[44] Numa cidade do meio-oeste americano onde eu realizava reuniões
evangelísticas, uma mulher com lágrimas correndo pelas faces veio até a frente.
Ela agarrou minha mão em soluços, “Ore pelo meu rapaz!” Qual era o problema?
Estaria ele ferido ou doente, ou internado num hospital? Não, ele estava na
penitenciária. Havia quebrado as leis de Deus e do homem e agora sofria as
consequências. Acham que eu lhe disse, “Anime-se, mãe. Você não está na
prisão”? Digam-me, quem estava sofrendo mais, o rapaz na cadeia ou a mãe fora
da cadeia?
Vários anos depois,
enquanto eu realizava uma reunião na Califórnia, a mesma mulher veio até a
frente, tomou minha mão e implorou novamente, “Irmão Frazee, ore por meu
rapaz!” Qual é o problema com aquela mãe, afinal de contas? Será que ela não
podia pensar em outra coisa? Qual era o problema com ela? É que ela amava o seu filho. Isso é tudo.
Se pudesse tirar o amor de seu coração ela pararia de chorar, e o seu peso
seria eliminado.
O que dizer dAquele que
fez as mães? O que dizer de Seu sofrimento e Sua dor? Ele não mais pende de uma
cruz de madeira como aconteceu por seis horas quase dois milênios atrás.
Contudo, por seis mil anos o pecado tem Lhe causado infinita angústia e dor.
Poucos pensam a esse respeito. Poucos entendem isso. A cruz revela a nossos
sentidos endurecidos a dor que teve início quando o pecado começou e nunca pode
parar até que o pecado cesse.
[45] Falando daqueles que
prosseguem pecando quando sabem melhor, as Escrituras declaram: “. . . quanto
a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e O expõem ao vitupério” (Hebreus 6:6). No serviço do santuário, quando um homem havia violado a
lei e levava o seu cordeiro e confessava o seu pecado, quando o substituto era
morto e o sangue havia sido ministrado, o homem saía livre. Perdoado e aliviado,
ele retornava a sua casa. Suponha que na próxima semana ele quebrasse a lei
novamente. Devia trazer outro cordeiro, pois o cordeiro anterior estava morto e
não podia morrer outra vez. Mas na realidade celestial Deus supre o Cordeiro, e
Ele tem somente um. “Por cada pecado Jesus é
ferido de novo” (O Desejado de Todas
as Nações, pág. 300).
“Ao vos aproximardes da cruz do Calvário, vereis um
amor sem paralelo. Ao, pela fé, aprenderdes o significado do sacrifício, ver-vos-eis
como pecador, condenado por uma lei quebrantada. Isto é arrependimento. Ao vos
chegardes, coração humilde, encontrareis perdão, pois Cristo Jesus é
representado como estando continuamente junto ao altar, oferecendo a cada
momento o sacrifício pelos pecados do mundo. É Ele ministro do verdadeiro
tabernáculo, do qual o Senhor é construtor, e não o homem. As prefigurações
simbólicas do tabernáculo judeu não mais possuem qualquer virtude. Não
mais tem que ser feita a diária e anual expiação simbólica, mas o sacrifício expiatório por meio de um
mediador é necessário, por causa do constante cometimento de pecado”. (Mensagens
Escolhidas, liv. 1, págs. 343 e 344).
Estou certo de que
não entendo tudo quanto está envolvido nessa declaração. Mas posso captar o
suficiente para saber que aqui defrontamos um fato estupendo. “Cristo Jesus é representado como
estando continuamente junto ao altar, oferecendo a cada momento o sacrifício
pelos pecados do mundo”. Embora
vida e gozo derivem disso, o serviço do santuário é marcado por dor, sofrimento
e morte.
Ainda pecamos? Então, algo mais
continua. Se Deus nos oferece a oportunidade de perdão, um sacerdote oficiante
deve postar-se entre nós e a lei quebrada, apresentando o sangue [46] de Sua própria expiação toda-suficiente. “O
sacrifício expiatório por meio de um mediador é necessário, por causa do
constante cometimento de pecado”.
Por quanto tempo, então, deve a ministração
desse sacrifício prosseguir? Enquanto o pecado prosseguir. O santuário nunca
poderá ser purificado enquanto eu e você continuarmos quebrando o coração de
Deus por quebrar a Sua santa lei. Quando verdadeiramente entendermos isso,
preferiremos morrer a transgredir os Seus mandamentos. Então estaremos
preparados para enfrentar o teste da marca da besta. Quando sair o decreto de
que nenhum homem pode comprar ou vender a menos que viole o santo sábado de
Deus, os santos permanecerão inamovíveis. Preferirão morrer de inanição, antes
estarem na prisão a desapontar Aquele que morreu por eles e que deve ainda
sofrer se eles continuarem a quebrar a Sua lei. Quando O amamos o suficiente,
não será difícil observar os Seus mandamentos.
