O CALVÁRIO NO SINAI
A LEI
E OS CONCERTOS
NA HISTÓRIA ADVENTISTA
DO 7º DIA
Por Paulo E. Penno Jr.
M. Div.
Andrews University
[pág. 24] Capítulo 6, “Aquela
Terrível Assembleia”
Em
agosto de 1886, o Pr. Butler estava implorando à Irmã White, na Suíça, para
resolver a questão da lei em Gálatas que estava confrontando a igreja.
Claro
que seria um choque para mim, depois de estudar a questão por tanto tempo e
parecer-me tão claro, se lhe fosse mostrado que a posição que eu tinha estava
errada. Mas eu tenho certeza que eu iria aceitá-lo e, pelo menos, manter a
calma, se eu não puder entendê-la claramente. ...
Que
Deus a guie, minha querida Irmã, e se tiver luz para me ajudar a me mover com
cuidado, ficarei muito contente.1
Quando
não houve resposta de Ellen White depois de repetidos apelos, Butler reclamou
com ela.
Mas
quando o Dr. Waggoner apareceu em nosso periódico pioneiro (*Signs
of the Times (Sinais
dos Tempos) com nove artigos longos apresentando diretamente o
assunto, senti que esse rumo não poderia continuar. Então escrevi-te por você
várias vezes, mas não obtive resposta.2
Com
a Assembleia da Associação Geral em Battle Creek se aproximando, dia 18 de
novembro de 1886, o pastor Butler escreveu uma carta aberta a E. J. Waggoner
intitulada, A Lei no Livro de Gálatas.3 Que
foi distribuída a todos os delegados da Associação Geral.
Dois
dias antes da reunião de abertura, ele escreveu em tons ameaçadores para Ellen
White:
Esperamos
chamar nossos bons irmãos da revista Signs of the Times (Sinais dos Tempos) para que prestem contas da
maneira como agiram em relação a alguns dos pontos disputados de nossa fé, a
lei em Gálatas. Estão publicando muitos artigos na revista Signs of the Times sobre a posição deles, definindo isso em nossa
revista pioneira como sendo a opinião desta denominação.4
[pág. 25] O pastor Butler
procurou manter um controle estrito sobre o conteúdo teológico da revista
denominacional, a Signs of the Times (Sinais dos Tempos).
Ele decidiu lidar com o conflito com a nomeação de uma Comissão Teológica para
discutir o assunto e fazer uma recomendação à assembleia geral. Butler explicou
a Ellen White o que aconteceu na comissão:
O
irmão E. J. Waggoner veio ... municiado para o conflito. A Comissão Teológica
foi ordenada. Eu devia atuar como presidente, mas declinei uma vez que, sendo
uma parte no assunto, poderia ser tido como suspeito de favorecer a um lado. O
Pastor Haskell foi escolhido como Presidente e nomeou a comissão. Foram quatro:
Haskell, Whitney, Wilcox e Waggoner em favor da posição da Signs of the Times. Cinco:
Smith, Canright, Covert, J. Morrison do lado oposto. Tivemos uma discussão de
várias horas, mas nenhum dos lados estava convencido. A questão era se deveríamos
levar isso para a Assembleia e promover uma grande disputa pública sobre o tema
ou não. Eu não poderia dar recomendação a respeito e todos pensaram que seria
muito infeliz e resultaria apenas em calor de debate. Eu fiz recomendações e
preparei preâmbulos e resoluções sobre a nossa postura pública em tais
assuntos.5
A divisão
da comissão significava que Butler não conseguiu tudo o que esperava ganhar.
O pastor
S. N. Haskell, presidente da Associação da Califórnia, foi o presidente da
comissão. O pastor Butler estava frustrado com a dissimulação de Haskell:
Mas
o irmão Haskell vem e entra na minha família particular, desfrutando da minha
hospitalidade durante todo o encontro, com o irmão B. L. Whitney também ambos
cheios desse espírito de oposição. Eles conheciam bem meus sentimentos. Eles
sabiam bem que perplexidade e problemas de mente que eu tinha sobre essas
coisas e mesmo assim, a influência deles era de apoio ao Dr. Waggoner em cada
maneira que podiam durante toda a reunião. O grande esforço deles era impedir
que o Dr. Waggoner fosse censurado e ajudá-lo no quanto podiam.6
[pág. 26] O pastor Butler esperava
obter uma censura pública do Pastor Waggoner. O que ele recebeu foi um
compromisso. A Assembleia da Associação Geral aprovou uma resolução que visava
obviamente a Jones e Waggoner. Foi dirigido a editores e professores do sistema
escolar adventista. A resolução era uma bofetada em suas mãos. Dizia que os
conselhos, os líderes da Escola Sabatina e os editores de publicações deviam –
...
não ... permitir visões doutrinárias não defenditas por uma boa maioria de
nosso povo faça parte da instrução pública dessas escolas, ou que sejam
publicadas em nossos periódicos denominacionais ... antes de serem examinadas e
aprovadas pelos principais irmãos de experiência.7
As
tensões que existiam entre irmãos sobre as questões teológicas eram palpáveis.
