terça-feira, 1 de outubro de 2013

1/10/13 - JESUS UM DE NÓS, por Alexandre Snyman



O Conceito da Humanidade de Cristo
Hebreus 2:17: "Por isso mesmo convinha que em todos as coisas Se tornasse semelhante aos irmãos para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo".
Jesus veio em carne humana, isto é, na natureza   humana, foi tentado nessa natureza, sofreu nessa natureza carnal, morreu nessa natureza; todavia,  Ele não pecou nem mesmo uma vez em nossa natureza carnal, humana. Agora Ele é nosso Sumo Sacerdote no Céu*.
Na lição 2 tivemos a oportunidade de meditar na obra de Cristo como Profeta Sacerdote e Rei. A fim de ser profeta Ele teve que nascer neste mundo, em outras palavras, Ele se tornou' homem; Ele teria que ser homem antes de ser um sacerdote. A humanidade de Cristo é de suma importância para nós, nos fala da intima relação que temos com Cristo. 0 pastor Jack Sequeira, no 4o sermão da série do livro de Hebreus, comentando o capitulo 2:15-18, nos diz: "Cristo Se tornou um homem por três razões principais: 1ª) para reconquistar e restaurar nosso destino, perdido quando Adão pecou; 2ª) Cristo veio para nos livrar da nossa presente escravidão do pecado e medo da morte. O Cristão que tem medo da morte precisa entender o Evangelho; Paulo diz": "Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro" (Filipenses 1:21), e, 3ª) "Cristo Se' tornou homem para ser um fiel e misericordioso Sumo Sacerdote" (Hebreus 2:17).
No 4o sermão da série sobre o Santuário, intitulado: O motivo, ou a ideia em Cristo, disse: "A base desta expressão bíblica, em Cristo, é de grande ênfase nos escritos de Paulo, e é o conceito da solidariedade; temos exemplos bíblicos disso, entre outros Levi pagou dízimos na pessoa de Abraão. (Hebreus 9, u.p.). No original grego em Gênesis 2:7 é dito que: 'Deus soprou nas narinas o fôlego de vidas', no plural, isto é todos fomos criados em Adão (Atos 7:26 p. p.), é o conceito de solidariedade".
Nós ocidentais, enfatizamos os direitos individuais, o que é um empecilho para o amplo entendimento da ligação recíproca dos seres humanos, mas para os africanos e orientais, é mais fácil explicar o motivo bíblico "em Cristo", pois eles têm maior dependência mútua, eles raciocinam mais corporativamente. 0 famoso escolástico grego Foss Westcott em sua obra “University Sermons,” páginas 225, 226 diz: "Toda humanidade estava em Cristo, ele era um homem corporativo, eis porque Ele é chamado de O Segundo Adão. Ele é em si uma segunda raça humana; assim agora como em todos os tempos, a humanidade está unida com Ele, Seus  atos  são nossos  atos, desde que não rejeitemos esta união. Quando o culpado com sua oferta entrava no pátio do Santuário, que significa o lugar de refúgio, cercado por uma cortina branca de aproximadamente 2,70m de altura, ninguém o podia ver, estava circundado pela justiça de Cristo. A humanidade de Cristo era o Santuário. A palavra tabernáculo quer dizer habitar, (Êxodo 25:8), Deus quer acampar conosco. Em Jesus temos abrigo, n'Ele temos vida (Efésios 2:5), n'Ele ressuscitamos e estamos assentados no Céu (v.6). Cristo não veio especificamente para nos explicar as Boas Novas, mas para ser o evangelho. Deus nos pôs em Cristo e n'Ele reescreveu a nossa história. Cristo não veio simplesmente morrer em nosso lugar, mas para ser nós, e nós morremos e ressuscitamos n'Ele".
Ellen White entendeu a ideia em Cristo, embora não use esta expressão, veja Mensagens Escolhidas, Vol. 1, páginas 250, 251 e 396, quando ela diz que “em Cristo Deus nos olha como se nuca tivéssemos pecado,” Caminho a Cristo, pág. 62, isso não quer dizer que Deus seja míope ou mentiroso pois em Cristo, você realmente nunca pecou. Não condenação em Cristo. "Se alguém está em Cristo, nova criatura é" (II Coríntios 5:17).
Veja, Deus nos está dizendo: Vocês não são mais Meus inimigos (v.18) porque vocês estão correndo de Mim?
