Nashville, estado de Tennessee, EUA. Ele é capelão e co-regente, juntamente com sua esposa Joyce Barnes, do LAR REFÚGIO PRIMAVERIL na sua cidade. Este lar é para pessoas com disfunções mentais, mas o irmão Barnes tem pregado o evangelho a eles, e se regozija na simplicidade das verdades do evangelho que torna possível aos internos, assim como às crianças, captarem as boas novas.

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Nota do Tradutor:

(1)                            Isto é exatamente o que Isaias 26:12 nos diz: “Senhor ... tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras.” Comentando este texto João Wesley assim se expressa: “Todas as boas obras feitas por nós são os efeitos da graça de Deus. ... Graça é tanto favor como poder. Nós a recebemos tanto passivamente —...quando somos criados do nada—, e ativamente —...quando Deus opera em nós—.
(Primeiro § do primeiro sermão de João Wesley, da série Sermões Rotineiros).

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