terça-feira, 1 de agosto de 2017

O CALVÁRIO NO SINAI - Capítulo 12, por Paulo E. Penno Jr., M. Div. Andrews University





O  CALVÁRIO  NO  SINAI


A  LEI  E  OS  CONCERTOS  NA  HISTÓRIA  ADVENTISTA  DO    DIA

Por Paulo E. Penno Jr.

M. Div.
Andrews University



[pág. 59] Capítulo 12, Tudo de Mineapolis Repetido em 1890

Outra oportunidade para educar os membros da igreja em relação à mensagem de 1888 relativa aos concertos foi a "lição da Escola Sabatina sobre a Carta aos Hebreus para as classes de adultos". Elas ocorreram de 5 de outubro de 1889 a 21 de junho de 1890. O Pr. J. H. Waggoner (*pai de E. J. Waggoner) foi o autor das lições por três tremestres. Ele morreu de um aneurisma em 17 de abril de 1889 antes de completá-las.1 Então o Pr. E. J. Waggoner foi convidado a terminar a redação. Ellen White mencionou que E. J. Waggoner foi o autor das lições da Escola Sabatina no primeiro trimestre de 1890.2
Essas lições valiam a pena serem estudadas. Fazendo menção ao concerto em Horebe, Waggoner perguntou: "...Em que deve o primeiro [concerto] ter sido defeituoso? Resposta: Nas promessas".3 Hebreus 8: 6, 7. "Portanto, o primeiro concerto era uma promessa da parte do povo de se tornarem santos".4 Isso era uma impossibilidade.
Waggoner continuou perguntando:                  
...Qual é a grande diferença entre o primeiro e o segundo concertos? Resposta — No primeiro concerto, o povo prometeu se fazer santo; No segundo, Deus diz que Ele faria esta obra por eles.5
Aquela justiça cobre todos os pecados passados, ela passa pela vida em boas obras presentes.6
Citando Gálatas 4:24, Waggoner assinalou que o velho concerto "gera filhos para a servidão". O homem teria que obedecer a lei para ser liberado de "pecados passados" e caminhar em liberdade. Uma vez que ele é incapaz disso, o primeiro concerto, em que as pessoas prometem obedecer, nada mais traz do que escravidão.7
[pág. 60] Deus nunca fez concerto com os gentios (Efésios 2:12). Os concertos foram feitos com os judeus (Romanos 9: 4). Se os gentios cressem no Redentor, eles gozavam das bênçãos do concerto (Efésios 2: 13-20).8
Se não houvesse perdão do pecado sob o velho concerto, como eles seriam salvos? A circuncisão foi um sinal de que Israel poderia desfrutar das bençãos do concerto de Deus com Abraão.
Este foi um concerto de fé, já confirmado pela palavra e juramento do Senhor, em Cristo, a Semente, e não foi tornada nula por qualquer acordo futuro. Gal. 3: 15-17.9
O velho concerto tinha ordenanças e um santuário (Hebreus 9: 1). "Mas estes eram adições, não necessários para o concerto, mas muito necessários como tipos de sacrifício e sacerdócio do novo concerto".10 Eram de natureza típica. Não havia nenhum perdão inerente a eles. Eram sinais apontando para o novo concerto. Quando as pessoas se valeram delas, expressaram fé no concerto eterno.
Falando sobre o primeiro concerto Waggoner disse:
Todas as transgressões cometidas sob esse concerto, foram perdoadas, foram perdoadas em virtude do segundo concerto, do qual Cristo é Mediador. No entanto, embora o sangue de Cristo não tenha sido derramado senão centenas de anos após o rimeiro concerto ser feito, os pecados foram perdoados sempre que confessados.11
Deus já havia confirmado Seu concerto com Abraão com uma promessa e um juramento.
Essas "duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta" (Hebreus 6:17, 18) fez o sacrifício de Cristo tão eficaz nos dias de Abraão e Moisés como é agora.12
[pág. 61] O velho concerto, como manifestado no Sinai, não existia por si mesmo, já que o novo, ou segundo concerto o precedia e a eternidade era simultânea com ele. Waggoner disse:
O que é chamado de "segundo concerto" com efeito existiu antes que o concerto fosse feito no Sinai; Porque o concerto com Abraão foi confirmado em Cristo. (*Tendo sido o concerto anteriormente confirmado por Deus em Cristo, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida, de forma a abolir a  promessa) (Gálatas 3:17); e é somente através de Cristo que existe algum valor para o que é conhecido como o segundo concerto.13
Após a denominação ter estado estudando as lições por um mês inteiro, o Pr. Smith publicou uma declaração de repúdio na Review and Herald sobre elas.
