terça-feira, 1 de outubro de 2013

1/10/13 - JESUS NO SANTUÁRIO, por Alexandre Snyman



O texto Hebreus 9:12, [KJV], “Não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, entrou no santo dos santos, uma vez por todas, tendo obtido uma eterna redenção”. No livro de Hebreus, o autor coloca Jesus no santuário celestial. E notem esta citação de O Grande Conflito pág. 423: “O tema do santuário foi a chave que desvendou o mistério do desapontamento de 1844. Foi abertamente, um completo sistema de verdades, conectadas e harmoniosas mostrando que a mão de Deus dirigia o grande movimento do advento, e revelando presentes deveres ao trazer à luz a posição e obra de Seu povo”.
O pastor Jack Sequeira no sermão: O Santuário Celestial, primeira parte da série sobre O Santuário diz: Quatro aspectos devermos destacar ao estudar este assunto. Primeiro: A polêmica de ter Cristo entrado no lugar santo ou no lugar santíssimo, em 31 A. D., não existia nos dias apostólicos, foi suscitada recentemente; portanto não podemos projetar nossos problemas em Hebreus nem querer ali encontrar a solução para tal, porque não está tratando com isto. Segundo: Também não tinham, os originais leitores da epistola, problema algum em entender corretamente os termos “santíssimo” (Hebreus 9:8 e 10:19), e “lugar santo” (vs.12) e “lugares santos,” no plural, vs. 24). São diferentes palavras usadas na King James com satisfatórios correspondentes na Almeida, e que vêm da raiz da mesma palavra grega. Todas têm o mesmo significado e fazem referência ao santuário celestial. Terceiro: Também lembremos da experiência de Moisés, junto a sarça ardente (Êxodo 3), ela não era santa, o lugar também não era santo, o que os fez santos foi a presença de Deus. Considerando-se que Deus habita no santuário celestial, ele é um lugar santíssimo, o superlativo de santo, e quarto: O ponto focal de Hebreus 9 era, entre o santuário terrestre, ao qual os hebreus ainda estavam olhando, e o celestial, onde Cristo entrou. O argumento, pois é: O santuário terrestre não é mais válido, devemos tornar nossas vistas para o celestial. Assim, por que imagina você que o autor de Hebreus acentua a realidade do santuário celestial? Devemos estar atentos para o fato de que a contínua lembrança da existência do santuário celestial era necessária para que os leitores originais do livro de Hebreus entendessem que precisavam captar o conceito de Jesus como nosso Sumo Sacerdote celestial, e o Seu ministério num santuário que era muito superior àquele com o qual estavam familiarizados aqui na Terra.
1ª Sessão: Santuário na Terra – Santuário no Céu.
Como se dá com outros livros da Bíblia, Hebreus emprega tipos, que podem ser uma pessoa, um evento, ou instituição, designados e preordenados por Deus, para prefigurar e predizer uma realidade maior ou antítipo; em outras palavras, os tipos são como símbolos de coisas maiores do que o próprio símbolo, como, por exemplo, uma bandeira nacional é somente um símbolo de algo maior que ela própria. A Bíblia hebraica é cheia de tipos, muitos encontrando seu cumprimento no próprio Jesus, que é maior do que tudo que O prefigurava. Sabemos, por exemplo, que o cordeiro no sistema sacrificial, antes da época em que Jesus veio ao mundo, era um tipo, ou símbolo de Cristo. Foi João Batista que, ao ver Jesus, declarou: “Eis o cordeiro de Deus” (João 1:29, ú.p., e 36, ú.p.). E assim, temos muitos exemplos nesta linha.
Diferentemente de outros livros bíblicos, em Hebreus, o original é chamado de tipo. O tipo aqui é o santuário celestial e, seu equivalente, antítipos, é o terreno. Esta reversão não muda o sentido da tipologia, e é símbolo de algo maior, neste caso o santuário terreno é uma sombra, uma mera cópia do verdadeiro no Céu. Se conservarmos em mente esta distinção seremos capazes de compreender a pedra fundamental de todo conceito de tipologia.