O pastor Butler relembrou a reunião de 1886 como uma das piores experiências de sua vida. Fez literalmente com que adoecesse. Ele escreveu para Ellen White:
O pastor Butler relembrou a reunião de 1886 como uma das piores experiências de sua vida. Fez literalmente com que adoecesse. Ele escreveu para Ellen White:
“Minha
mente tem sido muito exercitada sobre essas coisas, e eu não posso evitar que
elas me agitem muito, porque toda a questão me parecia tão injusta e
inconsistente, mas eu reanimei após dois meses de doença, e fui finalmente
capaz de me recuperar dessa terrível última assembleia [1886] que tivemos aqui
em Battle Creek.8
O
conflito teológico e pessoal na conferência foi tão intenso que deixou o pastor
Butler doente.
Ellen
White concordou com ele em uma coisa. Ela respondeu ao Pastor Butler:
Falas,
querido irmão, daquela terrível última reunião, realizada em Battle Creek,
enquanto eu estava na Suíça. Essa conferência me foi apresentada à noite. Meu
guia disse: "Sigue-me, tenho algumas coisas para te mostrar".
Conduziu-me onde eu era uma espectadora das cenas que ocorreram naquele
encontro. Foi-me mostrando a atitude de alguns dos ministros, a ti em
particular, naquela [pág. 27]
reunião, e posso concordar contigo, meu irmão, que foi uma terrível assembeia.9
O
Céu registrou os acontecimentos que ocorriam dentro da igreja e os revelou a
irmã Ellen White, na distante Europa.
As
animosidades e o rancor que mais tarde floresceriam na assembleia da Associação
Geral de Minneapolis em 1888 foram despertados pela reunião em Battle Creek em
1886, principalmente sobre a questão da lei em Gálatas 3.
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Notas Finais:
1)
G. I. Butler, carta a Ellen G. White, de 23 de agosto de 1886, Mount Vernon,
Ohio, Manuscripts and Memories
of Minneapolis (Manuscritos e Memórias de Minneapolis) Casa Publicadora do Pacífico, Boise, Idaho: 1988, pág. 23;
2)
G. I. Butler, carta a E. G. White, de 31 de março de 1887, Battle Creek,
Michigan;
3) George I. Butler, “The Law in the Book
of Galatians: Is It the Moral Law, or Does It Refer to that System of Laws
Peculiarly Jewish?” (A Lei no Livro
de Gálatas: É a Lei Moral, ou se refere a esse Sistema de Leis Peculiarmente
Judaicas?) Battle Creek, Michigan: Casa
Publicadora Review & Herald, 1886;
4)
G. I. Butler, carta a E. G. White, de 16 de novembro de 1886, Battle Creek,
Michigan. Manuscripts and Memories
of Minneapolis (Manuscritos e Memórias de Minneapolis) Casa Publicadora do Pacífico, Boise, Idaho: 1988, pág. 30;
5) G. I. Butler, carta a E. G. White, de 16 de dezembro
de 1886, Plainfield, Wisconsin. Manuscripts and Memories of Minneapolis (Manuscritos
e Memórias de Minneapolis) (Casa Publicadora do Pacífico, Boise,
Idaho: 1988), pág.
43;
6) G. I. Butler, carta a E. G. White, de 1º de outubro de
1888, Battle Creek, Michigan. Manuscripts and Memories of Minneapolis (Manuscritos
e Memórias de Minneapolis) (Casa Publicadora do Pacífico, Boise,
Idaho: 1988), pág.
96;
7)
Review and Herald, de 14 de dezembro de 1886, pág. 779;
8) G. I. Butler, carta a E. G. White, de 1º de outubro de
1888, Battle Creek, Michigan. Ênfase acrescida;
9) E. G. White, carta a George I. Butler, de 14 de
outubro de 1888, Minneapolis, Minnesota. Materiais
de EGW sobre 1888, págs. 92, 93. Ênfase acrescida.
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