Para muitos inquiridores que nos estão escrevendo sobre a nova divergência teológica na lição da Escola Sabatina... a Bíblia ... é nossa única regra de fé. ...
...Não necessariamente para se entender que a Review and Herald... endossa tudo o que elas podem conter. ...
...Não é apenas o privilégio, mas o dever daqueles que detectam seu desacordo com as Escrituras, rejeitá-las sem escrúpulos e sem reserva.14
Isto é o que o Pr. Smith escreveu em resposta a cartas fazendo objeções às lições da Escola Sabatina que estavam sendo estudadas em todo o país; Incluindo os estados de Iowa, Nebraska, Idaho, Michigan e Indiana.
Dan Jones informou ao Pr. Olsen que –
Tudo está se movendo bem, exceto em referência às lições da Escola Sabatina. Entendo que há uma agitação bastante considerável sobre a questão do concerto. Elas estão sendo defendidas violentamente com opiniões divergentes nas diferentes reuniões dos professores.15
Dan Jones ensinava numa unidade da Escola Sabatina da igreja central (*Tabernáculo) da cidade de Battle Creek. Ele estava muito agitado sobre as lições escritas por E. J. Waggoner.
[pág. 62] Ele escreveu ao Pr. George I. Butler:
Eu me refiro, especialmente, às nossas lições da Escola Sabática deste trimestre, em que a questão do concerto foi apresentada, nunca aconteceu nada na minha vida que me deprimisse tanto assim. Senti-me tão contrariado por todo o assunto que mal sabia como agir ou o que fazer. Elas vieram sobre nós como um golpe de trovão vindo de um céu claro. ... Mas por alguma artimanha ou manipulação, o assunto tem sido enrolado e torcido até achar-se lá em toda a sua glória.16
Dan Jones informou a E. W. Farnsworth:
...Nas lições da Escola Sabatina deste trimestre há detalhes que eu não posso endossar. Sobre o assunto da questão dos concertos; então renunciei a minha função como professor da Escola Sabatina, e fiquei longe da classe algumas semanas.17
Essas lições foram escritas para precipitar a mudança de toda a questão da lei e dos concertos. Esses pontos não foram resolvidos pela denominação em 1888. Continuam a ser pontos de discórdia que provocam tensões repetidas vez após vez. Foi como Minneapolis novamente.
A assembleia de Minneapolis de 1888 centrou-se na lei, nos concertos e na justiça pela fé. As reuniões bíbicas dos ministros, de 5 de novembro de 1889 a 25 de março de 1890, novamente deram enfoque na questão dos concertos.18
Falando aos ministros, A. T. Jones apresentou os concertos. Um aluno que esteve presente nas palestras, o Pr. E. P. Dexter, mais tarde (1891) escreveu:
Desde que participei das palestras do irmão Jones realizei consideráveis estudos, e ao aceitar alegremente a nova luz que acompanhou a exposição dele desse assunto, não posso ficar cego ao fato de [pág.63] que esse assunto não é totalmente compreendido pelo nosso povo. Esta lacuna e a falta de harmonia foram expostas nas lições da Escola Sabatina sobre Hebreus. Desde então, parece-me, que esse assunto tem sido evitado.19
Incapaz de permanecer no ano novo, A. T. Jones teve que sair para a cidade de Nova York antes do Natal de 1889, para assumir as funções com a revista The American Sentinel (*A Sentinela Americana).
E. J. Waggoner foi o substituto de A. T. Jones. Dan Jones informou a H. E. Robinson que "foi com relutância considerável que o Dr. Waggoner foi garantido pelo restante do trimestre..."20 E. J. Waggoner ensinou na escola bíblica um curso sobre o Livro de Isaías durante o final de 1889.21 Mas ele mudou de direção no primeiro dia do ano e anunciou que estaria ensinando os concertos.