A correspondência entre o santuário terrestre e o celestial é evidente, e sobressai de palavras tais como sombra, modelo e, figuras do verdadeiro, em que Cristo comparece no próprio Céu. Paulo chama a atenção para o que Deus disse a Moisés: “Faze tudo conforme o modelo que te foi mostrado no monte” (Hebreus 8:5 ú.p.), uma referência a Êxodo 25:40. Em Hebreus 9:9 o santuário terrestre e seus serviços são chamados de uma parábola do celestial; no verso 23 os serviços terrestres eram chamados de “hupodeigma” [Gr., em 8:5] – modelo, cópia do santuário celestial. Em cada caso o ponto básico é o mesmo, o santuário terrestre é meramente um símbolo de algo mais importante, ou seja, o santuário celestial. Hebreus 9:24 diz: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer agora, por nós, diante de Deus”.
Porque é a questão da realidade do santuário celestial importante para nós Adventistas do Sétimo Dia? Porque é edificado sobre o conceito fundamental de nossos princípios, como um povo; particularmente o ano de 1844. Entendemos de Daniel 8:13 e 14 que foi nesse ano, de 1844, que se deu o clímax da profecia dos 2300 anos. Foi ao final desse período, no ano de 1844, que Jesus entrou no santíssimo do santuário celestial. Este conceito não é entendido pela cristandade em geral hoje, e temos sido desafiados bem severamente quanto a nossa posição com respeito a isto. Mas, é-nos importante entender isto, porque uma vez constatemos a razão de nossa incompreensão original, nosso erro inicial de crer que Jesus viria em 1844, uma vez tenhamos isto em mente, então podemos ver o quadro completo revelado. Num certo sentido estamos edificados sob o conceito de 1844. [Ver, o artigo postado neste blog, nesta data, 1º de outubro de 2013 “Quando Entrou Jesus no Santíssimo do Santuário Celestial?” Um estudo sério, com precisão matemática a nível de hora].
Os mileritas foram os pioneiros do adventismo do sétimo dia, e criam que Jesus voltaria em 1844, quando Ele não voltou, o desapontamento foi indescritível, Apocalipse 10:9 e 10 o descreve como amargo, e assim fez-se necessário defrontar isto para descobrir onde havíamos errado. Revelou-se que o erro não estava no cálculo do tempo. Os 2300 anos findaram em 1844, não havia dúvida quanto a isto; contudo o que ocorreu nesse ano não foi que Jesus retornou a esta terra, sabemos que isto não ocorreu, mas que Ele entrou no santíssimo do santuário celestial, e o conceito todo de um santuário terrestre e outro celestial, um sendo tipo ou símbolo do outro, vieram como uma revelação aos Adventistas do Sétimo Dia e propiciou a última peça dos alicerces em todo o arcabouço teológico e a estrutura profética da igreja Adventista do Sétimo Dia.
A próxima seção tem por título: Os santos, no Céu e na Terra, 1ª parte.
Mesmo uma leitura bastante superficial de Hebreus, mostra dois pontos; a realidade e a importância do santuário celestial e o ministério ali. Paulo sumaria os primeiros sete capítulos com estas palavras, Hebreus 8:1 e 2: “Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal Sumo Sacerdote, que Se assentou à destra do trono da majestade no céu, como Ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem”. Esta é a suma, Jesus é nosso Sumo Sacerdote no santuário celestial.
A frase mais comum usada em Hebreus para santuário, tanto na Terra como no Céu, vem do termo grego “ta hagia,” significando os santos, os lugares santos ou santo lugar (Hebreus 9:3 ú.p.). Outra forma da frase é “hagia hagion,” o santo dos santos; empregada exclusivamente para o local santíssimo (Hebreus 9:3, ú.p., 12, 25, 19 e capítulo 13:11). Considerando-se que diferentes traduções vertem as mesmas palavra nos mesmos textos de forma diferente e às vezes contradizendo-se, faça-se esta pergunta ao ler cada verso: julgando do contexto, está o verso falando do lugar santo, do santíssimo ou do santuário inteiro? Em alguns lugares o sentido é muito óbvio. Em Hebreus 8:2 e 9:1, por exemplo, a palavra santuário em ambos os textos refere-se ao santuário inteiro. Em Hebreus 9:2 o autor descreve o conteúdo do 1º compartimento ao qual chama o santuário; o contexto mostra que ele está falando do 1º compartimento do santuário terrestre, que é conhecido como lugar santo. Em Hebreus 9:3 a frase traduzida como santo dos santos, hagia hagion, significa o 2º compartimento, o lugar santíssimo somente. É interessante que esta frase, que claramente significa o lugar santíssimo, nunca é empregada novamente no livro de Hebreus, em qualquer referência a Cristo no santuário celestial.