No 5° sermão Cristo Nosso Substituto, o pastor Jack Sequeira diz: "Apenas 20% da população do mundo são cristãos". Para os orientais, os muçulmanos por exemplo, que são em maior número do que o cristianismo, essa ideia é inaceitável, por ser antiética, pois nenhum juiz terreno vai transferir o crime de alguém para um inocente. Se nós não resolvermos o problema da doutrina da substituição, ou como eles criticamente a chamam: Justificação de mentirinha, ou ficção legal, ou ainda, dizem: Contabilidade celestial.
Sabendo explicar a eles que a salvação em Cristo Jesus é uma mensagem legal, isto é, de acordo com a lei (Romanos 3:25,26 e 31), nunca poderemos atingir 80% do planeta. Temos que dominar este assunto, do contrário, nosso evangelismo vai continuar sendo, em essência, a transferência de fiéis de uma denominação para outra. Eles têm que saber que a Bíblia condena a transferência de pecados (Deuteronômio 24:26; II Reis 14:6 ú.p., etc.). Em Ezequiel 18:1-3 nos é dito: "Vivo Eu, diz o Senhor, que jamais direis novamente este provérbio: 'Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos é que se embotaram'. A alma que pecar essa morrerá" (Versos 4 e 20). "Se algum justo gerar um filho ladrão, assassino etc. (verso 10 em diante) o seu sangue cairá sobre ele" (Verso 13 ú.p.). Isto é: Não sobre o pai. "A justiça do justo ficará sobre ele e a perversidade do malvado, cairá sobre este" (Verso 20 ú.p.) .
Nós não morremos porque Adão pecou, mas porque participamos do pecado.  Romanos 5:12 ú.p.  explica:   "Porque todos pecaram..."; não transferência. Nós estamos é verdade, implicados, embaraçados, enredados no pecado de Adão, porque fomos criados nele, mas, graça sem igual, que Cristo era nós, quando obedeceu e inocente faleceu a segunda morte, e nós falecemos com Ele. Cristo não faleceu em seu lugar, visto que isto é antiético e ilegal, até mesmo pela Lei de Deus. Ele morreu sendo você, n'Ele todos morremos e vivemos.
Ray Stedman, um escolástico evangélico moderno, cujos olhos tem sido graças a Deus abertos, diz: "Jesus morreu porque tomou o nosso lugar, isto é Ele não era um mero substituto".
A serva do Senhor diz no Comentário Bíblico, volume V, pág. 1130: "Em Cristo a divindade e a humanidade foram misteriosamente combinadas, e o homem e Deus tornaram-se um". E no volume VII pág. 904: "Cristo nada poderia ter feito em Seu ministério terrestre em salvar o homem se não estivesse combinado com a humanidade".
Deus teve que juntar Cristo e nós em uma única pessoa; essa é a ideiaem Cristo.” No momento em que nos tornemos um, Ele então Se tornou o Segundo Adão, o nosso substituto, de tal modo que o que é verdade quanto a Ele o é também quanto a nós. Veja o pecado de Adão e a norte de Cristo, foram atos corporativos. (II Coríntios 5:14). I Pedro nos diz que: "Estamos mortos em Seu corpo no madeiro,  estamos mortos" (Ia parte do verso).
O problema que tem vindo da falsa apresentação da doutrina da substituição é o que o famoso teólogo e mártir alemão Dietrich Bonhoeffer chama de "graça barata," "cheap Grace," em inglês. A conclusão a que leva é que me basta simplesmente crer; termo que para eles significa unicamente uma mera aquiescência mental, mas Paulo define como obediência à verdade (Efésios 2:8-10; Tito 3:5-8 etc.). Em Romanos 6 vemos que Ele e nós morremos para o pecado, assim a desobediência à Lei de Deus é uma contradição da fé. É verdade que o aspecto objetivo do evangelho, pregado pela parábola do santuário, foi realizada uma vez por todas no calvário, e é o que nos salva, nada mais; e não podemos melhorá-lo. Mas, não podemos nos esquecer da faceta subjetiva do Evangelho que é o outro lado da mesma moeda das Boas Novas. "Se morremos com Ele também viveremos com Ele". (II Timóteo 2:11).
Você não pode separar Cristo nossa Justiça, em termos de verdade objetiva, da experiência subjetiva de cada cristão. Mas, atenção, isto não quer dizer que a salvação é Cristo e você, isto seria salvação pelas obras; mas, a obediência é através do poder que o Espírito Santo está desejoso de nos comunicar, se não o impedirmos. Isto é pela fé, vejam que aqui, crer não é uma mera anuência mental, é obediência em Cristo.
