CARTA AOS ROMANOS
Por Ellet J. Waggoner
Um dos dois mensageiros
de 1888
Tradução e Edição
César L. Pagani
Capítulo 15
Louvem ao Senhor Todos
os Gentios
O capítulo precedente
apresentou nosso dever para com os débeis na fé, e que têm exagerados escrúpulos
de consciência quanto às coisas que não possuem, em si mesmas, relevância. Não
somos juízes uns dos outros; antes, todos temos de comparecer perante o
tribunal de Cristo. Se tivermos maior conhecimento que nosso irmão, não
deveremos conformá-lo arbitrariamente à nossa própria norma, mais do que ele
mesmo tente nos impor a sua. Nosso conhecimento mais amplo faz-nos mais
responsáveis quanto ao dever de exercer a maior caridade e paciência.
Nestes versos encontramos a síntese de tudo o que antes foi dito:
"Não destruas a obra de Deus por causa da comida. Todas as coisas, na
verdade, são limpas, mas é mau para o homem o comer com escândalo. É bom não
comer carne, nem beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa com que teu irmão
venha a tropeçar ou se ofender ou se enfraquecer”.
O dever de nos ajudarmos
mutuamente:
Romanos 15:1-7
1 Ora, nós que somos
fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós
mesmos.
2 Portanto, cada um de
nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.
3 Porque também Cristo
não se agradou a Si mesmo; antes, como está escrito: As injúrias dos que Te
ultrajavam caíram sobre Mim.
4 Pois tudo quanto,
outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela
paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança.
5 Ora, o Deus da
paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros,
segundo Cristo Jesus,
6 para que concordemente
e a uma voz glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
7 Portanto, acolhei-vos
uns aos outros, como também Cristo nos acolheu para a glória de Deus.
Suportar-nos uns aos outros: -Os versos que compõem este capítulo suplementam a instrução dada no
precedente e lhe são prosseguimento. Desse modo, o capítulo 15 começa com a exortação:
“Devemos suportar as debilidades dos fracos." O último verso dessa seção
diz: "Acolhei-vos uns aos outros”.
Como podemos
suportar-nos uns aos outros? A resposta é: “Como também Cristo nos suportou”.
Isso enfatiza uma vez mais o fato de que o apóstolo não tinha a menor intenção
de desprezar nenhum dos Dez Mandamentos quando escreveu, no capítulo anterior:
“Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um
tenha opinião bem definida em sua própria mente”.
Cristo não fez a mínima
concessão com relação aos mandamentos, a fim de acomodar aqueles a quem
aceitava. Ele disse:
“Não penseis que vim
revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir”. (Mateus
5:17). "Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor;
assim como também Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e no Seu amor
permaneço”. (João 15:10).
Os mandamentos de Cristo e os do Pai são os
mesmos, porque Ele disse: "Eu e o Pai somos um”. (João 10:30). Certo dia
declarou a um jovem que pretendia segui-Lo: “Guarda os mandamentos”. (Mateus
19:17) Portanto, é óbvio que ao se fazer concessões por causa da paz e da
harmonia, nenhuma licença deveria ser dada com relação à observância dos
mandamentos de Deus.
Como agradar aos demais?
- Da mesma maneira que a exortação indica: "Portanto, cada um de nós
agrade ao próximo no que é bom para edificação”. Jamais somos exortados a
ajudar um irmão a pecar a fim de agradá-lo. Nem fechar os olhos ao pecado de
nosso irmão para não molestá-lo, permitindo com isso que persista na
transgressão sem adverti-lo. Não existe bondade alguma nesse proceder. Está
escrito: "Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu
próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado.” (Levíticos 19:17). A
mãe que, temerosa de contrariar o filho, nada fizesse para impedi-lo de pôr a
mão no fogo, estaria sendo cruel e não bondosa. Devemos agradar ao nosso
próximo, mas somente para o seu bem e não para sua perdição.