Dan T. Jones foi responsável pela escola na ausência de seu diretor, o Prof. William W. Prescott. O Pr. Jones escreveu sobre o que aconteceu:
...Ouvi dizer que o Dr. Waggoner havia anunciado em sua escola que ele abordaria a questão dos concertos na manhã da segunda-feira seguinte... Pensei um pouco sobre isso e concluí que deveria ir e conversar com o irmão. William White e o Dr. (*Waggoner) com referência ao assunto, e tentar convencê-los a adiarem essa questão, pelo menos até o Prof. Prescott e o irmão Olsen pudessem estar aqui.22
Dan Jones sentiu que, se Waggoner não tivesse consultado o "conselho de administração da escola ou os outros membros da faculdade, isso teria causado grande insatisfação de todos os lados".23
Dan Jones foi falar primeiro com o Pr. William C. White sobre o problema. O Pr. White aconselhou-o a conversar com o Dr. Waggoner para resolver isso. Na sexta-feira, Jones conversou com Waggoner sobre abster-se de ensinar os concertos aos ministros até que isto pudesse ser decidido pelo Prof. Prescott e o Pr. Olsen. Os dois homens falaram por algumas horas sobre o [pág. 64] problema. Waggoner já havia feito seus planos para começar a ensinar na segunda-feira e não estava inclinado a mudar de ideia.
Na segunda-feira, por volta das seis horas da tarde, o Dr. Waggoner entregou a Dan Jones uma carta de demissão para a aula de uma hora em que os concertos deveriam ser ensinados. Isso deixou Jones em confusão sobre o que fazer. Então, na terça-feira, ele tentou convencer o Dr. Waggoner a reconsiderar, mas os dois não conciliaram seus pontos de vista. Foi decidido entre Dan Jones e W. C. White que Uriah Smith deveria assumir a classe.
Então Dan T. Jones e Uriah Smith-                      
...Arranjaram para apresentar uma matéria de modo mais suave para a classe quanto pudessem; ao declarar ter sido considerado o melhor para o irmão Smith introduzir algumas das suas linhas de trabalho para o presente, e adiar a questão dos concertos, considerando-se que o Dr. Waggoner estava sobrecarregado e precisava descansar; e esperava-se que o Ir. Smith ajudasse na escola bíblica, e assim por diante. Eles colocaram sobre mim a responsabilidade para apresentar o assunto aos alunos. E depois que a decisão foi tomada, só tivemos dez minutos antes da hora marcada para o Pr. Smith começar a ensinar a classe. Então fui com o irmão Smith, e chegamos lá alguns minutos antes de o Dr. Waggoner finalizar a aula. Depois que ele encerrou, ele [Dr. Waggoner] disse: "Às vezes, o inesperado acontece, e algo muito inesperado aconteceu comigo. Houve objeções a meu ensinamento da questão dos concertos nesta escola, muito para minha surpresa, e não vou abordar o assunto agora. O irmão Dan T. Jones irá explicar-lhes a mudança que foi feita". Isso perturbou o pequeno discurso que eu tinha preparado; então eu só poderia dizer que foi decidido ter sido melhor adiar temporariamente, pelo menos, a apresentação da questão dos concertos, e que o Ir. Smith abordaria a questão do santuário.24
Parecia que Dan T. Jones foi menos que honesto com os alunos sobre o que aconteceu precipitando a partida do Dr. Waggoner da sala de aula.
No domingo de manhã, 16 de fevereiro, no vestíbulo esquerdo da igreja (*de Battle Creek),25 Uriah Smith apresentou uma breve visão geral sobre sua posição nos concertos. Smith traçou o plano de salvação através dos concertos concedidos a Adão, Abraão e Israel. Smith disse que Israel estava "sob [pág. 65] o concerto adâmico; eles estavam sob o concerto abraâmico".26 Se eles "fossem obedientes a Ele, guardassem Suas leis e mandamentos", então Ele os tornaria uma grande nação. Smith concluiu:
Então eu entendo que os dois concertos eram as duas dispensações através das quais Deus estava trabalhando para realizar o Seu plano originalmente feito com Abraão.27
Quando o Dr. Waggoner fez sua apresentação na segunda-feira, 17 de fevereiro, durante duas horas, Dan T. Jones observou:
Nada foi apresentado que o Pr. Smith ou qualquer outra pessoa apresentasse na questão dos concertos pudesse se opor, até o final da última sessão, quando o Dr. Waggoner traçou um paralelo entre o velho e o novo concertos, mostrando que cada um tinha três pontos objetivos: primeiro, justiça; segundo, herança da terra e, terceiro reino dos sacerdotes. Mas no primeiro, tudo dependia da obediência das pessoas; no segundo, ou novo concerto, Deus faz isso pelo povo.28
Dan T. Jones opôs-se à visão de que o velho concerto e o novo concerto eram dois concertos diferentes e distintos.