Vejamos agora alguns comentários feitos pelo pastor Milian Lauritz Andreasen na sua obra: O Livro de Hebreus:
Vimos no primeiro capitulo que o autor traz indispensável prova da divindade de Cristo. No capitulo dois ele mostra que: "Era necessário a Cristo Se tornar homem a fim de que pudesse se tornar um fiel e misericordioso Sumo Sacerdote, de que outra forma poderia Ele lidar gentil e brandamente com o fraco, frágil e errante homem? Ele teve que ser tentado em todos os pontos como nós, pois somente passando pela experiência que os homens estão sujeitos, poderia Ele socorrer, redimir, e salvar os que são fracos. Para salvar o homem era necessário que Cristo se tornasse homem".
Ao introduzir o capitulo 2 ele diz: "Este capitulo começa (versos 1-4) com a advertência contra a indiferença, o pecado da apatia e negligência. O perigo que ameaçava os cristãos hebreus não era a decadência moral, mas um abandono gradativo daquilo que haviam aprendido, juntamente com a falta de desejo de dedicação a um estudo sério da Palavra de Deus. Paulo estava muito preocupado com a condição espiritual do povo. Adiante a igreja enfrentaria tempos perigosos; a perseguição logo começaria e em poucos anos, o exército romano tomaria a cidade, o templo seria destruído e os cristãos seriam compelidos a fugir para escapar à morte e salvar suas vidas. Apesar disso, a igreja não estava ainda completamente desperta; estavam indiferentes, sem uma âncora segura, sua condição era critica e o problema maior é que eles não estavam conscientes desse perigo".
Numa linguagem forte o autor de Hebreus fala, no capitulo 2, dos sofrimentos de Cristo. Em seu livro aos hebreus o pastor Andreasen nos fala na página 94: "Os sofrimentos de Cristo sempre foram um vasto campo de estudo e contemplação. Nos versos anteriores fomos introduzidos a aspectos mais profundos da redenção. Foi pela graça de Deus que Cristo provou a morte por todo homem (verso 9). Esta é uma frase notável e singular; mais interessante ainda é a declaração de que Deus permitiu que Seu Filho morresse. ‘Porque convinha que Aquele por cuja causa e em quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles”’ (Hebreus 2:10). Esta é outra expressão notável. Sua morte se tornou o meio através do qual satanás, que tinha o poder sobre a morte, fosse destruído. Hebreus 2:17 e 18 dizem: 'Por isso mesmo convinha que em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote. Pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados'".
Sobre essa seção o pastor Andreasen comenta que ela necessita ser estudada cuidadosamente; não teremos um quadro completo dos sofrimento de Cristo se nos centralizarmos apenas na cruz.
No livro Educação, à página 263, temos isto: "Aqueles que pensam a respeito do resultado de apressar ou retardar o Evangelho, pensam dele em relação a si próprios e ao mundo. Poucos pensam de sua relação com Deus. Poucos pensam no sofrimento que o pecado causou ao nosso Criador. Todo o Céu sofreu na agonia de Cristo, mas aquele sofrimento não começou ou terminou com Sua manifestação na humanidade. A cruz é a revelação para nossos sentidos adormecidos de dor que desde o principio o pecado trouxe ao coração de Deus. Cada desvio do direito, cada ato de crueldade, e toda falha da humanidade em alcançar seu ideal, traz sofrimento a Ele. Quando sobreveio aos israelitas as calamidades que eram resultado certo da separação de Deus, a escravidão por seus inimigos, crueldade e morte, é dito que Sua alma foi ferida com a miséria de Israel, Juízes 10:16.Em toda angústia deles foi Ele angustiado, Ele os tomou ... e ... os conduziu todos os dias da antiguidade"   (Isaias 63:9).
E de O Desejado de Todas as Nações, pág. 278: "Toda a Sua vida foi um sacrifício de Si mesmo pela salvação do mundo. Quer jejuando no deserto da tentação, quer comendo com os publicanos no banquete na casa de Levi Mateus, estava dando a vida pela redenção dos perdidos".