O último livro da Bíblia abre gloriosas
revelações da obra de Cristo no templo do alto. Nos capítulos 4 e 5 João
contempla uma porta aberta no céu. Ao olhar para dentro o profeta vê sete
lâmpadas de fogo ardendo perante o trono. Ele observa a adoração dos seres viventes,
os vinte e quatro anciãos, e as miríades das hostes angelicais.
Na mão direita do Rei do universo ele
nota um livro selado, e um anjo forte proclama com alta voz, “Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos?”
(Apocalipse 5:2). O profeta chora porque ninguém no céu ou na terra pode abrir
o livro. Então um dos anciãos o conforta dizendo, “Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que
venceu, para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Apocalipse 5:5).
E eis que aparece um leão! Ele abrirá o livro. João vira-se para olhar
para o leão vencedor. E o que ele vê? “E olhei, e eis que estava no meio
do trono e dos quatro animais viventes [47] [seres
viventes-NVI] e entre os anciãos um cordeiro, como havendo sido morto”
(Apocalipse 5:6). Um cordeiro? Um cordeiro que havia sido morto? No céu? Sim.
Ali na Ilha de Patmos João olha através de um telescópio profético e vê o
templo de Deus no céu. Ele vê os candeeiros e o altar com o incenso ascendendo
perante o trono, e no centro de tudo isso vê “um cordeiro, como havendo sido morto”.
Não
entendamos mal. No que tange à dor dos cravos em Suas mãos e pés — isso foi
muito tempo atrás. Mas o Seu sofrimento pessoal devido ao pecado não começou
quando O pregaram no madeiro, nem cessou quando O desceram de lá. “A cruz é uma revelação, aos nossos sentidos
embotados, da dor que o pecado, desde o seu início, acarretou ao coração de
Deus. Cada desvio do que é justo, cada ação de crueldade, cada fracasso da
natureza humana para atingir o seu ideal, traz-Lhe pesar” (Educação, pág. 263).
Pensem
sobre como aquele primeiro pecado no Éden deve ter penetrado o Seu coração! Os
seres que Ele criou a Sua própria imagem, aqueles aos quais Ele havia
disponibilizado em todo o seu redor tudo de belo, desviavam-se de Sua aliança e
uniam-se com o grande rebelde. Oh, quanta tristeza invadiu os céus! O Amor se
entristeceu e sofreu, e o Amor deve encontrar uma forma de resgate do perdido e
remover o pecado que havia causado a separação. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 3:16), e quando ele falou a Adão e Eva do plano da salvação, quando o
primeiro cordeiro foi morto, naquela mesma tarde ali começou uma série de
sacrifícios para representar vividamente a dor que o pecado traz ao coração de
Deus.
É
realmente verdade que nossas repetidas transgressões significam repetida dor da
parte do Senhor? É de fato verdade que a única maneira de findar a contínua dor
que o pecado acarreta ao Céu é parar de pecar de modo a que Deus possa
purificar o santuário de uma vez por todas?
Se isso tudo não for
verdade, nada importa. Mas se é verdade,
nada [48] mais importa. Para isso é que serve o nosso tempo — para contemplá-Lo
sobre a cruz e no santuário até estarmos com corações unidos ao dEle em Sua
obra solene e concludente, até que odiemos o pecado como Ele odeia e amemos a
justiça como Ele ama. Então Ele poderá aspergir o sangue sobre o
propiciatório de modo a que possa eliminar a iniquidade de Seu povo para
sempre. Com o pecado não mais sendo uma barreira, a reunião será eterna.
[49] SOFRIMENTO NO CÉU1
Eu não sabia que o meu
Salvador ainda sofria.
Pensei que Sua lágrimas
foram gastas muito tempo atrás
Quando, junto ao sepulcro
de Lázaro,
Ele chorou em simpatia com
a dor humana;
Ou quando em agonia de dor
Ele lamentou
Por causa do Seu povo ter
desprezado o seu Rei;
Ou quando, sobre o monte
do Calvário, ensanguentado e em vergonha,
Pendia, como um desprezado
pelo universo —
Feito pecado por nós,
Aquele que não conheceu pecado —
E suportando o castigo por
todo homem,
A vingança da Justiça
eterna suportou
Contra o vil e horrendo
monstro, o pecado.
Tão custoso foi o remédio
pelo pecado,
Todo o céu foi esvaziado
num Dom inestimável.
Deus doou-Se em Cristo,
para salvar a humanidade,
E pelo símbolo da cruz
revelou
O sofrimento que havia
partido o Seu grande coração.
Pois, como em agonia uma
mãe vê
O silencioso abraço da
morte envolver o seu filho,
Assim o Eterno Amor
lamenta por um mundo moribundo,
E deplora a perda de cada
alma humana.
