(Capítulo 3 do livro “Resgate e Reunião Através do Santuário”)
[21] O Sacrifício de Cristo pelo pecado, é fundamental no
plano da salvação, que provê resgate e reunião. “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para
levar-nos a Deus” (1ª Pedro 3:18). O Inocente deve sofrer pelo culpado.
Cristo, que é sem pecado, deve tomar o lugar do pecador .
Desde o dia que o homem morreu, Deus procurou revelar Seu
maravilhoso plano. No sistema sacrifical Ele mostrou que Ele aceitaria um
substituto no lugar do pecador. Em Sua sabedoria Deus deu ao homem uma
oportunidade para exercer fé e escolha por participar nas cerimônias
sacrificais. Quando, através de Moisés,
Deus instituiu os serviços do santuário no deserto, Ele mais amplamente revelou
a importância do plano da salvação.
Em nossa mente vamos visitar o pátio do santuário e
observar os adoradores ao eles entrarem, desejando libertação dos seus fardos
do pecado. Um homem traz um novilho, outro tem um bode, um terceiro trás um
cordeiro. Vemos o homem com o cordeiro se aproximar do altar e colocar sua mão
sobre o cordeiro. Lev. 4:33 torna o significado claro: “E porá a sua mão sobre a
cabeça da oferta da expiação do pecado.” O colocar a sua mão sobre a cabeça
do cordeiro implica em confissão — e genuína confissão é específica. (Lev. 5:5,
em sua descrição da oferta da transgressão, aponta, “ele confessará aquilo em
que pecou”). Em símbolo seu [22] pecado
foi assim transferido dele mesmo para o cordeiro, e, portanto, o cordeiro deve
morrer.
Quem mata o sacrifício? O pecador arrependido que
transferiu seu pecado para o substituto. “O
degolará por oferta pelo pecado, no lugar onde se degola o holocausto” (Lev.
4:33).
Note os passos envolvidos. “Dia após dia, o pecador arrependido levava
sua oferta à porta do tabernáculo, e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima,
confessava seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o
sacrifício inocente. O animal era então morto” (O Grande Conflito, pág. 418).
No próximo capítulo (*4º deste livro Resgate e Reunião Através do Santuário) discutiremos mais o passo
seguinte no serviço da expiação, mas agora notemos a lição que esta sombra
típica tem para você e para mim. “É
impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Heb.
10:4). Em todas as eras a única esperança do homem tem sido Jesus Cristo, o
Verdadeiro Sacrifício. Por isso, a cada pecador a mensagem vem, “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo” (João 1:29).
No serviço típico quando o pecador contrito transferia o
seu pecado para a inocente ovelha, esta se tornava um portador do pecado. Assim, com respeito a Cristo as Escrituras
afirmam, “Levando Ele mesmo em Seu corpo
os nossos pecados sobre o madeiro” (1ª Pedro 2:29). Ao o pecador
arrependido trazer um substituto que morria em seu lugar, assim cada pessoa
penitente pode vir ao Calvário e, olhando ao crucificado Filho de Deus, dizer, Ele
“me
amou, e Se entregou a Si mesmo
por mim” (Gál. 2:20).
Mas tem mais. O homem que buscava perdão matou o
sacrifício. Não era suficiente que o penitente devesse confessar seus pecados e
transferi-los para o substituto. Ele tinha que levantar sua mão para tirar a
vida do cordeiro. Assim, ao nós trazermos nossos pecados a Jesus e colocá-los
sobre Sua cabeça, devemos demorar-nos no
calvário e olharmos o que os nossos pecados fizeram ao nosso Substituto. Aqui
podemos encontrar verdadeiro arrependimento.
[23] “E olharão para Mim,
a quem traspassaram, e pranteá-Lo-ão sobre Ele, como quem pranteia pelo filho
unigênito” (Zac. 12:10). A Quem nós vemos traspassado? Sim, Jesus na cruz —
Suas mãos e pés traspassados com cravos, Sua fronte perfurada com espinhos. “E olharão para Mim, a quem traspassaram
...” (*Zac. 12:10). Quem olhará? Aqueles que O traspassaram. E com qual
resultado? Eles “chorarão amargamente por
Ele, como se chora amargamente pelo primogênito” (*ú.p. do verso 10).
Anos atrás, numa cidade do oeste (*dos Estados Unidos),
aonde eu era pastor, ocorreu um dos mais tristes funerais que eu já vi. Uma
pequenina criança jazia no caixão, e nos assentos da frente a pesarosa família.
O pai chorava alto, oprimido pela aflição, pois ele havia matado seu próprio
filho. Ele havia dado marcha à ré saindo da garagem para ir ao trabalho, não
sabendo que o pequenino tinha saído da mesa do desjejum para seguir ao pai, e
assim havia caminhado cambaleantemente na trajetória do carro em movimento. Ali
estava um pai de coração partido! Ele havia matado seu menino!