E da página 759: "Todo o Céu, bem como os não caldos mundos, foram testemunhas do conflito; com que profundo interesse seguiram as cenas finais da luta! Viram o Salvador penetrar no horto do Getsêmani, a alma vergando sob o horror de uma grande treva. Ouviram-Lhe o doloroso grito: 'Meu pai, se é possível, passe de Mim este cálice'. À medida que d'Ele era retirada a presença do Pai, viram-nO aflito por uma dor mais atroz que a da grande e derradeira luta com a morte. Suor de sangue irrompeu-Lhe dos poros, gotejando no chão. Por três vezes foi-lhe arrancada dos lábios a súplica de livramento. Não mais pôde o Céus suportar a cena, e um mensageiro de conforto foi enviado ao Filho de Deus'".
Destas citações aprendemos que o sofrimento de Deus não começou, nem findou com a manifestação de Cristo na humanidade, mas tal sofrimento tem sido a porção de Deus, desde o inicio do pecado. Neste sofrimento, não podemos diferenciar o sofrimento do Pai, daquele do Filho, tão verdadeiramente um sofreu como o outro. Quando Isaque estava amarrado sobre o altar, seu pai, pronto a inserir a faca sobre o coração do filho, não podemos acreditar que somente Isaque tenha sofrido, assim como não podemos acreditar que somente Jesus sofreu. Para o Pai ouvir as terríveis palavras "Meu Deus, Meu Deus, porque Me desamparaste?" E não poder responder a Seu Filho: Filho Eu não O abandonei, estou aqui ao Seu lado". Para o Pai não poder proferir estas palavras, isto lhe causou profunda agonia comparada somente com a agonia que Seu Filho sofreu quando não obteve resposta alguma. Recusamo-nos a julgar quem sofreu mais; o sofrimento divino é mesmo imensurável. Ele foi feito um homem de dores e, que sabe o que é padecer. "Ele tomou sobre Si todas as nossas iniquidades e as nossas dores levou sobre Si" (Isaias 53:4).
De acordo com Mateus esta passagem bíblica foi cumprida muito antes da crucifixão, podemos dizer então que, o fato de Jesus ter nascido sob a Lei, foi uma consequência necessária de ter nascido em semelhança de natureza pecaminosa, de ter tomado sobre Si, a natureza de Abraão. Cristo foi feito como homem a fim de poder Se submeter ao sofrimento da morte. Desde a mais tenra infância a cruz sempre esteve diante de Cristo.
A importância do verso 11 de Hebreus 2 que diz: "Pois tanto O que santifica como os que são santificados, todos vêm de Um só. Por isso, Cristo não Se envergonha de lhes chamar irmãos".
É de se admirar que Jesus Se identifique como nosso irmão, embora sendo o Criador e Rei do Universo, Ele está, entretanto, desejoso de Se ver irmão de Suas caldas, pecaminosas, e, às vezes, até mesmo perniciosas criaturas.
Inacreditável! O termo irmão aponta a uma intima aproximação e relacionamento; Jesus e Seus seguidores são uma família. O que deseja isto nos ensinar? Ou quão próximo Jesus veio da raça humana? A. T. Jones no livro "O Caminho Consagrado Para a Perfeição Cristã", pág. 24 e 25 diz: "Gênesis, Levíticos e aqui em Hebreus, é ensinada a verdade de que ao um homem perder a sua herança, e caindo ele próprio em escravidão, como ele próprio não pode remir-se, nem à sua herança, o direito de redenção cai sobre o parente mais próximo que é capaz, de parentesco próximo por consanguinidade, e Jesus é o único em todo o Universo que é capaz. Nós somos filhos do homem que perdeu a nossa herança, portanto como os filhos participam da carne e do sangue, também Ele, igualmente participou das mesmas coisas, Heb. 2:14. Participou da carne e do sangue na mesma substância como a nossa, e tornou-Se assim o nosso parente mais próximo. É por isso que está escrito que Ele, e nós, somos todos de Um, João 17: 21 e 22, pelo que não Se envergonha de nos chamar irmãos, Heb. 2:11. Como Ele, na Sua natureza humana, é um de nós, e como “tomou sobre Si as nossas enfermidades” (Mateus 8:17), podia compadecer-Se das nossas fraquezas. Sendo em tudo feito como nós, Heb.2:17, Ele quando tentado, sentiu tanto quanto nós sentimos ao sermos tentados, sabendo assim tudo sobre a tentação. E assim pode ajudar e salvar totalmente a todos que O recebem. Quando estava na carne estava tão fraco como nós somos, e, de Si próprio, “não podia fazer coisa alguma” (João 5:30). Assim, guando “tomou sobre Si as nossas enfermidades e nossas dores” (Isaias 53:4), e foi tentado como nós, sentindo como nós sentimos, por Sua divina venceu tudo pelo poder de Deus, O qual está Lhe tinha trazido. Esta divina e este poder do alto, estão igualmente à nossa disposição. É por isso que o Seu nome é Emanuel, que significa Deus conosco. Não somente Deus com Cristo, mas Deus conosco. Deus estava com Ele na eternidade e podia ter estado com Ele mesmo se não tivesse Se dado por nós, mas o homem, através do pecado, se tornou sem Deus, e Deus desejou Ser novamente conosco, portanto, Jesus Se tornou nós, para que Deus, com Ele, possa ser Deus conosco; e este é o Seu nome Emanuel, porque é isto que Ele é, Bendito seja o Seu nome! Esta e a fé de Jesus e o poder dela, este é o nosso Salvador, um de Deus e um do homem sendo por conseguinte capaz de salvar inteiramente cada alma que se achegar a Deus através dEle.
