terça-feira, 1 de agosto de 2017

O CALVÁRIO NO SINAI - Capítulo 2, Por Paulo E. Penno Jr., M. Div. Andrews University



O  CALVÁRIO  NO  SINAI


A  LEI  E  OS  CONCERTOS  NA  HISTÓRIA  ADVENTISTA  DO    DIA

Por Paulo E. Penno Jr.

M. Div.
Andrews University


[pág. 9]     Capítulo 2, Waggoner sobre a Lei         

Em 1884 E. J. Waggoner estava defendendo que Gálatas 3 lidava com a lei moral. Citando Gálatas 3:24, que falava do "aio", Waggoner explicou: "Note que a lei não aponta para Cristo — esse ofício é confiado a algo diferente — mas nos leva, sim, para Ele como nossa única esperança".1 Os Dez Mandamentos condenam o pecado, mas a lei não pode salvar. Portanto, a lei leva o pecador a Cristo.
Este era o entendimento do artigo do seminário proferido por Waggoner sobre a lei em Gálatas.2 Seus temas seriam mais explorados com respeito aos dois concertos no futuro. Mas, por aquelas auturas, não provocara nenhuma controvérsia.
Pode-se pensar que E.J. Waggoner tomou seu ponto de vista da lei em Gálatas de seu pai, J. H. Waggoner. No entanto, sua visão da relação da lei moral com os concertos era muito diferente da visão de seu pai.
E. J. Waggoner concordou com seu pai que o "aio" em Gálatas 3 era a lei moral. Mas isso foi tão somente quanto às semelhanças. J. H. Waggoner ensinou que o velho concerto terminava com Cristo e o novo foi instituído por Cristo. J. H. Waggoner disse: "Sabemos que a economia do Novo Testamento, ou concerto data da morte do Testador, o exato ponto em que o velho concerto cessou".3 Este foi o dispensacionalismo tipológico com seu foco primariamente no elemento temporal das duas economias do Antigo e do Novo Testamentos.
E. J. Waggoner reconheceu o elemento temporal das duas economias do Velho Testamento e do Novo Testamento. Já em 1881 ele se referia à "dispensação cristã".4 Falando do Sábado, ele se referiu a ambas as dispensações: "Se o sétimo dia foi observado no Paraíso, foi mantido pelos patriarcas, e foi o reconhecido Sábado de descanso sob toda a dispensação mosaica, todo o tempo que foi perdido deve ter sido na era cristã, cuja possibilidade será devidamente considerada".5 Na verdade, pelo menos uma vez ele se referiu à dispensação mosaica como o velho concerto:
“Assim foi em virtude do segundo ou novo concerto que o perdão foi assegurado àqueles que ofereceram os sacrifícios previstos [pág.10] nas ordenanças do serviço divino relacionadas com o velho ou primeiro concerto.”6
Mesmo nisso, ele via os tipos da dispensação mosaica não como um meio de perdão, mas como uma expressão de fé em Cristo, o Redentor perdoador do pecado. Para E. J. Waggoner, a necessidade da experiência do coração do novo concerto estava disponível para as pessoas antes da cruz, bem como depois da cruz.
Assim, quando Waggoner ensinou a exposição bíblica dos dois concertos como duas experiências diferentes no plano de salvação, mais tarde [1893] explicou-o dessa maneira:
 “... A ‘dispensação cristã’ começou para o homem logo, pelo menos, a partir da queda. Há, de fato, duas dispensações, uma dispensação do pecado e da morte, e uma dispensação da justiça e da vida, mas essas duas dispensações têm corrido paralelas a partir da queda. Deus lida com os homens como indivíduos, e não como nações, nem de acordo com o século em que vivem. Não importa qual seja o período da história do mundo, um homem pode a qualquer momento passar da antiga dispensação para a nova.”7
E. J. Waggoner ensinou que os dois concertos da perspectiva do evangelho, eram mais apropriadamente vistos como condições do coração individual. Essa perspectiva bíblica precisava da atenção dos adventistas. O dispensacionalismo tipológico do velho e do novo concertos era uma perspectiva bíblica, mas não a única.
E. J. Waggoner estava plenamente consciente do potencial de controvérsia que a exposição da experiência do coração da lei e os concertos poderia ter dentro da denominação. Mais tarde, o Pastor William C. White [1890] escreveu sobre uma conversa privada que ele e E. J. Waggoner tiveram sobre o assunto. O pastor White escreveu a Dan T. Jones, então secretário da Associação Geral:
 “Quanto à controvérsia sobre a lei em Gálatas, nunca tomei partido, ou assumi a posição nesta matéria que o irmão Butler supôs, ou que parece que você pensou que eu tivesse acatado por declarações em sua carta. Na primavera de 1885, enquanto andava no bosque com o irmão [E. J.] Waggoner, ele apresentou dois pontos sobre os quais estava perplexo. O primeiro era a aparente necessidade de tomar posição enquanto proseguia em seu trabalho editorial que estaria em conflito com os escritos do irmão Canright; o segundo dizia respeito ao ponto na controvérsia entre os irmãos Smith, Canright, e meu pai [James White] de um lado, e os irmãos [J. H.] Waggoner e [J. N.] Andrews, do outro: Eu expressei a minha opinião livremente de que ele e os editores da revista Signs of the Times (Sinais dos Tempos) deveriam ensinar o que eles acreditavam ser a verdade, se conflitasse com algumas coisas escritas pelo irmão Canright e outros,. ...8
Nesta conversa relatada que o pastor William C. White teve com E. J. Waggoner em 1885 é evidente que os irmãos Smith, Canright e Tiago White mantinham a posição de lei cerimonial em Gálatas 3 e os Pastores J. H. Waggoner e J. N. Andrews mantinham a posição moral em Gálatas 3.
Havia opiniões divergentes sobre qual lei era representada pelo "aio" ou "lei adicionada" em Gálatas 3 no pensamento adventista durante a década de 1880. Esta tensão existia desde a década de 1850 ainda sem resolução. Este problema de décadas devia tornar-se uma crise na parte final da década de 1880.

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Notas Finais:                                                            



1) E. J. Waggoner, “Under the Law” (Sob a lei) (Continuação), Signs of the Times (Sinais dos Tempos) de 11 de setembro de 1884), pág. 554;
2) A série de palestras proferidas no seminário proferido por Waggoner sobre a lei em Gálatas, fluiu de 28 de agosto a 18 de setembro de 1884;
3) J. H. Waggoner, “The New Covenant,” (O Novo Concerto) Review and Herald, de 26 de Maio de 1853, pág. 3;
4) E. J. Waggoner, “Precept and Practice,” (Preceito e Prática”) Signs of the Times, 22 de junho de 1881;
5) E. J. Wagoner, “A Definite Sabbath,” (Um Sábado Definido), Signs of the Times, de 22 de setembro de 1881, pág. 427;
6) E. J. Wagoner, "Lição 19. - Hebreus 9: 1-7," Review and Herald, 28 de janeiro de 1890, pág. 62;
7) E. J. Wagoner, “The Day of Rest,” (O Dia do Descanso) da revista A Verdade do Presente, de 7 de setembro de 1893, pág. 356;
8) William C. White, carta a Dan T. Jones, de 8 de abril de 1890.


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