Índice geral:
1 A Verdade
do Santuário - uma Introdução / 7
2 Cristo no
Sistema Sacrifical / 21
3 O
Santuário Celestial em Miniatura / 25
4 O
Evangelho em Tipo e Antítipo / 41
5 A
Mensagem do Juízo Agita a América / 47
6 Daniel
8:14 e Passos nos Misteriosos Desígnios de Deus / 67
7 O Fim dos
2.300 Dias de Daniel 8:14 / 77
8 O
Glorioso Templo no Céu / 85
9 Nosso
Sumo Sacerdote no Santo dos Santos / 97
10 Encerramento do Ministério de Cristo no
Santuário Celestial / 109
____________________________________________________________________________
Índice da 1ª parte, capítulos 1 a 3:
1 A Verdade
do Santuário - uma Introdução / 7
2 Cristo no
Sistema Sacrifical / 21
3 O
Santuário Celestial em Miniatura / 25
____________________________________________________________________________
CAPÍTULO 1 - A Verdade do
Santuário - uma Introdução
[Pág. 7] Escrevendo
sobre o que devia ser realizado antes da vinda do Senhor, pela Igreja
Adventista do Sétimo Dia que despontava, Ellen G. White disse em 1883:
O espírito dos crentes devia ser dirigido ao
santuário celeste, aonde Cristo entrara para fazer expiação por Seu povo.
Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 67.
Numa situação de crise em 1906, quando vários dos
ensinos básicos dos adventistas do sétimo dia estavam sendo ameaçados, ela
escreveu:
A compreensão correta do ministério do santuário
celestial constitui o alicerce de nossa fé. Evangelismo,
pág. 221.
O Fim dos 2.300 Dias
Entre as profecias que formam a base do
despertamento do movimento adventista na primeira década dos anos 1830 e 1840
estava a de Daniel 8:14: "Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o
santuário será purificado." Ellen White, que passou [Pág. 8] pela experiência, esclarece com
respeito à aplicação dessa profecia:
Em conformidade com o resto do mundo cristão, os
adventistas admitiam, nesse tempo, que a Terra, ou alguma parte dela, era o
santuário. Entendiam que a purificação do santuário fosse a purificação da
Terra pelos fogos do último grande dia, e que ocorreria por ocasião do segundo
advento. Daí a conclusão de que Cristo voltaria à Terra em 1844. O Grande
Conflito, pág. 409.
Este período profético chegou ao fim em 22 de
outubro de 1844. Para os que esperavam encontrar o Senhor nesse dia, o
desapontamento foi grande. Hiram Edson, um criterioso estudioso da Bíblia na
área central do Estado de Nova Iorque, descreve o que aconteceu entre o grupo
de crentes de que ele era parte:
Nossas expectativas haviam-se elevado alto, e assim
aguardávamos a vinda de nosso Senhor, até que o relógio soou as doze horas da
meia-noite. O dia havia-se passado então, e nosso desapontamento havia-se
tornado uma certeza. Nossas mais profundas esperanças e expectativas
desmoronaram-se, e sobre nós veio tal espírito de pranto como jamais havíamos
experimentado antes. Parecia que a perda de todos os amigos terrestres não
podia ter comparação. Choramos e choramos, até que o dia raiou. ...
Ponderando em meu coração, eu disse: "Minha
experiência do advento tem sido a mais bela de toda a minha experiência cristã.
... Falhou a Bíblia? Não há Deus, nem Céu, nem cidade dourada e nem Paraíso?
Não passa tudo isso de uma fábula habilidosamente engendrada? Não são reais
nossas mais fundas esperanças e expectativas?" ...
Eu comecei a sentir que devia haver luz e auxílio
para nós nesta hora de agonia. Eu disse a alguns dos irmãos: "Vamos para o
celeiro." Entramos no celeiro, fechamos a porta, e dobramo-nos perante o
Senhor. Oramos fervorosamente, pois sentíamos nossa necessidade. Prosseguimos
em intensa oração até que nos fosse dado o testemunho do Espírito de que nossas
orações eram aceitas, e luz ser-nos-ia concedida - nosso desapontamento
explicado e satisfatoriamente esclarecido.
Depois do desjejum eu disse a um de meus irmãos:
"Vamos sair e encorajar a alguns de nossos irmãos." Saímos, e
enquanto caminhávamos através de um grande campo, fui impedido de continuar
aproximadamente na metade do campo. O Céu parecia abrir-se ante meus olhos, e
eu vi clara e distintamente que em vez [Pág. 9]
de nosso Sumo Sacerdote haver saído do lugar
santíssimo do santuário celestial para a Terra no décimo dia do sétimo mês, ao
final dos 2.300 dias, Ele, pela primeira vez, entrava nesse dia no segundo
compartimento daquele santuário, e que Ele tinha um trabalho a realizar no
lugar santíssimo antes de vir à Terra; que Ele veio para as bodas, ou em outras
palavras, ao Ancião de Dias, a fim de receber o reino, e o domínio e a glória;
e que devíamos esperar Seu retorno das bodas. E minha mente foi dirigida para o
décimo capítulo de Apocalipse, onde pude ver que a visão havia falado e não
havia mentido. Review and Herald, 23 de junho de 1921.
Seguiu-se daí uma cuidadosa investigação das
Escrituras, de todos os textos que tocavam neste assunto - particularmente os
de Hebreus - por parte de Hiram Edson e dois íntimos associados, o Dr. F. B.
Hahn, médico, e O. R. L. Crosier, professor. O resultado do estudo deste grupo
foi escrito por Crosier e publicado, primeiro no The Day Dawn, um jornal de
circulação limitada, e então reescrito e ampliado no formato num exemplar
especial do Day-Star, em 7 de fevereiro de 1846. Este foi o jornal adventista
mais amplamente lido, publicado em Cincinnati, Ohio. Por este meio foi
alcançado certo número dos desapontados crentes do advento. A então extensa
apresentação, bem comprovada pelas Escrituras, levou esperança e coragem ao coração
deles, ao mostrar claramente que o santuário devia ser purificado ao fim dos
2.300 dias no Céu, e não na Terra, como haviam crido então.
Ellen G. White, numa afirmação escrita em 21 de
abril de 1847, declarou sobre o artigo de Crosier a respeito da questão do
santuário:
O Senhor me mostrou em visão, passado mais de um
ano, que o irmão Crosier tinha a verdadeira luz sobre a purificação do
santuário, etc.; e que foi Sua vontade que o irmão Crosier escrevesse a visão
que ele nos apresentou no Day-Star Extra, em 7 de fevereiro de 1846. Sinto-me
inteiramente autorizada pelo Senhor a recomendar este Extra a cada fiel. A Word
to the Little Flock, pág. 12.
Posteriormente ela escreveu a respeito do rápido
desenvolvimento da compreensão doutrinária que se seguiu ao desapontamento:
O passamento do tempo em 1844 foi um período de
grandes eventos, abrindo-se a nossos olhos atônitos a purificação do [Pág. 10] Santuário que ocorria no Céu, e tendo decidida relação com o povo de
Deus sobre a Terra. Manuscrito 13, 1889.
A Verdade Estabelecida Pelo Testemunho
do Espírito Santo
As visões dadas a Ellen White, conquanto não
alcançando além do estudo da Bíblia, confirmavam a solidez da posição assumida
de que uma importante fase do ministério de Cristo no santuário celestial tivera
início em 22 de outubro de 1844. Gradualmente a largura e a profundidade do
assunto abriram-se perante os crentes do advento. Olhando retrospectivamente à
experiência nos últimos anos, ela relembrou seus estudos e as manifestas provas
da mão guiadora de Deus:
Muitos de nosso povo não reconhecem quão firmemente
foram lançados os alicerces de nossa fé. Meu esposo, o Pastor José Bates, o Pai
Pierce, o Pastor [Hiram] Edson, e outros que eram inteligentes, nobres e
verdadeiros, achavam-se entre os que, expirado o tempo em 1844, buscavam a
verdade como a tesouros escondidos. Reunia-me com eles, e estudávamos e
orávamos fervorosamente. Muitas vezes ficávamos reunidos até alta noite, e às
vezes a noite toda, pedindo luz e estudando a Palavra. Repetidas vezes esses
irmãos se reuniram para estudar a Bíblia, a fim de que conhecessem seu sentido
e estivessem preparados para ensiná-la com poder. Quando, em seu estudo,
chegavam a ponto de dizerem: "Nada mais podemos fazer", o Espírito do
Senhor vinha sobre mim, e eu era arrebatada em visão, e era-me dada uma clara
explanação das passagens que estivéramos estudando, com instruções quanto à
maneira em que devíamos trabalhar e ensinar eficientemente. Assim nos foi
proporcionada luz que nos ajudou a compreender as passagens acerca de Cristo,
Sua missão e sacerdócio. Foi-me tornada clara uma cadeia de verdades que se
estendia daquele tempo até ao tempo em que entraremos na cidade de Deus, e
transmiti aos outros as instruções que o Senhor me dera.
Durante todo o tempo eu não podia compreender o
arrazoamento dos irmãos. Minha mente estava por assim dizer fechada, não podia
compreender o sentido das passagens que estudávamos. Esta foi uma das maiores
tristezas de minha vida.