De acordo com isto está ainda escrito: "Deus enviou Seu Filho nascido de mulher..." (Gaiatas 4:4). "Mas, porque tinha Ele que nascer de uma mulher? Para Se integrar suficientemente na humanidade como a humanidade se acha, a saber, sob o pecado. Era a semente da mulher que tinha de ferir a cabeça da serpente, Gênesis 3:15, e, somente como semente da mulher, e nascido de mulher, que Ele podia defrontar a serpente em seu próprio terreno; no mesmo lugar onde o pecado tinha encontrado neste mundo. Se Ele não tivesse vindo em intimo contato com o pecado, como existe neste mundo, como está na natureza humana, se Ele tivesse sido afastado por simplesmente um único grau da natureza humana, então não precisaria ter nascido de mulher. Isto mostra que entre Cristo e o pecado, neste mundo, e entre Cristo e a natureza humana como se acha sob o pecado, não há qualquer tipo de separação nem mesmo a sombra de um só grau. Ele foi feito carne, Ele foi feito para ser pecado, Ele foi feito carne assim como a carne é, e somente com a carne é neste mundo. Ele foi feito para ser pecado somente como o pecado é. Era isto que Ele tinha que fazer para remir a humanidade perdida. Se Ele tivesse sido separado somente um grau, ou até mesmo a sombra de um simples grau, em qualquer sentido da natureza daqueles aos quais veio para remir, teria falhado em tudo. Destarte como foi feito debaixo da Lei, em vista de que os que queria remir estavam sob a Lei, e como foi feito maldição, porque estão sob maldição os que Ele remiria, e como Ele foi feito pecado, porque são pecadores, vendidos debaixo do pecado, os que queria remir, exatamente assim Ele foi feito carne e sangue, e a mesma carne porque os que Ele veio remir são carne e sangue e tinha de ser nascido de uma mulher porque o pecado entrou no mundo inicialmente através de uma mulher. É por conseguinte verdade sem qualquer exceção que em todas as coisas convinha-Lhe ser feito como os Seus irmãos, Hebreus 2:17.
"Se Ele não tivesse sido da mesma carne, como são os que veio remir, não haveria qualquer utilidade o ser Ele feito carne de modo algum, mais do que isto, sendo que a única carne que há neste vasto mundo ao qual Ele veio para remir, é esta pobre e pecaminosa e perdida carne humana que cada homem tem, se esta não for a carne da qual Ele foi feito, então realmente, nunca veio ao mundo que precisa ser remido. Porque, se Ele tivesse vindo numa natureza humana diferente da qual há atualmente neste mundo, conquanto estando no mundo, no entanto, para qualquer propósito prático de alcançar o homem e de ajudá-lo, teria estado tão longe dele como se nunca tivesse vindo, porque neste caso, teria estado tão longe do homem, e seria tanto como doutro mundo, como se nunca tivesse vindo para este mundo de modo algum. Sobre Cristo foi colocada toda a iniquidade do real pecado de todos nós, o pecado de todos nós desde a origem até o final deste mundo; o pecado como é em si mesmo e como o cometemos; pecado em suas tendências e pecado em atos; pecado como em hereditariedade em nós, que nem cometemos, e pecado como é cometido por nós".
