sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Lição 3 – Sacrifícios, pelo comitê de estudos da mensagem de 1888.



Para 12 a 19 de outubro de 2013

"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Rom. 12:1).
Perceba que nosso verso para memorizar não nos diz que devemos sacrificar a nós mesmos, não podemos fazer isso, mas somos crucificados com Cristo. Somente Ele é o Sacrifício pelo mundo inteiro. Diz que devemos “apresentar os nossos corpos.” A palavra "apresentar" significa colocar a oferta junto ao altar voltado para Deus no Lugar Santíssimo e deixá-la à disposição de Deus. Este não é um ato de fazer, mas é uma prova de fé.
Ao longo de Romanos capítulos 1 a 8, as "misericórdias de Deus", pelas quais somos instados "a apresentar nossos corpos," são todas obras de Deus. Aqui nós vemos as doutrinas da justificação, da santificação, da fé, e a remoção do pecado do homem através do sacrifício feito uma só vez para o mundo.
Há apenas um Sacrifício, e este é o que Deus proveu — Jesus Cristo. Deus não exige um sacrifício de homens, mas faz Um para ele. A ideia de que o homem pode fazer um sacrifício que vai expiar algum pecado é a própria essência do paganismo. Vem do pressuposto de que o homem é capaz de salvar a si mesmo; mas, se o homem pudesse fazer um sacrifício que fosse expiar o seu pecado, ele seria o seu próprio salvador, e se o homem fosse capaz de salvar a si mesmo, ele seria um deus ele mesmo, não devendo submissão a qualquer outro.
É evidente que um sacrifício oferecido por um pecador, que não é "agradável a Deus" é apenas zombaria. É um insulto a Deus, uma vez que é um pressuposto de que o pecador é independente de Deus, e é capaz de salvar a si mesmo. Apenas os sacrifícios de justiça podem ser aceitáveis. "Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor" (Salmo 4:5). "Pois não desejas sacrifícios; senão eu os daria; ... Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado, a um coração quebrantado e contrito não desprezarás ó Deus .... Então Te agradarás dos sacrifícios de justiça" (Salmo 51:16 a 19).
Amós 5:21-24 mostra que os sacrifícios sem justiça eram uma abominação a Deus, enquanto que a justiça sempre foi aceitável, mesmo se não houvesse sacrifício. Dirigindo-se a nós hoje, Deus diz: "Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não Me exalarão bom cheiro. E ainda que Me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas e a justiça como o ribeiro impetuoso."
Os judeus não aceitavam nem aprendiam que o sistema de sacrifícios era para apontá-los ao Salvador crucificado que queria viver neles — tornando-os justos. Eles, de alguma forma, derivavam autossatisfação e mérito em continuar com seus sacrifícios inúteis.
Um sacrifício vivo começa com a morte do eu. Não podemos morrer para nós mesmo, mas nós podemos aceitar a morte do eu já dada a nós pelo evangelho. Houve apenas um Sacrifício.
Apresentar nossos corpos como um sacrifício vivo é rendição completa: "Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim, e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, O qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim" (Gál. 2:20). Este versículo nos ensina que já não vivemos, mas é Cristo que vive em nós pela fé. Portanto, é Sua fé dentro de nós; Sua vida dentro de nós; Sua justiça dentro de nós. “Um conhecimento desse mistério fornece a chave para todos os outros. Abre para a alma os tesouros do universo, as possibilidades de desenvolvimento infinito."1 Ser crucificado com Cristo é um sacrifício de justiça.
Nosso sacrifício é um sacrifício vivo — nosso próprio corpo rendido a Cristo como Seu próprio corpo legítimo. Mas o que significa que estamos a oferecer nossos corpos como sacrifício vivo? (Leia Hebreus 10:5-10 e note que era para estabelecer a vontade de Deus no homem, versículo 9: “Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade”). Isso significa que Aquele que nos aceitou no Amado, e que fornece o único Sacrifício Perfeito, nos compra com a vida daquele Sacrifício quando O aceitamos. ... Morto desde "a fundação do mundo", entretanto Ele vive; sempre um sacrifício, "Ele vive para sempre." Continuamente dando; agrada o Pai, que nEle toda a plenitude habitará — sempre no altar, mas nunca consumido; Sua corrente de vida flui constantemente, mas nunca é diminuída.
Agora, quando sabemos que o nosso corpo foi preparado por Cristo, no qual Ele deve fazer a vontade do Pai, e oferecer um sacrifício aceitável, e dar-nos a Ele, para que possamos dizer: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim", é evidente que estamos oferecendo a Deus o sacrifício que Ele mesmo providenciou, e, sendo assim, toda a vida daquele sacrifício incorruptível é nossa.