[Pág. 11] Fiquei
neste estado de espírito até que nos fossem tornados claros todos os pontos
principais de nossa fé, em harmonia com a Palavra de Deus. Os irmãos sabiam
que, quando não em visão, eu não compreendia esses assuntos, e aceitaram como
luz direta do Céu as revelações dadas. Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 206
e 207.
A compreensão de que Cristo havia entrado no lugar
santíssimo do santuário celestial para iniciar a parte final de Seu ministério
em nosso favor, tipificada no serviço do santuário observado por Israel no
passado, inculcava solenidade ao coração de nossos pioneiros adventistas. As
verdades eram tão claras, tão grandiosas, tão vitais, que era difícil o senso
de que sobre eles pesava a responsabilidade de comunicar esta luz a outros.
Ellen White escreveu sobre a certeza de sua posição:
Temos de estar firmados na fé segundo a luz da
verdade que nos foi dada em nossa primeira experiência. Naquele tempo, erro
após erro procurava forçar entrada entre nós; ministros e doutores introduziam
novas doutrinas. Nós estudávamos as Escrituras com muita oração, e o Espírito
Santo nos trazia ao espírito a verdade. Por vezes noites inteiras eram
consagradas à pesquisa das Escrituras, a pedir fervorosamente a Deus Sua guia.
Juntavam-se para esse fim grupos de homens e mulheres pios. O poder de Deus vinha
sobre mim, e eu era habilitada a definir claramente o que era verdade ou erro.
Ao serem assim estabelecidos os pontos de nossa fé,
nossos pés se colocavam sobre um firme fundamento. Aceitávamos a verdade ponto
por ponto, sob a demonstração do Espírito Santo. Eu era arrebatada em visão, e
eram-me feitas explanações. Foram-me dadas ilustrações de coisas celestiais, e
do santuário, de modo que fomos colocados em posição onde a luz sobre nós
resplandecia em raios claros e distintos.
Eu sei que a questão do santuário se firma em
justiça e verdade, tal como a temos mantido por tantos anos. Obreiros
Evangélicos, págs. 302 e 303.
Os pioneiros do advento viram a verdade do
santuário como básica para toda a estruturação da doutrina dos adventistas do
sétimo dia. Tiago White, em 1850, republicou as partes essenciais da primeira
apresentação do assunto feita por O. R. L. Crosier, e comentou:
O assunto do santuário deve ser cuidadosamente
examinado, visto que relacionado com o fundamento de nossa fé e esperança. The
Advent Review (número especial).
[Pág. 12] O
Santuário e o Sábado
Foi no conjunto de uma visão sobre o santuário
celestial que a verdade do sábado foi confirmada na visão dada a Ellen White em
3 de abril de 1847, no lar dos Howland em Topshan, Maine. Sobre isto ela
escreve:
Sentíamos um incomum espírito de oração. E ao
orarmos o Espírito Santo desceu sobre nós. Estávamos muito felizes. Logo perdi
de vista as coisas terrestres e fui arrebatada em visão da glória de Deus. Vi
um anjo que voava ligeiro para mim. Rápido levou-me da Terra para a Cidade
Santa. Na cidade vi um templo no qual entrei. Passei por uma porta antes de
chegar ao primeiro véu. Este véu foi erguido e eu entrei no lugar santo. Ali vi
o altar de incenso, o castiçal com sete lâmpadas e a mesa com os pães da
proposição. Depois de ter eu contemplado a glória do lugar santo, Jesus
levantou o segundo véu e eu passei para o santo dos santos.
No lugar santíssimo vi uma arca, cujo alto e lados
eram do mais puro ouro. Em cada extremidade da arca havia um querubim com suas
asas estendidas sobre ela. Tinham os rostos voltados um para o outro, e olhavam
para baixo. Entre os anjos estava um incensário de ouro. Sobre a arca, onde
estavam os anjos, havia o brilho de excelente glória, como se fora a glória do
trono da habitação de Deus. Jesus estava junto à arca, e ao subirem a Ele as
orações dos santos, a fumaça do incenso subia, e Ele oferecia suas orações ao
Pai com o fumo do incenso. Na arca estava a urna de ouro contendo o maná, a
vara de Arão que florescera e as tábuas de pedra que se fechavam como um livro.
Jesus abriu-as, e eu vi os Dez Mandamentos nelas escritos com o dedo de Deus.
Numa das tábuas havia quatro mandamentos e na outra seis. Os quatro da primeira
tábua eram mais brilhantes que os seis da outra. Mas o quarto, o mandamento do
sábado, brilhava mais que os outros; pois o sábado foi separado para ser
guardado em honra do santo nome de Deus. O santo sábado tinha aparência
gloriosa - um halo de glória o circundava. Vi que o mandamento do sábado não fora
pregado na cruz. Se tivesse sido, os outros nove mandamentos também o teriam, e
estaríamos na liberdade de transgredi-los a todos, bem como o quarto
mandamento. Vi que Deus não havia mudado o sábado, pois Ele jamais muda.
Primeiros Escritos, págs. 32 e 33.
[Pág. 13] A
Verdade do Santuário sob Fogo
Conquanto os que estavam ali vissem claramente os
inegáveis reclamos da lei de Deus e começassem a observar o sábado do sétimo
dia como indicado na lei de Deus, encontraram forte oposição. Sobre isso, e as
razões para tanto, Ellen White explica:
Muitos e tenazes foram os esforços feitos para
subverter-lhes a fé. Ninguém poderia deixar de ver que, se o santuário
terrestre era uma figura ou modelo do celestial, a lei depositada na arca, na
Terra, era uma transcrição exata da lei na arca, que está no Céu; e que a
aceitação da verdade concernente ao santuário celeste envolvia o reconhecimento
dos requisitos da lei de Deus, e da obrigatoriedade do sábado do quarto
mandamento. Aí estava o segredo da oposição atroz e decidida à exposição
harmoniosa das Escrituras, que revelavam o ministério de Cristo no santuário
celestial. O Grande Conflito, pág. 435.
Não é muito de admirar que nos anos subseqüentes,
pessoas que se haviam separado da Igreja Adventista do Sétimo Dia tenham feito
da verdade do santuário um ponto de oposição. Foi assim com os Pastores Snook e
Brinkerhof, funcionários do escritório do campo em Iowa, e com D. M. Canright,
influente ministro, que deixou a Igreja Adventista do Sétimo Dia em 1887 para
se tornar amargo inimigo e crítico. Nem é de estranhar que idéias panteístas
por volta do século, defendidas e advogadas por médicos e obreiros
ministeriais, ferisse diretamente essa doutrina fundamental. Foi nesse quadro
que Ellen White, em palavras de advertência, escreveu em 20 de novembro de
1905:
Aos médicos missionários e ministros que têm estado
a beber nos sofismas científicos e enfeitiçantes fábulas contra os quais tendes
sido advertidos, eu gostaria de dizer: Vossa alma está em perigo. O mundo
precisa saber qual a vossa posição e qual a posição da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Deus chama os que aceitaram esses enganos destruidores a que não
mais mantenham duas posições. Se o Senhor é Deus, segui-O.
Satanás, com todo o seu exército, está no campo de
batalha. Os soldados de Cristo devem agora se reunir em torno da bandeira
ensangüentada de Emanuel. Em nome do Senhor, deixai a bandeira negra do
príncipe das trevas, e assumi vossa posição com o Príncipe do Céu.
O que tem ouvidos para ouvir, ouça. Lede vossa Bíblia.
De um terreno mais alto, sob a instrução que Deus me deu,
[Pág. 14] Apresento estas coisas diante
de vós. Está próximo o tempo em que os poderes enganadores de instrumentos
satânicos serão amplamente desenvolvidos. De um lado está Cristo, a quem foi dado
todo o poder no Céu e na Terra. Do outro está Satanás, exercendo continuamente
seu poder para iludir, para iludir com fortes enganos espiritualistas, para
remover o povo de Deus do lugar que deve ocupar na mente dos homens.
Satanás está continuamente se esforçando no sentido
de introduzir fantasiosas suposições com relação ao santuário, rebaixando as
maravilhosas representações de Deus e do ministério de Cristo para nossa
salvação e coisas que satisfaçam a mente carnal. Ele remove do coração dos crentes
o dominante poder desta verdade e supre o lugar com teorias fantásticas
inventadas para tornar nulas as verdades da expiação, e destruir nossa
confiança nas doutrinas que temos mantido como sagradas desde que foi dada a
mensagem do terceiro anjo. Assim ele nos rouba em nossa fé na própria mensagem
que nos tornou um povo separado, e deu caracterização e poder a nossa obra.
Special Testimonies, Série B, nº 7, págs. 16 e 17.
Foi na moldura desta crise panteísta que Ellen
White, presente à reunião da Associação Geral em 1905, declarou em palavras
significativas para nós hoje:
No futuro, engano de toda espécie está para surgir,
e precisamos de terreno firme para nossos pés. Queremos colunas sólidas para a
edificação. Nem um só alfinete deve ser removido daquilo que o Senhor
estabeleceu. O inimigo introduzirá falsas teorias, tais como a doutrina de que
não existe santuário. Esse é um dos pontos em relação ao qual haverá um desvio
da fé. Onde encontraremos segurança senão nas verdades que o Senhor nos deu nos
últimos cinqüenta anos? Counsels to Writers and Editors, pág. 53.