"Não existia outra maneira de Cristo nos salvar, se não que sobre Ele caísse a iniquidade de todos nós; somente se submetendo a lei da hereditariedade poderia Ele alcançar o pecado completamente, como o pecado verdadeiramente é. Sem tomar sobre si nossa natureza, nossos pecados não poderiam ser colocados sobre Ele, incluindo os atos, a condenação, e a culpa inerentes ao pecado. Mas, além disso, há em cada pessoa em diversas maneiras a suscetibilidade de pecar, herdada por muitas gerações que ainda não chegou ao clímax do ato de pecar".
"Esta capacidade, aparentemente dormente, só necessita de oportunidade para expandir em atos; o grande pecado de Davi é uma ilustração disso. Leia o Salmo 51:5 e II Samuel 11:2, ao libertar-nos do pecado não é suficiente que sejamos libertos somente de pecados passados, mas necessitamos de ser salvos de cometer outros pecados. Para que isto aconteça, esta possibilidade de pecar tem que ser enfrentada e subjugada. Necessitamos ser imbuídos de poder do alto que nos previna de pecar, um poder que vença esta inclinação hereditária ao pecado existe em cada um de nós".
"Todos os pecados realmente cometidos por todos os homens foram colocados sobre Cristo, imputados a Ele para que Sua justiça seja imputada a cada ser humano, atribuída a cada um de nós. Mas, sobre Ele também foi colocada nossa potencialidade de pecar, quando Ele tomou sobre Si nossa natureza carnal; ao tomar a carne humana, nascendo de uma mulher, da mesma carne e sangue que somos, a fim de que Sua justiça seja manifesta em nossa vida diária. Vemos então que Cristo confrontou o pecado na natureza pecaminosa que tomou sobre Si, e, triunfou sobre o mesmo; eis porque está escrito: "Deus, enviando Seu próprio Filho em semelhança da carne pecaminosa, e no tocante ao pecado, e, com efeito, condenou Deus na carne o pecado" (Romanos 8:3).
"Ele é a nossa paz, tendo abolido na carne a inimizade. Então, assim como os pecados que cometemos foram imputados sobre Ele, a fim de que Sua justiça seja atribuída a nós, assim também Cristo enfrentou e conquistou em nossa natureza pecaminosa o pendor que temos para pecar, para que nesta mesma natureza seja manifestada a Sua justiça que nos habilita nEle, e Ele vivendo em nós, nos dando poder para confrontar e conquistar o pecado, e esta propensão para pecar que existe nesta mesma carne, isto é, em nossa natureza pecaminosa".
"Vemos então que pelos pecados que efetivamente cometemos, pelos pecados passados a justiça de Cristo é imputada a nós; como nossos pecados foram colocados sobre Ele, e, para evitar que continuemos pecando, Sua justiça é comunicada a nós em nossa carne, à nossa natureza pecaminosa, assim como nossa natureza com sua susceptibilidade de pecar foi colocada sobre Cristo".
"Cristo é então um Salvador completo. Ele nos salva de todos os pecados efetivamente cometidos, como também de cometer pecados futuros durante nossa jornada cristã, pecados que cometeríamos se não vivêssemos em Cristo. Se Cristo não tivesse tomado sobre Si nossa natureza, com a possibilidade de pecar, inerente em nós, onde haveria uma filosofia ou argumentação quanto à genealogia de Cristo como dada nas Escrituras? Ele foi descendente de Davi, Abraão, de Adão, e ao ser nascido de mulher Ele alcançou mesmo antes de Adão, ao inicio do pecado no mundo, e nesta genealogia toda, há dificilmente um em cuja vida não se encontre registrado algum ato errado".
"Agora, foi ao fim dessa genealogia que o Verbo Se fez carne e habitou entre nós, que foi nascido de mulher. Foi com tal hereditariedade que Deus enviou Seu Filho em semelhança de carne pecaminosa, tal descendência, tal genealogia afetou a Cristo, da mesma forma que afetaria outro ser humano sob a lei da iniquidade dos pais que afeta os filhos até a 3a e 4a geração. Tudo isto pesou sobre Cristo, quando Ele enfrentou a tentação no deserto e durante toda a Sua vida na carne, ou seja, em natureza pecaminosa”.
"Daí, tanto por hereditariedade como por imputação Ele estava sobrecarregado com os pecados de todo o mundo, e assim, com toda esta carga sobre Si, com todas estas desvantagens, Cristo saiu triunfante sobre a Terra, onde, sem nenhuma aspecto negativo, o primeiro par caiu".
