terça-feira, 1 de outubro de 2013

1/10/13 - Capitulo 7, JESUS, CRUCIFICADO NOVAMENTE, por W. D. Frazee



      [44] Numa cidade do meio-oeste americano onde eu realizava reuniões evangelísticas, uma mulher com lágrimas correndo pelas faces veio até a frente. Ela agarrou minha mão em soluços, “Ore pelo meu rapaz!” Qual era o problema? Estaria ele ferido ou doente, ou internado num hospital? Não, ele estava na penitenciária. Havia quebrado as leis de Deus e do homem e agora sofria as consequências. Acham que eu lhe disse, “Anime-se, mãe. Você não está na prisão”? Digam-me, quem estava sofrendo mais, o rapaz na cadeia ou a mãe fora da cadeia?
       Vários anos depois, enquanto eu realizava uma reunião na Califórnia, a mesma mulher veio até a frente, tomou minha mão e implorou novamente, “Irmão Frazee, ore por meu rapaz!” Qual é o problema com aquela mãe, afinal de contas? Será que ela não podia pensar em outra coisa? Qual era o problema com ela? É que ela amava o seu filho. Isso é tudo. Se pudesse tirar o amor de seu coração ela pararia de chorar, e o seu peso seria eliminado.
       O que dizer dAquele que fez as mães? O que dizer de Seu sofrimento e Sua dor? Ele não mais pende de uma cruz de madeira como aconteceu por seis horas quase dois milênios atrás. Contudo, por seis mil anos o pecado tem Lhe causado infinita angústia e dor. Poucos pensam a esse respeito. Poucos entendem isso. A cruz revela a nossos sentidos endurecidos a dor que teve início quando o pecado começou e nunca pode parar até que o pecado cesse.
       [45] Falando daqueles que prosseguem pecando quando sabem melhor, as Escrituras declaram: “. . . quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério” (Hebreus 6:6). No serviço do santuário, quando um homem havia violado a lei e levava o seu cordeiro e confessava o seu pecado, quando o substituto era morto e o sangue havia sido ministrado, o homem saía livre. Perdoado e aliviado, ele retornava a sua casa. Suponha que na próxima semana ele quebrasse a lei novamente. Devia trazer outro cordeiro, pois o cordeiro anterior estava morto e não podia morrer outra vez. Mas na realidade celestial Deus supre o Cordeiro, e Ele tem somente um. “Por cada pecado Jesus é ferido de novo” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 300).
       Ao vos aproximardes da cruz do Calvário, vereis um amor sem paralelo. Ao, pela fé, aprenderdes o significado do sacrifício, ver-vos-eis como pecador, condenado por uma lei quebrantada. Isto é arrependimento. Ao vos chegardes, coração humilde, encontrareis perdão, pois Cristo Jesus é representado como estando continuamente junto ao altar, oferecendo a cada momento o sacrifício pelos pecados do mundo. É Ele ministro do verdadeiro tabernáculo, do qual o Senhor é construtor, e não o homem. As prefigurações simbólicas do tabernáculo judeu não mais possuem qualquer virtude. Não mais tem que ser feita a diária e anual expiação simbólica, mas o sacrifício expiatório por meio de um mediador é necessário, por causa do constante cometimento de pecado”. (Mensagens Escolhidas, liv. 1, págs. 343 e 344).
       Estou certo de que não entendo tudo quanto está envolvido nessa declaração. Mas posso captar o suficiente para saber que aqui defrontamos um fato estupendo. Cristo Jesus é representado como estando continuamente junto ao altar, oferecendo a cada momento o sacrifício pelos pecados do mundo”. Embora vida e gozo derivem disso, o serviço do santuário é marcado por dor, sofrimento e morte.
       Ainda pecamos? Então, algo mais continua. Se Deus nos oferece a oportunidade de perdão, um sacerdote oficiante deve postar-se entre nós e a lei quebrada, apresentando o sangue [46] de Sua própria expiação toda-suficiente. “O sacrifício expiatório por meio de um mediador é necessário, por causa do constante cometimento de pecado”.
       Por quanto tempo, então, deve a ministração desse sacrifício prosseguir? Enquanto o pecado prosseguir. O santuário nunca poderá ser purificado enquanto eu e você continuarmos quebrando o coração de Deus por quebrar a Sua santa lei. Quando verdadeiramente entendermos isso, preferiremos morrer a transgredir os Seus mandamentos. Então estaremos preparados para enfrentar o teste da marca da besta. Quando sair o decreto de que nenhum homem pode comprar ou vender a menos que viole o santo sábado de Deus, os santos permanecerão inamovíveis. Preferirão morrer de inanição, antes estarem na prisão a desapontar Aquele que morreu por eles e que deve ainda sofrer se eles continuarem a quebrar a Sua lei. Quando O amamos o suficiente, não será difícil observar os Seus mandamentos.
       O último livro da Bíblia abre gloriosas revelações da obra de Cristo no templo do alto. Nos capítulos 4 e 5 João contempla uma porta aberta no céu. Ao olhar para dentro o profeta vê sete lâmpadas de fogo ardendo perante o trono. Ele observa a adoração dos seres viventes, os vinte e quatro anciãos, e as miríades das hostes angelicais.
       Na mão direita do Rei do universo ele nota um livro selado, e um anjo forte proclama com alta voz, Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?” (Apocalipse 5:2). O profeta chora porque ninguém no céu ou na terra pode abrir o livro. Então um dos anciãos o conforta dizendo, “Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Apocalipse 5:5).
       E eis que aparece um leão! Ele abrirá o livro. João vira-se para olhar para o leão vencedor. E o que ele vê? “E olhei, e eis que estava no meio do trono e dos quatro animais viventes [47] [seres viventes-NVI] e entre os anciãos um cordeiro, como havendo sido morto” (Apocalipse 5:6). Um cordeiro? Um cordeiro que havia sido morto? No céu? Sim. Ali na Ilha de Patmos João olha através de um telescópio profético e vê o templo de Deus no céu. Ele vê os candeeiros e o altar com o incenso ascendendo perante o trono, e no centro de tudo isso vê “um cordeiro, como havendo sido morto”.
       Não entendamos mal. No que tange à dor dos cravos em Suas mãos e pés — isso foi muito tempo atrás. Mas o Seu sofrimento pessoal devido ao pecado não começou quando O pregaram no madeiro, nem cessou quando O desceram de lá. “A cruz é uma revelação, aos nossos sentidos embotados, da dor que o pecado, desde o seu início, acarretou ao coração de Deus. Cada desvio do que é justo, cada ação de crueldade, cada fracasso da natureza humana para atingir o seu ideal, traz-Lhe pesar” (Educação, pág. 263).
       Pensem sobre como aquele primeiro pecado no Éden deve ter penetrado o Seu coração! Os seres que Ele criou a Sua própria imagem, aqueles aos quais Ele havia disponibilizado em todo o seu redor tudo de belo, desviavam-se de Sua aliança e uniam-se com o grande rebelde. Oh, quanta tristeza invadiu os céus! O Amor se entristeceu e sofreu, e o Amor deve encontrar uma forma de resgate do perdido e remover o pecado que havia causado a separação. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16), e quando ele falou a Adão e Eva do plano da salvação, quando o primeiro cordeiro foi morto, naquela mesma tarde ali começou uma série de sacrifícios para representar vividamente a dor que o pecado traz ao coração de Deus.
       É realmente verdade que nossas repetidas transgressões significam repetida dor da parte do Senhor? É de fato verdade que a única maneira de findar a contínua dor que o pecado acarreta ao Céu é parar de pecar de modo a que Deus possa purificar o santuário de uma vez por todas?
       Se isso tudo não for verdade, nada importa. Mas se é verdade, nada [48] mais importa. Para isso é que serve o nosso tempo — para contemplá-Lo sobre a cruz e no santuário até estarmos com corações unidos ao dEle em Sua obra solene e concludente, até que odiemos o pecado como Ele odeia e amemos a justiça como Ele ama. Então Ele poderá aspergir o sangue sobre o propiciatório de modo a que possa eliminar a iniquidade de Seu povo para sempre. Com o pecado não mais sendo uma barreira, a reunião será eterna.