Os pontos de vista panteístas, tão ardorosamente
advogados por alguns, declarou Ellen White, "poriam a Deus fora"
(Special Testimonies, Série B, nº 7, pág. 16), e invalidariam a verdade do
santuário.
Cerca do mesmo tempo um de nossos pastores, a quem
identificaremos como o "Pastor G", abraçou a idéia de que quando
Cristo voltou para o Céu após Seu ministério na Terra, entrou à presença de
Deus, e que onde Deus está, deve estar o lugar santíssimo, de modo que em 22 de
outubro de 1844, não houve a entrada no lugar santíssimo do santuário
celestial, como cremos e ensinamos. Esses dois conceitos, ambos os quais feriam
a [Pág. 15] doutrina
do santuário como a mantemos, levaram Ellen White a se referir várias vezes à
solidez e integridade deste ponto de nossa fé. Em 1904 ela escreveu:
Eles [os filhos de Deus], quer por palavras quer
por atos, não levarão ninguém a duvidar em relação à distinta personalidade de
Deus, ou em relação ao santuário e seu ministério.
Todos precisamos conservar em mente o assunto do
santuário. Deus nos livre de que o estardalhaço de palavras vindas de lábios
humanos debilitem a crença de nosso povo na verdade de que existe um santuário
no Céu, e que um santuário segundo este modelo foi uma vez construído na Terra.
Deus deseja que Seu povo se familiarize com este modelo, tendo sempre em sua
mente o santuário celestial, onde Deus é tudo em todos. Devemos ter nossa mente
ancorada pela oração e o estudo da Palavra de Deus, para que possamos agarrar
essas verdades. Carta 233, 1904.
Pontos Sustentados Apenas Pelo
Uso Errado das Escrituras
Escrevendo particularmente a respeito do trabalho
do "Pastor G" em minar a confiança na verdade do santuário, Ellen
White pôs em destaque em 1905 o maléfico uso que ele fazia da evidência
escriturística e da certeza de nossa compreensão da verdade do santuário. Eis o
que ela disse:
Tenho estado a suplicar ao Senhor força e sabedoria
para reproduzir os escritos das testemunhas que foram confirmadas na fé e na
primitiva história da mensagem. Após a passagem do tempo em 1844, eles
receberam a luz e andaram na luz, e quando os homens que pretendiam possuir
novo esclarecimento vinham com suas maravilhosas mensagens acerca de vários
pontos da Escritura, tínhamos, pela atuação do Espírito Santo, testemunhos bem
definidos, que excluíam a influência de mensagens como as que o Pastor G tem
devotado o tempo a apresentar. Esse pobre homem tem estado a trabalhar
decididamente contra a verdade confirmada pelo Espírito Santo.
Quando o poder de Deus testifica daquilo que é a
verdade, essa verdade deve permanecer para sempre como a verdade. Não devem ser
agasalhadas quaisquer suposições [Pág. 16]
posteriores contrárias ao esclarecimento que Deus
proporcionou. Surgirão homens com interpretações das Escrituras que para eles
são verdade, mas que não o são. Deu-nos Deus a verdade para este tempo como um
fundamento para nossa fé. Ele próprio nos ensinou o que é a verdade. Aparecerá
um, e ainda outro, com nova iluminação, que contradiz aquela que foi dada por
Deus sob a demonstração de Seu Santo Espírito. Vivem ainda alguns que passaram
pela experiência obtida quando esta verdade foi firmada. Deus lhes tem
benignamente poupado a vida para repetir e repetir até ao fim da existência a experiência
por que passaram da mesma maneira que o fez o apóstolo João até ao termo de sua
vida. E os porta-bandeiras que tombaram na morte devem falar mediante a
reimpressão de seus escritos. Estou instruída de que, assim, sua voz se deve
fazer ouvir. Eles devem dar seu testemunho relativamente ao que constitui a
verdade para este tempo.
Não devemos receber as palavras dos que vêm com uma
mensagem em contradição com os pontos especiais de nossa fé. Eles reúnem uma
porção de passagens, e amontoam-na como prova em torno das teorias que afirmam.
Isto tem sido repetidamente feito durante os cinqüenta anos passados. E se bem
que as Escrituras sejam a Palavra de Deus, e devam ser respeitadas, sua
aplicação, uma vez que mova uma coluna do fundamento sustentado por Deus estes
cinqüenta anos, constitui grande erro. Aquele que faz tal aplicação ignora a
maravilhosa demonstração do Espírito Santo que deu poder e força às mensagens
passadas, vindas ao povo de Deus.
As provas do Pastor G não são de confiar. Caso
sejam recebidas, destruirão a fé do povo de Deus na verdade que fez de nós o
que somos.
Importa que sejamos decididos quanto a esse
assunto; pois os pontos que ele tem estado procurando provar pelas Escrituras
não são seguros. Não provam que a experiência passada do povo de Deus fosse
enganosa. Tínhamos a verdade; éramos dirigidos pelos anjos de Deus. Foi sob a
direção do Espírito Santo que a apresentação do assunto do santuário foi
proporcionada. É eloqüência da parte de cada um manter-se em silêncio a
respeito dos aspectos de nossa fé em que não desempenhou qualquer parte. Deus
nunca Se contradiz. São mal aplicadas provas bíblicas, uma vez que sejam
forçadas para testificar daquilo que não é verdadeiro. Outros e mais outros [Pág. 17] se levantarão e introduzirão
pseudo grande esclarecimento, e farão suas afirmações. Nós, porém, permanecemos
com os velhos marcos. (I João 1:1-10.) Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs.
160-162.
Afirmada a Real Existência do Santuário Celestial
Repetidamente encontramos nos escritos de Ellen G.
White afirmações sobre a realidade do santuário celestial, seu mobiliário, bem
como seu ministério. Uma destas afirmações foi escrita na década de 1880, ao
descrever ela a experiência dos crentes no advento após o desapontamento:
Como foi declarado, o santuário terrestre fora
construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no monte. Era uma
figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto dons como
sacrifícios; seus dois lugares santos eram "figuras das coisas que estão
no Céu" (Heb. 9:9 e 23); Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é
"ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor
fundou, e não o homem". Heb. 8:2. Patriarcas e Profetas, pág. 356.
O santuário do Céu, no qual Jesus ministra em nosso
favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés foi uma
cópia. ...
O esplendor sem-par do tabernáculo terrestre
refletia à vista humana as glórias do templo celestial em que Cristo, nosso
Precursor, ministra por nós perante o trono de Deus. O Grande Conflito, pág.
414.
Assim como o santuário na Terra tinha dois
compartimentos: o santo e o santíssimo, assim há dois lugares santos no
santuário no Céu. E a arca contendo a lei de Deus, o altar de incenso e outros
instrumentos de serviço encontrados no santuário terrestre têm seu equivalente
no santuário lá do alto. Em santa visão permitiu-se que o apóstolo João
entrasse no Céu, e ele contemplou ali o candelabro e o altar de incenso, e,
quando se abriu o templo de Deus, ele contemplou também "a arca do Seu
concerto". Apoc. 11:19. Spirit of Prophecy, vol. 4, págs. 260 e 261.
Assim, os que estavam a estudar o assunto
encontraram prova indiscutível da existência de um santuário no Céu. Moisés fez
o santuário terrestre segundo o modelo que lhe foi mostrado. Paulo ensina que
aquele modelo era o verdadeiro santuário que está no Céu. E João dá testemunho
de que o viu no Céu. O Grande Conflito, pág. 415.
[Pág. 18] Antes ela havia
escrito com ênfase sobre o mobiliário:
Foi-me também mostrado um santuário sobre a Terra,
contendo dois compartimentos. Parecia-se com o do Céu, e foi-me dito que era
uma figura do celestial. Os objetos do primeiro compartimento do santuário
terrestre eram semelhantes aos do primeiro compartimento do celestial. O véu
ergueu-se e eu olhei para o santo dos santos, e vi que a mobília era a mesma do
lugar santíssimo do santuário celestial. Primeiros Escritos, págs. 252 e 253.
A Arca e a Lei no Santuário Celestial
Em diferentes ocasiões ela falou e escreveu sobre a
arca no lugar santíssimo do santuário celestial. Uma dessas afirmações foi
feita em um sermão pregado em Orebro, Suécia, em 1886.
Eu vos admoesto, não coloqueis vossa influência
contra os mandamentos de Deus. A lei é tal como Jeová a escreveu no templo do
Céu. O homem pode pisar sobre sua cópia aqui na Terra, mas o original está
guardado na arca de Deus no Céu; e sobre a cobertura desta arca, logo abaixo da
lei, está o propiciatório. Jesus permanece justo ali, perante a arca, para
mediar em favor do homem. Ellen G.
White, Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 1, pág. 1.109.
E em 1903 de novo ela escreveu sobre a real
existência do santuário:
Muito eu poderia dizer sobre o santuário; a arca
contém a lei de Deus; a cobertura da arca, que é o propiciatório; os anjos em
ambas as extremidades da arca; e outras coisas relacionadas com o santuário
celestial e com o grande dia da expiação. Eu poderia dizer muito sobre os
mistérios do Céu, mas meus lábios estão fechados. Não tenho disposição para
procurar descrevê-los. Carta 253, 1903.