Assim, uma indagação lógica é suscitada, e, por favor, atentem a isto: Se Hebreus tinha a intenção de ensinar que Cristo em Sua ascensão entrou no lugar santíssimo, porque o livro nunca outra vez emprega a frase que, sem ambiguidade, refere-se exclusivamente ao lugar santíssimo? Esta pergunta é importante, porque aqui é onde somos desafiados quando dizemos que Cristo adentrou no lugar santíssimo, ou santo dos santos em 1844. Alguns dizem que não; que isto se passou ao tempo da ascensão de Cristo ao céu que seria em 31 A. D.. Ocorre que esta não é uma preocupação de Paulo em explicar isto, porque isto não era dúvida alguma para os seus contemporâneos ouvintes.
Em Hebreus 9:1 a 7 o autor descreve o santuário terrestre e seus serviços, o diário e o anual, que eram somente um tipo ou sombra do santuário celestial e seus serviços; daí, no verso 8, ele diz: “Querendo com isto dar a entender o Espírito Santo, [isto é, a inspiração] que ainda o caminho do lugar santo não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido, que, quanto à consciência, não pode aperfeiçoar aquele que presta o culto” (vs. 9, ú.p.). Em outras palavras, tudo quanto o santuário e o ministério terrestres podiam dar ao povo, era esperança. E não removia a culpa. Em contraste, no verso 14, ele diz: “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito Eterno a Si mesmo Se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo”!
Obras mortas? Sim, porque os judeus deixaram de ver o santuário e seus serviços como símbolos, e o viam como meio de salvação, pervertendo-o assim. Obras mortas aí é legalismo; fazer algo para se obter salvação. “Porque pelas obras da lei nenhuma carne pode ser justificada” (Romanos 3:20, ú.p.).
Isto é muito importante porque Deus não está tanto preocupado com o que você faz, mas porquê você o faz, em outras palavras, a menos que sua consciência tenha sido purificada da culpa, você nunca poderá servir a Deus com amor Ágape, mas O servirá por medo do julgamento ou por desejo de recompensa da vida eterna, e ambos estão conectados ao eu; legalismo. Paulo está dizendo que uma vez que reconheçamos que Cristo purificou nossa consciência por Seu sangue, agora podemos servir a Deus com um motivo correto, eis aí porque, amigos, seria importante que entendamos de justificação pela fé, senão, o fruto, isto é, um viver santo, nunca será correto quanto à motivação.
Quando examinamos o que o autor está avaliando, ou seja, o serviço terrestre com o celestial, vemos que ele nos está mostrando que embora o santuário terrestre tivesse uma função em certa estrutura, um caminho foi aberto para os lugares santos, ou seja, para o santuário celestial, mediante a obra de Jesus Cristo. Ele não está contrastando compartimentos do santuário, mas os próprios santuários, o terrestre com o celestial. Agora leiamos Hebreus 9: 9 e 10: “É isto uma parábola para a época presente e, segundo esta, se oferecem assim dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, e que não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno da reforma”.
Que coisas ele alista como parte do serviço do santuário terrestre? Bem, notamos nos versos que lemos, havia dádivas, sacrifícios e assim por diante, que não podiam tornar o que realizava o serviço perfeito. Após falar do ritual do santuário terrestre o autor, nos versos 11 e 12, novamente muda seu olhar para um santuário maior e mais perfeito, skene, “tenda,” no grego, que é o santuário celestial, como um todo. Então, no verso 12, ele diz, não por meio do sangue de bodes e de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue entrou Cristo no santo dos santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção. É claro que o tabernáculo, skene, no verso 11, e santos ou santos lugares, estão tratando da mesma coisa, ou seja, o santuário inteiro. Em Hebreus 8:1 e 2 estas palavras gregas estão empregadas na mesma forma paralela; novamente o contexto revela que a questão aqui não é em que compartimento Jesus entrou, mas que Ele é nosso grande Sumo Sacerdote no santuário celestial.