De acordo com Dan T. Jones, havia acordo entre Waggoner e Smith sobre os objetivos de ambos os concertos: a necessidade da justiça, a restauração da terra e todo o sacerdócio de todos os crentes.
O Pr. O. A. Olsen estava presente na apresentação de E. J. Waggoner sobre os concertos. Ele disse: "Creio que o Dr. Waggoner trouxe uma verdade muito importante sobre esse assunto".29
O Pastor U. Smith continuou sua apresentação formal na quarta-feira, 19 de fevereiro de 1890. Edson White tomou notas de suas observações. Smith disse que tudo estava em harmonia sobre a questão da justificação pela fé. Ele continuou:
Mas sobre este assunto dos concertos, existem alguns pontos, algumas escrituras, onde parece haver uma diferença de opinião em relação à aplicação.30
[pág. 66] ...Creio que a promessa a Abraão começou ali, com ele, e tomava a sua posteridade imediata e veio através da semente literal, [isto é, o concerto era para os descendentes diretos] e, através da semente literal passou a um desenvolvimento mais abrangente do plano claro para a consumação final, a redenção do homem, a renovação da terra e a posse final da herança. E no desenvolvimento dessa promessa, entendo que Deus formou duas dispensações, duas etapas, se assim pudermos dizer, no desenvolvimento dessa obra. Na realização da promessa que deu a Abraão, havia dois estágios, duas dispensações, e cada um deles seguia a mesma ideia, alcançando o mesmo fim; e ambos foram um passo adiantado no desenvolvimento do plano: a promessa, em primeiro lugar, de abranger a semente literal, garantindo-lhes muitas das bençãos a serem apresentadas no mundo aqui, no tempo, no estado mortal, e muitos dos privilégios a serem tidos no mundo; e, no entanto, a promessa de Abraão sendo tal que todos não puderam ser protegidos neste estado mortal, nesta terra presente em sua condição presente e, portanto, envolvendo a ressurreição final dos mortos, a imortalidade, eterna na nova terra, como a conclusão final da promessa; mas assumindo essas duas etapas. Agora, nos achamos capazes de ver o significado de algumas passagens e ver a harmonia entre algumas declarações do texto sagrado que não poderíamos fazer se entendêssemos que a promessa a Abraão fosse simplesmente uma promessa feita a ele e, em seguida, Cristo, e deixando cair todo o resto dele aplicando-se a Cristo. Parece-me que a promessa a Abraão completou todo o tempo entre ele e Cristo; e quando atingiu a Cristo, é claro que envolvia tudo o que devia ser realizado através dele.31
O Pr. Smith deu a entender que o primeiro concerto era uma continuação do concerto abraâmico a sua semente — os descendentes literais de Abraão.
Ele explicou o que Deus realizou "ao fazer este concerto com o povo para tirá-lo do Egito: primeiro, para levar a efeito, no que pertencia a essa época, a promessa de Abraão".32 Ele não via nenhuma distinção entre o concerto sinaitico feito com Israel e o [pág.67]  concerto abraâmico. "...Parece-me que este concerto está intimamente relacionado com o concerto abraâmico".33
Smith estava dizendo que o concerto do Sinai era para preservar a pureza dos israelitas de outras nações. Cristo poderia então traçar Sua genealogia como Messias de volta a Abraão, que recebeu o concerto.
A impressão deixada pelo Pr. Smith era que a salvação sob o velho concerto era apenas figurativa. Seria um reflexo da noção de perdão figurativo dos pecados de Butler, mas não de uma realidade até que Cristo viesse. O concerto abraâmico só poderia apontar para Cristo a realidade. Smith explicou:
Assim, em Cristo foram cumpridas as provisões do concerto abraâmico, e a luz e a imortalidade trazidas à luz através do evangelho e conferidas ao povo. E, finalmente, eles seriam trazidos para a expiação, quando os pecados seriam completamente perdoados, e isso não para ninguém — nem mesmo para Abel — até que a expiação fosse feita aqui na expiação de Cristo, — levando à conclusão a promessa feita a Abraão e a promessa de salvação feita a Abraão.34
Na visão do Pr. Smith, nenhum dos patriarcas que viveram pela fé recebeu expiação por seus pecados até que Cristo realmente morreu. O perdão deles era apenas figurativo em antecipação à cruz.