E como um pai chama de
volta um filho desgarrado
E o segue em meio a
sofrimento e vergonha,
Assim a Infinita Piedade
nos segue,
Implorando-nos a buscar o
lar de nosso Pai.
Eu não sabia que havia
sofrimento no céu.
Pensei que a alegria
enchia o coração de cada anjo,
Que o arrebatamento
despertasse cada cântico que entoavam,
E todo coração respondia
com gozo
Desconhecido aos mortais.
Ah! Eu não sabia
Que o sofrimento que eles
sentem, o amor ansioso
Por aqueles que não viram
o seu lar glorioso—
O lar que almejam
compartilhar com almas cansadas
Que pouco atentam a seu
aceno para
vir
Onde cobiça e egoísmo não
podem achar lugar.
Mas agora eu sei que o seu
único gozo é
O clamor por perdão de
alguma alma enferma pelo pecado.
Isto, então, e somente
então, é quando tocam suas harpas
E enchem todo o céu com
cânticos gratos e felizes,
Porque Aquele a quem
adoram e amam
Não morreu em vão por um
mundo rebelde
E agora sei que o único
bálsamo que cura
Por aqueles profundos
ferimentos que os meus pecados
Tão frequentemente
causaram
E lágrimas de penitência
que com frequência fluem,
E louvores que despertam
em outros corações
Os vibrantes acordes de
sofrimento e de amor.
E assim, querido Salvador,
que eu possa compartilhar Contigo
O Teu sofrimento pela
ruína que o pecado operou;
E possa eu obrar como Tu
me mostrarás
Como erguer o jugo que
tens suportado por tanto tempo,
E reunir os Teus perdidos
ao rebanho,
E apressar aquele alegre
dia quando não mais haverá
Pecado, maldição, nem
memória do mal —
Aquele dia quando Tu
estarás satisfeito
Por toda a dor e
sofrimento de Tua alma.
-- Ella M. Robinson.2
Notas do tradutor:
2) Ella M. Robinson era neta de Ellen G. White. No livro Histórias de Minha Avó, publicado pela CPB, Ella conta muito de Ellen White como pessoa, e diz que, embora Deus tivesse dado à Sra. White grandes responsabilidades, ela ainda encontrava tempo para ser o tipo de avó com a qual todas as crianças sonhariam.
Willmonte
Doniphan Frazee (1906-1996) foi graduado em ciência médica
na Universidade de Loma Linda, e em evangelismo da saúde pelo legendário físico
britânico John H.N. Tindall. Em 1942, o Pr. Frazee e um time de pioneiros de fé
fundaram o Instituto e Sanatório Médico Missionário em Wildwood, perto de
Chattanooga, no estado de Tennessee, onde médicos, enfermeiros, pastores, e
membros leigos recebiam treinamento em evangelismo médico.
Em 1985 ele fundou um
ministério de sermões gravados, inicialmente em fitas K7 e depois em CDs, com o
nome de Pioneers Memorial [Memorial
dos Pioneiros]. Milhares de sermões gravados são distribuídos cada ano.
Nos anos finais de sua
vida, apesar da doença de Parkinson, ele ainda com clareza e afeição, até bem
perto do dia de sua morte, continuou a escrever pequenas notas encorajadoras a
seus amigos, geralmente incluindo uma fita K7 com sermões. Aqueles que ajudaram
a fortalecer o ministério deste pioneiro creem que Deus o usou através deste
ministério “PIONEERS MEMORIAL.”
Na
contra capa do livro “Resgate e Reunião Através do Santuário” temos
duas recomendações da pessoa do Pastor Frazee:
A
primeira é do Pastor Mark Finley, vice Presidente de
Evangelismo da Conferência Geral, que, entre outras coisas, nos diz que “Quando
eu o ouvi pregar senti que a mensagem dele vem do Alto Trono da Sala de
Audiência do Altíssimo. Eu sabia que ele era homem de oração e que Deus
impactou a sua mente. ... Suas mensagens são profundas, bíblicas, e
comoventes.”
A
outra recomendação é do Pastor Doug
Batchelor, diretor da instituição de apoio à igreja Amazing Fact, ele diz, “Fiquei impressionado com o seu sincero amor
por Jesus e profundo conhecimento das Escrituras. ... Dois de seus livros
que li tiveram profunda influência em minha vida. ... Eu recomendo de coração
seus livros e suas mensagens.”
Nós de Ágape Edições podemos lhe
garantir que todo o livro é altamente prático para a purificação também do
santuário dos nossos corações. Demonstra claramente como é possível permitir
que Deus faça a Sua obra em nós para que Ele possa cumprir Sua lei em nosso
viver diário (Testemunhos Para Ministros,
pág. 92, 1º parágrafo).
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