O pastor Jack Sequeira volta a Hebreus 9:23: Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham no Céu, se purificassem com tais sacrifícios; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios a eles superiores”. Paulo não explica aqui, como ou porque o santuário celestial necessita ser purificado, porque este não era um problema para os judeus, eles sabiam bem da necessidade da purificação do santuário; em verdade até ainda hoje para eles o Yon Kipur é a principal festividade judaica. Assim não devemos procurar explicações aqui, e simplesmente devemos tomar esse verso como uma declaração do fato de que assim deve ser. Para entendermos a expiação, devemos recorrer a Levíticos.
Portanto, é no contexto de Hebreus 9:23, que Paulo conclama seus ouvintes: “Tendo pois, irmãos, intrepidez para entrar no santo dos santos, pelo sangue de Jesus” (Hebreus 10:19). O ponto básico é que em vista de que Jesus está agora no santuário celeste, podemos entrar nele com Jesus, com certa ousadia, porque, Ele está lá ministrando em nosso benefício.
Somos então levados a Hebreus 9:24 a 28: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para comparecer agora por nós diante de Deus; nem ainda para Se oferecer a Si mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santo dos santos com sangue alheio; ora, neste caso, seria necessário que Ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo: Agora porém, ao se cumprirem os tempos, Se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, e depois disto o juízo, assim também Cristo, tendo Se oferecido uma vez para sempre, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para a salvação”.
Sem pecado, porque na cruz Cristo pagou todos os pecados da humanidade, sem isto a prefiguração do santuário seria impossível. O Novo Testamento, bem como Ellen G. White, põe a maior ênfase na cruz, ouçam por exemplo de Obreiros Evangélicos pág. 315:
“O sacrifício de Cristo como uma expiação pelo pecado, é a grande verdade em volta da qual todas as outras se agrupam. A fim de ser corretamente compreendida e apreciada, cada verdade de Deus, de Gênesis a Apocalipse, deve ser estudada na luz que emana da cruz do Calvário. Eu apresento a vocês o maior monumento de misericórdia, regeneração, salvação e redenção — o Filho de Deus erguido na cruz. Este deve ser o fundamento de cada sermão pregado por nossos pastores”.
Sim, não digam os evangélicos, como efetivamente o fazem, que os Adventistas, por doutrinação de Ellen G. White tiram o brilho da cruz, dando maior ênfase à purificação do santuário e ao juízo investigativo. A grande ênfase que devemos dar, e realmente damos, é — Cristo na cruz do Calvário.
O Pastor Milian L. Andreasen, em sua obra: O Livro de Hebreus pág. 360 diz: “Assim como o santuário terrestre era purificado, o celestial também deve sê-lo; isto é necessário tal como era necessária a purificação do santuário sobre a Terra. Esta purificação do santuário no Céu não era uma dedicação ou consagração somente, a palavra purificar, é bastante definida para limitar-se a tal interpretação. É verdade que houve uma dedicação do santuário celestial, uma unção das coisas celestes, mas isto não esgota o sentido de purificação que definidamente aponta ao dia antitípico da expiação, e não encontra satisfação em nenhum outro; e permitam-me assinalar aqui que, o dia antitípico da expiação é o que cremos ter começado no ano de 1844, com o ingresso de nosso Sumo Sacerdote celestial, Cristo Jesus, no santíssimo do santuário celestial.” E o Pastor Andreasen prossegue: “Como estendemos a analogia entre os santuários terreno e celestial, e somos justificados em fazê-lo, pelo fato de que o santuário terrestre é um exemplo e sombra das coisas celestiais, o que encontramos mais de uma vez; podemos esperar que assim como houve uma dedicação do santuário terrestre, antes que  os serviços em si começassem, igualmente houve uma dedicação do santuário celestial, antes que os serviços fossem oficialmente inaugurados.”
“Poderíamos igualmente esperar que assim como após o ciclo anual de serviço no ritual do santuário terrestre, um dia de prestação de contas viria, quando todos os pecados eram levados para o exame de
Deus, chamado Dia da Expiação, o dia em que o santuário era purificado de todos os pecados acumulados; igualmente deve haver uma obra paralela por ocasião da ministração de Cristo no Céu.”