Enganos dos Últimos Dias
não Envolverão a Verdade Vital
É claro que nosso adversário, Satanás, procurará
abalar a fé do povo de Deus na doutrina do Santuário nestes "últimos
dias". Ellen White escreveu:
O Salvador predisse que nos últimos dias
apareceriam falsos profetas, e atrairiam os discípulos após si; e também que os
que neste tempo de perigo permanecessem fiéis à verdade que está especificada
no livro de Apocalipse, teriam de enfrentar erros doutrinários tão enganosos
que, se possível, enganariam os próprios escolhidos.
[Pág. 19] Deus apreciaria que
todo sentimento de fidelidade prevalecesse. Satanás pode habilmente disputar o
jogo da vida com muitas pessoas, e ele age do modo mais disfarçado e enganador
a fim de roubar a fé do povo de Deus e desencorajá-lo. ... Ele opera hoje como
operou no Céu - dividir o povo de Deus justo nesta última fase da história da
Terra. Procura criar dissensões e despertar contenda e discussões, e remover,
se possível, os velhos marcos da verdade entregue ao povo de Deus. Ele procura fazer
parecer como se o Senhor Se contradissesse a Si mesmo.
É quando Satanás aparece como anjo de luz que ele
apanha as almas em seu laço, enganando-as. Homens que pretendem ter sido
ensinados por Deus, adotarão teorias falsas, e em seu ensino adornarão essas
teorias de modo a introduzirem enganos satânicos. Assim Satanás será
apresentado como anjo de luz, e terá a oportunidade de mostrar suas agradáveis
fábulas.
Esses falsos profetas terão de ser enfrentados.
Eles farão esforço para enganar a muitos, levando-os a aceitar falsas teorias.
Muitos textos bíblicos serão mal aplicados de tal modo que teorias enganadoras
parecerão ser baseadas na palavra que Deus proferiu. A preciosa verdade será
trabalhada de modo que fortaleça e confirme o erro. Esses falsos profetas, que
pretendem ser ensinados por Deus, tomarão belos textos que foram dados para
adornar a verdade, e os usarão como manto de justiça para cobrir teorias falsas
e perigosas. E mesmo alguns dos que em tempos passados honraram ao Senhor,
afastar-se-ão da verdade a ponto de advogar teorias extraviadoras referentes a
muitos aspectos da verdade, inclusive a questão do santuário. Manuscrito 11,
1906 (destaque suprido).
Poucas semanas mais tarde ela acrescentou estas
palavras sobre a importância de uma correta compreensão desta verdade:
Eu sei que a questão do santuário se firma em
justiça e verdade, tal como a temos mantido por tantos anos. O inimigo é que
desvia os espíritos para atalhos ao lado. Ele folga quando os que conhecem a
verdade se absorvem em coligir textos escriturísticos para amontoar em torno de
teorias errôneas, sem fundamento na verdade. As passagens bíblicas assim
usadas, são mal-aplicadas; não foram dadas para confirmar o erro, mas para
fortificar a verdade. Obreiros Evangélicos, pág. 303.
Com os Olhos Fixos no Santuário - Em
tempo algum devemos perder de vista a importante obra [Pág. 20] que
está sendo feita em nosso favor no santuário do Céu. Somos admoestados:
Como povo, devemos ser estudantes diligentes da
profecia; não devemos sossegar sem que entendamos claramente o assunto do
santuário, apresentado nas visões de Daniel e de João. Este assunto verte muita
luz sobre nossa atitude e nossa obra atual, e dá-nos prova irrefutável de que
Deus nos dirigiu em nossa experiência passada. Explica nosso desapontamento de
1844, mostrando-nos que o santuário a ser purificado não era a Terra, como
supuséramos, mas que Cristo entrou então no lugar santíssimo do santuário
celestial, e ali está realizando a obra final de Sua missão sacerdotal, em
cumprimento das palavras do anjo, comunicadas ao profeta Daniel: "Até duas
mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." Dan.
8:14.
Nossa fé no tocante às mensagens do primeiro,
segundo e terceiro anjos era correta. Os grandes marcos pelos quais passamos
são inamovíveis. Conquanto as hostes do inferno intentem derrubá-los de seu
fundamento, e exultar ao pensamento de que tiveram êxito, não atingirão o seu
objetivo. Estes pilares da verdade permanecem tão firmes quanto os montes
eternos, impassíveis ante todos os esforços combinados dos homens e de Satanás
e suas hostes. Muito podemos aprender, e devemos estar constantemente
pesquisando as Escrituras para ver se estas coisas são assim. Deve o povo de
Deus ter agora os olhos fixos no santuário celestial, onde se está processando
a ministração final de nosso grande Sumo Sacerdote na obra do juízo - e onde
está intercedendo por Seu povo. Evangelismo, págs. 222 e 223.
Este Pequeno Livro
Com exceção de umas poucas notas de rodapé e as
perguntas para estudo que se encontram no fim de cada capítulo, todo o material
que se segue é exclusivamente da pena de Ellen G. White e consiste
especialmente em capítulos extraídos de Patriarcas e Profetas e O Grande
Conflito, com algum material mais de ligação, tirados de diferentes escritos já
publicados de Ellen G. White. Em cada caso é indicada a fonte. Como muitos
leitores terão à mão os livros de Ellen G. White, pareceu-nos desnecessário, em
vista da desejável brevidade, incluir aqui porções de capítulos não imediatamente
relevantes para o assunto: Cristo em Seu Santuário. Depositários do Patrimônio
Literário de Ellen G. White.
CAPÍTULO 2 - Cristo no Sistema
Sacrifical
[Pág. 21] O pecado de nossos
primeiros pais acarretou a culpa e a tristeza sobre o mundo, e se não fora a
bondade e misericórdia de Deus, teria mergulhado a raça humana em irremediável
desespero. Patriarcas e Profetas, pág. 61.
A queda do homem encheu o Céu todo de tristeza. O
mundo que Deus fizera estava manchado pela maldição do pecado, e habitado por
seres condenados à miséria e morte. Não parecia haver meio pelo qual pudessem
escapar os que tinham transgredido a lei. ...
Entretanto o amor divino havia concebido um plano
pelo qual o homem poderia ser remido. A lei de Deus, quebrantada, exigia a vida
do pecador. Em todo o Universo não havia senão um Ser que, em favor do homem,
poderia satisfazer as suas reivindicações. Visto que a lei divina é tão sagrada
como o próprio Deus, unicamente um Ser igual a Deus poderia fazer expiação por
sua transgressão. Patriarcas e Profetas, pág. 63.
Para o homem, a primeira indicação de redenção foi
dada na sentença pronunciada sobre Satanás, no jardim. Declarou o [Pág. 22] Senhor: "Porei inimizade
entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a
cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar". Gên. 3:15. Esta sentença, proferida
aos ouvidos de nossos primeiros pais, foi para eles uma promessa. Ao mesmo
tempo em que predizia guerra entre o homem e Satanás, declarava que o poder do
grande adversário finalmente seria quebrado. ... Posto que devessem sofrer pelo
poder de seu forte adversário, poderiam olhar no futuro para a vitória final.
Patriarcas e Profetas, págs. 65 e 66.
Anjos celestiais de maneira mais ampla patentearam
a nossos primeiros pais o plano que fora concebido para a sua salvação.
Afirmou-se a Adão e sua companheira que, apesar de seu grande pecado, não
seriam eles abandonados ao domínio de Satanás. O Filho de Deus Se oferecera,
para expiar, com Sua própria vida, a transgressão deles. Um período de graça
lhes seria concedido e, mediante o arrependimento e a fé em Cristo, poderiam de
novo tornar-se filhos de Deus. Patriarcas e Profetas, pág. 66.
O Caráter Sagrado da Lei de Deus
O sacrifício exigido por sua transgressão, revelava
a Adão e Eva o caráter sagrado da lei de Deus; e viram, como nunca antes o
fizeram, a culpabilidade do pecado, e seus funestos resultados. Patriarcas e
Profetas, pág. 66.
A lei de Deus já existia antes que o homem fosse
criado. Os anjos eram governados por ela. Satanás caiu porque transgrediu os
princípios do governo de Deus. Depois que Adão e Eva foram criados, Deus lhes
fez conhecida Sua lei. Ela não foi escrita então, mas repetida a eles por
Jeová. ...
Após o pecado e queda de Adão, nada foi tirado da
lei de Deus. Os princípios dos Dez Mandamentos existiam antes da queda, e eram
de caráter adequado à condição de uma ordem de seres santos. Spirit of
Prophecy, vol. 1, pág. 261.
Os princípios foram mais explicitamente afirmados
perante o homem depois da queda e expressos de molde a enfrentar o caso de
inteligências caídas. Isso foi necessário em virtude de ter a mente humana
ficado cegada pela transgressão. Signs of the Times, 15 de abril de 1875.
Foi estabelecida então um sistema que requeria o
sacrifício de animais, para que se mantivesse diante do homem caído aquilo que
a serpente fizera Eva descrer: que a penalidade para a desobediência é a morte.
A transgressão da lei de Deus tornou necessário que Cristo morresse como
sacrifício, possibilitando [Pág. 23] assim ao homem escapar da penalidade, sendo ainda
preservada a honra da lei de Deus. O sistema de sacrifícios devia ensinar ao
homem a humildade, em vista de sua caída condição, e levá-lo a arrepender-se e
a confiar em Deus somente, mediante o prometido Redentor, para o perdão de
anterior transgressão da lei. Spirit of Prophecy, vol. 1, págs. 261 e 262.
