(Capítulo 5 do livro “Resgate
e Reunião Através do Santuário”)
[33] “Sem a aspersão (o
derramamento) de sangue não há remissão de pecados. Era
necessário, portanto, que as cópias da coisas no céu fossem purificadas deste
modo, mas as próprias coisas celestiais deveriam ser purificadas com
sacrifícios mais custosos” (Heb. 9: 22 e 23, Weymouth1)
Aqui a
inspiração apresenta a purificação do santuário em tipo de sombra e realidade
celestial. Conquanto o tabernáculo terreno fosse purificado com o sangue de
animais, o templo acima deve ser purificado com melhores sacrifícios, a saber,
o preciosos sangue de Cristo. Note que o apóstolo diz que é necessário, ou
essencial — deve ser feito, pois este é o intento do
inteiro serviço do santuário.
Mas como
poderia algo no céu necessitar de purificação? Ao estudarmos os tipos do
tabernáculo mosaico podemos entender algo da resposta. Em nosso último capítulo
(Capítulo
4 do livro “Resgate e Reunião Através do
Santuário”) aprendemos que Jesus não é somente o cordeiro que morreu por nós,
mas também o Sacerdote que vive por nós. Tendo dado Sua vida na cruz como um
sacrifício pelo pecado “por Seu próprio
sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”
(Heb. 9:12).
No
serviço típico, o sacerdote aspergia o sangue do substituto nas pontas do altar
de ouro. Assim o penitente achava perdão ao o sacerdote, simbolicamente,
transferir seu pecado para o [34] santuário.
Aquele sangue aspergido falava de perdão, de cobrir o pecado. Mas Deus deseja
não somente cobrir o pecado, mas também apaga-lo, o que Ele faz nos serviços do
Dia da Expiação, o clímax no ciclo de ministração tratando com o pecado (ver
Lev. 16; e O Grande Conflito, págs.
418 a 420).
Na
manhã do Dia da Expiação dois bodes eram apresentados à porta do tabernáculo. O
sacerdote lançava sortes, um para o Senhor, o outro para Azazel (Satanás). Após
serviços preliminares, o sumo sacerdote matava o bode do Senhor e carregava o
seu sangue para dentro do santíssimo. Coberto com uma nuvem de incenso
fragrante, ele aproximava-se do propiciatório e borrifava o sangue diretamente
sobre a lei que Israel havia transgredido. Assim expiação final era feita pelos
pecados que tinham sido trazidos para dentro do santuário, dia após dia, nos
serviços do pátio e do lugar santo.
Depois
do espargir do sangue no propiciatório, o sumo sacerdote tocava o sangue nas
pontas do altar de ouro e no altar de bronze, assim completamente purificando o
santuário inteiro. Quando ele tivesse feito “um
fim à reconciliação,” o sumo sacerdote colocava suas mãos sobre a cabeça do
bode vivo e confessava todas as iniquidades dos filhos de Israel, “e os porá sobre a cabeça do bode” (Lev.
16:21). Um homem designado guiava este bode para um lugar longe, no deserto, e
ao final do Dia da Expiação Deus tinha um santuário e um povo purificados.
No
serviço celestial Cristo aparece por nós no templo acima, primeiro no lugar
santo e finalmente no santíssimo. No tabernáculo antigo os sacerdotes repetiam
o ciclo do serviço ano após ano. Mas no ministério de Cristo (*“temos sido
santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo,) feita uma vez” (Heb. 10:10). Uma vez por todas Ele morreu sobre a
cruz. Uma vez por todas Ele prosseguiu Seu ministério no lugar santo. Uma vez
por todas Ele entrou no Santíssimo, para ali permanecer até Seu propósito ser
cumprido “para remover o pecado,” “para
desfazer-Se do [35] pecado,” “para abolir o pecado” (Heb. 9:26, KJV, Weymount.2
Algumas
indagações vêm à mente: Qual é a diferença entre o sangue aspergido no lugar
santo e o sangue aspergido no santíssimo? O primeiro provê pela cobertura do
pecado, o segundo pelo apagar do pecado. Qual é a diferença entre cobrir e
apagar? Cobrir significa um perdão provisional. O perdão final espera até o Dia
da Expiação.
Por que
Deus não apaga os pecados tão logo os pecadores confessam sua transgressão?
Deus nos deu o poder da escolha, e Ele respeita nosso exercício desta escolha.
Se nós escolhemos deixar nossos pecados no santuário, Jesus irá apagá-los no
encerramento do juízo. Por outro lado, se nós desejarmos retornar à vida de
pecado, Deus não nos impedirá forçosamente. Os pecados que confessamos nós
podemos retomá-los novamente.
Meu pai começou a
mascar tabaco quando ele tinha somente nove aos de idade. Depois que ele se
casou, rendeu seu coração ao Salvador e largou o tabaco. Mas ele teve uma
terrível batalha! Largou-o vez após outra. Mamãe nos conta ter visto meu pai,
após o desjejum da manhã tomar o naco de tabaco do seu bolso e arremessa-lo no
milharal o mais longe que ele podia. Ele o tinha abandonado! Mas às vezes,
depois do jantar, ela via o papai indo a passo travado por entre os pés de
milho, procurando por algo. Se você estivesse no lugar de Deus, permitiria que
ele encontrasse o tabaco?