Comentando o verso 24 o pastor Andreasen diz: “Como observado antes, a palavra grega para “lugares santos” [na KJV] está no plural. Isto é o mesmo sugerido em “ta hagia,” termo plural, e aqui [na KJV] é corretamente traduzido no plural, como também deveria sê-lo no verso 12 [na KJV e na Almeida, “no santuário” ou “santo dos santos”], onde está incorretamente traduzido no singular; “figura do verdadeiro.” A elipse [omissão] aqui conduz à leitura: Verdadeiros lugares santos. Esses verdadeiros lugares santos nos é dito tratarem-se do próprio Céu; assim como o santuário no Céu é o local de habitação de Deus, a designação dos lugares santos como o próprio Céu é significativa, falamos da atmosfera azul, como céu também pensamos nos céus estrelados no lugar onde habitam os anjos, mas Deus habita no próprio Céu, e para lá é que Cristo foi, onde agora aparece na presença de Deus por nós. Na presença de Deus, é, literalmente, perante a face de Deus, o sumo sacerdote aqui na terra aparecia perante Deus com uma nuvem [de incenso] encobrindo-o, senão morreria. Em contraste Cristo aparece abertamente perante Deus, a significação disso não deve ser relevada, o sentido não é que Cristo aparece perante Deus e O vê, mas que Deus O vê. Cristo aparece abertamente perante Deus por nós para inspeção. Esse aparecimento teve lugar ao retornar da Terra, tendo completado a obra que lhe foi designada, Ele Se apresenta perante Deus para ouvir as palavra de aprovação, para ser assegurado de que Seu sacrifício foi aceitável. Sua obra deve suportar o teste de detida inspeção. Como o segundo Adão, Ele enfrentou uma prova sobre a Terra, infinitamente mais severa do que o primeiro Adão, e agora Ele aprece oficialmente perante Deus, representando-o, Ele é, como vêem, o segundo Adão, ou como é dito tantas vezes nas Escrituras: O último Adão, e agora Ele aparece oficialmente perante Deus representando-o. Da aceitação dele por Deus, depende a sorte da humanidade; se Ele for aceitado, o homem também é aceito, e mais que isto, Cristo aparece continuamente perante a face de Deus por nós em nosso lugar, nós somos os que devemos ser examinados, podemos suportar o teste? podemos suportar termos a Deus lançando a luz plena sobre nós? Podemos!, se Cristo aparecer por nós e de nenhuma outra maneira.” E prestem atenção no próximo parágrafo:
E aqui apareceu a glória do “agora” (Hebreus 9:26), este é o eterno agora, não somente apontando no tempo, mas um contínuo aparecimento por nós. Ele aparece agora e aparece continuamente por nós. Franz  de Lith, um famoso escolástico alemão, comentarista bíblico da epístola de Hebreus, responde a objeção da construção grega de que “aparece,” não pode ser usado como uma ação contínua, mas deve representar uma só aparição e não mais. Ele admite que a construção não expressa, por si só, a continuidade da auto apresentação aqui, mas está implícita no advérbio “agora”, que, indubitavelmente, se refere à contínua presença da nova dispensação, começando com o ingresso de Cristo nos lugares celestiais, o contraste com o passado típico e em sombra. Este “agora”, portanto, não é um ponto isolado no tempo, mas o começo de uma série de longos elos de ligação.” Isto foi colhido da obra: Comentário à Epístola de Hebreus, de autoria de Franz de Lith, vol. II, pág. 129, que continua: “A atividade de Cristo em nosso favor perante o Pai, não é pois, um ponto de tempo isolado, mas constitui-se no inicio de uma série de longos elos de ligação, uma apresentação perpétua de Si mesmo, como Aquele que morreu por nossos pecados e que ressurgiu novamente para nossa justificação.”
O objetivo final de sua entrada como Sumo Sacerdote e sacrifício no eterno Céu, é para ali comparecer perante Deus por nós, apresentando em nosso benefício, não um sacrifício exaurido, não um de eficácia transitória, ou que requeira repetição, mas Ele próprio, em Sua pessoa, como vítima, sempre presente e viva, vítima e expiação, e este objetivo é conseguido de uma vez e para sempre.
Agora, com respeito aos versos 25 e 26 os sacerdotes entravam no primeiro compartimento diariamente, o sumo sacerdote, uma vez ao ano, entrava no santíssimo com o sangue de bodes e touros, mas Cristo não se apresenta muitas vezes. Esta informação nos é dada num dos versos anteriores, onde é feita a declaração de que Cristo aparece perante o Pai e não uma vez somente, mas como de Lith ressalta, “numa série de longos elos de aparecimentos. Cristo conquanto apareça continuamente, morreu somente uma vez; Sua morte sendo de perpétua validade e duração, carregando em Seu corpo o sangue da expiação. Ele apresenta o Seu corpo como um sacrifício vivo, santo e aceitável a Deus (Romanos 12:1).”