O próprio sistema de sacrifícios foi planejado por
Cristo, e dado a Adão como típico de um Salvador por vir. Signs of the Times,
15 de julho de 1880.
O Homem Oferece seu Primeiro Sacrifício
Para Adão, a oferta do primeiro sacrifício foi uma
cerimônia dolorosíssima. Sua mão deveria erguer-se para tirar a vida, a qual
unicamente Deus podia dar. Foi a primeira vez que testemunhava a morte, e sabia
que se ele tivesse sido obediente a Deus não teria havido morte de homem ou
animal. Ao matar a inocente vítima, tremeu com o pensamento de que seu pecado
deveria derramar o sangue do imaculado Cordeiro de Deus. Esta cena deu-lhe uma
intuição mais profunda e vívida da grandeza de sua transgressão, que coisa alguma
a não ser a morte do amado Filho de Deus poderia expiar. E maravilhou-se com a
bondade infinita que daria tal resgate para salvar o culpado. Uma estrela de
esperança iluminou o futuro tenebroso e terrível, e o aliviou de sua desolação
total. Patriarcas e Profetas, pág. 68.
A Adão foi ordenado que ensinasse a seus
descendentes o temor do Senhor, e, por seu exemplo e humilde obediência,
levá-los a considerar altamente as ofertas que tipificavam um Salvador que
devia vir. Adão cuidadosamente entesourou o que Deus lhe havia revelado, e de
forma oral transmitiu-o a seus filhos e aos filhos de seus filhos. Spirit of
Prophecy, vol. 1, pág. 59.
Na porta do Paraíso, guardada pelos querubins,
revelava-se a glória de Deus, e para ali vinham os primeiros adoradores. Ali
erguiam os seus altares, e apresentavam suas ofertas. Patriarcas e Profetas,
págs. 83 e 84.
Na oferta sacrifical sobre cada altar era visto um
Redentor. Com a nuvem de incenso, subia de cada coração contrito a oração de
que Deus aceitasse sua oferta como demonstração de fé no Salvador por vir.
Review and Herald, 2 de março de 1886.
O sistema sacrifical, entregue a Adão, foi... [Pág. 24] pervertido por seus
descendentes. Superstição, idolatria, crueldade e licenciosidade, corrompiam o
culto simples e significativo que Deus instituíra. Mediante o prolongado trato
com os idólatras, o povo de Israel misturara com seu culto muitos costumes
gentílicos; portanto o Senhor lhes deu no Sinai instruções definidas com
relação aos sacrifícios. Patriarcas e Profetas, pág. 364.
CAPÍTULO 3 - O Santuário Celestial em
Miniatura
[Pág. 25] Foi
comunicada a Moisés, enquanto se achava no monte com Deus, esta ordem: "E
Me farão um santuário, e habitarei no meio deles" (Êxo. 25:8), e foram
dadas instruções completas para a construção do tabernáculo. Em virtude de sua
apostasia, os israelitas ficaram despojados da bênção da presença divina, e por
algum tempo impossibilitaram a construção de um santuário para Deus, entre
eles. Mas, depois de novamente haverem sido recebidos no favor do Céu, o grande
líder procedeu à execução da ordem divina.
Homens escolhidos foram especialmente dotados por
Deus de habilidade e sabedoria para a construção do sagrado edifício. O próprio
Deus deu a Moisés o plano daquela estrutura, com instruções específicas quanto
ao seu tamanho e forma, materiais a serem empregados, e cada peça que fazia
parte do aparelhamento que deveria a mesma conter. Os lugares santos, feitos a
mão, deveriam ser "figura do verdadeiro", "figuras das coisas
que estão no Céu" (Heb. 9:24 e 23) - uma representação em miniatura do
templo celestial, onde Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, depois de oferecer
Sua vida em sacrifício, ministraria em prol do pecador. Deus expôs perante
Moisés, no monte, uma visão do santuário celestial, e mandou-lhe fazer [Pág. 26] todas as coisas de acordo com
o modelo a ele mostrado. Todas estas instruções foram cuidadosamente
registradas por Moisés, que as comunicou aos chefes do povo.
Para a edificação do santuário, grandes e
dispendiosos preparativos eram necessários; grande quantidade dos materiais
mais preciosos e caros era exigida; todavia o Senhor apenas aceitava ofertas
voluntárias. "De todo o homem cujo coração se mover voluntariamente, dele
tomareis a Minha oferta" (Êxo. 25:2), foi a ordem divina repetida por Moisés
à congregação. A devoção a Deus e o espírito de sacrifício eram os primeiros
requisitos ao preparar-se uma morada para o Altíssimo.
Todo o povo correspondeu unanimemente. "E veio
todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito voluntariamente
o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor para a obra da tenda da
congregação; e para todo o seu serviço, e para os vestidos santos. E assim
vieram homens e mulheres, todos dispostos de coração: trouxeram fivelas, e
pendentes, e anéis, e braceletes, todo o vaso de ouro; e todo o homem oferecia
oferta de ouro ao Senhor." Êxo. 35:21 e 22.
"E todo o homem que se achou com azul, e
púrpura, e carmesim, e linho fino, e pêlos de cabra, e peles de carneiro tintas
de vermelho, e peles de texugos, os trazia; todo aquele que oferecia oferta
alçada de prata ou de metal, a trazia por oferta alçada ao Senhor; e todo
aquele que se achava com madeira de setim, a trazia para toda a obra do
serviço.
"E todas as mulheres sábias de coração fiavam
com as suas mãos, e traziam o fiado, o azul e a púrpura, o carmesim, e o linho
fino. E todas as mulheres, cujo coração as moveu em sabedoria, fiavam os pêlos
das cabras. E os príncipes traziam pedras sardônicas, e pedras de engastes para
o éfode e para o peitoral, e especiarias, e azeite para a luminária, e para o
óleo da unção, e para o incenso aromático." Êxo. 35:23-28.
Enquanto a construção do santuário estava em
andamento, o povo, velhos e jovens - homens, mulheres e crianças - continuou a
trazer suas ofertas até que aqueles que tinham a seu cargo o trabalho acharam
que tinham o suficiente, e mesmo mais do que se poderia usar. E Moisés fez com
que se proclamasse por todo o acampamento: "Nenhum homem nem mulher faça
mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido
de trazer mais." Êxo. 36:6. As murmurações dos israelitas e as visitações
dos juízos de Deus por causa [Pág. 27] de seus pecados, estão registradas como advertência às
gerações posteriores. E sua devoção, zelo e liberalidade, são um exemplo digno
de imitação. Todos os que amam o culto a Deus, e prezam as bênçãos de Sua santa
presença, manifestarão o mesmo espírito de sacrifício ao preparar-se uma casa
onde Ele possa encontrar-Se com eles. Desejarão trazer ao Senhor uma oferta do melhor
que possuem. Uma casa construída para Deus não deve ser deixada em dívida, pois
desta maneira Ele é desonrado. Uma porção suficiente para realizar o trabalho
deve ser dada livremente, a fim de que os operários digam, como fizeram os
construtores do tabernáculo: "Não tragais mais ofertas."
O Tabernáculo e sua Construção
O tabernáculo foi construído de tal maneira que
podia ser todo desmontado e levado com os israelitas em todas as suas jornadas.
Era, portanto, pequeno, não tendo mais de vinte metros de comprimento, e seis
de largura e altura. Contudo, era uma estrutura magnificente. A madeira
empregada para a edificação e seu aparelhamento era a acácia, menos sujeita a
arruinar-se do que qualquer outra que se podia obter no Sinai. As paredes
consistiam em tábuas verticais colocadas em encaixes de prata, e mantidas
firmemente por colunas e barras que as ligavam; e todas estavam cobertas de
ouro, dando ao edifício a aparência de ouro maciço. O teto era formado de
quatro jogos de cortinas, sendo a mais interior de "linho fino torcido, e
azul, púrpura, e carmesim; com querubins as farás de obra esmerada" (Êxo.
26:1); as outras três eram respectivamente de pêlo de cabras, pele de carneiro
tingida de vermelho, e pele de texugo, dispostas de tal maneira que proporcionassem
proteção completa.
O edifício era dividido em dois compartimentos por
uma rica e linda cortina, ou véu, suspensa de colunas chapeadas de ouro; e um
véu semelhante fechava a entrada ao primeiro compartimento. Estes véus, como a
cobertura interior que formava o teto, eram das mais belas cores, azul, púrpura
e escarlata, lindamente dispostas, ao mesmo tempo que trabalhados a fios de
ouro e prata havia neles querubins para representarem a hoste angélica, que se
acha em conexão com o trabalho do santuário celestial, e são espíritos
ministradores ao povo de Deus na Terra.
A tenda sagrada ficava encerrada em um espaço
descoberto chamado o pátio, que estava rodeado de cortinas ou anteparos, de
linho fino, suspensos de colunas de cobre.