No entanto, deve-se ponderar que Moisés ensinou que Abraão "creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça" (Gênesis 15: 6). Cristo disse aos judeus: "Abraão, vosso pai, exultou por ver o Meu dia, e viu-o e alegrou-se" (João 8:56). Certamente Moisés e Abraão devem ter conhecido e experimentado a bendita garantia do perdão de seus pecados, pois, pela fé, conheciam Cristo.
O apóstolo Paulo declarou: "Dize-me, os que quereis estar debaixo da lei, não ovis vós a lei? Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre" (Gálatas 4:21 e 22). O Pr. Smith interpretava a lei aqui dizendo: "Por que certos professores haviam descido de Jerusalém perturbando suas mentes e dizendo que eles deveriam ser circuncidados e guardar a lei de Moisés".35
Uriah Smith disse que Paulo estava falando sobre um problema com o velho concerto que existia nos dias dos apóstolos tratando dos judaizantes e dos cristãos da Galácia. Eles queriam voltar para a circuncisão para serem salvos, como os israelitas estavam sob a [pág.68] antiga dispensação. Assim, ele julgava que Paulo não estava falando negativamente do velho concerto durante o tempo de Israel para o qual foi instituído. Era uma coisa boa que Deus havia ordenado para a salvação deles, mas não tinha utilidade após a cruz.
No entanto, o que Paulo realmente ensinou foi que a antiga experiência do concerto persistia até aquele dia com seus companheiros judeus em Jerusalém. "Estes são os dois concertos: um do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar. Ora, esta Agar é Sinai, um monte na Arábia, e corresponde à Jerusalém que agora existe; pois é escrava com seus filhos" (Gálatas 4:24, 25). Havia aqueles em Jerusalém nos dias de Paulo, que continuavam na experiência do velho concerto.
Um pastor que participou da escola bíblica, S. A. Whittier, avaliou a visão de Smith sobre os concertos. Ele disse: "... Não me pareceu que nossa posição nos dois concertos fosse clara".36
O presidente da Associação Geral, o Pr O. A. Olsen achou "divertido". Ele relatou –
Tomei a oportunidade de fazer perguntas sobre os irmãos dirigentes em relação aos seus pontos de vista sobre os concertos, e o fato é... que não encontrei dois que tenham particularmente os mesmos pontos de vista. Isso me levou a concluir que nossos irmãos não são claros sobre o assunto, nem têm a luz total. ...37
Isso indicou o estado de confusão entre os irmãos quanto à questão dos concertos.
Poucos dias após a apresentação de Pr. Smith, na segunda-feira, 24 de fevereiro, o pr. R. C. Porter,38 da Associação de Minnesota, falou. Ele apresentou sua tese nestas palavras: "Eu entendo o concerto abraâmico abrangendo o velho e o novo concertos..."39 Ele continuou: "... O velho concerto, assim chamado, foi feito [pág.68] para cumprir o concerto feita com Abraão ..."40 Porter não faz nenhuma distinção entre o velho e o novo concertos. Um era apenas a extensão do outro.
Elder Porter fez uma declaração várias vezes que parecia ser receptiva ao que o Dr. Waggoner estava ensinando. "O Senhor não esperava que o povo guardasse aquele [velho] concerto em sua própria força".41 Ele falou isto várias vezes que Deus providenciava ajuda divina para se guardar o velho concerto." ... A promessa de ajuda divina foi dada a eles, para permitir que realizassem as especificações do velho concerto".42 Wagoner disse que não havia tal promessa no velho concerto para o perdão divino ou auxílio. Porter estava procurando contrariar Waggoner sobre esse ponto.
Na compreensão de Porter, Deus providenciou que as pessoas fossem justas sob o velho concerto.
...O Senhor procurou a justiça nesse povo; e Ele certamente não procuraria por justiça se Ele não providenciasse uma maneira pela qual eles poderiam obter aquela justiça para a qual Ele olharia.43
Certamente estes foram pontos feitos para refutar Waggoner em sua compreensão do velho concerto.
E então, como se para eliminar completamente a premissa básica da compreensão de Waggoner sobre o velho concerto como baseada nas promessas do povo, o Pr. Porter disse: "As condições em que esse concerto foi feito foram a obediência real, e não na promessa da obediência."44 Ele estava dizendo que Israel deveria obedecer aos mandamentos como condição do velho concerto. Eles poderiam obedecer porque Deus os ajudaria. O velho concerto não era a promessa do povo para obedecer. Não poderia haver uma rejeição mais completa da mensagem de Waggoner quanto aos concertos.