Começa você a ver a
diferença entre ver os pecados cobertos e tê-los apagados? Meu pai tencionava abandoná-los de todo coração
quando ele jogava o tabaco para longe, de manhã, mas, às vezes, horas depois,
freneticamente tentava acha-lo.
Finalmente o dia [36] veio quando
meu pai largou o tabaco pela última vez, e por mais de sessenta anos ele viveu
sem este material contaminador em sua boca. Não muito tempo atrás eu o levei
para repousar em Jesus, e eu sei que quando Deus chamar o seu nome no juízo,
Jesus irá apagar todos os seus pecados por usar tabaco, que Seu sangue cobriu.
Meu pai nunca mais perguntará por aquele velho pedaço de tabaco outra vez.
Através da graça de Cristo ele não foi somente perdoado, mas ele foi também um
vencedor.
Pode Cristo dar a uma
pessoa vitória sobre outras coisas além de tabaco? Pode Ele libertar de um
temperamento mau, de cobiça, de indulgência com o apetite? Sim, o ministério de
Cristo no santuário vai realizar isto. “O que era feito em tipo na ministração
do santuário terrestre, é feito em realidade na ministração do santuário celestial”
(O Grande Conflito, pág. 420). No encerramento do antitípico Dia da Expiação,
Jesus terá um santuário purificado no céu e um povo puro na terra. Então Ele
pode fechar o santuário e vir para buscar Seu povo que O aguarda, que Lhe dará
as boas-vindas com alegria. “Assim também
Cristo, uma vez Se ofereceu para tirar os pecados de muitos; e para aqueles que olham para Ele, aparecerá segunda
vez, sem pecado, aos que O esperam para a
salvação” (Heb. 9:28, KJV). Note que Ele Se ofereceu uma vez “em sacrifício a fim de que Ele possa levar
os pecados de muitos” (Weymouth).
No capítulo 3 nós
estudamos sobre Jesus como o Cordeiro portador dos pecados. Então, no capítulo
4, no lugar santo O vemos como o sacerdote que leva os pecados. Agora
entendemos que Ele deve levar este fardo até o final apagamento do pecado. Mas quando Ele vier a segunda vez, Ele não mais leva
pecado. Ele aparece "a segunda vez sem pecado.” Seu sacrifício cumpriu este propósito. Seu ministério como
Sacerdote terminou. Ele “Se manifestou
para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo” (Heb. 9:26).
Vamos pensar em
algumas implicações práticas. O serviço do santuário não vai perdurar para
sempre. Virá um fim a este [37] ministério,
e nós chamamos este evento de encerramento do tempo da graça3. Você pode ver que a fim dos pecados serem apagados
do santuário, eles primeiro têm que ser levados para dentro do santuário. Antes
que Deus possa apagar nossos pecados, Ele deve primeiro perdoá-los e cobri-los.
O primeiro trabalho é levar os pecados para dentro do santuário. O segundo é
tirá-los de lá. Deixe-me ilustrar:
Suponha que você, na
sua comunidade, tenha somente uma lavanderia. Dia após dia o trabalho continua,
roupas entrando e saindo. Agora, deixe-me dizê-lo reverentemente: O Santuário é
a lavanderia de Deus. “Cristo amou a
igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com
a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante” (Efé. 5: 25 a 27).
Agora, suponha que a
próxima vez que você levar alguma roupa à lavanderia de sua cidade você veja um
sinal que diz: “Esta lavanderia vai encerrar suas atividades em 31 de
dezembro.” Eu posso imaginar as pessoas ao elas verem o anúncio, dizerem, “—O
que nós vamos fazer? Nós sempre tivemos uma lavanderia. Não temos outra. O que
faremos? Não há outra lavanderia nesta cidade.” Então suponha que vemos um
outro anúncio: “Classes serão ministradas diariamente em como manter suas
roupas limpas de modo que você não necessitará mais de lavanderia.” Assistiria você a estas classes? Você o faria
se cresse no aviso — a menos que você não se preocupasse ficar com as roupas
sujas ou não.
É triste dizer-se,
algumas pessoas nunca irão lavá-las E a respeito delas Deus em breve irá
declarar, “quem está sujo, suje-se ainda”
(Apoc. 22:11). Sim, a lavanderia ira fechar. Mas aulas estão agora sendo
dadas no santuário celestial. Jesus quer nos ensinar como se tornar limpo e
permanecer limpo. Isto é possível. E será feito. Eu odeio pensar que nosso
abençoado Senhor deva estar lá no santuário para sempre [38] lidando com os pecados que o povo continua enviando para lá.
Deve vir um fim à corrente de pecados se o santuário deva ser purificado.
