terça-feira, 22 de agosto de 2017

Lição 9 — Apelo pastoral de Paulo, por Paulo E Penno




Para 19 a 26 de agosto de 2017

Como um pastor lida com conflitos em sua igreja? Quanto a isto, como um profeta lida com um movimento dissidente? "O apelo pastoral de Paulo" é um esforço de resolução de conflitos (Gálatas 5: 12-20).
Paulo recorda aos Gálatas que sua abordagem missionária era tornar-se um gálata para os gálatas - "Eu sou como você é" (Gálatas 4:12). Ele se ajusta com eles. Ele falava a língua deles. Comia na mesa deles. Morava entre eles. Na medida do possível sem comprometer a ética cristã, ele viveu como um gálata.
Agora, Paulo escreve: "seja  como eu sou". E como é Paulo? "Estou crucificado com Cristo" (Gálatas 2:20). Paulo decidiu identificar-se tão completamente com o Crucificado que não era mais Paulo quem vivia, mas Cristo é que vivia nele. Ele vive, respira, come e vive em união plena pela fé do Filho de Deus. É por isso que a postura de inimizade em relação a Paulo não lhe é uma ofensa. O ego de Paulo está morto em Cristo (Gálatas 4:12).
Fisicamente falando, Paulo não era "atraente aos olhos" quando começou a pregar o evangelho no meio deles. Mas o evangelho que ele proclamava era "em demonstração de Espírito e de poder" (1ª Cor. 2: 4), de modo que as pessoas viam Cristo crucificado entre eles. Os gálatas receberam Paulo como um mensageiro de Deus, assim como teriam recebido a Jesus. E aceitando a Cristo, foram cheios com o poder e alegria do Espírito Santo (Gálatas 4:14).
Mas agora tudo isso mudou. "Qual é, logo, a vossa  bem-aventurança?" se tinha dissipado (Gálatas 4:15), que é a benção de Abraão. A bênção de saber que Cristo os havia redimido da maldição da lei através da promessa do Espírito, que é justiça pela fé ativada pelo amor-Ágape, fora perdida. Os gálatas tinham sido "fascinados" pelo falso evangelho dos "fariseus, que tinha crito" (Gálatas 3: 1, Atos 15: 5).
O falso evangelho ensina que, uma vez iniciado na salvação pela fé no Messias, é preciso fazer algo para continuar na salvação; Ou seja, "as obras da lei". E uma vez que apenas uma fresta da porta haja sido aberta para que a fé seja motivada por preocupações egocêntricas, não há finalidade para os ídolos que se deve obedecer para ser salvo, incluindo a adoração de espíritos nos dias do calendário de cuja escravidão dos gálatas tinham sido libertos (Gal. 4: 9, 10).
Enquanto os gálatas gozavam desta benção, seu fruto apareceu no amor que mostravam a Paulo. Esse amor era o próprio altruista de Cristo — o amor abundante de Deus derramado no coração, pelo Espírito que receberam. Ao verem o apóstolo em necessidade de visão, com prazer teriam arrancado os seus próprios olhos e os entregado a ele, se tal coisa pudesse ser feita (Gálatas 4:15).
Mas agora, que mudança! A partir dessa altura da bem-aventurança, eles foram levados de volta a uma condição em que Paulo é obrigado a apelar-lhes: "Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?" (Gálatas 4:16). Esta é a marca dos gálatas. É a marca do homem que professa ser cristão justificado pela fé, mas não tem a justiça de Deus que é pela fé de Jesus Cristo. Qualquer um que lhe diz a verdade ele considera seu inimigo.
Os gálatas arrazoam: "Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta" (Apocalipse 3:17). Quando o profeta o adverte de que ele não está na "verdade do evangelho", ele rejeita o Espírito de Profecia. A marca do gálata é a rejeição do dom profético. É a marca do homem e do mundanismo perseguir o mensageiro da verdade e considerá-lo inimigo.
O galacianismo é a marca da mente carnal que está em “inimizade contra Deus” (Romanos 8: 7). O orgulho não gosta da "mui preciosa mensagem" (*Testemunhos para Mininstros, pág. 91, sic) que eleva e honra O Crucificado. O eu não deseja se submeter ao arrependimento ao pé da cruz. "Muitos" na verdadeira denominada igreja de Cristo fizeram isso na era de 1888 e a atitude dos "pais" é perpetuada até hoje sempre que a mensagem é proclamada.1 Nossa história de rejeição da justificação pela fé unida à verdade da purificação do santuário é justificada com o argumento de que a igreja aceitou a justiça pela fé e corrigiu seu curso legalista. Portanto, a igreja não precisa se arrepender.