Hebreus 2 culmina com o oficio Sumo Sacerdotal de Jesus Cristo, nosso irmão, lista qualificações para tal função, descreve Jesus nesta atividade e rapidamente aponta ao ministério que Ele exerce; e uma das qualificações de Jesus, era que Ele tinha que defrontar a tentação do pecado, exatamente como nós humanos o temos que fazer. A. T. Jones, na página 53 de O Caminho Consagrado Para a Perfeição Cristã, diz:
"Entramos em descanso no perdão de todos os nossos pecados, crendo em Cristo que foi fiel em todas as obrigações e em toda tentação da vida. Também entramos no repouso e lá permanecemos por sermos participantes da Sua fidelidade, na qual e pela qual, também seremos fiéis a Ele que nos ordenou. Porque em considerá-lo como Sumo Sacerdote da nossa profissão na Sua fidelidade, estamos constantemente a ponderar que não temos um Sumo Sacerdote que não possa se compadecer das nossas fraquezas, porém um que como nós em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hebreus 4:15).
"E a razão porque Ele pode efetivamente Se compadecer das nossas fraquezas, é que como nós em tudo foi tentado. Não há nada em que alguma alma possa ser tentada em que Ele não o tenha sido da mesma maneira e tenha sentido a tentação tão verdadeiramente como qualquer alma humana possa experimentar. Porém, apesar de ter sido tentado em tudo, como nós, e ter sentido o poder da tentação, tão verdadeiramente como qualquer um pode sentir, foi em tudo fiel, passando através disso tudo sem pecado, e, pela fé nEle, nesta Sua fidelidade cada alma pode enfrentar todas as tentações e passar por elas sem pecar. Esta é a nossa salvação!"
"Porque Ele foi feito carne como o homem e em todas as coisas convinha-Lhe ser feito como os Seus irmãos e ser tentado em tudo como nós, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote nas coisas referentes a Deus. E isto, não somente para expiar os pecados do povo, mas também para socorrer, sustentar-nos, nos carregar, aliviar livrar do sofrimento os que são tentados. Ele nos livra na nossa tentação e assim não cairemos, Ele nos elevará vitoriosamente sobre ela para não pecarmos". "Visto que temos um grande Sumo Sacerdote, Jesus, Filho de Deus, e que penetrou nos Céus, retenhamos firmemente a nossa confissão" (Hebreus 4:14).
"Visto que temos um Grande Sumo Sacerdote, cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo de necessidade" (Verso 16).
"E esta é a razão porque a fim de ser Ele um misericordioso fiel Sumo Sacerdote nas coisas que pertencem a Deus, e trouxesse muitos filhos para a glória, Ele tornou-se Capitão da salvação deles, sendo circundado pela enfermidade, atacado pela tentação, sendo homem de dores e que sabe o que é padecer; isto tudo para que em todas as coisas fosse familiarizado com a experiência humana de maneira que verdadeiramente pudesse compadecer-Se ternamente dos ignorantes e errados" (Hebreus 5:1-2).
"Numa palavra, para que pudesse ser um misericordioso e fiel Sumo Sacerdote em coisas concernentes a Deus, foi-Lhe necessário tornar-Se perfeito, através de sofrimentos".
E agora prestem atenção nesta muito importante citação de Mensagens Escolhidas, vol. I, pág. 244:
"A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que liga nossa alma a Cristo e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo. Cristo foi um homem real, deu prova de Sua humanidade tornando-se homem, entretanto era Ele Deus na carne. Quando abordarmos este assunto bem faremos em tomar a peito as palavras dirigidas por Cristo a Moisés junto à sarça ardente: "Tira as sandálias dos pés porque o lugar em que estás é terra santa" (Êxodo 3:5). Devemos aproximar-nos desse estudo com a humildade de um discípulo de coração contrito, o estudo da encarnação de Cristo é campo frutífero que recompensará o pesquisador que cave fundo em busca de verdades ocultas”.

Alexandre Snyman



O irmão Alexandre Snyman foi pastor adventista na África por quase toda a sua vida ministerial. Nos últimos anos de sua vida viveu no estado de Tenessee, nos Estados Unidos, e foi credenciado junto à Associação da Igreja Adventista nos estados de Kentucky e Tennessee, como se vê de correspondência que recebi da mesma.

_______________________________