Suportar as fraquezas
dos outros – Retornando ao primeiro verso vemos ainda mais sobressalente esta
verdade: "Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos
fracos e não agradar-nos a nós mesmos.” “Porque Cristo não Se agradou a Si
mesmo.” Examine esse fato em relação a Gálatas 6:1 e 2: "Irmãos, se alguém
for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigí-o com
espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado. Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis
a lei de Cristo.” Ao tolerar as fraquezas dos débeis, estamos cumprindo a lei
de Cristo, Porém, suportar as cargas u ns dos outros não significa dizer-lhes
que podem ignorar impunemente qualquer dos mandamentos. Guardá-los não é carga
alguma, já que “os Seus mandamentos não são pesados”. (I João 5:3).
Como Cristo carrega
nossos fardos? - Cristo os porta não removendo a lei de Deus, mas os nossos
pecados e capacitando-nos para guardarmos a lei. "Porquanto o que fora
impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o
seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e,
com efeito, condenou Deus, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei
se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.
(Romanos 8:3 e 4).
Ele nos diz: “Venham!” –
Uma bênção no serviço do Senhor é que Ele não nos diz “vejam”, mas “venham”.
Não nos envia a trabalhar por nós mesmos, mas nos chama a segui-Lo. Não pede de
nós nada que Ele mesmo não faça ou tenha feito. Quando nos diz que devemos
levar as cargas daqueles que são débeis, deveríamos fazer isso com ânimo e não
como uma carga imposta, visto que Ele nos está lembrando o que realiza em nosso
favor. Ele é o Todo-Poderoso, pois lemos: “Outrora, falaste em visão aos Teus
santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo,
exaltei um escolhido”. (Salmo 89:19) “... Certamente, Ele tomou sobre si as
nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si... Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez
cair sobre Ele a iniqüidade de nós todos”. (Isaias 53: 4 e 6).
O que transforma isso em
algo fácil? - Se sabemos que Cristo leva as nossas cargas, ser-nos-á um prazer
levar as cargas de nossos semelhantes. O problema é que muito freqüentemente
nos esquecemos de que Cristo é o Portador, e estando oprimidos pelo peso de
nossas próprias debilidades, temos menos paciência com as dos demais. Mas
quando sabemos que Cristo realmente é o Portador de cargas, lançamos toda a nossa solicitude sobre Ele, e
então, quando fazemos nossa a carga do próximo, Ele também as leva.
O Deus de toda a consolação: –Deus é "o Deus da paciência e
consolação", é o “Pai de misericórdias e Deus de toda consolação! É Ele
que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus”. (II Coríntios 1:3 e 4). Ele assume todas as repreensões
que caem sobre os homens. "As injúrias dos que Te ultrajavam caíram sobre
Mim”. Lemos acerca dos filhos de Israel: “...
Em toda a angústia deles, foi Ele angustiado...” (Isaías 63:9) Estas são
palavras de Cristo: “Tu conheces a Minha afronta, a minha vergonha e o meu
vexame... O opróbrio partiu-Me o
coração...” (Salmo 69:19,20). Porém, Ele não mostrou a menor impaciência nem
fez qualquer murmuração. Portanto, já levou as cargas do mundo em Sua carne e é
completamente capaz de levar as nossas sem queixa alguma, para podermos ser
“fortalecidos com todo o poder, segundo a força da Sua glória, em toda a
perseverança e longanimidade; com alegria”. (Colossenses 1:11).
O evangelho segundo
Moisés – Esta é a lição que nos é ensinada ao longo das Escrituras: "Pois
tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de
que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. Isso
é manifesto no livro de Jó. “Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim
o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo”.
(Tiago 5:11) Também está claro nos livros de Moisés. Cristo disse: "Se, de
fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em Mim; porquanto ele escreveu a Meu
respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas Minhas
palavras? (João 5:46 e 47). Se você for negligente com relação ao evangelho
segundo Moisés, de nada lhe servirá ler o evangelho segundo João, visto que o
evangelho não pode ser dividido. O evangelho de Cristo, da mesma forma que Ele
próprio, é único.
Como suportar ou aceitar
os demais – Finalmente: “... Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo nos
acolheu para a glória de Deus.” A quem Cristo acolhe? “Ele recebe pecadores...”
Quantos deles? "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e
sobrecarregados, e Eu vos aliviarei”.
Como os receberá?
"Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não
é bom, seguindo os seus próprios pensamentos.” (Isaías 65:2). E se eles Lhe
atenderem ao convite, que segurança terão? "Aquele que vem a Mim de
maneira nenhuma o lançarei fora”. Procure aprender d’Ele e lembrar-se de que
onde quer que você abrir as Escrituras, elas darão testemunho d’Ele.
Permanecendo no início: -Nosso estudo de Romanos, embora extenso,
não foi exaustivo. Certamente é impossível estudar exaustivamente a Bíblia, já
que por mais profundamente que abordemos qualquer de suas porções,
continuaremos no início. Quanto mais investigarmos a Bíblia, mais teremos a
impressão de que nossa melhor compreensão não foi senão a preliminar de um
estudo mais profundo, de cuja necessidade não nos havemos apercebido. Mas,
embora nunca possamos esperar esgotar a verdade até oi pondo de dizer que a
conhecemos totalmente, podemos, contudo, ter a segurança de que até onde
chegarmos, teremos só a verdade. E essa segurança procede, não de alguma
sabedoria que possamos possuir, mas de nos apegarmos estritamente à Palavra de
Deus e não permitirmos que se introduzam idéias de feitura humana mescladas com
o puro ouro.
Gozo e paz no crer: Romanos 15:8-14
8 Digo, pois, que Cristo
foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para
confirmar as promessas feitas aos nossos pais;
9 e para que os gentios
glorifiquem a Deus por causa da Sua misericórdia, como está escrito: Por isso,
Eu Te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao Teu nome.
10 E também diz:
Alegrai-vos, ó gentios, com o Seu povo.
11 E ainda: Louvai ao
Senhor, vós todos os gentios, e todos os povos O louvem.
12 Também Isaías diz:
Haverá a raiz de Jessé, Aquele que se levanta para governar os gentios; n’Ele
os gentios esperarão.
13 E o Deus da esperança
vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de
esperança no poder do Espírito Santo.
14 E certo estou, meus
irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade,
cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros.
“Ministro da circuncisão”: –Não nos esqueçamos de que Jesus Cristo foi
o ministro da circuncisão. Isso significa que Ele salva unicamente os judeus?
Não, mas nos mostra que "a salvação vem dos judeus". (João 4:22).
Diz-se “acerca de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo" que nasceu “da
linhagem de Davi segundo a carne". (Romanos 1:3). Ele é a “raiz de Jessé,
Aquele que Se levanta para governar os gentios; n’Ele os gentios esperarão”.
(Isaías 11:10; Romanos 15:12). Os gentios devem encontrar a salvação em Israel. Ninguém
pode achá-la em outro lugar.
"A cidadania de Israel": -Ao escrever aos irmãos
de Éfeso, Paulo se refere ao estado anterior à sua conversão como sendo
“gentios segundo a carne”, e disse: “Naquele tempo, estáveis sem Cristo,
separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não
tendo esperança e sem Deus no mundo.” (Efésios 2:11 e 12).
Isto é, além de Israel
não há esperança para o homem. Os que estão excluídos da cidadania de Israel e
estrangeiros estão sem Cristo e sem Deus no mundo. Em Cristo Jesus somos
atraídos para Deus.
Sendo levados a Deus
"já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois
da família de Deus”. (Efésios 2:18 e 19). Assim, duas coisas são ensinadas de
modo claro e positivo: (1) Ninguém que seja da casa de Israel pode ser salvo.
(2) Somente os que estão em Cristo constituem a casa de Israel.
Confirmando as promessas: -"Cristo foi constituído ministro da
circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos
nossos pais”. Isso mostra que todas as promessas divinas aos pais foram feitas
em Cristo. "Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm n’Ele o
sim...” (II Coríntios 1:20). "Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao
seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém
como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo”. (Gálatas 3:16). Nunca se
fez promessa alguma aos pais que não houvesse de ser obtida somente em Cristo e
mediante a justiça que há n’Ele.