Em tipo, enquanto
Arão ministrava no santíssimo, fazendo a expiação final, o povo se aglomerava
em volta do santuário para sondar seus corações e para orar. E o que Israel
fazia em tipo nós somos chamados a fazer hoje. Ao nosso Sumo Sacerdote Se
engajar em Sua última obra mediadora, devemos enviar a Ele a palavra de que nós
estamos em comunhão de coração a coração com Ele em Sua ânsia para por um fim
aos pecados? Deveremos, pela fé, vir ao santuário, onde Ele levanta suas
feridas mãos por nós no propiciatório? Nossa resposta irá alegrar Seu coração.
“Senhor
Jesus, Eu anseio ser completamente perfeito;
Eu
quero que Tu vivas para sempre em minha alma;
Quebre
cada ídolo, lance fora cada inimigo;
Agora
lave-me, e mais alvo que a neve serei.
“Senhor
Jesus, por isto eu devo humildemente suplicar;
Eu
espero, abençoado Senhor, aos Teus crucificados pés,
Pela
fé, por minha purificação; Eu vejo Teu sangue fluir;
Agora
lava-me, e mais alvo que a neve serei.”4
-W. D. Frazee
Willmonte
Doniphan Frazee (1906-1996) foi graduado em ciência médica
na Universidade de Loma Linda, e em evangelismo da saúde pelo legendário físico
britânico John H.N. Tindall. Em 1942, o Pr. Frazee e um time de pioneiros de fé
fundaram o Instituto e Sanatório Médico Missionário em Wildwood, perto de
Chattanooga, no estado de Tennessee, onde médicos, enfermeiros, pastores, e
membros leigos recebiam treinamento em evangelismo médico.
Em 1985 ele fundou um
ministério de sermões gravados, inicialmente em fitas K7 e depois em CDs, com o
nome de Pioneers Memorial [Memorial
dos Pioneiros]. Milhares de sermões gravados são distribuídos cada ano.
Nos anos finais de sua
vida, apesar da doença de Parkinson, ele ainda com clareza e afeição, até bem
perto do dia de sua morte, continuou a escrever pequenas notas encorajadoras a
seus amigos, geralmente incluindo uma fita K7 com sermões. Aqueles que ajudaram
a fortalecer o ministério deste pioneiro creem que Deus o usou através deste
ministério “PIONEERS MEMORIAL.”
Na
contra capa do livro “Resgate e Reunião Através do Santuário” temos
duas recomendações da pessoa do Pastor Frazee:
A
primeira é do Pastor Mark Finley, vice Presidente de
Evangelismo da Conferência Geral, que, entre outras coisas, nos diz que “Quando
eu o ouvi pregar senti que a mensagem dele vem do Alto Trono da Sala de
Audiência do Altíssimo. Eu sabia que ele era homem de oração e que Deus
impactou a sua mente. ... Suas mensagens são profundas, bíblicas, e
comoventes.”
A
outra recomendação é do Pastor Doug
Batchelor, diretor da instituição de apoio à igreja Amazing Fact, ele diz, “Fiquei impressionado com o seu sincero amor
por Jesus e profundo conhecimento das Escrituras. ... Dois de seus livros
que li tiveram profunda influência em minha vida. ... Eu recomendo de coração
seus livros e suas mensagens.”
Nós de Ágape Edições podemos lhe
garantir que todo o livro é altamente prático para a purificação também do
santuário dos nossos corações. Demonstra claramente como é possível permitir
que Deus faça a Sua obra em nós para que Ele possa cumprir Sua lei em nosso
viver diário (Testemunhos Para Ministros,
pág. 92, 1º parágrafo).
Notas do tradutor:
1)
O
Dr. Richard Francis Weymouth (1822–1902) era um professor inglês em
Londres, que produziu uma tradução do Novo Testamento em língua moderna, mais
conhecida como Novo Testamento de Weymouth, publicado em 1903.
2)
Idem,
Weymouth editou também “The New English Bible” [A Nova Bíblia Inglesa]. Copirrait,
Os Delegados da Imprensa da Universidade de Oxford e Os Síndicos da Imprensa da
Universidade de Cambridge, 1961, 1970. Reimpresso com permissão;
3)
“Quando
a presença de Deus se retirou, por fim, da nação judaica, sacerdotes e povo não
o sabiam. Posto que sob o domínio de Satanás, e governados pelas paixões mais horríveis
e perniciosas, consideravam-se ainda como os escolhidos de Deus. Continuou o
ministério no templo; ofereciam-se sacrifícios sobre os altares poluídos, e
diariamente a bênção divina era invocada sobre um povo culpado do sangue do
querido Filho de Deus, e empenhado em matar Seus ministros e apóstolos. Assim,
quando a decisão irrevogável do santuário houver sido pronunciada, e para
sempre tiver sido fixado o destino do mundo, os habitantes da Terra não o
saberão. As formas da religião continuarão a ser mantidas por um povo do qual
finalmente o Espírito de Deus Se terá retirado; e o zelo satânico com que o
príncipe do mal os inspirará para o cumprimento de seus maldosos desígnios,
terá a semelhança do zelo para com Deus" (O Grande Conflito, pág. 615).
4)
Hino
318 no hinário adventista americano, música de James Nicholson e letra de
William G. Fisher. Em português não me consta ter sido incluído em nosso atual hinário.
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