O fato de que o Seu Espírito nos exorta a oferecer nossos corpos como um sacrifício vivo, prova que Ele nos deu a vida necessária para fazê-lo. A exortação é, em si, a promessa de vida.
"Cristo veio em carne 1.800 anos atrás (*era 1800 quando isto foi escrito, em 1893), apenas com a finalidade de demonstrar a possibilidade de que aquilo que Ele fez uma vez (*isto é, habitar em carne pecaminosa), Ele é capaz de fazê-lo de novo. Aquele que nega a possibilidade de Sua vinda na carne dos homens, tal como ela é agora, nega, assim, a possibilidade de Ele alguma vez ter vindo em carne."2
"O Espírito de Deus tem estado presente em poder entre Seu povo, mas não pode ser concedido a eles, porque eles não abriram seus corações para recebê-Lo .... O Senhor projetou que as mensagens de advertência e instrução dadas pela espírito ao Seu povo, deviam ir a todo lugar. Mas a influência que cresceu a partir da resistência à luz e verdade em Minneapolis tendia a tornar sem efeito a luz que Deus deu a Seu povo através dos Testemunhos".3
Ao confessarmos os nossos pecados, somos libertados do pecado, e confissão contínua significa contínua liberdade. Não é pecado contínuo e purificação contínua, mas a confissão contínua e a purificação contínua. Como um sacrifício vivo, somos preenchidos com a justiça de Cristo, e é somente por Sua justiça que a purificação do santuário é realizada. Nossos corpos são o templo de Deus e quando o pecado permanece nestes corpos (por causa de "Cristo em nós, a esperança da glória") ele (*o pecado) é impedido de entrar no santuário celestial (1ª Cor. 3:16, 17; 6:19 , 20).
"Hoje você deve dar-se a Deus, para que sejais esvaziados do próprio eu, esvaziados da inveja, ciúmes, ruins suspeitas, contendas, enfim, tudo o que tem sido desonroso a Deus. Hoje você deve ter o seu vaso purificado para que possa estar pronto para o orvalho celestial, prontos para os aguaceiros da chuva serôdia; pois a chuva serôdia virá, e a bênção de Deus encherá toda alma que estiver purificada de toda contaminação. É nossa obra hoje entregar nossas almas a Cristo, para que possamos estar preparados para o tempo do refrigério pela presença do Senhor — preparados para o batismo do Espírito Santo."4
Cristo não morreu como alguém que estando em férias faz uma pausa de todos os esforços de perseguição e rejeição para ficar longe de tudo isso. Ele fez a escolha de desistir de todos os reclamos futuros à Divindade e de um relacionamento com o pai. A cruz foi a mais completa e absoluta demonstração de Ágape que tenha sido revelada para a humanidade.
Se pudermos começar a entender a nossa própria oposição e resistência a Cristo como uma denominação, então a nossa história estará apenas a um batimento cardíaco de distância do Calvário. Uma vez que vejamos nosso verdadeiro envolvimento com a crucificação de Cristo, estaremos preparados para reconhecer a nossa participação no pecado de rejeitar a chuva serôdia e a mensagem do alto clamor de 1888. Já não poderemos presunçosamente afastá-lo, dizendo: "Não é problema meu, eu não era nem nascido então," mais do que podemos apagar o nosso envolvimento com a cruz. Tão certo como a sombra do Calvário paira sobre os judeus como uma nação, assim, certamente, a sombra de 1888 paira sobre nós como igreja. "Assim como os judeus."5
Em apreciação pelo único sacrifício do mundo, apresentemos nossos corpos hoje como um sacrifício vivo — pois as misericórdias de Deus clamam apenas por esta resposta do Seu povo.
-Introspecção redigida e editada pelo
Comitê de Estudos da Mensagem de 1888.

Notas (a 5ª é do tradutor):

[1] Ellen G. White, My Life Today [Minha Vida Hoje], pág. 301.
 [2] Ellet J. Waggoner , "A Salvação Presente," publicado na revista The Present Truth, de 18 de maio de 1893, págs. 145 e 146.
[3] Ellen G. White, Boletim Diário da Conferência Geral de 1893, vol. 5, nº 19.
Também publicado em Manuscript Releases, vol. 15, pág. 305.
 [4] Materiais de Ellen G. White sobre 1888, vol. 3, pág. 959; Review and Herald , 22 /3/1892.
5) "Assim como os judeus,” uma frase usada por Ellen G. White mais de 100 vezes para demonstrar que nós hoje, como igreja estaríamos “judaizando os judeus,” outra expressão dela que tem o mesmo significado, isto é, estaríamos rejeitando a Cristo como eles O rejeitaram. Se Cristo viesse hoje nós O rejeitaríamos como os judeus O rejeitaram.
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