Cristo não está dividido: -Ele é apresentado como ministro da
circuncisão. Suponhamos que as promessas feitas aos pais sejam aplicadas apenas
aos descendentes naturais de Abraão, Isaque e Jacó. A única conclusão possível
seria, então, que só esses –os que foram circuncidados –podem ser salvos. Ou,
ao menos, teríamos que admitir que Cristo fez algo por eles que não realizou
pelo resto da humanidade.
Mas Cristo não está
dividido. Tudo quanto fez por um homem, fê-lo por todos os homens. Tudo o que
faz por alguém, fá-lo mediante a cruz; e Ele foi crucificado uma só vez.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para
que todo o que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Posto que Cristo seja o
ministro da circuncisão para confirmar as promessas feitas aos pais, é evidente
que essas promessas incluem a toda a humanidade. “Pois não há distinção entre
judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os
que O invocam”. (Romanos 10:12). “É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o
é também dos gentios? Sim, também dos gentios, visto que Deus é um só, o qual
justificará, por fé, o circunciso e, mediante a fé, o incircunciso”. (Romanos
3:29 e 30)
"O tabernáculo de David": -Quando os apóstolos e os
anciãos se reuniram em Jerusalém, Pedro explicou como havia sido instrumento
nas mãos divinas para levar o evangelho aos gentios. Ele disse: “Ora, Deus, que
conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles,
como também a nós nos concedera. E não estabeleceu distinção alguma entre nós e
eles, purificando-lhes pela fé o coração”.
(Atos 15:8 e 9)
Então, Tiago
acrescentou: “Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim
de constituir dentre eles um povo para o Seu nome. Conferem com isto as
palavras dos profetas, como está escrito: Cumpridas estas coisas, voltarei e
reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e, levantando-o de suas ruínas,
restaurá-lo-ei. Para que os demais homens busquem o Senhor, e também todos os
gentios sobre os quais tem sido invocado o Meu nome, diz o Senhor, que faz
estas coisas conhecidas desde séculos”. (Atos 15:14-18).
Somente mediante a
pregação do evangelho aos gentios será edificado o tabernáculo de Davi. Dentre
eles é tomado um povo para Deus. Tal foi o propósito de Deus “desde a
eternidade”, e “dEle todos os profetas dão testemunho de que, por meio de Seu
nome, todo aquele que nEle crê recebe remissão de pecados”. (Atos 10:43).
A bênção de Abraão”: –Lemos que “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo,
a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido”. (Gálatas 3:13 e 14).
As palavras omitidas no texto precedente indicam que a maldição que Cristo foi
feito por nós é a cruz.
Portanto, concluímos que somente pela cruz de Cristo
puderam eles assegurar-se das promessas feitas aos pais. Mas Cristo provou a
morte por todos (Hebreus 2:9). "E do modo por que Moisés levantou a
serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para
que todo o que nEle crê tenha a vida eterna”. (João 3:14 e 15). Assim, as
promessas feitas aos pais eram simplesmente as aquelas do evangelho,
proclamadas “a cada criatura”. Mediante a cruz, Jesus confirma as promessas
feitas aos pais, “para que os gentios glorifiquem a Deus por Sua misericórdia”.
“Um rebanho e um só Pastor”: –No décimo capítulo do evangelho de João
encontramos algumas das mais belas, entranháveis e animadoras palavras do
Senhor Jesus. Ele é o Bom Pastor. Ele é a porta através da qual as ovelhas
entram no redil. Dá Sua vida para salvá-las. Ele diz: “Ainda tenho outras
ovelhas, não deste aprisco; a Mim Me convém conduzi-las; elas ouvirão a Minha
voz; então, haverá um rebanho e um pastor”. (Verso 16) Desse modo, quando Sua obra se completar,
haverá um só rebanho e Ele será o Pastor. Vejamos agora quem comporá esse
rebanho.
A ovelha perdida: –No capítulo 15 de Lucas, nesse maravilhoso conjunto de benditas
ilustrações de amor e graça do Salvador, Jesus apresenta Sua obra como a de um
pastor em busca da ovelha perdida e errante. Quem é essa ovelha? Cristo mesmo
responde: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
(Mateus 15:24) A afirmação não dá ensejo a confusão. Fica evidente que todas as
ovelhas que Ele encontra e traz de volta ao redil serão o “Israel”. Também não
é menos evidente que esse “rebanho” será o de Israel. Não haverá mais que “um
rebanho”. Jesus será o seu Pastor. Hoje, da mesma forma que nos dias antigos,
podemos orar: “Dá ouvidos, ó pastor de Israel, Tu que conduzes a José como um
rebanho; Tu que estás entronizado acima dos querubins, mostra o Tu esplendor”.