Finalmente, o Pr. Porter afirmou seu acordo com o Pr Smith sobre o novo concerto sendo uma continuação na nova dispensação do velho concerto na anterior dispensação. "O concerto abraâmico é o cocnerto eterno, e os dois concertos são apenas os meios nas diferentes eras para a realização desse plano".45 O concerto abraâmico é o mesmo que o velho e o novo [pág.70] concertos. O velho e o novo concertos são os mesmos meios em "diferentes eras" de restaurar o pecador "em favor com Deus.”
Waggoner concordaria que as duas dispensações eram diferentes períodos históricos com diferentes símbolos e tipos do plano de salvação. Mas os pastores Porter e Smith fizeram dos símbolos o meio do concerto eterno, em vez de simplesmente expressões de fé em Cristo. Esta era a essência da antiga experiência do concerto que Waggoner estava contrastando com a nova experiência do concerto da justiça pela fé. O propósito de qualquer símbolo era principalmente ser uma expressão de fé em Deus, que cumpriria Sua promessa em Cristo. O próprio Cristo era o único meio, ou caminho, da salvação.
A reação de Ellen White à apresentação de Porter foi uma rejeição ressonante. "...Irmão Porter, ... você não está na luz. Não se surpreenda se eu, quando estiver na escuridão, eu me recuse a ter uma entrevista com você..."46 A compreensão dele dos dois concertos era escuridão e não luz.
O trio Dan T. Jones, Uriah Smith e R. C. Porter se uniram na sua oposição à apresentação de Waggoner dos dois concertos. Eles estavam confusos sobre os concertos, mas não reconheciam a sua confusão. Não estavam abertos ao que Waggoner tinha que ensinar da Bíblia. Através de sua liderança, deixaram um impacto duradouro no instituto dos ministros de 1890. Deve-se enfatizar que eles não faziam isso com más intensões. Sinceramente acreditavam que estavam defendendo a verdade de Deus.
Outro exemplo de como Dan T. Jones trabalhou secretamente para neutralizar a influência do Dr. Waggoner foi quando o Pr. N. W. Allee escreveu-lhe para obter conselhos sobre palestrantes para um instituto na Associação de Missouri. Evidentemente, Allee queria providenciar para que A. T. Jones e E. J. Waggoner viessem como palestrantes convidados, mas Dan T. Jones aconselhou-o contra isso. Ele escreveu para Allee:
...Não tenho muita confiança em algumas das formas deles apresentarem as coisas. Eles tentam dirigir tudo à moda deles, e não admitirão que suas posições possam ser sujeitas ao mínimo de críticas. Eles dizem: "É verdade, e tudo que você precisa fazer é estudá-lo tanto quanto eu estudei, e você vai ver isso!". ... Mas nossos homens de mais experiência, os irmãos Smith, Littlejohn, Corliss, Gage e outros, não concordam com eles em muitas posições que assumem... os concertos, a lei em Gálatas. ... Mas essas coisas eles tornam proeminentes onde quer que vão... sobre as quais há uma diferença de opinião entre nossos principais irmãos. Eu não [pág.71] acho que queiras trazer esse espírito para a Associação de Missouri.47
Dan Jones concluiu seu conselho para Allee ao caracterizar a teologia de Waggoner como "uma teoria muito rebuscada que nunca funcionou e nunca vai funcionar em lugar algum".48
Há aqueles que olham para trás na história denominacional adventista do sétimo dia de 1890 e concluem que uma vitória foi alcançada. No entanto, o Pr. J. S. Washburn, que estava mais perto dos eventos, teve uma avaliação mais sóbria:
Eu fui um daqueles apontados pela Comissão da Associação Geral a frequentar a escola de Ministros em Battle Creek, o último inverno, mas não consegui ir em razão de doença na família. Mas alguns dos relatórios deles me fizeram pensar que estava em uma avaliação de "Minneapolis" novamente. Parece-me que Deus está apenas segurando sobre nossas cabeças uma grande benção, mas está esperando que estejamos prontos para isso antes de conferir-nos isso a nós, e que essa bênção é verdadeira santidade e que, quando alcançarmos nossos deveres e privilégios neste assunto, nossa obra avançará com o "alto clamor".49 (grifos do tradutor).