Quanto a expressão do verso 26, “agora porém, ao se cumprirem os tempos” (Como está na Almeida antiga) ou na consumação dos séculos, ou das eras, há uma unanimidade geral de opinião de que esta expressão faz referência a manifestação de Cristo na carne, Sua encarnação, desde a sua vinda ao mundo como um bebê na manjedoura, até Sua morte na cruz. Conquanto a expressão aqui significa a consumação ou terminação de uma série de eras que finalmente chegam ao clímax, todas as eras que ocorreram antes, são preparações para o vindouro Salvador. Todas apontam a esse evento e tinham significação somente ao assinalarem o caminho para a consumação. Agora é chegado, Cristo apareceu, e a nova era começou. O aparecimento de Cristo para eliminar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo, contrasta-se com o Seu aparecimento a segunda vez, sem pecado, como mencionado no verso 26.
Agora, leiamos novamente os versos 27 e 28: “E assim como aos homens está determinado morrerem uma vez, e depois disto o juízo, assim também Cristo, tendo Se oferecido uma vez para sempre, para tirar os pecados de muitos, aparecerá, segunda vez, sem pecado, aos que O aguardam para salvação”.
Agora, o pastor Andreasen, comentando estes versos, declara: “O homem morre e após isto ocorre o julgamento. Assim, Cristo foi uma vez oferecido para levar os pecados de muitos; mas Ele deve aparecer a segunda vez, sem pecado para a salvação. O paralelo que o autor aqui traça, tem que ver com o julgamento. Tal como o homem morre uma vez, assim Cristo também morreu uma só vez, após isto vem o juízo, não o juízo imediato, mas o dia do juízo. Assim como no caso de Cristo, Ele morreu, a seguir Ele virá em julgamento, não imediatamente, mas quando aparecer a segunda vez, para aqueles que O esperam. Ele aparecerá para a salvação. Isto sem dúvida está em harmonia com o aparecimento do sumo sacerdote, que, após completar a obra de expiação no dia da expiação, saiu. Leia a respeito no livro de Levíticos 16:24.
Quando Cristo vem a segunda vez, Ele vem para trazer salvação àqueles que O esperam. Para outros Ele vem em julgamento. Outro paralelo é que, aqueles que naquele dia da expiação não afligiam suas almas, Levíticos 23:29, eram eliminados. Examine também Mateus 25:31, Cristo foi uma vez oferecido, esta é considerada por alguns uma declaração singular, é-nos dito que Cristo entregou-Se, e em outro texto é dito que Ele foi oferecido. Mas, imediatamente indagamos: Por quem foi Ele oferecido? Pôde Cristo oferecer-Se a Si mesmo e. ao mesmo tempo. ser oferecido? Tomamos a declaração, como sendo paralela àquela que nos diz que Cristo entregou-Se, e que Deus entregou Seu Filho, Gálatas 1:4 e João 3:16. Uma declaração não contradiz a outra. Isaque pode ter voluntariamente permitido ser amarrado ao altar, e, assim, oferecer-se a si mesmo, e igualmente pode ser verdadeiramente dito que Abrão ofereceu a Isaque; não encontramos contradição nisto.
Cristo foi oferecido para carregar os pecados de muitos, esta expressão é extraída de Isaías 53:12, e apresenta Cristo como o portador do pecado. Pedro declara: “Carregando Ele mesmo em seu corpo sobre o madeiro os nossos pecados”. (Iª Pedro 2:24).
Quando Cristo vier a segunda vez, Ele não carrega os pecados, Ele aparecerá à parte dos pecados tendo feito plena expiação.
Agora, respondendo à pergunta: Como é o caráter do santuário terrestre: O santuário celestial é o verdadeiro santuário. Isto não significa que o terrestre era falso, pelo contrário, tinha sido instituído por Deus; não obstante, três vezes é ressaltado que o santuário terrestre foi feito com mãos, conquanto seu estabelecimento fosse ordenado por Deus, ele foi feito por seres humanos pecadores. O celeste ultrapassa o terreno em grande escala, porque foi edificado por Deus. A fundação do terrestre era limitada em eficiência, bem como em tempo; os seus serviços eram incapazes de resolver o problema do pecado, apenas transmitiam ao crente a certeza da salvação. Isto é devido ao fato de que o derramamento de sangue não tinha efeito duradouro. A consciência humana não era realmente purificada, conquanto real, era somente uma cópia do santuário genuíno e seus serviços. Somente o sangue de Jesus e Seu ministério como Sumo Sacerdote faz uma diferença real e duradoura, contudo é importante notar-se que o apóstolo não ridiculariza o velho santuário, conquanto assinale sérias limitações, mesmo ao servir aos seus propósitos ao tempo em que foi utilizado.