No entanto, o Espírito de Profecia nos diz o contrário. “Talvez tenhamos de permanecer muitos anos mais neste mundo por causa de insubordinação, como aconteceu com os filhos de Israel; mas por amor de Cristo, Seu povo não deve acrescentar pecado a pecado, responsabilizando a Deus pela consequência de seu próprio procedimento errado.”2
Quem criou essa desunião na igreja? É aquele que proclamou "a verdade do evangelho", ou são os agitadores que defendem a justiça por "obras da lei"? É o Espírito de Profecia que cria divisão, ou são aqueles que rejeitam o que o profeta escreve?
Paulo reconhece o zelo dos que ensinam fé e obras. São o "movimento dissidente" que ensinam o separatismo a partir de motivos egoístas. Ele escreve: "Esses professores de um falso evangelho têm grande zelo para conquistá-los para o lado deles para que vocês possam ser fanáticos companheiros deles em um programa dissidente" (veja Gálatas 4:17).
Você quer ser zeloso? Então seja zeloso por uma boa causa. O evangelho é um veículo de autopropulsão? Ou a sua proclamação e propagação dependem de membros da igreja (e de pastores!) constantemente sendo pressionados pelos líderes da igreja em ação? Os líderes das "atividades leigas" nas igrejas podem testemunhar: para fazer muito, é preciso uma "promoção" constante.
As cartas do Novo Testamento dos apóstolos revelam uma estranha falta de tais campanhas promocionais. Revelam atividades incríveis, mas raramente, se alguma vez, foram os crentes estimulados ou compelidos à ação. Sua atividade zelosa era simplesmente assumida, era natural. Seu evangelho era um "veículo automotor". Por quê?
Sua mensagem tinha o poder incorporado. Ninguém precisava ser chicoteado para agir. A força motivadora era maior que a de uma máquina a vapor, pois o poder estava implícito nas notícias sobre o sacrifício do Filho de Deus. Ele explodia sobre a consciência de todos como "o Cordeiro de Deus", um sacrifício de sangue oferecido por Deus. Exemplos: "Porque nada me propuz saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado" (1ª Cor. 2: 2); "Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gálatas 6:14).
Gestantes têm trabalho de parto antes do parto (Gálatas 4:19). Aqui está o perigo no planejamento humano, na obra de Deus, para que a sabedoria humana não crie atalhos nos métodos de evangelização do mundo, o que para uma igreja morna parece muito aceitável. É fácil sentar-se em um banco confortável e entregar ofertas que fornecem combustível para a continuação da operação do maquinário evangelístico, concebido pelo século 21, economizando mão-de-obra e energia no seu hábil design para "terminar a obra" no menor tempo possível com a menor atuação humana possível e empenho da alma. Se uma invenção de uma comissão inteligente pudesse ser feita para dar vida, então a verdadeira justiça viria por invenções evangelísticas. Nenhuma correria de um lado para o outro, e nenhum conhecimento que seja aumentado no tempo do fim tomará o lugar desse "trabalho de parto" por parte dos ganhadores de almas, sejam ministros ou leigos, "até que Cristo seja formado" (*Gál. 4:19) nos conversos.
Se forem descobertos métodos modernos de obstetrícia espiritual que evitem o trabalho antigo que a igreja do passado suportou quando criou seus filhos, pode-se duvidar se Cristo se forma de fato dentro dos "conversos". Nenhuma guerra de "botão" concluirá a grande batalha entre Cristo e Satanás. O velho combate corpo-a-corpo, luta de coração a coração no Espírito "contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais" (Efésios 6:12) só pode trazer triunfos da fé.