Mais tarde naquele ano (19 de maio de 1890), R. C. Porter voltou a Minnesota e recebeu uma carta de Dan T. Jones, que continuou a alimentar seu negativismo em relação à mensagem do concerto. Dan T. Jones escreveu para ele:
Creio que a agitação sobre a questão do concerto e a justificação pela fé não perdeu em nada a sua força, já que ela saiu para diferentes partes do campo, mas já reuniu força e assumiu características censuráveis, até que eles a vejam agora em muito pior luz do que realmente é.50
Em resumo, a escola bíblica dos ministros de 1890 centrou-se na questão dos dois concertos. Quando E. J. Waggoner tentou abordar este assunto no instituto dos ministros, Dan T. Jones sentiu que temas tão controversos precisavam da aprovação do diretor da escola. [pág.73] Waggoner renunciou a ensinar na ocasião que lhe fora designada.
Finalmente, quando o diretor da escola, o Prof. William W. Prescott, chegou, as apresentações foram permitidas dos dois lados da questão. A evidência indica que houve confusão nas mentes dos pastores, bem como de alguns líderes da igreja sobre a questão dos concertos.
Ellen White apoiou uma discussão aberta e justa entre os pastores sobre a questão do concerto. Ela indicou sua desaprovação sobre a apresentação da visão tradicional do Pr. R. C. Porter.51
A evidência revela que, entre algumas das lideranças da Associação Geral , por exemplo, Dan Jones, Uriah Smith e R. C. Porter houve oposição a E. J. Waggoner e os dois concertos. Ellen White disse que havia transações secretas acontecendo. A maneira como Dan T. Jones tentou desencorajar a Associação de Missouri de convidar A. T. Jones e E. J. Waggoner como palestrantes convidados indica uma manobra de bastidores.
                                                
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Notas Finais:

1) J. N. Loughborough, "Elder J. H. Wagoner", Signs of the Times 15, 19 (20 de maio de 1889), p. 294;
2) E. G. White, carta a seu filho Willie e nora Mary White, de 13 de março de 1890, Battle Creek, Michigan. Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 627. Eles também foram discutidos na carta de Dan T. Jones, a E. W. Farnsworth, 9 de fevereiro de 1890, Battle Creek, Michigan;
3) “Lições da Escola Sabatina dos Adultos sobre o Tema da Carta aos Hebreus”  de 4 de janeiro a 29 de março de 1890 (Oakland, Califórnia: Associação International da Escola Sabatina, 1889), p. 10;
6) E. J. Wagoner, Carta aos Hebreus. Capítulo 8: 8-13," Signs of the Times, de 6 de janeiro de 1890, pág. 10;
7) Ibidem;                                              
8) E. J. Wagoner, "Carta aos Hebreus. Capítulo 8: 8-13," Signs of the Times, de 13 de janeiro de 1890, pág. 26;
9) “Lições da Escola Sbatina dos Adoltos sobre o Tema da Carta aos Hebreus” 4 de janeiro a 29 de março de 1890 (Oakland, Califórnia: Associação International da Escola Sabatina, 1889), pág. 17;
10) E. J. Wagoner, "Carta aos Hebreus. Capítulo 8: 6-13," Signs of the Times, de 20 de janeiro de 1890, pág. 42;
11) E. J. Wagoner, "Carta aos Hebreus. Capítulo 9: 8-14," Signs of the Times, de 3 de fevereiro de 1890, pág. 74;
12) Ibidem;                                                            
13) E. J. Wagoner, "Carta aos Hebreus. Capítulo 8: 6-13, " Signs of the Times 16, 3 (20 de janeiro de 1890), p. 43;
14) U. Smith, Review and Herald de 28 de janeiro de 1890, pág. 64;
15) Dan T. Jones, carta a O. A. Olsen, 16 de janeiro de 1890. Battle Creek, Michigan, parágrafo 3;
16) Dan T. Jones, carta a George I. Butler, de 13 de fevereiro de 1890. Battle Creek, Michigan;
17. Dan T. Jones, carta a E. W. Farnsworth, 9 de fevereiro de 1890. Battle Creek, Michigan, pág. 2, parágrafo 2;
18) "A escola dos ministros de 1890 debateu durante o inverno. ... que o ponto principal da disputa teológica tinha sido os concertos, um tópico em que a série de lições da Escola Sabatina escrita porde Waggoner predominaram recentemente." George R. Knight, um guia amigável para a mensagem de 1888 (Review and Herald, Hagerstown, Maryland: 1998}, pág. 120;