Mas quando você e eu vimos ao Calvário, defrontamos uma
tragédia infinitamente maior, pois vemos Jesus assassinado, não por um
acidente, mas por nosso pecado deliberado. Nós quebramos a lei de Deus. E ao O
vermos morrer, o justo pelo injusto, começamos a compreender a natureza do
pecado. Confrontamos um amor tão profundo que Deus tomou nossos pecados sobre
Sua inocente alma. Não admira que Satanás tente impedir-nos de olhar à cruz!
Há duzentos anos atrás João Newton, um marinheiro
beberrão, blasfemador, veio face a face com o Cristo do Calvário. Ele pôs em verso
o que aconteceu em sua vida:1
Por muito tempo no mal eu tive prazer,
Não amedrontado pela vergonha ou temor,
Até que um novo objeto impressionou minha
visão,
E interrompeu minha carreira selvagem:
[24] Eu O vi pendurado
numa árvore
Em
agonias e sangue,
Ele
fixou Seus exaustos olhos em mim,
Ao
eu permanecer perto de Sua cruz.
Seguramente
nunca até meu último suspiro
Eu
posso esquecer aquele olhar:
Parecia-me
que me culpava com
Sua morte,
Embora
nenhuma palavra falasse:
Minha
consciência ressentiu e ficou possuída de culpa,
E
me mergulhou em desespero:
Eu
vi que meus pecados tinham derramado Seu sangue,
E
ajudaram a pregá-Lo ali.
Ai
de mim! Eu não sabia o que tinha feito!
Mas
minhas lágrimas são em vão:
Onde
deverá a minha trêmula alma se esconder?
Pois
eu matei o Senhor!
Ele
deu um segundo olhar, que dizia,
“Eu,
de graça, a tudo perdoo;
—Este
sangue é pago pelo seu resgate;
Eu
morri para que você possa viver.”
Assim,
enquanto Sua morte meus pecados revelam
Em
todo o seu mais preto matiz,
Tal
é o mistério da graça,
Ele
sela meu perdão também.
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[25] Você vê, as pessoas
pecam porque querem pecar. Algo deve acontecer que causará o pecado perder sua
garra. Se eu ponho meu dedo em um forno quente, eu o tirarei imediatamente. Por
que? Ele me machuca. Mas suponha que eu mantenha minha mão enquanto eu lhe diga,
“Oh! Isto está tão quente e me machuca; me queima!” Você pensaria, “Isto não deve te machucar, ou
você tiraria sua mão imediatamente!”
Quando nós continuamos a perder nosso temperamento, quando
continuamos a ir a lugares de diversão mundana, imodesta moda nos segura em sua
garra, quando criticamos e fofocamos, muitas vezes, é simplesmente porque estas
coisas não nos machucam suficientemente.
Mas, se viermos ao Calvário, veremos o que estes pecados
fizeram a Cristo. “O pecado, sendo
consumado, gera a morte” (Tiago 1:15). E quando olhamos o que o pecado
causou a Jesus, vemos o que fará a nós se nos apegarmos a ele. Vai levar-nos à
escuridão da separação de Deus, onde iremos chorar, lamentar e ranger os dentes.
Suponha que ao eu visitar sua casa, veja um lindo vaso sobre a mesa, o peque para examiná-lo, e
descuidadamente o deixe cair. Ele se despedaça em centenas de pedaços aos meus
pés. Como eu me sinto? Pesaroso, mas eu digo para mim mesmo, “—Eu vou pagar. Eu
fico a imaginar quanto este vaso custa. Talvez cinco dólares, seguramente não
mais do que dez.” Assim eu digo a você, “—Amigo, sinto muito, eu quebrei o seu
vaso, mas eu vou adquirir outro. Onde você o comprou? Eu vou conseguir um
exatamente igual.”
Mas eu noto o seu triste olhar ao você me responder,
“—Este não é um vaso comum. Não veio de uma loja no centro da cidade. É uma
obra prima, de centenas de anos atrás. Há somente um outro vaso como este no
mundo — em uma loja de antiguidades em Nova Iorque, e custa mil dólares.”
Me diga, eu me sinto mais pesaroso agora do que senti-me
dois minutos antes? [26] O que fez a
diferença. Eu descobri quanto ele custa! Você vê? Jesus almeja mostrar-nos
quanto o pecado custa. Ele procura revelar-nos o que o pecado faz ao coração de
Deus. No cordeiro que morre no pátio, Ele quer que vejamos o Cordeiro que morre
no Calvário. Ele quer que compreendamos que nossos pecados O cravaram lá.
“—Mas,” alguém pode arrazoar, “—Eu não estava lá.
Soldados romanos pregaram os cravos em Suas mãos.”