[49] SOFRIMENTO NO CÉU1
  
Eu não sabia que o meu Salvador ainda sofria.
Pensei que Sua lágrimas foram gastas muito tempo atrás
Quando, junto ao sepulcro de Lázaro,
Ele chorou em simpatia com a dor humana;
Ou quando em agonia de dor Ele lamentou
Por causa do Seu povo ter desprezado o seu Rei;
Ou quando, sobre o monte do Calvário, ensanguentado e em vergonha,
Pendia, como um desprezado pelo universo —
Feito pecado por nós, Aquele que não conheceu pecado —
E suportando o castigo por todo homem,
A vingança da Justiça eterna suportou
Contra o vil e horrendo monstro, o pecado.

Tão custoso foi o remédio pelo pecado,
Todo o céu foi esvaziado num Dom inestimável.
Deus doou-Se em Cristo, para salvar a humanidade,
E pelo símbolo da cruz revelou
O sofrimento que havia partido o Seu grande coração.
Pois, como em agonia uma mãe vê
O silencioso abraço da morte envolver o seu filho,
Assim o Eterno Amor lamenta por um mundo moribundo,
E deplora a perda de cada alma humana.
E como um pai chama de volta um filho desgarrado
E o segue em meio a sofrimento e vergonha,
Assim a Infinita Piedade nos segue,
Implorando-nos a buscar o lar de nosso Pai.