[Pág. 28] A entrada para esse
recinto ficava na extremidade oriental. Era fechado com cortinas de custoso
material e bela confecção, se bem que inferiores às do santuário. Sendo os
anteparos do pátio apenas da metade da altura das paredes do tabernáculo
aproximadamente, o edifício podia ser perfeitamente visto pelo povo do lado de
fora. No pátio, e bem perto da entrada, achava-se o altar de cobre para as
ofertas queimadas, ou holocaustos. Sobre este altar eram consumidos todos os
sacrifícios feitos com fogo ao Senhor, e as suas pontas eram aspergidas com o
sangue expiatório. Entre o altar e a porta do tabernáculo, estava a pia, que
também era de cobre, feita dos espelhos que tinham sido ofertas voluntárias das
mulheres de Israel. Na pia os sacerdotes deveriam lavar as mãos e os pés sempre
que entravam nos compartimentos sagrados ou se aproximavam do altar para
oferecerem uma oferta queimada ao Senhor.
No primeiro compartimento, ou lugar santo, estavam
a mesa dos pães da proposição, o castiçal ou candelabro, e o altar de incenso.
A mesa com os pães da proposição ficava do lado do norte. Com a sua coroa
ornamental era ela coberta de ouro puro. Sobre esta mesa os sacerdotes deviam
cada sábado colocar doze pães, dispostos em duas colunas, e aspergidos com
incenso. Os pães que eram removidos, sendo considerados santos, deviam ser
comidos pelos sacerdotes. Do lado do sul estava o castiçal de sete ramos, com
as suas sete lâmpadas. Seus ramos eram ornamentados com flores artisticamente
trabalhadas, semelhantes a lírios, e o todo era feito de uma peça de ouro
maciço. Não havendo janelas no tabernáculo, nunca ficavam apagadas todas as
lâmpadas a um tempo, mas espargiam sua luz dia e noite. Precisamente diante do
véu que separava o lugar santo do santíssimo e da presença imediata de Deus, achava-se
o áureo altar de incenso. Sobre este altar o sacerdote devia queimar incenso
todas as manhãs e tardes; suas pontas eram tocadas com o sangue da oferta para
o pecado, e era aspergido com sangue no grande dia de expiação. O fogo neste
altar fora aceso pelo próprio Deus, e conservado de maneira sagrada. Dia e
noite o santo incenso difundia sua fragrância pelos compartimentos sagrados, e
fora, longe, em redor do tabernáculo.
Além do véu interior estava o santo dos santos,
onde se centralizava a cerimônia simbólica da expiação e intercessão, e que
formava o elo de ligação entre o Céu e a Terra. Nesse compartimento estava a
arca, uma caixa feita de acácia, coberta de ouro por dentro e por fora, e tendo
uma coroa de ouro em redor de [Pág. 29] sua parte superior. Fora feita para ser o receptáculo das
tábuas de pedra, sobre as quais o próprio Deus escrevera os Dez Mandamentos.
Daí o ser ela chamada a arca do testemunho de Deus, ou a arca do concerto,
visto que os Dez Mandamentos foram a base do concerto feito entre Deus e
Israel.
A cobertura da caixa sagrada chamava-se
propiciatório. Este era feito de uma peça inteiriça de ouro, e encimado por
querubins do mesmo metal, ficando um de cada lado. Uma asa de cada anjo
estendia-se ao alto, enquanto a outra estava fechada sobre o corpo em sinal de
reverência e humildade. Ezeq. 1:11. A posição dos querubins, tendo o rosto
voltado um para o outro, e olhando reverentemente abaixo para a arca,
representava a reverência com que a hoste celestial considera a lei de Deus, e
seu interesse no plano da redenção.
Acima do propiciatório estava o shekinah,
manifestação da presença divina; e dentre os querubins Deus tornava conhecida a
Sua vontade. Mensagens divinas às vezes eram comunicadas ao sumo sacerdote por
uma voz da nuvem. Algumas vezes uma luz caía sobre o anjo à direita, para
significar aprovação ou aceitação; ou uma sombra ou nuvem repousava sobre o que
ficava ao lado esquerdo, para revelar reprovação ou rejeição.
A lei de Deus, encerrada na arca, era a grande
regra de justiça e juízo. Aquela lei sentenciava a morte ao transgressor; mas
acima da lei estava o propiciatório, sobre o qual se revelava a presença de
Deus, e do qual, em virtude da obra expiatória, se concedia o perdão ao pecador
arrependido. Assim na obra de Cristo pela nossa redenção simbolizada pelo
ritual do santuário, "a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça
e a paz se beijaram". Sal. 85:10.
Nenhuma linguagem pode descrever a glória do
cenário apresentado dentro do santuário - as paredes chapeadas de ouro que
refletiam a luz do áureo castiçal, os brilhantes matizes das cortinas ricamente
bordadas com seus resplendentes anjos, a mesa e o altar de incenso, brilhante
pelo ouro; além do segundo véu a arca sagrada, com os seus querubins, e acima
dela o santo shekinah, manifestação visível da presença de Jeová; tudo não era
senão um pálido reflexo dos esplendores do templo de Deus no Céu, o grande
centro da obra pela redenção do homem.
Aproximadamente meio ano foi ocupado na construção
do tabernáculo. Quando este se completou, Moisés examinou toda a obra dos
construtores, [Pág. 30] comparando-a
com o modelo a ele mostrado no monte, e com as instruções que de Deus recebera.
"Como o Senhor a ordenara, assim a fizeram; então Moisés os
abençoou." Êxo. 39:43. Com ávido interesse as multidões de Israel
juntaram-se em redor para ver a estrutura sagrada. Enquanto estavam a
contemplar aquela cena com satisfação reverente, a coluna de nuvem pairou sobre
o santuário e, descendo, envolveu-o. "E a glória do Senhor encheu o
tabernáculo." Êxo. 40:34. Houve uma revelação da majestade divina, e por
algum tempo mesmo Moisés não pôde entrar ali. Com profunda emoção o povo viu a
indicação de que a obra de suas mãos fora aceita. Não houve ruidosas
manifestações de regozijo. Temor solene repousava sobre todos. Mas sua alegria
de coração transbordou em lágrimas de regozijo, e murmuravam em voz baixa
ardorosas palavras de gratidão de que Deus houvesse condescendido em habitar
com eles.
Os Sacerdotes e Suas Vestimentas
Por determinação divina a tribo de Levi foi
separada para o serviço do santuário. Nos tempos primitivos cada homem era o
sacerdote de sua própria casa. Nos dias de Abraão, o sacerdócio era considerado
direito de primogenitura do filho mais velho. Agora, em lugar dos primogênitos
de todo o Israel, o Senhor aceitou a tribo de Levi para a obra do santuário.
Por meio desta honra distinta manifestou Ele Sua aprovação à fidelidade da
mesma, tanto por aderir ao Seu serviço como por executar Seus juízos quando
Israel apostatou com o culto ao bezerro de ouro. O sacerdócio, todavia, ficou
restrito à família de Arão. A este e seus filhos, somente, permitia-se
ministrar perante o Senhor; o resto da tribo estava encarregada do cuidado do
tabernáculo e de seu aparelhamento, e deveria auxiliar os sacerdotes em seu
ministério, mas não deveria sacrificar, queimar incenso, ou ver as coisas
sagradas antes que estivessem cobertas.
De acordo com as suas funções, foi indicada ao
sacerdote uma veste especial. "Farás vestidos santos a Arão teu irmão,
para glória e ornamento" (Êxo. 28:2) - foi a instrução divina a Moisés. A
veste do sacerdote comum era de linho alvo, e tecida em uma só peça.
Estendia-se até quase aos pés, e prendia-se à cintura por um cinto branco de
linho, bordado de azul, púrpura e vermelho. Um turbante de linho, ou mitra,
completava seu traje exterior. A Moisés, perante a sarça ardente, foi
determinado que tirasse as sandálias, porque a terra em que estava era santa.
Semelhantemente os sacerdotes não deveriam [Pág. 31] entrar no santuário com sapatos nos pés. Partículas de pó
que a eles se apegavam, profanariam o lugar santo. Deviam deixar os sapatos no
pátio, antes de entrarem no santuário, e também lavar tanto as mãos como os
pés, antes de ministrarem no tabernáculo, ou no altar dos holocaustos. Desta
maneira ensinava-se constantemente a lição de que toda a contaminação devia ser
removida daqueles que se aproximavam da presença de Deus.
As vestes do sumo sacerdote eram de custoso
material e de bela confecção, em conformidade com a sua elevada posição. Em
acréscimo ao traje de linho do sacerdote comum, usava uma vestimenta de azul,
também tecida em uma única peça. Ao longo das franjas era ornamentada com
campainhas de ouro, e romãs de azul, púrpura e escarlate. Por sobre isso estava
o éfode, uma vestidura mais curta, de ouro, azul, púrpura, escarlate e branco.
Era preso por um cinto das mesmas cores, belamente trabalhado. O éfode não
tinha mangas, e em suas ombreiras bordadas de ouro achavam-se colocadas duas
pedras de ônix, que traziam os nomes das doze tribos de Israel.