Paul E. Penno
Notas Finais:                                                                                 

1) "Many will not be convinced because they are not inclined to confess" (Muitos não serão persuadidos da verdade porque não estão inclinados a confesar)  The Ellen G. White 1888 Materials, (Materiais de E.G.W. sobre 1888) págs. 895 e 896 (27 de fevereiro de 1891).

2) Carta de nº 184 de 7 de dezembro de 1901 de Ellen G. White ao médico Percy Tilson Magan, que à época era o diretor do departamento de Bíblia e história no colégio adventista de Battle Creek, Michigan; Veja também Eventos Finais, pág. 39, e Evangelismo, pág. 696. Note que este texto é de 1901, 13 anos após a rejeição da mensagem de Mineápolis. Neste interregno ocorreram 7 seções da Assembleia da Associação Geral. Na maioria delas Waggoner e Jones foram os oradores, insistindo em suas pregações para a aceitação da mensagem. Entretanto em 1901 a serva do Senhor ainda fez a declaração acima. Alguns têm dito que após a saída do então presidente da Associação Geral, George Ide Butler, em 1888, o presidente seguinte (que exerceu este cargo de 1888 a 1897), Olé Andrés Olsen, teria aceitado a mensagem e consequentemente toda a igreja o seguiu, e, assim, a mensagem foi completamente aceita. Entretanto pode-se ver que a realidade foi outra, o mesmo ocorreu com o presidente seguinte, George A. Irwin, que a presidiu de 1897 a 1901, apesar de fracas manifestações favoráveis a ela.

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Notas:                                                                                                           

Veja, em inglês, o vídeo desta 9ª lição do 3º trimestre de 2017, exposta pelo Pr. Paulo Penno, na internet, está no sitio:

Esta lição está na internet, em inglês, no sitio: 1888message.org/sst.htm
https://www.leaver.com/em/t/ncfcXoAwXEFn0gNa578921fQ/JYAGBN08xeRUIC892nqXI4Qw_____________________________________

 Biografia do autor, Pastor Paulo Penno:
Paulo Penno foi pastor evangelista da igreja adventista na cidade de Hayward, na Califórnia, EUA, da Associação Norte Californiana da IASD, localizada no endereço 26400, Gading Road, Hayward, Telefone: 001 XX (510) 782-3422. Foi ordenado ao ministério há 42 anos e jubilado em junho de 2016, Após o curso de teologia fez mestrado na Universidade de Andrews. Recentemente preparou uma Compreensiva Pesquisa dos Escritos de Ellen G. White. Recentemente também escreveu o livro “O Calvário no Sinai: A Lei e os Concertos na História da Igreja Adventista do 7º Dia,” e, ao longo dos anos, escreveu muitos artigos sobre vários conceitos da mensagem de justificação pela fé segundo a serva do Senhor nos apresenta em livros como Caminho a Cristo, DTN, etc. O pai dele, Paul Penno foi também pastor da igreja adventista, assim nós usualmente escrevemos seu nome: Paul E. Penno Junior. Ele foi o principal orador do seminário “Elias, convertendo corações”, nos dias 6 e 7 de fevereiro de 2015, realizado na igreja adventista Valley Center Seventh-day Adventist Church localizada no endereço: 14919  Fruitvale Road, Valley Center, Califórnia.
  
 Atenção, asteriscos (*…) indicam acréscimos do tradutor.
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