19) E. P. Dexter, carta a E. G. White, 11 de março de 1891. Dexter disse que "O irmão A. T. Jones [estava] no instituto dos ministros, Battle Creek, 1888-89. ..." Ênfase acrescida;
20. Dan T. Jones, carta a H. E. Robinson, de 3 de janeiro de 1890, Battle Creek, Michigan, pág. 1, parágrafo 3;
21) Dan T. Jones, carta a M. Larson, de 2 de janeiro de 1890, Battle Creek, Michigan, pág. 2, parágrafo 1;
22) Dan T. Jones, carta a E. W. Farnsworth, de 9 de fevereiro de 1890, pág. 2, parágrafo 2;
23) Dan T. Jones, carta a C. H. Jones, fevereiro de 1890, pág. 3, parágrafo 1;
24) Dan T. Jones, carta a George I. Butler, de 13 de fevereiro de 1890;
25) Dan T. Jones, carta a J. O. Corliss, de 16 de fevereiro de 1890, Battle Creek, Michigan, pág. 2, parágrafo 1;
26) Uriah Smith, "Observações do pastor Uriah Smith na Escola Bíblica, em 16 de fevereiro de 1890," pág. 3;
27) Idem, pág. 4.                                   
28) Dan T. Jones, carta a R. A. Underwood, de 18 de fevereiro de 1890, Battle Creek, Michigan, pág. 2, parágrafo 0;
29) O. A. Olsen, carta a T. L. Waters, de 17 de março de 1890, Battle Creek, Michigan;
30) Uriah Smith, "Observações de Uriah Smith, na escola bíblica, em 19 de fevereiro de 1890";
31) Ibidem, Ênfase acrescida;                               
32) Ibidem;                                                                            
33) Ibidem;                                                                            
34) Ibidem;                                                                            
35) Ibidem;                                                                            
36) S. A. Whittier, carta a O. A. Olsen, de 22 de janeiro de 1890, Battle Creek, Michigan, pág. 1, parágrafo 3;
37) O. A. Olsen, carta a R. A. Underwood, de 16 de fevereiro de 1890, Coopersville, Michigan, págs. 1, 2, parágrafo 2;
38) O Pastor Porter foi convocado pelo comitê da Associação Geral, enquanto a escola bíblica estava em andamento. Ele deveria ser um professor para a escola. Dan Jones informou que o comitê acreditava que "o Ir. Porter tem algumas qualificações naturais que bem lhe caberia para esta linha de trabalho. ..." Dan T. Jones, carta a Allen Moon, de 3 de janeiro de 1890, Battle Creek, Michigan. Compare com Dan T. Jones, carta a R. C. Porter, de 2 de janeiro de 1890, Battle Creek, Michigan;
39) R. C. Porter, "Observações do irmão R. C. Porter, na Escola Bíblica dos Ministros," 24 de fevereiro de 1890. Arquivos da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. Edson White tomou notas sobre o discurso de Porter sobre a questão da aliança, entregue na escola bíblica no inverno passado. "Dan T. Jones, Carta a R. C. Porter, de 5 de maio de 1890, Battle Creek, Michigan;
40) Ibidem;                                                                            
41) Ibidem;                                                                            
42) Ibidem;                                                                            
43) Ibidem;                                                                            
44) Ibidem;                                                                            
45) Ibidem;                                                                            
46) ​​E. G. White, Sermão de 8 de março de 1890, Battle Creek, Michigan. Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 595;
47) Dan T. Jones, carta a N. W. Allee, de 23 de janeiro de 1890, págs. 4, 5, parágrafo 1;
48) Idem, pág. 5, parágrafo 0;                                              
49) J. S. Washburn, carta a E. G. White, de 17 de abril de 1890, Clarinda, Iowa. Manuscripts and Memories of Minneapolis (Manuscritos e Memórias de Minneapolis) (Casa Publicadora do Pacífico, Boise, Idaho: 1988), pág.174;
50) Dan T. Jones, carta a R. C. Porter, 5 de maio de 1890, págs. 3, 4;
51) E. G. White, Sermão, de 8 de março de 1890, Battle Creek, Michigan. Materiais de Ellen G. White sobre 1888, pág. 595.
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