Sobre o éfode estava o peitoral, a mais sagrada das
vestimentas sacerdotais. Este era do mesmo material que o éfode. Era de forma
quadrada, media um palmo, e estava suspenso dos ombros por um cordão de azul,
por meio de argolas de ouro. As bordas eram formadas de uma variedade de pedras
preciosas, as mesmas que formam os doze fundamentos da cidade de Deus. Dentro
das bordas havia doze pedras engastadas de ouro, dispostas em fileiras de
quatro, e como as das ombreiras, tendo gravados os nomes das tribos. As
instruções do Senhor foram: "Arão levará os nomes dos filhos de Israel no
peitoral do juízo sobre o seu coração, quando entrar no santuário, para memória
diante do Senhor continuamente." Êxo. 28:29. Assim Cristo, o grande Sumo
Sacerdote, pleiteando com Seu sangue diante do Pai, em prol do pecador, traz
sobre o coração o nome de toda alma arrependida e crente. Diz o salmista:
"Eu sou pobre e necessitado; mas o Senhor cuida de mim." Sal. 40:17.
O Urim e Tumim
À direita e à esquerda do peitoral havia duas
grandes pedras de grande brilho. Estas eram conhecidas por Urim e Tumim. Por
meio delas fazia-se saber a vontade de Deus pelo sumo sacerdote. Quando se
traziam perante o Senhor questões para serem decididas, uma auréola de luz que
rodeava a pedra preciosa à direita, era sinal do consentimento ou aprovação
divina, [Pág. 32] ao passo que
uma nuvem que ensombrava a pedra à esquerda, era prova de negação ou
reprovação.
A mitra do sumo sacerdote consistia no turbante de
alvo linho, tendo presa ao mesmo, por um laço de azul, uma lâmina de ouro que
trazia a inscrição: "Santidade ao Senhor." Êxo. 28:36. Todas as
coisas ligadas ao vestuário e conduta dos sacerdotes deviam ser de molde a
impressionar aquele que as via, dando-lhe uma intuição da santidade de Deus,
santidade de Seu culto, e pureza exigida daqueles que iam à Sua presença.
As Cerimônias do Santuário
Não somente o santuário em si mesmo, mas o
ministério dos sacerdotes, deviam servir "de exemplar e sombra das coisas
celestiais". Heb. 8:5. Assim, foi isto de grande importância; e o Senhor,
por meio de Moisés, deu a mais definida e explícita instrução concernente a
cada ponto deste ritual típico. O ministério no santuário consistia em duas
partes: um serviço diário e outro anual. O cerimonial diário era efetuado no
altar dos holocaustos, no pátio do tabernáculo, bem como no lugar santo; ao
passo que o rito anual o era no lugar santíssimo.
Nenhum olho mortal a não ser o do sumo sacerdote
devia ver o compartimento interno do santuário. Apenas uma vez ao ano podia o
sacerdote entrar ali, e isto depois da mais cuidadosa e solene preparação. Com
tremor entrava perante Deus, e o povo, com reverente silêncio, aguardava a sua
volta, tendo erguido o espírito em oração fervorosa pela bênção divina. Diante
do propiciatório o sumo sacerdote fazia expiação por Israel; e na nuvem de
glória Deus Se encontrava com ele. Sua demora ali, além do tempo costumeiro,
enchia-os de receio de que, por causa de seus pecados ou dos dele, houvesse
sido morto pela glória do Senhor.
O culto cotidiano consistia no holocausto da manhã
e da tarde, na oferta de incenso suave no altar de ouro, e nas ofertas
especiais pelos pecados individuais. E também havia ofertas para os sábados,
luas novas e solenidades especiais.
Toda manhã e tarde, um cordeiro de um ano era
queimado sobre o altar, com sua apropriada oferta de manjares, [Pág. 33] simbolizando assim a
consagração diária da nação a Jeová, e sua constante necessidade do sangue
expiatório de Cristo. Deus ordenara expressamente que toda oferta apresentada
para o ritual do santuário fosse "sem mácula". Êxo. 12:5. Os
sacerdotes deviam examinar todos os animais levados para sacrifício, e rejeitar
todo aquele em que se descobrisse algum defeito. Apenas uma oferta "sem
mácula" poderia ser um símbolo da perfeita pureza dAquele que Se
ofereceria como "um cordeiro imaculado e incontaminado". I Ped. 1:19.
O apóstolo Paulo aponta para esses sacrifícios como uma ilustração do que os
seguidores de Cristo devem tornar-se. Diz ele: "Rogo-vos pois, irmãos,
pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." Rom. 12:1.
Devemos entregar-nos ao serviço de Deus e procurar que a oferta se aproxime o
máximo possível da perfeição. Deus não Se agradará de coisa alguma inferior ao
melhor que podemos oferecer. Aqueles que O amam de todo o coração, desejarão
dar-Lhe o melhor serviço de sua vida, e estarão constantemente procurando pôr
toda a faculdade de seu ser em harmonia com as leis que promoverão sua
habilidade para fazerem a Sua vontade.
Na oferta do incenso o sacerdote era levado mais
diretamente à presença de Deus do que em qualquer outro ato do ministério
diário. Como o véu interno do santuário não se estendia até ao alto do
edifício, a glória de Deus, manifestada por cima do propiciatório, era
parcialmente visível no primeiro compartimento. Quando o sacerdote oferecia
incenso perante o Senhor, olhava em direção à arca; e, subindo a nuvem de
incenso, a glória divina descia sobre o propiciatório e enchia o lugar
santíssimo, e muitas vezes ambos os compartimentos, de tal maneira que o
sacerdote era obrigado a afastar-se para a porta do santuário. Como naquele
cerimonial típico o sacerdote olhava pela fé ao propiciatório que não podia
ver, assim o povo de Deus deve hoje dirigir suas orações a Cristo, seu grande
Sumo Sacerdote que, invisível aos olhares humanos, pleiteia em seu favor no
santuário celestial.
O incenso que subia com as orações de Israel,
representa os méritos e intercessão de Cristo. Sua perfeita justiça, que pela
fé é atribuída ao Seu povo, e que unicamente pode tornar aceitável a Deus o
culto de seres pecadores. Diante do véu do lugar santíssimo, estava um altar de
intercessão perpétua; diante do lugar santo, um altar de expiação contínua.
Pelo sangue e pelo [Pág. 34] incenso
deveriam aproximar-se de Deus - símbolos aqueles que apontam para o grande
Mediador, por intermédio de quem os pecadores podem aproximar-se de Jeová, e
por meio de quem unicamente, a misericórdia e a salvação podem ser concedidas à
alma arrependida e crente.
Quando os sacerdotes, pela manhã e à tardinha,
entravam no lugar santo à hora do incenso, o sacrifício diário estava pronto
para ser oferecido sobre o altar, fora, no pátio. Esta era uma ocasião de
intenso interesse para os adoradores que se reuniam junto ao tabernáculo. Antes
de entrarem à presença de Deus pelo ministério do sacerdote, deviam empenhar-se
em ardoroso exame de coração e confissão de pecado. Uniam-se em oração
silenciosa, com o rosto voltado para o lugar santo. Assim ascendiam suas
petições com a nuvem de incenso, enquanto a fé se apoderava dos méritos do
Salvador prometido prefigurado pelo sacrifício expiatório. As horas designadas
para o sacrifício da manhã e da tardinha eram consideradas sagradas, e, por
toda a nação judaica, vieram a ser observadas como um tempo reservado para a
adoração. E, quando, em tempos posteriores, os judeus foram espalhados como
cativos em países distantes, ainda naquela hora designada voltavam o rosto para
Jerusalém e proferiam suas petições ao Deus de Israel. Neste costume têm os
cristãos um exemplo para a oração da manhã e da noite. Conquanto Deus condene
um mero ciclo de cerimônias, sem o espírito de adoração, olha com grande prazer
àqueles que O amam, prostrando-se de manhã e à noite, a fim de buscar o perdão
dos pecados cometidos e apresentar seus pedidos de bênçãos necessitadas.
Os pães da proposição eram conservados sempre
perante o Senhor como uma oferta perpétua. Assim, era isto uma parte do
sacrifício cotidiano. Era chamado o pão da proposição, ou "pão da
presença", porque estava sempre diante da face do Senhor. Êxo. 25:30. Era
um reconhecimento de que o homem depende de Deus, tanto para o pão temporal
como o espiritual, e de que este é recebido apenas pela mediação de Cristo.
Deus alimentara Israel no deserto com pão do Céu e ainda dependiam eles de Sua
generosidade tanto para o pão temporal como para as bênçãos espirituais. Tanto
o maná como o pão da proposição apontavam para Cristo, o pão vivo, que sempre
está na presença de Deus por nós. Ele mesmo disse: "Eu sou o pão vivo que
desceu do Céu." João 6:48-51. O incenso era posto sobre os pães. Quando o
pão era retirado cada sábado, para [Pág. 35]
ser substituído por outro, fresco, o incenso era
queimado sobre o altar, em memória, perante Deus.
A parte mais importante do ministério diário era a
oferta efetuada em prol do indivíduo. O pecador arrependido trazia a sua oferta
à porta do tabernáculo e, colocando a mão sobre a cabeça da vítima, confessava
seus pecados, transferindo-os assim, figuradamente, de si para o sacrifício
inocente. Pela sua própria mão era então morto o animal, e o sangue era levado
pelo sacerdote ao lugar santo e aspergido diante do véu, atrás do qual estava a
arca que continha a lei que o pecador transgredira. Por esta cerimônia,
mediante o sangue, o pecado era figuradamente transferido para o santuário.