Eu não sabia que havia sofrimento no céu.
Pensei que a alegria enchia o coração de cada anjo,
Que o arrebatamento despertasse cada cântico que entoavam,
E todo coração respondia com gozo
Desconhecido aos mortais. Ah! Eu não sabia
Que o sofrimento que eles sentem, o amor ansioso
Por aqueles que não viram o seu lar glorioso—
O lar que almejam compartilhar com almas cansadas
Que pouco atentam a seu aceno para vir
Onde cobiça e egoísmo não podem achar lugar.

Mas agora eu sei que o seu único gozo é
O clamor por perdão de alguma alma enferma pelo pecado.
Isto, então, e somente então, é quando tocam suas harpas
E enchem todo o céu com cânticos gratos e felizes,
Porque Aquele a quem adoram e amam
Não morreu em vão por um mundo rebelde
E agora sei que o único bálsamo que cura
Por aqueles profundos ferimentos que os meus pecados
Tão frequentemente causaram
E lágrimas de penitência que com frequência fluem,
E louvores que despertam em outros corações
Os vibrantes acordes de sofrimento e de amor.

E assim, querido Salvador, que eu possa compartilhar Contigo
O Teu sofrimento pela ruína que o pecado operou;
E possa eu obrar como Tu me mostrarás 
Como erguer o jugo que tens suportado por tanto tempo,
E reunir os Teus perdidos ao rebanho,
E apressar aquele alegre dia quando não mais haverá
Pecado, maldição, nem memória do mal —
Aquele dia quando Tu estarás satisfeito
Por toda a dor e sofrimento de Tua alma.

-- Ella M. Robinson.2

Notas do tradutor:

1)  O presente poema foi traduzido literalmente, sem nos preocuparmos em compor uma nova rima em português, eis que isto implicaria em efetuar-se mudanças no significado do texto. 

2)  Ella M. Robinson era neta de Ellen G. White. No livro Histórias de Minha Avó, publicado pela CPB, Ella conta muito de Ellen White como pessoa, e diz que, embora Deus tivesse dado à Sra. White grandes responsabilidades, ela ainda encontrava tempo para ser o tipo de avó com a qual todas as crianças sonhariam.


Willmonte Doniphan Frazee (1906-1996) foi graduado em ciência médica na Universidade de Loma Linda, e em evangelismo da saúde pelo legendário físico britânico John H.N. Tindall. Em 1942, o Pr. Frazee e um time de pioneiros de fé fundaram o Instituto e Sanatório Médico Missionário em Wildwood, perto de Chattanooga, no estado de Tennessee, onde médicos, enfermeiros, pastores, e membros leigos recebiam treinamento em evangelismo médico.
Em 1985 ele fundou um ministério de sermões gravados, inicialmente em fitas K7 e depois em CDs, com o nome de Pioneers Memorial [Memorial dos Pioneiros]. Milhares de sermões gravados são distribuídos cada ano.
Nos anos finais de sua vida, apesar da doença de Parkinson, ele ainda com clareza e afeição, até bem perto do dia de sua morte, continuou a escrever pequenas notas encorajadoras a seus amigos, geralmente incluindo uma fita K7 com sermões. Aqueles que ajudaram a fortalecer o ministério deste pioneiro creem que Deus o usou através deste ministério “PIONEERS MEMORIAL.”
Na contra capa do livro “Resgate e Reunião Através do Santuário” temos duas recomendações da pessoa do Pastor Frazee:
A primeira é do Pastor Mark Finley, vice Presidente de Evangelismo da Conferência Geral, que, entre outras coisas, nos diz que “Quando eu o ouvi pregar senti que a mensagem dele vem do Alto Trono da Sala de Audiência do Altíssimo. Eu sabia que ele era homem de oração e que Deus impactou a sua mente. ... Suas mensagens são profundas, bíblicas, e comoventes.”
A outra recomendação é do Pastor Doug Batchelor, diretor da instituição de apoio à igreja Amazing Fact, ele diz, “Fiquei impressionado com o seu sincero amor por Jesus e profundo conhecimento das Escrituras.  ... Dois de seus livros que li tiveram profunda influência em minha vida. ... Eu recomendo de coração seus livros e suas mensagens.”
Nós de Ágape Edições podemos lhe garantir que todo o livro é altamente prático para a purificação também do santuário dos nossos corações. Demonstra claramente como é possível permitir que Deus faça a Sua obra em nós para que Ele possa cumprir Sua lei em nosso viver diário (Testemunhos Para Ministros, pág. 92, 1º parágrafo).
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