(Salmo 80:1)
O que distingue suas ovelhas: –Os que seguem a Cristo
são Suas ovelhas. Porém, Ele possui “outras ovelhas”. Há muitos que hoje ainda
não O seguem, mas são Suas ovelhas. Estão errantes e perdidos e Ele os busca.
O que determina quem são
Suas ovelhas? Escute a própria resposta de Cristo: “Minhas ovelhas ouvem a
Minha voz”. “Também tenho outras ovelhas que não são deste redil, a Mim me
convém agregá-las; e elas ouvirão a Minha voz”.
“Mas vós não credes, porque não sois das Minhas ovelhas. As Minhas
ovelhas ouvem a Minha voz; Eu as conheço, e elas Me seguem”. (João 10:3, 16, 26
e 27) Quando Cristo fala, aqueles que são Suas ovelhas ouvem-Lhe a voz e vêm a
Ele. A palavra do Senhor é a prova que deixa claro quem são Suas ovelhas.
Portanto, cada um que ouve e obedece à Palavra do Senhor é da família de
Israel. E aqueles que a rejeitam ou negligenciam perder-se-ão eternamente. “E,
se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e herdeiros segundo a
promessa”. (Gálatas 3:29).
“Uma só fé”: –Deter-nos-emos agora para considerar como tudo isso que o
apóstolo disse está relacionado com o que foi exposto no capítulo 14, com
respeito a Cristo como ministro da circuncisão, para confirmar as promessas
feitas aos pais, a fim de que os gentios glorifiquem a Deus.
"Ora, ao que é
fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. Observe que
esses temos que temos de receber "como também Cristo nos recebeu para a
glória de Deus", são os que têm a fé. Agora, não há mais que “uma fé” como
também somente “um Senhor” (Efésios 4:5). E a fé vem pelo ouvir a Palavra de
Deus (Romanos 10:17).
Visto que tem de haver
um só rebanho, e posto que Cristo, seu Pastor, não está dividido, não pode
haver nenhuma divisão no rebanho. As disputas que procedem da sabedoria e
idéias humanas devem ser descartadas, e apenas observada a Palavra de Deus.
Isso não dará lugar a qualquer disputa. Esta é a norma: "Despojando-vos,
portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de
maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno
leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação,
se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso”. (I Pedro 2:1-3)
Fé, esperança, alegria e paz: –"Ora, o Deus de
esperança vos encha de todo o gozo e paz na vossa fé, para que abundeis na
esperança pelo poder do Espírito Santo”.
Isso liga à instrução recebida a
do capítulo 14, onde nos é dito que “o reino de Deus não é comida e nem bebida,
mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”.
O ministério triunfante
de Paulo:
– Romanos 15:15-33.
15 Entretanto, vos
escrevi em parte mais ousadamente, como para vos trazer isto de novo à memória,
por causa da graça que me foi outorgada por Deus,
16 para que eu seja
ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o
evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez
santificada pelo Espírito Santo.
17Tenho, pois, motivo de
gloriar-me em Cristo
Jesus nas coisas concernentes a Deus.
18 Porque não ousarei
discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu
intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras,
19 por força de sinais e
prodígios, pelo poder do Espírito Santo; de maneira que, desde Jerusalém e
circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo,
20 esforçando-me, deste
modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não
edificar sobre fundamento alheio;
21 antes, como está
escrito: Hão de vê-Lo aqueles que não tiveram notícia dEle, e compreendê-Lo os
que nada tinham ouvido a Seu respeito.
22 Essa foi a razão por
que também, muitas vezes, me senti impedido de visitar-vos.