Nalguns casos o sangue não era levado ao lugar santo; mas a carne deveria então
ser comida pelo sacerdote, conforme instruiu Moisés aos filhos de Arão,
dizendo: "O Senhor a deu a vós, para que levásseis a iniqüidade da
congregação." Lev. 10:17. Ambas as cerimônias simbolizavam semelhantemente
a transferência do pecado, do penitente para o santuário.
Quando uma oferta pelo pecado era apresentada em
favor de um sacerdote ou por toda a congregação, o sangue era levado ao lugar
santo, e aspergido diante do véu, e posto nos cornos do altar de ouro. A
gordura era consumida sobre o altar dos holocaustos, no pátio, mas o corpo da vítima
era queimado fora do acampamento. Lev. 4:1-21.
Quando, porém, a oferta era em benefício de um
príncipe ou alguém do povo, o sangue não era levado ao lugar santo, mas a carne
devia ser comida pelo sacerdote, conforme o Senhor determinou a Moisés: "O
sacerdote que a oferecer pelo pecado, a comerá; no lugar santo se comerá, no
pátio da tenda da congregação." Lev. 6:26. Lev. 4:22-35.
Assim em outro lugar o autor descreve: "Os
pecados do povo foram em figura transferidos para o sacerdote oficiante, que
era um mediador para o povo. O sacerdote não podia ele mesmo tornar-se oferta
pelo pecado e com sua vida fazer a expiação, pois era também pecador. Por isso,
em vez de sofrer ele mesmo a morte, sacrificava um cordeiro sem mácula; a pena
do pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu
substituto imediato, simbolizando a perfeita oferta de Jesus Cristo. Através do
sangue dessa vítima o homem, pela fé, contemplava o sangue de Cristo, que
serviria de expiação aos pecados do mundo." Mensagens Escolhidas, vol. 1,
pág. 230.
Tal era a obra que dia após dia continuava, durante
o ano todo. Os pecados de Israel, sendo assim transferidos para o santuário,
ficavam contaminados os lugares santos, e uma obra especial se tornava
necessária para sua remoção. Deus ordenara que se fizesse expiação por cada um
dos compartimentos sagrados, assim como pelo altar, para o purificar "das
imundícias dos filhos de Israel", e o santificar. Lev. 16:19.
O Dia da Expiação
Uma vez ao ano, no grande dia da expiação, o sacerdote
entrava [Pág. 36] no
lugar santíssimo para a purificação do santuário. O cerimonial ali efetuado
completava o ciclo anual do ministério.
No dia da expiação dois bodes eram trazidos à porta
do tabernáculo, e lançavam-se sortes sobre eles, "uma sorte pelo Senhor, e
a outra sorte pelo bode emissário". O bode sobre o qual caía a primeira
sorte deveria ser morto como oferta pelos pecados do povo. E o sacerdote
deveria levar seu sangue para dentro do véu, e aspergi-lo sobre o
propiciatório. "Assim fará expiação pelo santuário por causa das
imundícias dos filhos de Israel e das suas transgressões, segundo todos os seus
pecados; e assim fará para a tenda da congregação que mora com eles no meio das
suas imundícias." Lev. 16:16.
"E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça
do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel,
e todas as suas transgressões, segundo todos os seus pecados; e os porá sobre a
cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso.
Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra
solitária." Lev. 16:21 e 22. Antes que o bode tivesse desta maneira sido
enviado não se considerava o povo livre do fardo de seus pecados. Cada homem
deveria afligir sua alma, enquanto prosseguia a obra da expiação. Toda ocupação
era posta de lado, e toda a congregação de Israel passava o dia em humilhação
solene perante Deus, com oração, jejum e profundo exame de coração.
Importantes verdades concernentes à obra expiatória
eram ensinadas ao povo por meio deste serviço anual. Nas ofertas para o pecado
apresentadas durante o ano, havia sido aceito um substituto em lugar do
pecador; mas o sangue da vítima não fizera completa expiação pelo pecado.
Apenas provera o meio pelo qual este fora transferido para o santuário. Pela
oferta do sangue, o pecador reconhecia a autoridade da lei, confessava a culpa
de sua transgressão, e exprimia sua fé nAquele que tiraria o pecado do mundo;
mas não estava inteiramente livre da condenação da lei. No dia da expiação, o
sumo sacerdote, havendo tomado uma oferta para a congregação, ia ao lugar
santíssimo com o sangue e o aspergia sobre o propiciatório, em cima das tábuas
da lei. Assim se satisfaziam os reclamos da lei, que exigia a vida do pecador.
Então, em seu caráter de mediador, o sacerdote tomava sobre si os pecados e,
saindo do santuário, levava consigo o fardo das culpas de Israel. À porta do
tabernáculo colocava as mãos sobre a cabeça do bode emissário e confessava [Pág. 37] sobre ele "todas as
iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, segundo todos
os seus pecados", pondo-as sobre a cabeça do bode. E, assim como o bode
que levava esses pecados era enviado dali; tais pecados, juntamente com o bode,
eram considerados separados do povo para sempre. Este era o cerimonial efetuado
como "exemplar e sombra das coisas celestiais". Heb. 8:5.
"Figura das Coisas que Estão no Céu"
Como foi declarado, o santuário terrestre fora
construído por Moisés, conforme o modelo a ele mostrado no monte. Era uma
figura para o tempo então presente, no qual se ofereciam tanto dons como
sacrifícios; seus dois lugares santos eram "figuras das coisas que estão
no Céu" (Heb. 9:9 e 23); Cristo, nosso grande Sumo Sacerdote, é
"ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor
fundou, e não o homem". Heb. 8:2. Sendo em visão concedida a João uma
vista do templo de Deus no Céu, contemplou ele ali "sete lâmpadas de
fogo" (Apoc. 4:5) que ardiam diante do trono. Viu um anjo, "tendo um
incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de
todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono". Apoc.
8:3. Com isto permitiu-se ao profeta ver o primeiro compartimento do santuário
celestial; e viu ali as "sete lâmpadas de fogo" e o "altar de
ouro" representados pelo castiçal de ouro e o altar de incenso no
santuário terrestre. Novamente, "abriu-se no Céu o templo de Deus"
(Apoc. 11:19), e ele olhou para dentro do véu interno, no santo dos santos. Ali
viu a "arca do Seu concerto", representada pelo escrínio sagrado
construído por Moisés a fim de conter a lei de Deus.
Moisés fizera o santuário terrestre "segundo o
modelo que tinha visto". (Atos 7:44) Paulo declara que "o tabernáculo
e todos os vasos do ministério", quando se acharam completos, eram
"figuras das coisas que estão no Céu". Heb. 9:21 e 23. E João diz que
viu o santuário no Céu. Aquele santuário em que Jesus ministra em nosso favor,
é o grande original, de que o santuário construído por Moisés era uma cópia.
Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde
milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante dEle (Dan.
7:10), templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas
resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma
estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia,
importantes [Pág. 38] verdades
relativas ao santuário celestial e à grande obra ali prosseguida em prol da
redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário terrestre e seu cerimonial.
Depois de Sua ascensão, nosso Salvador iniciaria
Sua obra como nosso Sumo Sacerdote. Diz Paulo: "Cristo não entrou num
santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora
comparecer por nós perante a face de Deus." Heb. 9:24. Assim como o
ministério de Cristo devia consistir em duas grandes divisões, ocupando cada
uma delas um período de tempo e tendo um lugar distinto no santuário celeste,
semelhantemente o ministério típico consistia em duas divisões - o serviço diário
e o anual - e a cada um deles era dedicado um compartimento do tabernáculo.
Assim como Cristo, por ocasião de Sua ascensão,
compareceu à presença de Deus, a fim de pleitear com Seu sangue em favor dos
crentes arrependidos, assim o sacerdote, no ministério diário, aspergia o
sangue do sacrifício no lugar santo em favor do pecador.
O sangue de Cristo, ao mesmo tempo que livraria da
condenação da lei o pecador arrependido, não cancelaria o pecado; este ficaria
registrado no santuário até à expiação final; assim, no cerimonial típico, o
sangue da oferta pelo pecado removia do penitente o pecado, mas este permanecia
no santuário até ao dia da expiação.
Purificação do Registro de Pecados
No grande dia da paga final, os mortos devem ser
"julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas
obras". Apoc. 20:12. Então, pela virtude do sangue expiatório de Cristo,
os pecados de todo o verdadeiro arrependido serão eliminados dos livros do Céu.
Assim o santuário estará livre ou purificado, do registro de pecado. No tipo,
esta grande obra de expiação, ou cancelamento de pecados, era representada
pelas cerimônias do dia da expiação, a saber, pela purificação do santuário
terrestre, a qual se realizava pela remoção dos pecados com que ele ficara
contaminado, remoção efetuada pela virtude do sangue da oferta para o pecado.
Assim como na expiação final os pecados dos
verdadeiros arrependidos serão apagados dos registros do Céu, para não mais
serem lembrados nem virem à mente, assim no serviço típico eram levados ao
deserto, para sempre separados da congregação.
[Pág. 39] Visto que Satanás é o originador do
pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do
Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de
Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do
pecado, encerrar-se-á pela remoção dos pecados do santuário celestial e
deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no
cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação
do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais
condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu
lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e
ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os
acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final
purificação do Universo, de pecado e pecadores. Patriarcas e Profetas, págs.
343-358.