Tem razão, mas as feridas dos cravos não O mataram. Jesus
morreu de um coração quebrantado, quebrantado sob o peso do pecado, e a não ser
que sejam seus pecados que quebraram Seu coração, onde você irá encontrar
perdão, purificação e libertação? “É o
sangue que fará expiação pela alma” (Lev. 17:11). (*Veja também Heb. 9:22,
10:4; Mat. 26:28; 1ª João 1:7).
Se você e eu quisermos ter o poder do pecado quebrado em
nossas vidas, se quisermos o pecado tirado de nossos corações, devemos fazer no
antítipo o que os pecadores arrependidos faziam lá em tipo. Devemos colocar
nosso pecado na inocente cabeça do Salvador. Devemos transferir nosso pecado a
Cristo, e, então, vê-Lo pagar o preço. Devemos contemplar “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
Algumas coisas podem ser captadas em um claro quadro, mas
outras levam um tempo para se revelarem. Você já viu fotografias de galáxias
distantes? Algumas daquelas chapas fotográficas foram expostas por horas após
horas ao a luz das estrelas distantes se acumularem nas chapas. Similarmente,
nós necessitamos mais do que um breve vislumbre do Calvário. Seria bom para nós
expender um pensativo período
de tempo, cada dia, contemplando a vida de Jesus, especialmente as cenas finais
de Sua vida (*é o que Ellen G. White nos diz em O Desejado de
Todas as Nações, pág. 83: “far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus, especialmente as cenas finais”). Por quê? Para que possamos
ver Seu amor por nós e assim nos conscientizarmos quão terrível o pecado é.
Graças a Deus, temos um lugar de libertação.
Se, ao você olhar no espelho da santa lei de
Deus, se ver como um transgressor, não virá você e colocará seus pecados [27] sobre o Cordeiro? Deus não tem outro caminho para separá-lo dos
seus pecados. E não importa quão pequenos os seus pecados possam parecer para
você, eles crucificaram o Filho de Deus.
“Tal qual estou, sem
escusa alguma,
Senão que Teu sangue
foi derramado por mim,
E que Tu me ordenas
vir a Ti,
Ó Cordeiro de Deus,
eu venho.”2
-Willmonte Doniphan
Frazee
Willmonte
Doniphan Frazee (1906-1996) foi graduado em ciência médica
na Universidade de Loma Linda, e em evangelismo da saúde pelo legendário físico
britânico John H.N. Tindall. Em 1942, o Pr. Frazee e um time de pioneiros de fé
fundaram o Instituto e Sanatório Médico Missionário em Wildwood, perto de
Chattanooga, no estado de Tennessee, onde médicos, enfermeiros, pastores, e
membros leigos recebiam treinamento em evangelismo médico.
Em 1985 ele fundou um
ministério de sermões gravados, inicialmente em fitas K7 e depois em CDs, com o
nome de Pioneers Memorial [Memorial
dos Pioneiros]. Milhares de sermões gravados são distribuídos cada ano.
Nos anos finais de sua
vida, apesar da doença de Parkinson, ele ainda com clareza e afeição, até bem
perto do dia de sua morte, continuou a escrever pequenas notas encorajadoras a
seus amigos, geralmente incluindo uma fita K7 com sermões. Aqueles que ajudaram
a fortalecer o ministério deste pioneiro creem que Deus o usou através deste
ministério “PIONEERS MEMORIAL.”
Na
contra capa do livro “Resgate e Reunião Através do Santuário” temos
duas recomendações da pessoa do Pastor Frazee:
A
primeira é do Pastor Mark Finley, Vice Presidente de
Evangelismo da Conferência Geral, que, entre outras coisas, nos diz que “Quando
eu o ouvi pregar senti que a mensagem dele vem do Alto Trono da Sala de
Audiência do Altíssimo. Eu sabia que ele era homem de oração e que Deus
impactou a sua mente. ... Suas mensagens são profundas, bíblicas, e
comoventes.”
A
outra recomendação é do Pastor Doug
Batchelor, diretor da instituição de apoio à igreja Amazing Fact, ele diz, “Fiquei impressionado com o seu sincero amor
por Jesus e profundo conhecimento das Escrituras. ... Dois de seus livros
que li tiveram profunda influência em minha vida. ... Eu recomendo de coração
seus livros e suas mensagens.”
Nós de Ágape Edições podemos lhe
garantir que todo o livro é altamente prático para a purificação também do
santuário dos nossos corações. Demonstra claramente como é possível permitir
que Deus faça a Sua obra em nós para que Ele possa cumprir Sua lei em nosso
viver diário (Testemunhos Para Ministros,
pág. 92, 1º parágrafo).
Notas do tradutor:
1)
A
tradução deste poema de João Newton é literal, eis que a se aplicarmos rima,
alterado ficará o sentido.
2) Idem. Com rima veja o hino 278 do Hinário Adventista brasileiro, e 313 e 314
do americano.
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