O tabernáculo do deserto foi edificado para que Deus pudesse habitar entre o Seu povo. Mesmo então, o pecado bloqueou o acesso a Deus; as boas novas de Hebreus, é que Jesus abriu um novo e vivo caminho [Heb. 10:20] de volta ao nosso Pai, mediante Ele temos acesso a própria presença de Deus, porque somos cobertos em Sua perfeita justiça. Ousada, embora reverentemente (Hebreus 10:19), aproximamo-nos dEle porque Jesus, mediante Sua morte e ministério, preparou o caminho.
Conquanto haja muita discussão a respeito de ta hagia, parece claro que em Hebreus significa o santuário como um todo.
Primeiro: Considerem Hebreus 8:2, a primeira vez em que ta hagia aparece em Hebreus, observem como é empregado: Um ministro do santuário (ta hagia) e do verdadeiro tabernáculo (skene) que o Senhor ergueu e não o homem. O texto de modo claro e sem ambiguidade estabelece o paralelo entre ta hagia e skene, e skene significa o tabernáculo, o santuário inteiro. Assim, desde o princípio nos é dado uma definição de ta hagia.
Segundo: Uma vez mais Hebreus está contrastando o santuário terrestre com o celestial, não que compartimento é penetrado por Cristo no Céu, portanto ta hagia é entendido como santuário, faz muito sentido.
Terceiro: Estudos recentes sobre ta hagia, na tradução grega da Bíblia hebraica, têm demonstrado que quando ta hagia é empregada no contexto do santuário, coerentemente designa o santuário inteiro.
Finalmente, notem este pensamento, em conclusão, de A. T. Jones em O Caminho Consagrado Para a Perfeição Cristã pág. 81: “A vontade de Deus é a vossa santificação. Santificação é guardar realmente todos os mandamentos de Deus; isto significa, em outras palavras, que a vontade de Deus em relação ao homem é que a Sua vontade seja cumprida perfeitamente no homem. A Sua vontade está expressa na Sua lei, dos dez mandamentos, o que é todo dever do homem. Esta lei é perfeita e perfeição de caráter na vida dos adoradores de Deus, é a expressão perfeita desta lei. Através desta lei há conhecimento do pecado, e todos pecaram e não alcançaram a glória de Deus. Não alcançaram esta perfeição de caráter. Os sacrifícios e os serviços no santuário terrestre não podiam tirar os pecados dos homens, não podendo pela mesma razão levá-los a essa perfeição. Mas, o sacrifício e o ministério do verdadeiro Sumo Sacerdote, no verdadeiro santuário, e no verdadeiro tabernáculo, cumprem realmente isto, tira realmente o pecado, e o adorador é tão verdadeiramente purificado que não tem mais consciência do pecado. Através do sacrifício, da oferta, e do serviço de Si próprio, tirou Cristo os sacrifícios e as ofertas, tanto como serviço que nunca poderiam tirar pecados e através do cumprimento perfeito da vontade perfeita de Deus estabeleceu a vontade de Deus, na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. (Hebreus 10:10).”

Alexandre Snyman



O irmão Alexandre Snyman foi pastor adventista na África por quase toda a sua vida ministerial. Nos últimos anos de sua vida viveu no estado de Tenessee, nos Estados Unidos, e foi credenciado junto à Associação da Igreja Adventista nos estados de Kentucky e Tennessee, como se vê de correspondência que recebi da mesma.
 

Tradução:
"19 de maio de 1998
A quem possa interessar
Esta carta é escrita para confirmar que Alexandre Snyman é um empregado da Associação da Igreja Adventista do 7º Dia para os estados de Kentucky e Tennessee, na América do Norte, servindo como um de nossos pastores.
Respeitosamente,
ass.:
R. R. Hallock
Presidente."
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