23 Mas, agora, não tendo
já campo de atividade nestas regiões e desejando há muito visitar-vos,
24 penso em fazê-lo
quando em viagem para a Espanha, pois espero que, de passagem, estarei convosco
e que para lá seja por vós encaminhado, depois de haver primeiro desfrutado um
pouco a vossa companhia.
25 Mas, agora, estou de
partida para Jerusalém, a serviço dos santos.
26 Porque aprouve à
Macedônia e à Acaia levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os
santos que vivem em Jerusalém.
27 Isto lhes pareceu
bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes
dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais.
28 Tendo, pois,
concluído isto e havendo-lhes consignado este fruto, passando por vós, irei à
Espanha.
29 E bem sei que, ao
visitar-vos, irei na plenitude da bênção de Cristo.
30 Rogo-vos, pois,
irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que
luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor,
31 para que eu me veja
livre dos rebeldes que vivem na Judéia, e que este meu serviço em Jerusalém
seja bem aceito pelos santos;
32 a fim de que, ao visitar-vos, pela vontade de Deus, chegue à
vossa presença com alegria e possa recrear-me convosco.
33 E o Deus da paz seja
com todos vós. Amém!
A comissão evangélica: –Estando Jesus prestes a
deixar este mundo, disse a Seus discípulos que eles haveriam de receber poder
pelo Espírito Santo. Então ordenou: “Sereis Minhas testemunhas tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da Terra”. (Atos
1:8) “Primeiramente do judeu e também do grego”, mas o evangelho deveria ser
levado a todos. Assim Paulo declarou que sua obra como ministro do evangelho
consistia em testificar solenemente “tanto a judeus como a gregos o
arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus
Cristo”. (Atos 20:21) É-nos dito nesse texto que “para ser ministro de Jesus
Cristo aos gentios, ministrando o evangelho de Deus”, havia ele tinha
“divulgado o evangelho de Cristo”, com poder, milagres e prodígios, pela
virtude do Espírito de Deus, “desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao
Ilírico”.
Compartilhando a mesmas coisas espirituais – O apóstolo,
expressando seu desejo de visitar os romanos, disse que esperava vê-los no
transcurso de sua viagem à Espanha. Disse: “Mas agora vou a Jerusalém para
ministrar aos santos. Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma
oferta fraternal para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto,
pois, lhes pareceu bem como devedores que são para com eles. Porque se os
gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também
servir a estes com as materiais”.
Uma declaração muito simples, mas que ilustra como os gentios não
receberam nenhum bem espiritual que não proviesse dos judeus. As bênçãos
espirituais de que participaram os gentios, eles as receberam dos judeus e por
esses lhes foram ministradas. Ambos compartilharam o mesmo pão espiritual, de
modo que os gentios demonstraram sua gratidão, ministrando as necessidades
materiais dos judeus. Vemos aqui uma vez mais um só redil e um só Pastor.
O Deus de Israel: –Deus se dá a conhecer
muitas vezes na Bíblia como o Deus de Israel. Pedro, cheio do Espírito Santo,
imediatamente após a cura do coxo, disse ao povo: “O Deus de Abraão, de Isaque
e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a Seu Servo Jesus, a quem vós
traístes e negastes perante Pilatos, quando este havia decidido soltá-lo”.
(Atos 3:13). Mesmo nesse momento Deus Se identifica como Deus de Abraão, de Isaque
e de Jacó; o Deus de Israel.
Ele quer que O conheçamos
e nos lembremos d’Ele. Assim lemos: “Tu, pois, falarás aos filhos de Israel e
lhes dirás: Certamente, guardareis os Meus sábados; pois é sinal entre Mim e
vós nas vossas gerações... Pelo que os filhos de Israel guardarão o sábado,
celebrando-o por aliança perpétua nas suas gerações. Entre Mim e os filhos de Israel é sinal para
sempre; porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, e, ao sétimo dia,
descansou, e tomou alento”. (Êxodo 31:13, 16 e 17) Deus é o Deus de Israel.
Certamente. É também o Deus dos gentios,
porém somente na medida em que esses O aceitem e venham a se tornar parte de
Israel, mediante a justiça pela fé. Porém, Israel tem de guardar o sábado. Esse
é o sinal de sua união com Deus.